Hoje será um dia tenso para o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Muito embora tenha declarado que “tem mais o que fazer” do que acompanhar o julgamento do maior escândalo de corrupção da história do País, ocorrido – por azar – em seu governo, Lula não deve ignorar a defesa do ex-deputado Roberto Jefferson, principal delator do caso, do qual também fez parte como beneficiário.
Desde a primeira denúncia do então procurador-geral Antonio Fernando, sete anos atrás, até o discurso didático do atual procurador-geral, Roberto Gurgel, o nome de Lula é a sombra que paira sobre o gigantesco esquema de corrupção.
A ausência de seu nome do volumoso processo, inicialmente, pode ter sido uma estratégia do Ministério Público para que os acusados não escapassem da condenação. E mesmo assim, alguns dos crimes prescreveram, como o de caixa 2 para campanha eleitoral, crime pelo qual agora todos eles querem responder, sabendo da absolvição pela legislação.
Agora, na maratona do julgamento do STF, o nome do presidente da República da época volta a ser sussurrado, ou dito em alto e bom som pelos menos temerosos. Admitir a gravidade do mensalão é admitir a possibilidade, ou até a probabilidade, de conhecimento por parte de Lula. Afinal, o chefe da quadrilha, José Dirceu, nunca fez nada em sua vida pública e partidária sem que o amigo Lula soubesse e participasse. “Você acha que um sujeito safo como o presidente Lula não sabia?”, perguntou com a ironia peculiar o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
A não citação do nome de Lula na denúncia é usada pelos advogados de defesa dos réus como argumento de que o esquema não existiu. Para a defesa de Jefferson, a tática será o ataque, a exemplo do que fez na CPI, anos atrás: a omissão do Ministério Público, mais do que uma falha, deixou o processo com uma sombra eterna. Uma sombra onipresente, que olha para os culpados do alto, carregada de oportuna ignorância.
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