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 Hoje (27) completa um ano que o ator Will Smith deu um tapa no comediante Chris Rock na cerimônia do Oscar. Desde então, Smith foi banido por dez anos pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e teve projetos adiados.

Rock, por outro lado, usou o incidente como motivo de piada em seus shows que tiveram crescimento na venda de ingressos e falou em um especial da Netflix no último sábado (4). Confira a seguir, duas lições que o Oscar aprendeu após o tapa de Will Smith em Chris Rock:  

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“Equipe de Crise” do Oscar: O momento deixou marcas de alerta na organização do prêmio. A situação fez a Academia implementar uma “equipe de crise” para as próximas premiações, a fim de impedir de forma rápida qualquer possível emergência em tempo real. A informação foi confirmada pelo CEO da Academia, Bill Kramer, pelo jornal Variety, que garante que o núcleo é o primeiro do tipo da história da organização.  

Cancelamento em Hollywood: Na mesma cerimônia, Smith levou a estatueta de Melhor Ator por seu trabalho em “King Richard: Criando Campeãs”. Após o ocorrido, Will pediu desculpas públicas a Chris Rock e também publicou um vídeo como forma de comunicado oficial. Devido à agressão, Smith foi banido do Oscar e de todos os eventos da Academia.

Vale lembrar que, as regras da premiação não podem Smith de concorrer ou ganhar prêmios. Mas, se ele for indicado e vencer, não poderá ir à festa para receber sua estatueta. 

 

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Nesta quinta-feira (26), primeiro dia do GoFestival, entendo realizado no Centro de Convenções, Janguiê Diniz, fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional e presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo, falou para 'obstinados' que lotavam do equipamento cultural. Com lições de sucesso, Janguiê trouxe a palestra "Seja um 'fodido' obstinado. Nunca um 'fudido' vitimizado", que também é o título do seu novo livro.

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Com uma história digna de filme, o presidente do grupo Ser Educacional deu lições para alcançar os sucesso e chegar, um dia, a estampar uma capa da revista Forbes como um bilionário. Dono de uma das mentorias de maior sucesso, ele reuniu no palco pessoas que foram impactadas pela iniciativa e "desafiou" os obstinados a embarcar na jornada empreendedora.

GoDigital Festival

A segunda edição do GoDigital 2023 conta com três dias de evento, de 26 a 28 de janeiro. Na programação, estão nomes como Gilberto Augusto, fundador da SpaceEdu, Kaisser, Igor 3K, do Flow, e Carlinhos Maia, que encerrará o evento no sábado (28).

Apostando no período de férias escolares da garotada, o segundo filme tipo live action da Turma da Mônica chega aos cinemas na próxima quinta (30). Em ‘Lições’, a turminha da ‘Dona da Rua’ vive desafios no ambiente escolar e conhece novos amigos, como os personagens Marina, Milena e Do Contra.

Em ‘Lições’, os pais de Mônica decidem trocá-la de escola e a mudança acaba separando a turminha da Rua do Limoeiro. Embora todos façam novas amizades, a saudade de estarem reunidos é maior e leva Cebolinha a bolar um novo ‘plano infalível', dessa vez para trazer de volta a ‘Dona da Rua’. 

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O longa apresenta novos personagens Marina (Laís Vilella), Milena (Emilly Nayara), Humberto (Lucas Infante) e Do Contra (Vinícius Higo) e conta com uma trilha sonora que já ganhou coreografia nas redes sociais. A canção ‘Que Som é Esse?’, tema original do filme, de Duda Beat e Flor Gil, já está disponível em todas as plataformas digitais. ‘Lições’ chega às telonas de todo o país na próxima quinta (30). 

Na periferia de Manaus, os corredores da Escola Estadual Antogildo Pascoal Viana voltaram a ser povoados pelos estudantes há dois meses. Mas nada é como antes. Abafadas pelas máscaras, as conversas entre professores e alunos revelam vazios - emocionais e de aprendizagem. Em todo o País, a volta à escola será árdua, não só pelas exigências sanitárias, mas principalmente por causa das necessidades educacionais.

Currículos mais compactos, programas de apoio entre estudantes e até a contratação de professores extras fazem parte das estratégias para contornar abismos de aprendizagem em sala de aula e os traumas decorrentes da pandemia. Redes de ensino no Brasil que já reabriram suas escolas revelam possíveis lições, mas também desafios de planejar e dar aulas.

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No Amazonas, o primeiro Estado a autorizar a abertura de escolas públicas, em agosto, a volta foi com medo. "O Amazonas esteve no olho do furacão, foi parar no The New York Times com notícias de covas coletivas", diz a secretária de Gestão da Secretaria de Educação, Rosalina Lobo. Quando as escolas estaduais reabriram para os alunos do ensino médio, precisaram conquistar a confiança dos pais e montar programa de acolhimento emocional.

O governo identificou que 13% dos estudantes da rede estadual do Amazonas perderam pelo menos um parente para a covid-19. É como se, em uma classe com dez alunos, pelo menos um estivesse de luto - estatística que o diretor Charles Pereira, da escola Antogildo Pascoal Viana, comprovou na prática.

"Na sala, perguntei se alguém tinha contraído a covid. Uma aluna disse que tinha perdido a mãe e o avô", lembra o diretor. "Ela falou de uma forma tão triste, me comoveu." Outros estudantes buscaram apoio psicológico no colégio, que fez um trabalho de escuta de alunos, professores e funcionários. O Estado ainda estruturou um programa de monitoria, em que os próprios estudantes ajudam a identificar dificuldades e solucionar problemas. "A escola é como refúgio para tentar esquecer um pouco da tragédia", diz Pereira.

Em cada Estado, diferentes planos de retomada das aulas presenciais estão sendo desenhados. Em comum, a ideia de que deve haver um trabalho de apoio emocional, diz Cecília Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e secretária do Mato Grosso do Sul.

Avaliações. Os planos também são unânimes em identificar a necessidade de uma avaliação para saber o que os alunos aprenderam em casa. No Estado de São Paulo, onde a decisão sobre a volta às aulas ficou na mão dos prefeitos, testes de Português e Matemática devem ser aplicados assim que mais estudantes estiverem nas escolas.

O governo paulista quer medir "o tamanho do prejuízo", nas palavras de Caetano Siqueira, da Coordenadoria Pedagógica da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Especialistas calculam que a recuperação pode levar anos, demandará avaliações sucessivas e há etapas mais sensíveis, como a alfabetização e a transição entre ciclos (5.º ano e 9.º ano). "É irreal imaginar que os alunos do 1.º ano do fundamental vão ter progredido muito na sua alfabetização", reconhece Siqueira. No Estado, a volta está prevista para amanhã no ensino médio de colégios públicos e privados.

No Amazonas, uma prova de múltipla escolha com todas as disciplinas foi aplicada após o retorno presencial, em agosto. Segundo Rosalina, os resultados no ensino médio indicaram que colégios com boa gestão se adaptaram mais rapidamente ao ensino remoto, com impacto no resultado dos alunos.

Na escola de Pereira, o desempenho foi pior em Português, Matemática e Física. Agora, a escola organiza a recuperação, mas os professores têm de lidar com turmas ainda mais heterogêneas. As aulas remotas devem continuar em 2021, como reforço - mesma estratégia planejada por outros Estados.

Caso do Espírito Santo, que até pretende distribuir equipamentos a alunos e professores. "Queremos oferecer condições de acesso mais adequadas para um ano em que sabemos que o programa (online) vai permanecer", diz o secretário de Educação capixaba Vitor de Angelo.

Atividades em grupo e formação de classes alunos de diferentes séries também podem ser estratégias. "A escola vai precisar reorganizar tempos e espaços", diz Anna Helena Altenfelder, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

Essencial. Apesar dos esforços, os gestores consideram que é preciso calibrar as expectativas. Redes estaduais e municipais vêm "compactando" seus currículos para dar foco ao que é considerado essencial. "A priorização é necessária porque há diferentes níveis de acesso e ritmos de aprendizagem", diz Katia Smole, diretora do Instituto Reúna, que tem um método de priorização curricular.

