Ricardo Antunes

Ricardo Antunes

Política com Inteligência

Perfil: Jornalista, formado pela UFPE com especializaação em jornalismo politico pela Universidade de Brasília e Georgetow University (EUA). Passou pelas principais redações de Recife e Brasília e foi observador eleitoral pela OEA.

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No duelo fraticida, a vitória foi do azarão

Ricardo Antunes, | sex, 24/08/2012 - 10:04
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Como todos esperavam, o debate ontem realizado pelo portal NE10 com os prefeituráveis do Recife aprofundou a polarização entre os ex-companheiros Humberto Costa, que ainda lidera as pesquisas de intenção de voto, e Geraldo Júlio, que  tem crescido  e já pensa em  encostar no petista nas próximas rodadas.

Líder que vem perdendo pontos preciosos a cada levantamento, Humberto mantém o estilo de candidato preparado, seguro do que diz. Mas ainda encontra dificuldade em escolher e acertar o alvo. Seu principal oponente deve ter saído confuso pelo elogio explícito ao governo Eduardo Campos, feito pelo senador pelo menos cinco vezes. E por enquanto, o PT sai no lucro pela pouca referência dos outros ao conturbado processo interno do partido, que terminou afastando o atual prefeito, João da Costa, da possibilidade de concorrer à reeleição. O que colocaria Humberto numa saia justa, tendo que explicar repetidamente a mudança dos chefes da dinastia petista que detém o poder há 12 anos no Recife.

Na luta fraticida, Geraldo Júlio, o outro candidato governista, na falta de traquejo evidente, se lança ao corpo a corpo das palavras ofensivas. A agressividade denota o pavio curto e a falta de argumentação positiva. A tentativa de imitar em tudo o governador Eduardo Campos falha neste ponto, já que o  herdeiro  de Arraes desenvolveu um mínimo jogo de cintura e está a ano luz de sua criatura. Mesmo assim, Geraldo conta com o apadrinhamento e com uma maquina poderosa  para seguir galgando a simpatia da opinião pública. Ser o candidato do Império é o seu maior trunfo.

A troca de farpas entre os dois ex-parceiros políticos, que formam as duas grandes estruturas de poder, inclusive econômico, da campanha, deve ser estranha para o eleitor, embora os grupos de cada um estejam bem definidos e comecem a se provocar e se denegrir mutuamente nas ruas e nas redes sociais.  Se essa imagem é bom para o eleitorado, somente o tempo dirá. Mas o curioso é que nem parece que ainda são unha e carne na atual gestão da Prefeitura. A ausência virtual da menção a João da Costa faz parte da estratégia de apagar o presente e o passado recente em detrimento de um futuro dourado por ambos, no horizonte das ambições de Lula e de Eduardo para 2014. E não deixar de revelar uma situação, digamos, humilhante: Em pouco mais de duas horas, apenas uma menção tímida ao nome de João da Costa, numa situação no mínimo curiosa e inusitada.

Único representante do antigo grupo de poder anterior ao domínio PT/PSB, Mendonça Filho, abandonado friamente sem pena pelo PMDB de Jarbas e Raul Henry e pelo PSD de André de Paula, continua no páreo. No entanto, cada vez com maiores dificuldades de se manter no grupo da frente e almejar um lugar no segundo turno. No debate de ontem, Mendonça mais uma vez demonstrou o baixo carisma, combinado com a tática, atribuída a seus marqueteiros de não bater em ninguém. Sem empolgação e sem empolgar o próprio eleitor, a tendência é que o democrata consolide posição coadjuvante.

O azarão mais promissor continua sendo Daniel Coelho, o tucano de verde plumagem que pelo menos procura apontar com veemência as contradições dos ex-aliados Humberto e Geraldo. Despontando como a única novidade, Daniel provocou gargalhadas de quase todos  ao perguntar a Geraldo porque ele diz que Humberto é tão ruim, se votou nele junto com o governador, para o Senado? e de lembrar, aos que o provocam por usar a cor verde, que  foi obrigado de trocar de partido (PV para o PSDB) porque não queria fica dizendo “amém” e “sim senhor” – numa estocada direta ao donos do partido, em Pernambuco, que ganharam uma secretaria e algumas verbas para “alugar” a ex-legenda de Marina da Silva.

Resta saber se a desenvoltura ostentada pelo tucano terá alguma chance de crescimento que venha de fato ameaçar a polarização que domina a campanha.

Mas no debate, de novo, não há como negar: deu Daniel. 

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