Tópicos | World Schools Championship Tennis

Dentro do tênis mundial, o Brasil nunca conseguiu se tornar uma potência, tendo apenas o momento áureo no início dos anos 2000 com Gustavo Kuerten, que chegou a liderar o ranking mundial. Após sua aposentadoria, alguns nomes surgiram como prováveis substitutos, mas nenhum conseguiu despontar com mesma intensidade. Atualmente, os nomes mais fortes são o de Thomaz Bellucci (71º), no masculino, e Teliana Pereira (158º), no feminino. Se comparado com outros países, o Brasil ainda tem muito para evoluir, e com a realização do mundial escolar no Recife no próximo dia 13 de março, a busca pela excelência no esporte será um dos objetivos por meio da convivência com outras delegações.

Atualmente, se comparada com a estrutura oferecida na Inglaterra, país do atual número 1 do mundo no esporte, Andy Murray, o Brasil ainda tem muito a evoluir. Com escolas e clubes especializados em tênis, o país europeu consegue levar anualmente atletas para grandes universidades com bolsas de estudo para praticar a modalidade em competições universitárias e posteriormente crescer em competições profissionais.

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No World School Championship, dois brasileiros surgem como esperança de uma boa colocação dentro do torneio. Mesmo com as dificuldades de espaço do esporte, ambos miram um futuro profissional de destaque. O sonho inicial deles é de conseguir as almejadas bolsas em universidades. “A princípio penso no tênis universitário, daqui a uns dois anos já posso estar disputando. Espero conseguir bolsa numa boa universidade e quem sabe ir para o circuito profissional e tentar jogar com os profissionais”, destaca Vítor Jordão, atleta de 16 anos, que diz se inspirar em jogadores como Dal Potro, Federer e Nadal. O jovem atualmente é o 8º no ranking brasileiro escolar, tendo sido vice-campeão de dupla no torneio Banana Bowl, e possuindo alguns títulos brasileiros nas categorias GA, G1 e G3.

O objetivo de Vítor é compartilhado por Camila Almeida, também de 16 anos. Com ídolos como Guga e Teliana, ela revela que desde muito nova já vinha sendo influenciada a seguir no esporte. “Jogo desde os cinco anos, minha família é dona de academia e sempre fui influenciada. Toda minha família joga e sempre gostei. Comecei a jogar competição com 10 anos. Acho um esporte incrível”, ressalta. A tenista foi campeã da etapa de Brasília do Torneio Correios, do torneio Rota do Sol, em Natal, e vice-campeã de duplas da Copa Guga Kuerten. 

Ambos, apesar de elogiarem a estrutura oferecida pelas quadras disponíveis para prática do tênis em Recife, sabem que o número ainda é pequeno para quem busca se inserir no tênis. “Tem apenas dois clubes bons para iniciar tênis em Recife, o Squash e o Recife Tênis Center. São os melhores da cidade, têm uma ótima estrutura, mais ainda existem outros medianos”, citou Vítor.

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O atual técnico dos dois atletas no Colégio Santa Maria, o argentino Rolando Borras, avalia que o país ainda está caminhando rumo a uma evolução, mas acredita que para o esporte possa crescer, a modalidade deve ser ensinada em aulas de educação física nas escolas. “Ainda tem muita coisa que precisa ser feita para o Brasil evoluir no tênis, se olharmos historicamente temos somente alguns jogadores de grande renome. Tem que haver centros de treinamento, de competição, onde os meninos que realmente têm vontade de crescer no tênis possam se desenvolver e sonhar em ser profissionais. Um grande passo seria introduzir o tênis como disciplina esportiva dentro das escolas, para que todos conheçam. Estamos ainda traçando o caminho correto, falta um pouco de capacitação aos treinadores e que professores de educação física se interessem”, comentou o treinador que já trabalha há 15 anos com o esporte no país.

Lembrando ser possível tirar boas experiências positivas do evento, hoje o técnico reconhece que o time brasileiro ainda saí em desvantagem em relação aos ingleses, principalmente por conta das estruturas para formação de talentos. “A nível competitivo nós estamos em desvantagem. A Inglaterra, por exemplo, conta com estrutura escolar que possui 30 quadras de tênis. Nós não temos 30 quadras em todo o Recife. Daí já parte como funciona a cultura esportiva nas escolas. Mas, o que se pode tirar de lição após o evento é que as escolas vão ver que existe um sistema de educação que pode ser colocado como processo”, pontua Rolando.

Pelo lado Britânico da disputa, duas escolas de formação de tenistas virão ao Brasil. Representando a equipe masculina está a Reed’s, comandada pelo técnico Adrian Blackman, e representando a feminina a Queenswood, comandada por Catherine Sluter. “Temos muitos clubes na Inglaterra e adotamos um sistema de cores, então a pessoa vai evoluindo até chegar na bola amarela. Com isso o jovem pode entrar numa escola muito boa, mas normal que ensine tênis, ou numa escola especificamente de tênis”, revela Adrian.