Em Geografia, por exemplo, os currículos incluem tanto aprender a ler mapas quando conhecer organizações mundiais. "A alfabetização cartográfica é essencial. Já o conhecimento de organizações pode ser feito até pela mídia", diz Katia. Essa priorização vem sendo usada em Pernambuco e no Amapá, além de redes municipais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Neste 15 de outubro, Dia do Professor, vamos conhecer os desafios enfrentados e lições aprendidas, tanto no âmbito profissional quanto humanitário, do professor de ciências e biologia da rede pública de ensino de Pernambuco, Arthur do Nascimento Cabral. A pandemia de Covid-19 tem ocasionado desafios e na educação não foi diferente. O docente relata que, na primeira fase de suspensão das aulas presenciais, fechamento das escolas e discussão sobre uma possível utilização da internet como sala de aula, a ansiedade atacou muitos professores.

“Pelo menos eu senti ansiedade e conversei com colegas de trabalho que também sentiram a mesma coisa”, afirma. Além de situações como acúmulo de pensamentos e insegurança, o docente relata que não tinha computador e os preços estavam bem altos para adquirir o equipamento de imediato. “Boa parte do ensino remoto passei sem computador, não tinha o equipamento. Até o mês de junho eu estava me virando apenas com o celular ou pegando o equipamento emprestado com amigos, foi bem complicado, até que ganhei um de presente e deu para aliviar, após isso, meu celular quebrou por não ter suportado tantos arquivos, daí eu fiquei mais de duas semanas sem aparelho celular. Quero frisar que isso é uma realidade; todos os professores e professoras têm usado seu próprio aparelho e nem sempre dão conta do recado, assim como aconteceu comigo”, conta.

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A partir do momento em que o meio de aprendizagem passou a ser totalmente on-line, o professor conheceu situações de alunos que não tinham acesso à rede sem fio para acompanhar as aulas. Com isso, Arthur teve a iniciativa de levar as atividades para esses alunos de bicicleta.

Sobre a atitude, ele explica que antes de entrar na universidade, quando estava amadurecendo a ideia de ser professor,  teve contato com alguns educadores durante uma possivél pandemia da H1N1. “Os professores me deram palavras de incentivo e falaram que me ajudariam caso houvesse mesmo a pandemia, já que eu não iria ter condições financeiras para estudar; aquilo fez muita diferença, então acho que retribuí isso na sociedade hoje, da forma que fiz, através de um gesto simples que foi pegar a bicicleta e entregar as atividades pedalando 10 km, assim como seria um gesto simples o que fizeram comigo no passado”, diz Arthur.

“Ao ver que muitas famílias não tinham aparelho de telefone ou tinham para dividir entre quatro, cinco ou seis  pessoas, e não tinham internet, que é um direito básico que defendemos e muitas vezes achamos que todo mundo tem, e na verdade não tem, então, conhecer essas situações de perto me fez ter uma sensibilidade maior, acho que nem como profissional em si, mas acho que muito mais como ser humano que tem empatia com o próximo”, fala o docente.

No ensinamento on-line, Arhur promove lives nas terças e sextas-feiras durante o turno da manhã, para as turmas do sexto e sétimo ano da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio Deputado Oscar Carneiro, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR); já nos outros dias da semana, ele se dedica a cumprir obrigações burocráticas e pedagógicas da escola.

Sobre as solicitações que recebe dos estudantes, Arthur diz que ocorrem a todo instante. “A partir das 7h30 até as 22h, sempre tem algum estudante entrando em contato para tirar dúvidas. Costumo mandar a resposta por escrito, áudio ou vídeo. Tenho em mente que muitos alunos usam o celular do pai ou da mãe e boa parte dos responsáveis só chega à noite; é o tempo que se tem para entrar em contato e até fazer as atividades. Tem sido assim: tem horário para começar o trabalho, mas não tem hora para acabar”, comenta Arthur.

O educador demonstra ser um profissional compreensivo com os alunos e entende que todos vivem uma realidade diferente. “Profissionalmente falando, hoje eu me incomodo muito menos, quase nada, quando o estudante manda mensagem para mim, perguntando alguma algo ou pedindo algum material até tarde da noite. Vi uma realidade de perto e sei que não é maldade e sim necessidade, é um pai ou uma mãe que chegou naquele horário e só tem aquele momento para estudar e mesmo assim coloca seu filho para aprender”, explica.

Mesmo se mostrando forte, o professor revela que surgiram alguns questionamentos profissionais. "Com a crise que tem sido gerada por causa da doença, será que os empregos serão mantidos? Será que eu irei permanecer empregado quando acabar essa pandemia?”, questionou o educador. O professor afirma que sempre  busca tirar alguma lição dos desafios e dificuldades enfrentadas por ele, colegas de trabalho e alunos. Ele relata que o ensino remoto foi iniciado com desafios.

Arthur ainda acrescenta que começou a saber de informações de estudantes e de outros professores que sofreram impactos psicológicos oriundos dos efeitos da pandemia. Priscila Silva, psicóloga clínica e com especialidade em andamento em Terapia Cognitiva-Comportamental, explica que “a questão do novo assusta a pessoa que já estava adaptada a um comportamento no modelo das aulas presenciais, tanto os professores, quanto os alunos, ou qualquer outro profissional que passou por essa mudança".

“Para os professores retomarem as atividades presenciais, mesmo com toda a segurança, muitos não sabem como vai ser e emocionalmente não estão preparados para voltar”, acrescenta a especialista.

De acordo com a psicóloga, “o medo por si, o medo pela família, devido à pandemia, também causa essa insegurança". "Todos ficaram muito abalados, e o medo é algo emocional, o medo acaba desequilibrando as outras emoções, como o desejo e a alegria de voltar às atividades. Então, por causa do medo, eles não conseguem deixar que essa alegria se sobressaia”, analisa Priscila.

“Ter acompanhado essas realidades de perto fez com que a minha atuação como profissional pegasse cada vez mais esse meu lado humano, não que eu não trouxesse esse lado humano para a questão do ensino; é um objetivo que eu sempre trouxe para as minhas aulas, mas acho que agora isso ficou muito mais forte porque são muitos problemas estruturais na sociedade. Se você está em uma sala de aula com 40 alunos, são 40 cabeças, realidades e criações diferentes. Para você conseguir chegar em cada uma é preciso saber se comunicar da melhor forma possível, considerando a realidade de cada pessoa, então acho que vivenciar tudo isso reforçou muito a questão da humanidade como profissional”, comenta o professor Arthur.

“No processo de entrega das atividades, percebi que muitos estudantes, muitas famílias tiveram o fator alimentar abalado. Se formos olhar para a escola, pelo menos na que trabalho é uma escola semi-integral, os estudantes merendam e almoçam, então a perda de duas refeições para as famílias que vivem com muito pouco faz uma diferença absurda. Nesse contexto, percebo uma mudança de olhar para a escola, não só como aquele espaço de interação social, mas um espaço onde o estudante pode se alimentar e ter uma garantia nutricional melhor”, analisa Arthur.

O docente ainda comenta que durante, o período da pandemia, percebeu que muitas famílias reconhecem o trabalho do professor. “Pensamos que não, mas as famílias estão reconhecendo todo o esforço dos professores e professoras. Muitos pais têm tido dificuldades para auxiliar os alunos nesse ensino remoto, muitos deles estavam afastados da escola, não estudavam muito tempo e agora se depararam com esse processo de ter que auxiliar os filhos e percebem o quanto é difícil com um, imagina com 40 crianças dentro de uma sala”, explica.

