Afogados da Ingazeira parou, literalmente, sábado passado, para dar adeus à Giza Simões, ex-prefeita do município. Nascida e criada em Alagoinha, no Agreste, Giza chegou jovem em Afogados, foi professora e pelas mãos do marido, o ex-deputado Orisvaldo Inácio, ingressou na vida pública.
Eleito prefeito, Orisvaldo dividiu o sucesso da sua gestão com Giza, que implantou e coordenou um dos mais arrojados programas na área social. Daí, para ser eleita prefeita foi um pulo. Orisvaldo, que morreu há três anos, era médico vocacionado.
Entrou na política por acaso. Giza, não. Já nasceu com alma política. Dava-lhe prazer o exercício da atividade pública. De tão dedicada à causa, abriu paradigmas no Sertão, quebrando o preconceito da assimilação, lenta e gradual, da mulher na política numa região refém da ditadura do coronelismo machista.
Combativa, corajosa e aguerrida, Giza certamente se inspirou em Machado de Assis, que devorou na infância e como professora adotou para seus alunos, que dizia: “A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”.
Por isso mesmo, venceu tantas etapas em sua trajetória que pareciam instransponíveis. Bem-sucedida na política, Giza formou com Orisvaldo um casal exemplar. Eram tão apaixonados que tenho impressão que Giza começou a morrer quando perdeu Orisvaldo.
George Eliot, romancista britânica, diz que “em cada despedida existe a imagem da morte”. A forçada separação provocou-lhe uma dor insuportável. Rubem Alves, pensador paulista, diz que toda separação é triste, porque guarda memória de tempos felizes e nela mora a saudade.
Pablo Picasso disse, certa vez, que a morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. Giza, portanto, começou a morrer lentamente com saudade de Orisvaldo.
Agora, entretanto, é Afogados da Ingazeira e sua gente que começam a morrer lentamente com uma saudade dupla – dela e do seu velho companheiro.
APOIO AO PSB– Presidente estadual do PSDB, o deputado Sérgio Guerra está cada vez mais convencido de que, em Pernambuco, o partido não deve ter candidato próprio a governador. E mais convencido ainda que, diante do entendimento nacional entre Aécio Neves e Eduardo, o PSDB não terá outro caminho no Estado a não ser apoiar o candidato a governador do PSB.
Enfim, socialista!– O vice-governador João Lyra Neto entra hoje, finalmente, no PSB, deixando o PDT. Se assumir com a provável candidatura presidencial de Eduardo tem chances de disputar à reeleição com o apoio do governador. Neste caso, restaria saber o destino que o PSB daria ao ministro Fernando Bezerra Coelho.
PTC perde vereador – Ligado a Paulinho da Força Sindical, o vereador Marco Aurélio Medeiros, da bancada do PTC na Câmara do Recife, está ingressando no Partido Solidariedade. E chega com patente de manda-chuva. Será o presidente do diretório municipal do Recife. Presidente estadual, Augusto Coutinho já está afinado com Aurélio.
É dos portugueses– Novela que parecia sem fim, a venda do terreno onde funcionava a casa de veraneio do Governo do Estado em Porto de Galinhas está concluída. O grupo português Teixeira Duarte deve assinar a compra nos próximos dias em evento no gabinete do governador Eduardo Campos, no Centro de Convenções.
Ingresso no PSB – Mesmo com a ressalva enfática de que não tem pretensão de voltar ao Congresso, Luiz Piauhylino trocou o PDT pelo PSB. Sua ficha foi abonada pelo governador Eduardo Campos, sexta-feira passada. Advogado bem-sucedido, Piauhylino foi suplente do senador Mansueto de Labor e eleito quatro vezes deputado federal.
CURTAS
SIMBOLISMO– Piauhylino diz que seu ingresso no PSB representa apenas uma homenagem ao governador. “Estou engajado ao projeto presidencial de Eduardo. Por isso mesmo, a troca do PDT para o PSB passa a ser simbólica. Não tenho mais projeto político”, garante.
DESCONFIANÇA– Em artigo, ontem, no jornal O Globo, o cantor Caetano estranhou as dificuldades para Marina, a quem se confessa eleitor, criar a sua Rede Solidariedade. “Por que tantos partidos são criados e justamente o da mais forte candidata em oposição à reeleição de Dilma se vê embargado?”, pergunta.
Perguntar não ofende: Marina vai morrer na praia?