Adriano Oliveira

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Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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O PSDB deve negar a existência do PT?

Adriano Oliveira, | ter, 05/03/2013 - 09:54
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Em 1994, FHC foi eleito presidente da República com o auxilio do Plano Real. Em 1998, FHC foi reeleito por conta do Plano Real e da expectativa da população quanto ao aumento do consumo, pois a redução da inflação, proporcionada pelo Plano Real, possibilitava tal expectativa. Com reduzida aprovação, FHC encerra a sua era.

Para dar suposta continuidade a era FHC, o PSDB opta por José Serra, ex-ministro da Saúde de FHC, na eleição de 2002. Serra, diante da conjuntura econômica desfavorável, opta por não usar em seu discurso a expressão continuidade e sugere aos eleitores que o seu governo é de ruptura com a era FHC. Por outro lado, sabiamente, o PT utiliza, de modo discreto, em seu discurso, a continuidade, a qual foi expressada na Carta aos Brasileiros.

A Carta aos Brasileiros foi um adequado instrumento de comunicação, pois, mesmo diante do pífio crescimento econômico e da expectativa de aumento do consumo frustrada, parte dos brasileiros e o PIB nacional reconheciam a contribuição do governo FHC para a economia brasileira. Portanto, a opção do PT foi a utilização da continuidade das coisas boas no âmbito da economia e avanços na área social.

Lula é eleito presidente da República em 2002. Em 2006, após o escândalo do mensalão, o qual ocorreu em 2005, o PSDB escolhe Geraldo Alkmin para disputar com Lula. No auge do escândalo do mensalão, segundo semestre de 2005, variados membros do PSDB davam como impossível a reeleição de Lula. Mas Lula foi reeleito em razão do discurso baseado em três pilares: 1) “Não existiu mensalão, mas Caixa 2”; 2) “Caixa 2 todo mundo faz”; 3) “Deixe o homem trabalhar. Por que trocar?”.

Por sua vez, Alkmin optou por negar, assim como fez José Serra na eleição de 2006, a era FHC. Alkmin chegou ao ponto de ir contra as privatizações, mesmo diante de um contexto em que as pessoas viviam intensamente a democratização do uso de celulares. A redução da inflação foi esquecida pelo PSDB, mesmo o partido sabendo que a queda desta possibilitou o aumento do consumo na era Lula. Lula é reeleito em 2006.

Em 2010, o consumo brasileiro fervia. Indicadores sociais avançavam. Um clima de euforia estava presente na sociedade brasileira. Lula apresenta Dilma e mostra que com ela, as ações meritórias do seu governo continuarão. Mais uma vez, Serra é o candidato do PSDB. Ele opta por se associar a Lula, inicialmente. No segundo turno, ele escolhe fazer oposição a Lula.  Só na reta final da disputa eleitoral ele opta por mostrar que é mais capaz do que Dilma para governar o Brasil. Dilma é eleita presidente da República.

Aécio Neves deverá ser o candidato do PSDB na eleição presidêncial de 2014. Então,  qual será a estratégia do PSDB? Observo que os últimos atos de FHC e de Aécio tiveram o objetivo de ressuscitar a disputa histórica entre o PT e o PSDB. Estratégia equivocada, pois o PT, Lula e Dilma têm mais admiradores no eleitorado brasileiro do que o PSDB, FHC e Aécio. Então, qual deve ser a estratégia de Aécio?

Competência na realização da gestão. Críticas pontuais ao estado da economia. Além de propostas que contemplam às demandas da população, as quais são identificadas através de pesquisas. Estas são alternativas (hipóteses). Porém, observo que dois riscos rondam a candidatura de Aécio, quais sejam: 1) Tenho a hipótese de que Aécio não é mais o novo em virtude da polarização histórica entre PT e PSDB; 2) Se esta polarização voltar a ocorrer, Eduardo Campos poderá ser o beneficiado. Portanto, o PSDB deve fugir da disputa com o PT. A estratégia do PSDB deve negar o PT.  Este só deve existir em discursos pontuais.

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