Vanuza Silva, 29 anos, mãe de José Carlos, 11 anos, relata que auxiliar o filho nos estudos tem sido difícil. “Antes eu já sabia e durante este período da pandemia tive a  certeza do quanto o papel do professor é importante para todos nós. Não é fácil, exige muita dedicação e paciência, o que não tenho. Algumas vezes, Carlos não entende um assunto e tem dificuldades para terminar alguma atividade, então esse processo de ajudar e fazer com que ele entenda como deve ser feito o exercício, além da explicação, também exige uma conversa para que ele se acalme e consiga finalizar”, relata a Mãe.

“Hoje sinto na pele um pouco da dedicação que os professores impõe para ajudar os nossos filhos a terem um futuro melhor, posso ver e também sentir que é mais do que cumprir um horário de trabalho, é estar junto e oferecer o melhor”, acrescenta.

”Percebo que tem mudado o olhar sobre o professor. Acho que esse resgate da importância do professor vem acontecendo e tem sido muito gratificante, porque virou comum abrir uma aula on-line e ter um pai ou uma mãe de algum estudante. Eles dizem ‘professor, muito obrigado, você está fazendo um trabalho muito bacana'", conta o educador.

O professor finaliza com uma reflexão. “Tem uma frase de Paulo Freire, grande educador pernambucano, que ele fala que a população precisa de esperança, mas não esperança do verbo esperar, esperança do verbo esperançar, que é se juntar com o outro para mudar uma realidade e criar oportunidades. Acho que é isso que o professor faz hoje, leva esperança para os alunos. Partindo desse princípio, eu fiquei com mais vontade de estar junto das comunidades, principalmente daquelas mais carentes para poder levar um pouco mais de esperança e mostrar que o estudo é o caminho, mostrar que assim como não desistiram de mim no passado e hoje eu pude terminar uma graduação, terminar um mestrado, essas crianças no futuro também podem fazer isso e vão fazer isso”, finaliza Arthur.

Reportagem integra o especial "Lições", produzido pelo LeiaJá. O trabalho traz histórias sobre os aprendizados dos professores em meio aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Veja, a seguir, as demais reportagens:

Especial Lições retrata rotina de professores na pandemia

Carinho, tecnologia e o novo olhar de uma educadora

Professores empreendedores e os desafios da pandemia

EAD e ensino remoto: as multi-habilidades de um docente

Pós-pandemia: o que o futuro reserva aos professores?

A pandemia de Covid-19 causou mudanças nos mais diversos setores da sociedade ao trazer a necessidade de distanciamento e isolamento social. Mesmo com o início do retorno às salas de aula em algumas partes do País, a educação segue sendo uma das áreas fortemente atingidas pela necessidade de fechar o espaço físico de escolas, universidades e cursos durante muitos meses, causando claras transformações na rotina de trabalho dos professores e na relação com os alunos. 

Com as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cada vez mais próximas, as atenções se voltam para estudantes e professores de ensino médio, bem como para cursos preparatórios. Há grande preocupação com as mudanças forçadas pela doença para quem busca uma vaga no nível superior de ensino em 2021. 

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Nesta quinta-feira, 15 de outubro de 2020, o Dia do Professor é celebrado diante de uma pandemia. Para exaltar a figura dos educadores, a série “Lições” traz, agora, reportagem sobre o trabalho de professores empreendedores que têm seus próprios cursos preparatórios e como tem sido desempenhar esse papel em um ano tão atípico, assustador e repleto de incertezas, tanto para quem estuda, quanto para quem ensina.

“O novo normal é valorizar o professor mais do que nunca”

Wagner Rocha é professor de geografia com 18 anos de experiência e sócio do curso preparatório para o Enem e vestibulares 'Oficina de Estudos', no Recife, há oito anos. Ele conta que dificuldades enfrentadas na infância o ajudaram a desenvolver uma “veia empreendedora” e a paixão pela educação aliou tal característica com o desejo de ensinar, surgindo assim a vontade de criar um curso diferente do que é tido como convencional nas escolas. 

“Sempre acreditei que o relacionamento professor-aluno poderia ser mais horizontal e não vertical, aquela coisa do professor no céu e o aluno lá embaixo. Olhando esses princípios, comecei a criar dogmas e assim surgiu a oficina. Um curso disruptivo, que nasceu da votação dos alunos para o nome do curso, que eu vejo que tem uma grande batida colaborativa. A gente sempre diz que os alunos não são concorrentes, mas amigos de sala. Eu queria um curso com um DNA mais humano e foi aí que deu esse ‘start’ para ser empreendedor e ter meu próprio negócio”, conta o professor. 

Mais do que um simples desejo ou um sonho pessoal, Wagner explica que ter um curso próprio, para ele, sempre foi um propósito de vida para apoiar e ajudar pessoas a ter uma vida melhor por meio da educação. “Eu sempre pedi a papai do céu que me abençoasse um dia para ter um curso. Não sabia como, mas eu queria ter. Vim de um bairro carente que tinha vários amigos e colegas com muito potencial de vencer na vida, querer estudar. Infelizmente, a educação no Brasil não é democrática e a forma que eu tinha de ajudar era ter meu próprio negócio. Então eu acredito que sempre quando eu quis ter um curso, não foi vaidade ou somente realização pessoal; eu acho que era mais do que um sonho, era um propósito”, afirma. 

O professor Wagner explica que há diferenças importantes na rotina e métodos de trabalho quando comparadas às situações de ser professor contratado ou concursado para ensinar em escolas e ter um curso próprio. “Quando eu era professor de colégio, ensinava em seis escolas. Muitas vezes saía correndo e não tinha tanta disponibilidade para o aluno. Bem que eu queria, mas professor e jovem a gente sabe que trabalha muito, tem que ralar. A gente sabe que o rendimento não é dos melhores. Cursinho, quando você é dono, você mora. A casa é sua, e quando a casa é sua, a gente é família. Vai tendo os erros e acertos, tentando dar soluções. A gente participa mais ativamente da vida do aluno, a gente conhece o que o aluno cresceu, onde pode chegar. Muitas vezes conhece a realidade do aluno. A gente sorri junto, chora junto. Tem uma grande simbiose de histórias, vários exemplos que deram certo e acabam inspirando o aluno”, descreve o educador.

Além da proximidade, maior tempo e intimidade com os estudantes, Wagner aponta para um aumento de responsabilidades e funções a exercer quando um professor também é empreendedor. “Não envolve apenas chegar, dar aula, tirar dúvida e ir embora. Você passa a estar dentro, vivendo, convivendo, escutando mais e tentando, na medida do possível, orientar da melhor forma", comenta.

A Covid-19 trouxe mudanças radicais e que precisavam ser feitas rapidamente. Nesse contexto, a adaptação ao ensino 100% remoto, segundo o professor Wagner Rocha, não foi uma tarefa fácil. “A gente teve que arrumar estratégias, aprender a mexer com apps ou sites que a gente nunca tinha visto. A gente encarou porque nosso desafio era encurtar a distância, a questão que antes era presencial e agora é remota, mas sem nunca perder o afeto, sem nunca deixar de ter o entusiasmo. E o principal, nunca deixar de estender a mão. O lema da gente era ‘precisamos acolher, precisamos abraçar os alunos’. Passei a chamar, inclusive, a casa de cada um de ‘casulos’. Cada um ficou enclausurado e eu sempre falava que o casulo também é uma escola. Foi desafiador, mas ao mesmo tempo, quando recebe feedback, percebe o quanto é gratificante ouvir alunos dizendo o quanto suas palavras abençoaram, ou que mesmo distante se sente acolhido, abraçado. Isso para o professor não tem preço”, explica ele. 

Ao ser questionado sobre o futuro da educação depois da crise global causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), o professor afirma que enxerga um cenário de fortalecimento do ensino com maior valorização da figura do professor. “Parabéns aos professores que foram desafiados e conseguiram vencer o desafio muitas vezes da maneira mais ‘raiz’ possível, muitas vezes dando aula em casa com ‘menino’ pequeno, vizinho gritando, gente escutando brega, confusão em casa, muitas vezes pai gritando com aluno em casa e a gente no ao vivo escutando tudo. Preparando aula, teve muita gente que nunca gravou nada e teve que editar pela primeira vez. É muita gente boa que a gente tem no nosso país, muitos professores que a gente tem que tirar o chapéu, então eu acredito que no pós-pandemia, o novo normal é valorizar o professor mais do que nunca e colocar o professor no lugar que ele merece, de valorização”, argumenta Wagner.

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“Sempre ganho ‘filho’ do coração”

Nilson Lourenço tem 58 anos de idade, dos quais 38 são dedicados ao ensino da física. A carreira começou com aulas para alunos de ensino médio em colégios, mas seguiu para o empreendedorismo com a abertura, 24 anos atrás, de um curso próprio que hoje leva o nome e sobrenome do professor. Atualmente, mais de mil alunos estudam no preparatório, situado no Recife. 

A vontade de ter um curso para chamar de seu, segundo Nilson, foi motivada pelo desejo de conduzir as aulas e outras dinâmicas do curso à sua maneira. “Na escola e em outro curso, você tem que seguir aquela diretriz. No seu curso você faz da sua maneira, do seu jeito, da maneira do seu sonho. No meu curso, toda aula tem chocolate para quebrar o clima”, conta o professor, que cita uma “total transformação” em seu dia a dia de trabalho a partir da abertura do curso. 

“Na escola, você entra e dá aula. No curso, não. Eu chego duas horas antes e saio três horas depois das aulas justamente para fazer diferente. Nas escolas, praticamente nenhum professor faz isso, chegar antes para tirar dúvidas e sair depois. Por isso, as matérias isoladas fazem tanto sucesso. Dá prazer em você ver o aluno aprender. Hoje eu tenho, só na área de medicina, mais de 6.400 alunos que são médicos ou estão na universidade. E isso não tem preço”, afirma Nilson. 

A adaptação ao cenário de pandemia, segundo o professor, foi menos difícil diante do fato de que seu curso já tinha algumas atividades remotas, como plantões para tirar dúvidas on-line. No entanto, a necessidade de passar a funcionar exclusivamente a distância trouxe outras questões, como a saudade dos alunos e a preocupação ainda maior com o elo entre estudante e professor. 

“A pior parte é a falta o olho no olho, do abraço. Entrar no curso e não encontrar os alunos é muito triste, não tem vida. Eu fiz entrega de apostilas em drive thru, alguns alunos choraram. Às vezes, a gente trabalha não só a parte pedagógica, de conhecimento. Você trabalha também a parte emocional. Minha relação com meus alunos sempre foi muito próxima, todos os anos sempre ganho ‘filho’ do coração. Me comunico com eles nos grupos de WhatsApp, no privado, falo com os pais, faço reunião de pais on-line e mantenho toda semana em todas as turmas um horário específico para aulas ao vivo. Somente a aula gravada não gera vínculo, é monótono e desmotivador tanto da parte do professor como do aluno”, conta o educador. 

Dificuldades à parte, a digitalização forçada pela pandemia também acabou funcionando como um acelerador para o processo de dar aulas virtualmente, o que ocasionou uma expansão no alcance do curso para outras regiões além do Recife. O crescimento foi significativo, de modo que Nilson já afirma que os conhecimentos sobre tecnologias aplicadas à educação e o ensino on-line permanecerão mesmo após a retomada presencial. “A partir de agora, o curso terá que ser sempre no formato híbrido: on-line e presencial. Essa mudança será nossa nova realidade”, diz o professor. 

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“As mudanças já aconteceram, vão apenas perpetuar-se”

Fernando Beltrão, mais conhecido como Fernandinho, tem 57 anos de idade e 30 de sala de aula, ensinando biologia para os níveis fundamental e médio em seu curso “Academia de Estudos”. Ele ainda é docente de anatomia no curso de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE).

O professor conta que sua formação em medicina e a necessidade de trabalhar durante o período de graduação o fizeram começar a ensinar na década de 1980, quando os cursos pré-vestibulares no Recife estavam em grande expansão. “Dividi-me entre professor e médico nos primeiros três ou quatro anos de formado, mas o sucesso como professor veio até rapidamente com a chegada do vestibular da Universidade Federal de Pernambuco em duas etapas. Em 1987, criou uma prova de biologia muito pesada e o fato de ser médico me ajudava a ter uma visão consistente e eu criei um curso de segunda fase. Me tornei um professor conhecido, não melhor que os outros, mas conhecido. Esse curso ganhou força, em pouco tempo eu tinha mil alunos”, conta Fernandinho. 

A adaptação dos professores do curso foi facilitada pelo hábito de fazer aulas transmitidas ao vivo ainda antes da chegada da Covid-19. No entanto, o processo de tornar um curso completamente digitalizado para atender à necessidade imposta pelo momento trouxe outras questões que vão além de estar acostumado a ensinar em lives. 

“Tenho professora, por exemplo, que está em casa com o filho pequeno, pode fazer aula virtual em todo horário? Não. Mas tem que fazer ao vivo. Não pode fazer sem ser ao vivo, tudo da gente é ao vivo. É um problema, faz parte. A família em casa que não dá apoio ao menino, acha que a aula ele pode pausar quando quiser é outro evento. (...) Tem um monte de dificuldades naturais. A dificuldade de alguns professores de lidar com a tecnologia, dificuldade de algumas pessoas de lidar com a solidão”, revela.

A própria Covid-19 e o medo que ela causa também são fatores de dificuldade no momento de pandemia, assim como a letalidade da doença e sua capacidade de transmissão, que afetam professores e suas famílias. O professor Fernandinho citou, durante entrevista ao LeiaJá, adversidades que a doença impôs tanto em termos de saúde física como emocional a professores de seu curso. 

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Além das dificuldades humanas, houve a necessidade de lidar com questões técnicas, como a escolha de uma plataforma de ensino que atendesse a todas as necessidades dos alunos e professores da forma mais ampla possível. A interatividade, por exemplo, era um ponto importante para manter a proximidade com os estudantes durante todo este período de pandemia. 

“Encontrar uma plataforma deu trabalho. Que pudesse permitir muita proximidade. O estudante que quiser pode botar a carinha dele, o professor falando, debate real. Que o professor possa ter um convidado, dois, três, quatro, sejam alunos ou outros professores. Aulas compartilhadas com outros professores. Era uma dificuldade conseguir uma plataforma que fizesse isso, permitir um chat, mas ao mesmo tempo silenciar quem quiser falar isoladamente, banir quem quiser falar isoladamente, atrapalhar. Ou permitir que o aluno simplesmente assista, que o pai fiscalize. Tudo isso era plataforma, essa parte a gente não tinha, teve que pesquisar”, diz o professor. 

A preocupação com a saúde emocional dos estudantes se reflete em ferramentas que foram incluídas na plataforma on-line com o objetivo de permitir um contato mais próximo com os estudantes, apesar da distância física. “Desde março, a gente criou um tira dúvidas on-line para o aluno perguntar e o professor responder 24 horas depois. Percebemos que, no meio das dúvidas, na entrelinha, havia algumas inseguranças. Uma semana depois a gente criou outro botão chamado chegue mais perto, onde o aluno escolhia para qual professor ia mandar, e já não era mais uma dúvida, era um sentimento, uma questão, uma conversa. Passaram a acionar professores diretamente para conversas pessoais”, relata Fernandinho. 

No que diz respeito ao curso no futuro, pós-pandemia, o professor aposta no modelo híbrido e avalia que as mudanças nos cursos e escolas já estão em curso e serão consolidadas. “Eu acho que as mudanças já aconteceram, vão apenas perpetuar-se. Eu acho que a tendência é a escola híbrida, porque uma parcela bem grande de pessoas conseguiu se adaptar muito bem e vai se sentir órfãs disso se tivermos de dizer ‘agora tudo é presencial’. Acho que as aulas encurtam, as aulas perdem a importância, a internet ganha muito, YouTube ganha muito, Google ganha muito, a interatividade eletrônica ganha muito, os grupos de estudos ganham muito e a sala de aula em si vai diminuir um pouquinho a ação dela”, opina Fernando Beltrão.

Reportagem integra o especial "Lições", produzido pelo LeiaJá. O trabalho traz histórias sobre os aprendizados dos professores em meio aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Veja, a seguir, as demais reportagens:

Especial Lições retrata rotina de professores na pandemia

Carinho, tecnologia e o novo olhar de uma educadora

No caminho da bicicleta, há quilômetros de sonhos

EAD e ensino remoto: as multi-habilidades de um docente

Pós-pandemia: o que o futuro reserva aos professores?

Salas de aula cheias, estudantes atentos aos conteúdos, dinâmicas de classe e outras atividades há meses não são mais realidade na vida dos estudantes e professores brasileiros. Mas isso não significa que a rotina, sobretudo dos docentes, está mais tranquila. Muitas escolas adaptaram seu modelo de ensino ao remoto e, hoje, eles precisam dar conta do cronograma de aulas de uma forma totalmente nova, em meio ao crítico cenário da pandemia do novo coronavírus. 

O Brasil, segundo o Censo Escolar da Educação Básica 2019, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), abriga mais de 2,5 milhões de professores. A maior parte deles está ensinando na educação básica - mais ou menos 2,2 milhões -, enquanto o restante encontra-se no ensino superior.

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A maioria dos docentes tem entre 30 e 39 anos. As mulheres, por sua vez, ocupam 70% da categoria. As estatísticas mostram apenas números daqueles que são fundamentais na vida e na construção profissional - e até mesmo pessoal - de qualquer pessoa.

Os docentes são os que acolhem dúvidas, esclarecem, ensinam e, por muitas vezes, atuam junto à família no processo de construção do ser humano. Mesmo assim, a categoria reclama constantemente do sucateamento da profissão. No Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor. Isso se explica pelo fato de que os japoneses acreditam que onde não há docentes, não podem haver imperadores. Mesmo não sendo uma sabedoria brasileira, o costume oriental mostra muito do valor desses profissionais da educação.

Seria uma bela realidade para o Brasil, mas existe um abismo cultural que, de certa forma, tolhe a valorização desses profissionais. Com a retomada gradual das aulas nos estados brasileiros, muitos professores decretaram greves na categoria e se posicionam ainda contra as medidas de volta às aulas, garantindo que o convívio contínuo pode fazer com que os próprios docentes, assim como os estudantes, sejam contaminados pela Covid-19.

Por isso, o Dia dos Professores, comemorado nesta quinta-feira (15), em todo o Brasil, tem um gosto diferente dos demais. Ante os desafios impostos pelos efeitos da Covid-19, os educadores, acostumados a propagar conhecimento, agora tiveram que enfrentar mudanças e abraçar aprendizados para se adequarem ao novo modelo do mercado educacional.

E para marcar a data, o LeiaJá publicao especial “Lições", que busca retratar os aprendizados, as diversas formas de empenho, trabalho, dificuldades e até mesmo as alegrias vividas por esses profissionais tão importantes e que marcam a vida de tantas pessoas, durante a pandemia do novo coronavírus. Confira todas as reportagens:

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Ensinar não é um trabalho fácil. Afinal, professores são responsáveis pela base da educação e conseguem, por meio disso, transformar pessoas, criar momentos inesquecíveis e, até mesmo, tornar sonhos ‘impossíveis’ em realidade. Inspirado em histórias que têm a educação como fonte, o LeiaJá conversou com a docente em matemática, Débora Meneghetti, de 67 anos, moradora do bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife, que conta as lições que aprendeu durante toda sua trajetória, principalmente neste período pandêmico. Ela expressa, por meio da alegria de ser quem é, o prazer de ser, essencialmente, uma educadora.

“Eu sempre fui muito boa em matemática, sempre tirei boas notas e assim cheguei à faculdade. Dou aula há mais de 40 anos e já passei por diversas escolas do Brasil. Eu realmente adoro o que faço”, diz.

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História

Vida escolar de Débora registrada em fotos antigas. Foto: Cortesia

Entre um sorriso e um mar de memórias, a educadora relembra, na entrevista, o momento da infância que se sentiu uma pequena professora. “Eu nunca pensei em ser outra coisa desde muito nova, visto que, à medida em que fui sendo alfabetizada, fui ensinando a moça que trabalhava na casa da minha mãe, a Valdeia. Eu ensinava ela a escrever e a fazer cálculos”, conta. Ela ainda recorda como ministrou suas primeiras aulas. “No muro da área de serviço, que era de cimento batido, eu molhava o giz para ele poder escrever e ali passava as tarefinhas. Isso, na verdade, já era a professora que existia dentro de mim”, relata.

Para conseguir ensinar, a pequena Débora sabia que não poderia se manter desatualizada em relação aos conteúdos e se esforçava para tirar boas notas, afinal, ela tinha sua primeira aluna, a Valdeia. E entre vários professores que a marcaram e lhe serviram como exemplos, ela resgata nas memórias uma lição que aprendeu na infância com dois docentes didaticamente diferentes. “Eu tive uma professora, por exemplo, que quando tinha um feriadão, passava muita tarefa e dizia que era para nós não esquecermos dela. Aquilo me dava uma raiva e eu pensava: ‘Meu Deus do céu, quando eu vou poder descansar um bocadinho, vem essa mulher e passa esse monte de exercícios’. Daí eu também pensava assim: 'Eu nunca vou fazer isso porque eu não quero que meus alunos sintam o que eu estou sentindo em relação à ela'. Depois disso, eu tive um outro professor que não assustava a gente com o título do conteúdo, ele explicava tudo e quando acabava dizia assim: 'Vocês acabaram de aprender equação do segundo grau', isso para a gente não se assustar antes de aprender”, conta.

Feedback

Recentemente, Débora precisou dar uma aula por meio de recursos tecnológicos. No entanto, inicialmente, sentiu algumas dificuldades, o que a levou a chorar durante uma aula remota. Depois da repercussão que causou uma onda de solidariedade nas redes sociais, logo após uma de suas alunas publicar seu caso, Débora Meneghetti, que ensina no colégio GGE, localizado em Boa Viagem, Zona Sul de Recife, descreve a chuva de carinhos que começou a receber pela internet, principalmente de ex-alunos.

“Eu me senti muito acarinhada por todos, principalmente pelos alunos que, sinceramente, são a parte que mais me interessa. Mas eu recebi carinho de ex-alunos que me procuraram através das redes sociais de várias maneiras e ainda satisfeitos por eu estar dando aulas, dizendo: 'Ah, você foi a melhor professora que eu tive'. E pelos meus colegas de trabalho que também me ofereceram muita ajuda”, comenta.

Após receber todo o apoio, a educadora, que está ministrando aulas remotamente devido à pandemia do novo coronavírus, fala que aprendeu outra lição nesse processo, uma lição que ela pretende levar profissionalmente adiante. “A primeira coisa que eu observei foi o ritmo das aulas; como eu não estou vendo a expressão dos alunos, parto do princípio que ninguém está entendendo nada, por isso estou falando mais lentamente, porque agora eu só tenho como recurso a minha voz e a imagem que estou disponibilizando. Eu estou usando isso e pretendo manter quando nós voltarmos para as aulas presenciais. Quero manter esse ritmo mais lento porque o resultado é melhor e atende a uma gama maior de alunos. Fora que eu estou achando o máximo dar aulas on-line”, explica.

Ela ainda comemora o resultado da didática que aprendeu neste período. “Eu recebi um feedback da coordenação falando que os alunos estão amando as aulas e o resultado das provas foi o melhor”, conta.

Lições

Professor é uma carreira que transcende aquele breve momento em sala de aula e traz, agora por trás das câmeras, muito esforço, preparo, conhecimento, pesquisa, tempo, dedicação e, principalmente, comprometimento. É o caso de Débora Meneghetti que carrega uma bagagem educacional de anos e hoje, em meio à pandemia, conta as lições que tem aprendido.

