Tópicos | TUCKER CARLSON

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, voltou a mandar recados duros ao presidente Jair Bolsonaro (PL) num evento realizado nos Estados Unidos em que defendeu a confiabilidade do processo eleitoral no País. Sem citar diretamente o atual ocupante do Palácio do Planalto, Fachin atacou a principal proposta veiculada pela campanha bolsonarista até o momento: ampliar o acesso ao porte de armas no Brasil, seguindo o modelo dos Estados Unidos. Para o ministro, porém, "sociedade armada é sociedade oprimida".

"A sociedade precisa armar-se do seu voto, consciência política, sentimento de justiça, coexistencialidade", disse. A declaração foi feita em palestra no instituto internacional Wilson Center, nos EUA. Fachin também não poupou nos recados aos comandantes das Forças Armadas. O presidente do TSE voltou a frisar que os militares devem atuar em defesa dos interesses do Estado. "Quando chamada à arena pública, (as Forças Armadas) são chamadas para defender as instituições e garantir segurança institucional, não o contrário", afirmou.

##RECOMENDA##

O TSE vem sendo questionado de forma recorrente pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e pelo alto comando das Forças Armadas. Em um ato inédito no processo eleitoral, Nogueira enviou ofício a Fachin para avisar que nomearia oficiais militares para fiscalizar as eleições. O ministro da Justiça, Anderson Torres, seguiu o colega de governo e prometeu indicar agentes da Polícia Federal (PF) para atuar junto ao tribunal.

Fachin ainda garantiu que deve pautar para agosto, último mês da sua gestão, um "número expressivo" de representações sobre moticiatas. Novamente sem fazer menção a Bolsonaro, o ministro disse os pedidos de julgamentos no TSE tratam da postura de "determinado candidato que realiza locomoção em veículo de duas rodas".

Diante das investidas do governo, Fachin frisou na palestra desta quarta-feira, 6, que "o Judiciário brasileiro não vai se vergar a quem quer que seja". "Cada uma das instituições brasileiras precisa cumprir o seu papel nos limites que a Constituição atribui", afirmou. "Instituições de estado respondem a interesses permanentes e duradouros de estado", completou.

Ao discursar, Fachin apresentou o receituário das ações que a Justiça Eleitoral deve adotar para garantir a lisura das eleições. O presidente do TSE frisou a importância de contar com o apoio do Congresso em caso de contestação do resultado da disputa em outubro, como vem ameaçando Bolsonaro.

Segundo o ministro, diante de um cenário de crise, os parlamentares deveriam deixar de lado as divergências ideológicas para defender o Judiciário e o sistema eletrônico de votação. "Se houver a dissolução de um dos poderes, o perigo poderá ir para o outro lado da rua", afirmou.

Fachin também disse ser importante que a população demonstre publicamente "seus anseios de viver numa sociedade democrática", caso a crise entre os Poderes se agrave. Outros atores convocados a manter a normalidade no País foram as forças de segurança estaduais e federais, que, segundo o ministro, devem proteger o Estado. O presidente do TSE também cobrou o apoio da comunidade internacional no reconhecimento do resultado das eleições.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista divulgada nesta quinta-feira, 30, que pretende ampliar o acesso a armas de fogo se for reeleito e usou o tema também para rivalizar com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na corrida presidencial.

Em entrevista ao jornalista conservador americano Tucker Carlson, da emissora Fox News, o chefe do Executivo disse que pretende seguir os moldes da legislação dos Estados Unidos sobre o porte de armas - o país é um dos mais permissivos do mundo nesse quesito.

##RECOMENDA##

Questionado sobre o motivo de não ter aprovado a liberação do porte no mesmo patamar dos EUA ainda nesta gestão, sobretudo após as flexibilizações adotadas pelo governo de Donald Trump, que teve apoio de Bolsonaro nas últimas eleições americanas, o presidente brasileiro declarou que não conseguiu mudar a lei brasileira por causa da oposição que enfrenta no Congresso, mas prometeu avanço nesse assunto caso seja reeleito.

"Se reeleito, se tudo correr bem, teremos um apoio substancial no Congresso. Seremos capazes de aprovar leis sobre armas de fogo nos mesmos moldes do que nos EUA", afirmou.

O apresentador Tucker Carlson, para quem Bolsonaro deu a declaração, é conhecido nos Estados Unidos por sua posição conservadora e pró-Trump. Ele é um admirador declarado do chefe do Executivo brasileiro e veio ao Brasil para uma série de quadros sobre a direita brasileira em seu programa. O âncora classificou o País como a "última grande democracia pró-EUA" nas Américas.

Também na quinta-feira, Bolsonaro tocou no tema das armas durante uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, na qual comemorou o aumento do número de lojas de armas de fogo em seu governo e "advertiu" seus eleitores que Lula pode transformar "clubes de tiro em bibliotecas".

O presidente falava sobre o aumento de 70% - segundo o seu cálculo - do número de lojas de armas desde que ele assumiu o Executivo, em 2019. Depois, falando sobre clubes de tiro, criticou Lula. "Não se esqueçam que o outro cara, o de nove dedos, falou que vai acabar com a questão do armamento no Brasil, tá? Vai recolher as armas, clube de tiro vai virar... vai virar biblioteca. Como se ele fosse algum exemplo para isso", afirmou.

A "questão do armamento", como definiu Bolsonaro, é um dos grandes temas da campanha do chefe do Executivo à reeleição. O presidente afirma com frequência que a "população armada não será escravizada" e já defendeu que seus apoiadores peguem em armas para "preservar a democracia".

O tema é caro para parte do eleitorado bolsonarista e seu apreço é compartilhado por parlamentares aliados do governo no Congresso. Deputados federais como Carla Zambelli (PL-DF) e Daniel Silveira (PTB-RJ) costumam inclusive posar para fotos com armas nas redes sociais.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando