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A primeira superprodução espacial da China está próxima de se tornar a maior bilheteria da história do país e prova que as produções nacionais de grande orçamento podem competir com Hollywood.

"The Wandering Earth" havia arrecadado mais de 3,9 bilhões de yuanes (576 milhões de dólares) até terça-feira, o que deixa o filme no caminho para superar os 5,7 bilhões de yuanes registrados em 2017 por "Wolf Warrior 2", o filme de maior bilheteria da história da China.

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Baseada em um livro do escritor chinês de ficção científica Liu Cixin, o filme conta a história, através dos olhos de astronautas chineses, de um projeto para afastar a Terra de um sol moribundo utilizando motores gigantes de fusão.

Com um orçamento de 50 milhões de dólares, o filme despertou o orgulho pelo programa espacial chinês e conta com efeitos especiais de última geração.

O diretor Guo Fan explicou que 75% das mais de 2.000 tomadas de efeitos especiais foram criadas por equipes chinesas.

O crítico de cinema Wang Hailin afirmou que "The Wandering Earth" prova que "chegou o momento histórico de rivalizar com Hollywood".

"The Wandering Earth" também faturou 3,8 milhões de dólares na América do Norte em 11 dias de exibição, o maior valor para um filme chinês em quase cinco anos, de acordo com a conta do filme nas redes sociais.

Com o presidente chinês Xi Jinping reafirmando seu rígido controle sobre as artes e o entretenimento, com a promoção de temas patrióticos, qualquer filme chinês com uma representação do futuro estava destinado a atrair o escrutínio político.

Mas o filme ignora em grande medida a política e não menciona o Partido Comunista da China.

Os heróis chineses ocupam um lugar de destaque na ação, mas a mensagem geral do filme é a necessidade de estimular a colaboração internacional.

Em uma cena fundamental, um astronauta chinês interpretado por Wu Jing, o astro da franquia "Wolf Warrior", trabalha com um colega russo para salvar o mundo.

"Wandering Earth" também exibe cenas raras em um filme chinês, como imagens de uma Pequim destruída e edifícios emblemáticos de Xangai desabando.

Liu, o autor do livro, vencedor de um Prêmio Hugo - que reconhece obras de ficção científica e fantasia -, afirmou em uma entrevista que a China carece de boa ficção científica original, mas que o forte "senso de futuro" de um país em rápida modernização é um bom presságio para o gênero.

O diretor Guo admitiu que os filmes de ficção científica da China ainda têm um longo caminho a percorrer antes de alcançar os padrão de Hollywood, mas está esperançoso.

"A ficção científica é o termômetro de uma nação. Se esta nação quer abraçar o mundo e sonhar com o futuro, então a viagem da ficção científica chinesa será um oceano de estrelas e terá um grande futuro", disse.

Depois de Noé e o dilúvio no início do ano, Hollywood retrata agora Moisés em "Exôdo: Deuses e Reis", uma superprodução dirigida por Ridley Scott, com Christian Bale como protagonista e repleta de efeitos visuais. Além de Bale no papel do profeta, o filme conta com um elenco de luxo, com o australiano Joel Edgerton como Ramsés, além de Aaron Paul, conhecido pela série "Breaking Bad", Sigourney Weaver, Ben Kingsley e John Turturro.

"Êxodo" chega aos cinemas do Brasil no dia 25 de dezembro. Contar a epopeia de Moisés, figura-chave nas três religiões monoteístas e libertador do povo hebreu, renderia um filme de 15 horas, afirmou recentemente o cineasta britânico, que optou então por limitar-se à história de Moisés adulto.

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Moisés foi criado com o filho do faraó, futuro líder ao qual Ridley Scott dá o nome de Ramsés II (na realidade, os especialistas têm dúvidas sobre o nome verdadeiro do faraó). É um personagem reconhecido pela corte egípcia, ao qual foi muito unido por uma amizade fraternal, mas também com rivalidade.

Mas, como narra a Bíblia, assim que sua identidade é revelada e sua origem hebraica é descoberta, inicia a travessia pelo deserto, ele conhece uma mulher e se torna pastor. Após o episódio da sarça ardente, quando Deus fala com ele, Moisés decide libertar seu povo, escravizado pelos egípcios, e guiá-lo em busca da Terra Prometida.

Esquizofrênico

"Moisés se tornou símbolo de salvação e revolução. Foi um libertador. É o arquétipo do colaborador de um império, do qual depois se torna vítima e, finalmente, guia de um povo", declarou Christian Bale. "É um personagem muito humano, complexo e, às vezes, contraditório. É por isto que esta história nos afeta", completou.

Em entrevistas à imprensa americana, o ator britânico afirmou que Moisés "provavelmente era esquizofrênico e um dos personagens mais bárbaros sobre os quais já li". O ator de 40 anos afirmou ter assistido, antes das filmagens, "Os Dez Mandamentos", o épico dirigido em 1955 por Cecil B. DeMille, com Charlton Heston no papel de Moisés.

Popular pelo papel de Batman e vencedor do Oscar de ator coadjuvante em 2011 por "O Vencedor", Bale contou, rindo, que considerou a atuação de Heston "imponente" e que teve medo de "não conseguir fazer o trabalho". Para equilibrar a densidade do personagem, o ator também assistiu "A Vida de Brian" (1979), a sátira religiosa do Monty Python, e "A História do Mundo - Parte I", comédia de 1981 de Mel Brooks.