“Primeiro, a empatia. Eu acho que tudo isso veio acontecer para a gente pensar mais no próximo, pensar que um necessita muito do outro e que nós devemos ajudar o próximo sempre que possível, porque nós somos o próximo para alguém. Assim a humanidade inteira se ajuda. E eu espero que essa solidariedade que a gente tem visto sendo divulgada até pela mídia, não acabe com a pandemia, que isso continue, que a humanidade se torne um pouco melhor do que era antes”, diz.

Ela comenta outra lição que aprendeu trabalhando: “Segundo, a preocupação com o visual das aulas. Por exemplo, um dia desses eu estava dando aula de geometria plana para os primeiros anos e precisava desenhar as figuras. Antes, eu utilizava o quadro branco para isso, agora uso o powerpoint nas apresentações e construo, através dos recursos da plataforma, a imagem como se eu tivesse mesmo no quadro desenhando. Eu vou montando, desenho o triângulo, a altura, traço o bissetriz e capricho bastante na imagem, ou seja, uma aula em que eu preparava em 15 minutos, hoje eu levo quatro horas preparando, mas eu faço questão de fazer bem direitinho o passo a passo como se estivesse escrevendo no quadro, acho que isso ajuda bastante com o aluno visualmente, já que agora eles contam com a minha voz e o visual das aulas que precisa ser atrativo e bem claro para atraí-los. Eu confesso que nunca tinha feito esse negócio, dá um trabalho arretado porque o editor de matemática é muito complicado”, relata.

A educadora ainda descreve a terceira lição que mais aprendeu neste período: “O carinho, a forma como nós lidamos com as pessoas. Nós temos que colocar amor em tudo que a gente faz, principalmente quando é uma coisa que nós gostamos muito, como é o fato de eu dar aula. A forma de lidar com essas situações tem que ser uma coisa branda, uma coisa suave. Eu confesso que era uma pessoa muito explosiva, por exemplo, eu sempre coloquei na minha cabeça assim: 'eu não tenho que ter paciência com alunos, já que eu não dou aula para criancinha e sim para adolescentes, que não queiram prestar atenção a aula, ou seja, eu não tenho que ter muita paciência com eles.' Eu era muito ríspida, muito rigorosa com esses alunos, agora eu já entendo, exercitando principalmente a empatia, que eles devem ter motivos para não querer assistir aula, e eu tenho que fazer com que eles se liguem na aula sem rispidez e com carinho; talvez eu consiga um resultado mais rápido. Eu aprendi muito disso com esse período em que estamos tendo muito tempo para refletir”, conclui.

Reportagem integra o especial "Lições", produzido pelo LeiaJá. O trabalho traz histórias sobre os aprendizados dos professores em meio aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Veja, a seguir, as demais reportagens:

Especial Lições retrata rotina de professores na pandemia

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Professores empreendedores e os desafios da pandemia

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Pós-pandemia: o que o futuro reserva aos professores?

Nesta quarta-feira (29), “Lições da pandemia de Covid-19 para a medicina” é o tema da live que encerra a série de transmissões do programa “Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?”. Assista:

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Participam da live o secretário geral do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Mário Jorge Lemos de Castro Lôbo, a coordenadora médica de Atenção Básica à Saúde do Recife, Fátima Nepomuceno, além da pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-PE), Tereza Lyra, e do repórter do LeiaJá Jameson Ramos. A apresentação fica por conta do jornalista Nathan Santos.

O ‘Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?’ é uma idealização do LeiaJá em parceria com o projeto Vai Cair No Enem. Os convidados do programa não apresentam “verdades absolutas” sobre a futura sociedade do período pós-pandemia, uma vez que há muitas dúvidas acerca de como os países se recuperarão das consequências causadas pela proliferação do vírus em diferentes áreas. Porém, eles revelam projeções, a partir das suas vivências pessoais e principalmente profissionais, que possam nos apresentar possíveis panoramas. As temáticas abordadas nas lives são diversas, permeando áreas como educação, mercado de trabalho, esportes, política, medicina, ciência, tecnologia, cultura, entre outras.

No momento em que o número de mortos e infectados pelo novo coronavírus aumenta e países como Itália e Espanha avançam na contagem de seus mortos, cresce também outra estatística menos divulgada e bem mais alentadora: a dos curados. Em todo o mundo, pelo menos 100 mil pessoas já se recuperaram da doença, segundo estudo da Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos.

O trabalho foi divulgado nesta semana. O resultado corrobora informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que 80% das pessoas contaminadas se recuperam apenas no tratamento, sem precisar de internação e uso do respirador (entre 5% e 6%).

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Os curados são homens e mulheres, jovens, adultos e idosos, que apresentaram sintomas variados, desde tosse e falta de ar até perda de olfato. Depois de um período de isolamento total, sem sair de casa - incluindo os mais novos -, eles relatam o prazer de voltar a executar atividades do dia a dia, como estar com os amigos e com a própria família. Alguns são enfáticos: para eles, o isolamento social continua sendo necessário, mesmo depois da cura, para evitar que a pandemia avance assustadoramente como em outros países.

"O pior sintoma é o medo", afirma a advogada e conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Daniela Teixeira, de 48 anos, que contraiu a covid-19 na Conferência Nacional da Mulher Advogada, realizada no Ceará, em 5 e 6 de março. "Fui homenageada na conferência, mas não vale o risco e o desespero que passei depois. Tinha de ter ficado em casa." Ela reforça a recomendação da OMS para que as pessoas não saiam de suas casas nesse momento, que não paguem para ver. "É muito difícil ser contaminada por uma peste, algo que parou o mundo, e achar que seu quadro clínico pode se agravar, que você pode contaminar pessoas queridas ao seu redor", diz.

O tom de voz de Daniela, no entanto, já não tem mais grande preocupação. Na terça-feira, ela recebeu o resultado de seu último teste e não está mais doente. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, onde mora, recomendou por precaução isolamento total até dia 31. Depois, vida normal.

Com o aumento da demanda pelos testes de coronavírus, muitos infectados não chegam a fazer novo exame ao fim da quarentena. Segundo o Ministério da Saúde, a orientação para os que testam positivo é de respeitarem o período de 14 dias de isolamento. Depois, se não tiverem mais sintomas, já podem seguir as mesmas regras do restante da população.

Foi o caso da paulista Laísa Nardi, de 22 anos. Em fevereiro, depois de ter voltado de uma viagem por Itália e Espanha, ela começou a ter tosse, falta de ar e dor no corpo. "Achei que a dor fosse de carregar a mochila nas costas", disse. Ela revela um sentimento bastante difundido entre as pessoas: "Não achei que pudesse acontecer comigo".

Poucos dias depois de procurar atendimento médico, Laísa recebeu o resultado positivo do teste para o novo coronavírus. Ela ficou em isolamento com seu ex-namorado, com quem tinha entrado em contato depois da viagem, ao realizar sua mudança da casa dele. "Fiquei de quarentena com o ex", brincou. "No dia em que a minha quarentena acabou, andei 15 quilômetros no sol do meio-dia, sozinha, para ter certeza de que eu não estava mais trancada." Laísa já voltou a trabalhar. "Mas evito ao máximo sair de casa. Vou para o trabalho porque preciso."

Aos 21 anos, Jacqueline Hibner tem a mesma percepção. Ela estuda Hotelaria e Nutrição em Nova York. Voltou para o Brasil quando suas aulas passaram a ser ministradas online. Pouco tempo depois, teve dor de cabeça e enjoo. Ela estava fora do grupo de risco. Não chegou a ter febre, mas o diagnóstico foi o mesmo: coronavírus.

Jacqueline seguiu os 14 dias de isolamento à risca, mesmo quando parou de apresentar sintomas, e continua passando a maior parte do tempo em casa. "Temos de tomar cuidado. Ficar nas ruas agora é algo egoísta", afirma. "Temos de ficar em casa para não espalhar o vírus. Para algumas pessoas ele pode ser leve, mas pode atacar outras e ser fatal." Ela sabe que os mais jovens podem ser hospedeiros e passar o vírus para outros.