Dois atletas britânicos surgem como promessas no esporte: Jack Molloy, de 17 anos, no masculino e que já disputou o Australian Open, é atual campeão da última edição do torneio realizada no Catar e tem vaga garantida para seguir no esporte universitário nos EUA; e Georgie Walker, de 18 anos, pelo feminino, já tendo no currículo participação na fase classificatória de Wimbledon e também sendo detentora de uma bolsa de estudos para a Carolina do Sul. Apesar dos destaques já terem suas vagas garantidas, Adrian revela que apenas os que jogam nas melhores escolas têm mais chances de alcançar a bolsa. “É muito difícil de conseguir a bolsa, agora aproximadamente 3/4 dos garotos que estudam na Reed’s School conseguem por sermos uma das melhores escolas da Inglaterra”, destaca o treinador. “Eles têm que se inscrever para faculdade e os olheiros vêm acompanhar os jogos para analisarem se eles são bons ou não, isso tanto nos EUA como na Inglaterra”, complementa Catherine.

Ambos fãs do conterrâneo Andy Murray, as promessas britânicas praticam o esporte desde muito novos, assim como os atletas brasileiros. “Comecei a jogar com oito anos, fui conhecer o clube local e me interessei pelo esporte e comecei a jogar”, relata Jack. “Eu tenho três irmã e um irmão, todos jogam tênis, então quando tinha cinco anos costumava ver eles jogarem e depois no final dos treinos ia jogar com eles também. A partir disso me interessei pelo esporte”, comenta Georgie.

Diferentemente do Brasil, locais para prática de tênis são facilmente encontrados na Inglaterra. “Sim, é muito fácil de se encontrar. A Inglaterra possui muitos clubes de tênis”, lembrou Jack. “Cada vez temos tido mais jogadores ingleses no tênis e tem sido muito bom esse momento”, complementa. Tanto Jack quanto Georgie confirmam a intenção de se profissionalizar no esporte.

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Da próxima segunda-feira (13) até sábado (18), Recife sedia, pela primeira vez, o World Schools Championship Tennis 2017, um torneio mundial de tênis escolar. A capital pernambucana é a primeira da América Latina a sediar a competição organizada pela International School Sport Fedaration (ISF).

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Além de ser sede, Recife também representará a delegação brasileira no torneio. 23 alunos do Colégio Santa Maria, sendo 12 do masculino e 11 do feminino, duelarão contra atletas de outros 13 países.

Segundo Robson Aguiar, presidente da CBDE, a escolha pela cidade e pelos jovens da instituição de ensino ocorreu pelo espaço que o esporte vem obtendo no local. “Nós (delegação brasileira) participamos do mundial do Catar a dois anos atrás e ficamos impressionados com a estrutura do tênis, então nos candidatamos a sediar o mundial e conseguimos a aprovação da federação internacional. Por Recife ter feito uma seletiva escolar, nós concedemos a Pernambuco que formasse a delegação brasileira, porque tem todos que ser da mesma escola. o que encontramos no Recife", disse.

Os jogos acontecerão no Squash Tênis Center, Centro Esportivo Santos Dumont, em Boa Viagem, e Recife Tênis Center, no Ipsep. A estrutura, inclusive, recebeu elogios da diretora técnica do ISF, Pam Burrage. “O Brasil convidou a equipe do ISF para conhecer as quadras, a estrutura e avaliar se era apto para receber os jogadores. Achamos os clubes e as quadras muito boas para o nosso critério. Podemos fazer parte de um programa de educação muito importante, pois prezamos pela educação através do esporte”, pontuou a britânica.

Felipe Carreras, secretário de turismo de Pernambuco, falou sobre a importância da competição. "Tínhamos esse desejo de sediar esse evento internacional, e a partir dessa relação estabelecida entre as parte nos habilitamos e tivemos a felicidade de receber esse evento que tem um perfil importante para o esporte escolar”, ressaltou. “Tudo isso dialoga com o turismo, vamos receber 300 atletas de vários países como França, Alemanha e China”, complementa.

O torneio escolar de tênis é realizado desde a fundação do ISF, em 2003, e acontece a cada dois anos. Até a atual edição quatro já foram realizadas em diferentes países, Bélgica, França, Austrália e Catar.

O Brasil só esteve presente na última edição, em 2015, onde encerrou em 14º lugar. “Aqui esperamos chegar entre o 7º ou 8º lugar ou talvez até mais porque temos atletas muito bons que podem se destacar na competição”, almejou para Robson Aguiar para a atual edição do campeonato. Por enquanto apenas a delegação inglesa se encontra no Recife, as demais tem chegada prevista para o sábado (11) e domingo (12).

A edição deste ano contará também com o apoio da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) e a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco.

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