"Juan Carlos Osorio estudou o Sport detalhadamente, a maneira como ele trouxe o São Paulo (ontem) mostrou isso", foi assim que Eduardo Baptista explicou a dificuldade do Sport em manter o controle do jogo, principalmente no primeiro tempo, antes do gol de Élber. O treinador rubro-negro ainda elegeu o adversário como "talvez o mais forte do Brasileirão no quesito tática e técnica". Não é para tanto, mas o Tricolor Paulista - por atitudes estratégicas - foi o rival que mais abafou as qualidades do Leão e acentuou os erros.
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Bem diferente da maneira como vinha armando o time e do que projetava para o jogo, Osorio escalou o São Paulo com três zagueiros e dois volantes. Variando do 3-5-2 para o 3-4-3. O treinador colocou dois jogadores que vinham atuando no meio-campo nas alas: Tiago Mendes na direita e Michel Bastos na esquerda. E foi o que segurou os alas do Leão e travou o principal escape do time no Brasileiro, as pontas.
Em vários momentos foi possível ver a primeira linha defensiva do São Paulo com cinco jogadores, formada pelo trio de zagueiro e os dois alas. Por outro lado, colocou Alexandre Pato caindo pelo lado esquerda para conter os avanços de Samuel Xavier, que é o lateral mais ofensivo e apoiador. O sistema tático proposto por Osorio colocou o Tricolor quase sempre em vantagem numérica contra o Sport. Por que não deu certo? Pelos fracos desempenhos individuas dos tricolores: Ganso pouco apareceu, Michel Bastos falhou defensivamente, Tiago Mendes não ofereceu tanta agressividade, a dupla de volantes não acertou a marcação e Alexandre Pato não conseguiu aproveitar as poucas chances criadas.
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Nos principais lances de jogada ofensiva, o Sport tem desvantagem numérica. Inclusive no gol. O rubro-negro se sobrepôs a partir do entrosamento, em tabelas e triangulações, principalmente envolvendo André. Algo que o São Paulo não conseguiu aplicar na partida. Os três zagueiros tricolores ficaram perdidos diante da movimentação do Leão. No gol marcado e invalidado - corretamente - por André, Edson Silva novamente ocupa um espaço vazio, sem marcar ninguém e quase quebra a linha defensiva porque acompanha a trajetória da bola.
FOTO: Flagrante do primeiro gol rubro-negro; No momento do passe, são-paulinos têm o dobro do número de jogadores do Sport, mas falham na marcação, na defesa em linha e na recomposição defensiva. Crédito: Reprodução/TV Globo
A formação aplicada por Juan Carlos Osorio se mostrou a melhor - ao menos até aqui - para confrontar o Sport. Porém, a equipe são-paulina não conseguiu aplicá-la com sucesso. Além da nítida falta de variação a característica de alguns jogadores não ajudaram na implementação. Os casos de Paulo Henrique Ganso que teve pouca movimentação no meio-campo e das fragilidades defensivas de Michel Bastos e Tiago Mendes.
No segundo tempo, o treinador colombiano abriu mão da estratégia inicial: trocou o zagueiro Edson Silva pelo atacante Luís Fabiano e mudou rapidamente para o 4-3-3. Michel Bastos continuou dando espaço na esquerda. Osorio colocou o jogador na meia direita na posição antes ocupada por Centurión, que foi substituído pelo lateral esquerdo Reinaldo (ex-Sport). Depois ainda colocou o meia Boschilia no lugar do então ala direito Tiago Mendes para tentar retomar o controle da bola. Mas a ideia sequer foi testada, já que minutos depois perdeu Ganso e Luís Fabiano expulsos. E o time da casa ainda teve tempo e espaço para marcar o segundo gol - que poderia ter saído muito antes.