O médico ortopedista Roberto Ranzini, de 54 anos, afirmou que quer se voluntariar para trabalhar em algum hospital de campanha, depois de acabar sua quarentena. Ele atua no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde foi diagnosticado o primeiro caso da doença no País, e disse acreditar que possa ter contraído o vírus de algum paciente. Sem apresentar mais os sintomas iniciais que, para ele, incluíram letargia e diminuição do olfato, Ranzini continua seguindo o isolamento recomendado. "Temos de ter consciência da importância do isolamento, senão vai ter explosão de casos e o nosso sistema de saúde não vai aguentar."

Embora não existam estudos sobre o que acontece com pacientes depois que eles se curam, a esperança dele é que no fim da quarentena, quando pretende ir de novo para a linha de frente, já esteja imunizado. De acordo com o infectologista Paulo Olzon, uma vez que a pessoa esteja recuperada do coronavírus, não há nenhuma restrição. "É vida normal."

Monitoramento

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo afirmou não ter dados sobre os pacientes curados e disse que o monitoramento dos pacientes é feito pelas prefeituras. Já Secretaria Municipal de Saúde não detalhou como tem monitorado casos de pacientes recuperados. O Ministério da Saúde informou que ainda está trabalhando em consolidar esses dados, antes de fazer qualquer divulgação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com mais de 300.000 mortos apenas este ano e um quarto da humanidade infectada, outra pandemia não mostra sinais de enfraquecimento. No entanto, diferentemente do novo coronavírus, a tuberculose, entre nós há centenas de anos, é curável.

Por ocasião do Dia Internacional de Combate à Tuberculose esta semana, os especialistas alertam para os sobreviventes da tuberculose, que sofrem de sequelas pulmonares, particularmente vulneráveis à Covid-19.

Esta doença, latente em um quarto da população mundial, infecta cerca de 10 milhões de pessoas a cada ano, e mais de 1,2 milhão morrem dela, apesar de ter sido declarada uma emergência de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1993.

Mas, embora as populações mais pobres sejam as mais afetadas, a doença não é necessariamente a prioridade dos políticos.

Especialistas dizem que os sistemas de saúde em todo o mundo podem aprender com a luta contra a tuberculose, contra à qual há uma vacina e um teste de diagnóstico que leva apenas alguns minutos.

"Sabemos o que funciona contra a Covid-19, graças à nossa experiência e às ferramentas que usamos contra a tuberculose: controle de infecção, testes em larga escala, rastreamento de contatos", diz Jose Luis Castro, diretor executivo da União Internacional contra Tuberculose e Doenças Pulmonares.

"A prevenção de qualquer doença requer vontade política - e a prevenção continua sendo a ferramenta mais importante contra a Covid-19", acrescenta ele.

O novo coronavírus é oficialmente responsável por mais de 19.000 mortes em todo o mundo. Governos de todo o mundo adotaram medidas de contenção sem precedentes para retardar seu progresso.

"Com a tuberculose, lutamos por pesquisas e investimentos para desenvolver ferramentas de diagnóstico confiáveis e melhores tratamentos, mas finalmente chegamos lá", comenta Grania Brigden, da União Contra a Tuberculose.

"Isso mostra que, quando há vontade política, as coisas podem acontecer e, infelizmente, para a tuberculose, a vontade política sempre foi um problema", comentou à AFP.

Em vários países na vanguarda da luta contra a tuberculose, os serviços de tratamento e testagem foram interrompidos pela Covid-19, que pesa muito sobre os sistemas de saúde.

A nova epidemia também interrompeu as cadeias de suprimentos de medicamentos e equipamentos usados para tratar outras doenças, como máscaras e antibióticos.

E a preocupação com a disseminação do novo coronavírus, principalmente na África subsaariana e no sul da Ásia, onde os sistemas de saúde são frágeis, preocupa a comunidade médica.

"Pessoas infectadas com tuberculose, HIV ou outras doenças infecciosas, bem como prisioneiros, migrantes e pessoas que vivem na pobreza podem ter ainda menos acesso aos cuidados", ressalta a União Contra a Tuberculose.

"Espero que esta situação (a epidemia de coronavírus) nos ajude a entender que a saúde global é importante e que devemos proteger os mais vulneráveis e em risco, fora de nossas próprias bolhas", conclui Brigden.

Em breve, a Turma da Mônica estará novamente - em carne e osso - nas telonas do cinema. A turminha já está gravando a sequência de sua estreia cinematográfica, o filme Lições. As filmagens acontecem até o dia 11 de fevereiro, em Minas Gerais, e a data de estreia do longa deve ser anunciada em breve.

Em Lições, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali vão ter que encarar as consequências de um erro cometido na escola, além dos desafios da passagem da infância para a adolescência. A nova aventura da turma é uma adaptação da graphic novel homônima, escrita e desenhada pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. 

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O elenco traz de volta as crianças Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali) e Gabriel Moreira (Cascão) Também retomam seus personagens do primeiro filme,  Monica Iozzi (Dona Luísa), Paulo Vilhena (Seu Cebola) e Fafá Rennó (Dona Cebola). A novidade de Lições fica por conta de outros personagens do universo da Turma da Mônica que vão aparecer pela primeira vez em sua versão live-action. 

Às vésperas de completar um ano do estado de emergência em saúde pública no Brasil declarado por causa da microcefalia, o diretor do Instituto Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos, não hesita em afirmar: o zika, vírus associado ao aumento de casos da má-formação, trouxe várias lições para cientistas. "Não se pode desprezar nenhum agente infeccioso, mesmo aqueles que à primeira vista são considerados inofensivos." Esse, completa Vasconcelos, foi o erro cometido com zika no Brasil e no mundo.

Descoberto na década de 40, o zika nunca despertou interesse de pesquisadores. "Até o início de 2015, ele era considerado um vírus de segunda categoria. Ele era pouco estudado, porque se imaginava que seria de pouco interesse para saúde pública."

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O baque, no entanto, não se resumiu ao fato de ele ser muito mais nocivo do que se pensava no início. "O zika rompeu um padrão. Ele representa uma revolução em termos de arbovírus. Até então, acreditávamos que esses agentes eram transmitidos pela picada de artrópodes infectados." O zika veio mostrar que essa ideia era limitada e incorreta. Comprovou-se que ele pode ser transmitido por via sexual, transfusão de sangue. "E ele pode causar doença grave. Tanto na sua forma congênita quanto para pacientes infectados que já apresentam, por exemplo, falhas no sistema imunológico", explica Vasconcelos.

Em virtude do alcance do vírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, em fevereiro, estado de emergência internacional em saúde pública. Vasconcelos defende que esse status seja mantido.

Estratégias

A equipe de Vasconcelos trabalha em várias frentes. Um dos braços considerados mais promissores é o que se dedica ao desenvolvimento de uma vacina, em parceria com a Universidade do Texas. Os resultados obtidos até agora são animadores. Nos próximos dias, a vacina será testada em primatas, em áreas controladas.

A vacina é desenvolvida com base em um vírus vivo enfraquecido. Por meio do uso de engenharia genética, pesquisadores procuram manter a capacidade do vírus de infectar células, sem, no entanto, que ele possa desenvolver a doença.

O diretor do Instituto Evandro Chagas avalia que há muito ainda que se descobrir sobre o zika. "Ele era praticamente desconhecido. Hoje temos algumas pistas. Mas é preciso muito mais", disse. Uma das hipóteses que necessitam ser avaliadas ainda é o fato de a microcefalia não atingir todos os bebês cujas mães são infectadas pelo zika. "Há uma corrente que arrisca haver um papel protetor da vacina de febre amarela. Isso poderia explicar, por exemplo, o fato de que as regiões onde a microcefalia ocorreu de forma mais intensa no ano passado coincidir com áreas onde a vacina não é aplicada de forma rotineira. Mas são apenas suposições."