"Êxodo" é baseado no vínculo entre os dois irmãos de criação, Moisés e o filho do faraó, que adultos se tornam inimigos.

Ridley Scott (diretor de clássicos como "Alien", "Blade Runner" e "Gladiador") está em seu habitat com as cenas espetaculares, ainda mais com os efeitos especiais em 3D, como nos episódios das 10 pragas do Egito, supostamente enviadas por Deus para castigar o faraó por sua recusa em libertar os hebreus.

O Nilo transformado em um rio de sangue, a invasão das rãs, moscas e gafanhotos, a morte dos animais provocada pela peste e os rostos dos egípcios devorados por inflamações dão ao cineasta a matéria-prima para que demonstre seu talento nas cenas de ação.

Uma das histórias bíblicas mais conhecida pelos cristãos é a de Noé, um profeta que recebe a missão de construir uma arca para salvar centenas de animais do grande dilúvio. A narrativa toma poucas páginas do livro de Gênesis, porém seu desdobramento fora da Bíblia é imensurável. A história já foi adaptada para livros infantis e até músicas religiosas. Agora, a história ganha uma sombria adaptação cinematográfica.

Dirigido por Darren Aronofsky (Cisne Negro), Noé conta a história do profeta de mesmo nome (Russell Crowe, estrela de O Gladiador) que muda sua vida e seu modo de agir para completar uma missão divina. Apesar de ser baseado num épico bíblico, o filme indaga as relações humanas, ou melhor, a falta delas. A missão de Noé não é fácil, nem de total heroísmo. Para cumprir seu destino, o profeta se torna uma pessoa sombria e deixa para trás milhares de seres humanos que passam sede e fome.

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Impiedoso, Noé desperta medo e ira em sua esposa Naameh (Jennifer Connelly, de Uma Mente Brilhante) e seus filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman, de As Vantagens de Ser Invisível) e Jafé (Leo McHugh Carroll). Quem também integra a família é Ila (Emma Watson, a Hermione da saga Harry Potter). Ela foi encontrada ferida e desamparada ainda na sua infância. A atuação de Crowe não chega a ser brilhante, mas também merece reconhecimento. Inicialmente o papel de Noé seria vivido por Christian Bale (trilogia Batman) ou por Michael Fassbender (12 anos de escravidão). Mas por incompatibilidade na agenda nenhum dos dois acertou com a produção. Já Jennifer Connelly emociona no papel, assim como Emma Watson, que cada vez mais conquista seu espaço em Hollywood. 

Outro personagem bíblico bastante conhecido que aparece no filme é Matusalém. O ancião é vivido por Anthony Hopkins, famoso por interpretar Hannibal Lecter nos cinemas. Noé é neto de Matusalém. É durante uma visita ao avô que o profeta descobre sua grande missão na Terra. 

Noé é uma grande produção épica com várias cenas de lutas e até gigantes. "Os guardiões", como são conhecidos, parecem mais com os robôs de Transformers, embora sejam constituídos por rochas e luz. Esses personagens não estão na história original da Bíblia e a mistura entre o clássico e a ficção causa um incomodo no início, mas depois vira um belo show de efeitos especiais.

Aronofsky se considera ateu, mas é um grande admirador da história de Noé por causa das decisões que ele precisa tomar para garantir a salvação dos animais. Em relação ao roteiro, o diretor apresenta um cuidado ao se referir a Deus, criador do mundo segundo a Bíblia. No filme, a maioria dos personagens se refere à imagem divina apenas como “O Criador” ou "Ele". 

Apesar de ser uma história para salvar animais, os bichanos mal aparecem no filme. A produção não utilizou nenhuma espécie real nas gravações, tudo é digital. Em Noé, fica evidente algumas características próprias de Darren Aronofsky. O personagem principal é confuso e cheio de dilemas, assim como a bailarina Nina, interpretada por Natalie Portman em Cisne Negro, também do mesmo diretor. Já as “visões” de Noé sobre sua missão aparecem após uma montagem de pequenas sequências de imagens que possuem o mesmo estilo técnico utilizado em Réquiem para um sonho.

A trilha sonora não fica de fora. Sempre instrumental, a música incorpora a emoção da cena. É um elemento típico de Aronofsky que ganhou forma pelo músico Clint Mansell, também compositor da trilha de Cisne Negro. Antes de Noé, o diretor não havia trabalhado com produções de blockbusters. Apesar de ter um filme com objetivo de garantir um grande espetáculo ao público, Aronofsky não deixa sua maior característica de fora: a complexidade da mente humana.

Proibição de Noé

O épico bíblico de Darren Aronofsky foi vetado em três países islâmicos: Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos. A produção contraria uma das crenças do Islã, já que retrata a imagem de um profeta. 

No Brasil, Noé entra em cartaz nesta quinta-feira (3). A novidade fica para os recifenses, que poderão assistir ao filme numa tela gigante com tecnologia IMAX. As sessões acontecem a partir desta sexta (4), na nova etapa do cinema do Shopping Recife, em Boa Viagem.

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