No Centro de Referência do Migrante, no Terminal Rodoviário do Tietê, na zona norte de São Paulo, se forma a fila de moradores de rua e usuários de drogas em busca de um sonho comum: querem ganhar da Prefeitura uma passagem de volta para a terra natal.
Eles querem o mesmo que conseguiu o morador de rua identificado como Antônio, que apareceu no domingo em vídeo nas redes sociais com o secretário de Assistência Social, Filipe Sabará, após ter o bilhete de retorno comprado pelo Município. Segundo o titular da pasta, ele foi atendido na unidade emergencial instalada desde o dia 5 em contêineres na Rua General Couto de Magalhães, na região da Luz. Voltou para São Luís, no Maranhão.
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Na fila do Centro de Referência, Danilo Guimarães, de 22 anos, contou que veio de Niterói para fazer tratamento contra o vício em crack no interior paulista há três meses, mas se decepcionou. "Botavam a gente na rua para pedir dinheiro. Não tinha materiais básicos de higiene e diziam que a entidade dependia de doação para sobreviver. Aí desisti e voltei para a rua. Estou há três dias no crack de novo e agora querendo voltar para a minha família."
Ricardo Abreu, de 38 anos, afirmou que saiu há dois meses de Uberlândia, em Minas, em busca de emprego, após ser expulso de casa pela ex-mulher. "Tinha muitos brigas por causa de ciúmes, de álcool e de droga. E agora estou aqui sofrendo, passando frio, me humilhando em porta de restaurante para comer." Abreu disse que tem parentes na Bahia e gostaria de voltar para lá. "Tenho família, moramos em uma chácara. Só preciso da passagem para casa."
Já o artesão Diego Jorge, de 31 anos, afirmou estar há mais de dez dias na fila por uma passagem. "Eu e minha mulher estávamos em São Sebastião e fomos assaltados, perdemos tudo", relatou.
Passagens
A Prefeitura mantém um serviço que custeia passagens a moradores de rua ou dependente químico da capital que desejem voltar à terra natal. Segundo a secretaria, quem manifesta interesse em deixar São Paulo é avaliado e uma equipe de assistentes sociais pesquisa se há familiares ou amigos que possam dar suporte.
Desde 2003, o Centro de Referência oferece kits de viagens, refeições, passes de metrô e encaminhamento para serviços assistenciais e passagens rodoviárias. Segundo a pasta, em média cem passagens são oferecidas mensalmente. Em 2016, 1.416 pessoas foram atendidas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.