Vasconcelos reconhece que, a partir da agora, os brasileiros começam a perder o protagonismo nas descobertas. Ele atribui essa mudança ao investimento realizado em outros países. "Nossa contribuição foi significativa. Mas há uma tendência de que outros centros passem a apresentar estudos."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde o dia 14 de maio de 1999, coordeno o Conselho de Voluntário(a)s da AACD/Recife que cuida de crianças (e adultos, no caso de amputados) muito pobres com deficiências graves e irreversíveis (malformação congênita, lesão medular, amputados, paralisia cerebral, distrofia neuromuscular, mielomeningocele e microcefalia). A unidade atende cerca de 600 pacientes/dia, em seis especialidades médicas, contando com 160 profissionais e 280 voluntários.

Ali, tenho recebido as mais profundas lições sobre a vida na sua ampla e complexa dimensão. Os pacientes me ensinaram o valor da vida diante de impedimentos, em princípio, excludentes de uma participação social plena e igualitária. Digo, em princípio, porque todos os cuidados terapêuticos buscam integrar os pacientes ao mundo que, somente em 1975, proclamou a Declaração de Direitos das Pessoas com Deficiências pela Organização das Nações Unidas. Na mesma direção, a lei 13.146 de 9/7/2015 definiu regras com o objetivo de redesenhar ambientes acolhedores e inclusivos para estas pessoas.

A segunda lição vem do que denomino “profissionalismo amoroso”, testemunha que sou da forma como são tratados por competentes profissionais e  dedicados voluntários.

A terceira lição me é dada pelo suporte das famílias, em especial, pelo amor incomensurável das mães que comemoram o simples gesto de a criança se alimentar com autonomia.

De repente, defronto-me com os Jogos Paralímpicos de 2016 com 176 países participantes, 4500 atletas, 526 eventos de 27 modalidades, um espetáculo universalmente consagrado, cuja semente foi plantada pelo judeu Ludwig Guttman, neurologista, nascido na Polônia, refugiado da Alemanha nazista e do furor genocida, para revolucionar o tratamento de lesões na espinha, utilizando, em Londres, pioneiramente, a prática de esportes na recuperação de mutilados da Segunda Guerra.

Em 1948, Guttmann abriu um novo capitulo da história ao promover uma competição de arco e arremesso de dardo para seus atletas (16 homens e mulheres), em cadeiras de rodas, nos jardins do hospital de Stoke Mandeville, no mesmo dia em que o Rei George V assistia, em Londres, à abertura da Olimpíada de Verão.

O Brasil brilhou. No encerramento dos jogos, a emoção me empurrava para o recorrente choro quando atravesso os portões da AACD. Sem choro. Então, sorri. O espetáculo ratificava o valor da vida. E todos os heróis, pacientes e atletas, são medalhas de ouro na modalidade superação.

 

O 3º Fórum Nordeste de Jovens Líderes e Alta Performance será realizado no próximo domingo (24). O objetivo do evento é ensinar a estudantes e profissionais lições de liderança. “Novos desafios: aprender a empreender para protagonizar” é o tema do encontro, que terá como palco o Chevrolet Hall, em Oinda, no horário das 11h às 21h30.

O fórum é uma realização do Papo de Universitário, da Universidade de Pernambuco (UPE). As inscrições para o evento podem ser feitas pela internet e as taxas de candidatura custam R$ 35 para estudantes e R$ 70 para profissionais.

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Segundo a organização do evento, a previsão é de um público de 3 mil pessoas. Os participantes, ao final do fórum, receberão certificados.

Afogados da Ingazeira parou, literalmente, sábado passado, para dar adeus à Giza Simões, ex-prefeita do município. Nascida e criada em Alagoinha, no Agreste, Giza chegou jovem em Afogados, foi professora e pelas mãos do marido, o ex-deputado Orisvaldo Inácio, ingressou na vida pública. 

Eleito prefeito, Orisvaldo dividiu o sucesso da sua gestão com Giza, que implantou e coordenou um dos mais arrojados programas na área social. Daí, para ser eleita prefeita foi um pulo. Orisvaldo, que morreu há três anos, era médico vocacionado.

Entrou na política por acaso. Giza, não. Já nasceu com alma política. Dava-lhe prazer o exercício da atividade pública. De tão dedicada à causa, abriu paradigmas no Sertão, quebrando o preconceito da assimilação, lenta e gradual, da mulher na política numa região refém da ditadura do coronelismo machista.

Combativa, corajosa e aguerrida, Giza certamente se inspirou em Machado de Assis, que devorou na infância e como professora adotou para seus alunos, que dizia: “A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”.

Por isso mesmo, venceu tantas etapas em sua trajetória que pareciam instransponíveis. Bem-sucedida na política, Giza formou com Orisvaldo um casal exemplar. Eram tão apaixonados que tenho impressão que Giza começou a morrer quando perdeu Orisvaldo.

George Eliot, romancista britânica, diz que “em cada despedida existe a imagem da morte”. A forçada separação provocou-lhe uma dor insuportável. Rubem Alves, pensador paulista, diz que toda separação é triste, porque guarda memória de tempos felizes e nela mora a saudade.

Pablo Picasso disse, certa vez, que a morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. Giza, portanto, começou a morrer lentamente com saudade de Orisvaldo.

Agora, entretanto, é Afogados da Ingazeira e sua gente que começam a morrer lentamente com uma saudade dupla – dela e do seu velho companheiro.

APOIO AO PSB– Presidente estadual do PSDB, o deputado Sérgio Guerra está cada vez mais convencido de que, em Pernambuco, o partido não deve ter candidato próprio a governador. E mais convencido ainda que, diante do entendimento nacional entre Aécio Neves e Eduardo, o PSDB não terá outro caminho no Estado a não ser apoiar o candidato a governador do PSB.

Enfim, socialista!– O vice-governador João Lyra Neto entra hoje, finalmente, no PSB, deixando o PDT. Se assumir com a provável candidatura presidencial de Eduardo tem chances de disputar à reeleição com o apoio do governador. Neste caso, restaria saber o destino que o PSB daria ao ministro Fernando Bezerra Coelho.

PTC perde vereador – Ligado a Paulinho da Força Sindical, o vereador Marco Aurélio Medeiros, da bancada do PTC na Câmara do Recife, está ingressando no Partido Solidariedade. E chega com patente de manda-chuva. Será o presidente do diretório municipal do Recife. Presidente estadual, Augusto Coutinho já está afinado com Aurélio.

É dos portugueses– Novela que parecia sem fim, a venda do terreno onde funcionava a casa de veraneio do Governo do Estado em Porto de Galinhas está concluída. O grupo português Teixeira Duarte deve assinar a compra nos próximos dias em evento no gabinete do governador Eduardo Campos, no Centro de Convenções.

Ingresso no PSB – Mesmo com a ressalva enfática de que não tem pretensão de voltar ao Congresso, Luiz Piauhylino trocou o PDT pelo PSB. Sua ficha foi abonada pelo governador Eduardo Campos, sexta-feira passada. Advogado bem-sucedido, Piauhylino foi suplente do senador Mansueto de Labor e eleito quatro vezes deputado federal.

CURTAS

SIMBOLISMO– Piauhylino diz que seu ingresso no PSB representa apenas uma homenagem ao governador. “Estou engajado ao projeto presidencial de Eduardo. Por isso mesmo, a troca do PDT para o PSB passa a ser simbólica. Não tenho mais projeto político”, garante.

DESCONFIANÇA– Em artigo, ontem, no jornal O Globo, o cantor Caetano estranhou as dificuldades para Marina, a quem se confessa eleitor, criar a sua Rede Solidariedade. “Por que tantos partidos são criados e justamente o da mais forte candidata em oposição à reeleição de Dilma se vê embargado?”, pergunta.

Perguntar não ofende: Marina vai morrer na praia?

 

 

 

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