Reunindo 100 críticos e jornalistas especialistas em cinema de todo o país, a Associação Brasileira de críticos de cinema (Abraccine) concebeu uma lista com os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Entre obras mais atuais e outras mais antigas cinco filmes pernambucanos se destacam entre as produções: O Som ao Redor (2012), de Kléber Mendonça Filho; Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda; Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes; Baile Perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira; e Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis. Limite, de Mário Peixoto, um longa de 1931, foi eleito o melhor filme.
Limite narra a história de duas mulheres e um homem que estão em um barco à deriva e lá relembram seus passados. Uma escapou da prisão, outra estava desesperada e o homem havia perdido a amante. Cansados de remar eles passam a aceitar a morte, recordando acontecimentos da sua vida. Esse foi o único filme dirigido por Mário Peixoto durante sua carreira. A obra é considerada um mito, já que depois das suas primeiras exibições, que provocaram polêmica entre os espectadores, deixou de ser exibido por um extenso período, sendo recuperado apenas nos anos 70.
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Todos os longas são voltados para uma temática mais regional, mas foram recebidos muito bem pela crítica em todo o país. Entre os citados, como exemplo, pode ser visto o Som ao Redor que por pouco não concorreu ao Oscar como melhor filme em língua estrangeira e Tatuagem o mais recente de todos, porém que passou um grande período em exibição devido ao sucesso que fez. “A seleção de filmes como O Som ao Redor e Tatuagem demonstram a força do cinema pernambucano, mas não é uma novidade para quem acompanha o circuito de festivais”, comentou Lucas Salgado, crítico do site AdoroCinema e que participou dessa eleição.
Além de Tatuagem, outra obra recente presente na lista foi Que horas ela volta?, de Anna Muylaert. Filmes, que apesar do pouco tempo presentes no cenário audiovisual brasileiro já merecem destaque por sua qualidade, segundo Lucas. “A presença de Tatuagem, como de Que Horas Ela Volta?, representaram uma surpresa. Não esperava pela presença de obras tão recentes. Mas são lembranças justas, são dois grandes filmes”, afirma.
A iniciativa também não deixou de fora filmes com uma importância histórica, a exemplo de Baile Perfumado e Amarelo Manga que marcaram a retomada das produções em Pernambuco após um período em que poucos filmes foram feitos. Além do movimento regional outros vários são abordados dentro da lista, entre eles o Cinema Novo, a Chanchada e o Udigrudi. “Foi gerada uma lista realmente abrangente e representativa. Tem Cinema Novo, mas também tem Chanchada. Tem Humberto Mauro, mas também tem Os Trapalhões. Boca do Lixo, Retomada, cinema contemporâneo, entre outros. Foi tudo abordado, sem prejuízo de gênero ou formato”, analisa o crítico.
A primeira posição da lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos ficou com Limite, de 1931, de Mário Peixoto, que também é o mais antigo de todos os citados. “Acho Limite realmente uma obra emblemática e seu posicionamento é merecido. É um filme de 1931. E desde então, ninguém inovou ou arriscou tanto em termos de técnicas de linguagem como Mario Peixoto”, diz Lucas Salgado.
Entre os diretores mais citados o nome de Glauber Rocha aparece no topo com cinco obras indicadas: Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967), O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), A Idade da Terra (1980) e Di (1977). A lista originará o livro “Os 100 melhores filmes brasileiros”, que será lançado em 2016.
Confira a lista completa dos 100 melhores filmes:
1. Limite (1931), de Mario Peixoto
2. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha
3. Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos
4. Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho
5. Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha
6. O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla
7. São Paulo S/A (1965), de Luís Sérgio Person
8. Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles
9. O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte
10. Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade
11. Central do Brasil (1998), de Walter Salles
12. Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco
13. Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado
14. Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman
15. O Som ao Redor (2012), de Kleber Mendonça Filho
16. Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho
17. Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho
18. Bye Bye, Brasil (1979), de Carlos Diegues
19. Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias
20. São Bernardo (1974), de Leon Hirszman
21. Iracema, uma Transa Amazônica (1975), de Jorge Bodansky e Orlando Senna
22. Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri
23. Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra
24. Ganga Bruta (1933), de Humberto Mauro
25. Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci
26. A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1968), de Roberto Santos
27. Rio, 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos
28. Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho
29. Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos
30. Tropa de Elite (2007), de José Padilha
31. O Padre e a Moça (1965), de Joaquim Pedro de Andrade
32. Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci
33. Santiago (2007), de João Moreira Salles
34. O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha
35. Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro (2010), de José Padilha
36. O Invasor (2002), de Beto Brant
37. Todas as Mulheres do Mundo (1967), de Domingos Oliveira
38. Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), de Julio Bressane
39. Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto
40. Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra
41. O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga
42. A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral
43. Sem Essa Aranha (1970), de Rogério Sganzerla
44. SuperOutro (1989), de Edgard Navarro
45. Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach
46. À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), de José Mojica Marins
47. Terra Estrangeira (1996), de Walter Salles e Daniela Thomas
48. A Mulher de Todos (1969), de Rogério Sganzerla
49. Rio, Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos
50. Alma Corsária (1993), de Carlos Reichenbach
51. A Margem (1967), de Ozualdo Candeias
52. Toda Nudez Será Castigada (1973), de Arnaldo Jabor
53. Madame Satã (2000), de Karim Ainouz
54. A Falecida (1965), de Leon Hirzman
55. O Despertar da Besta – Ritual dos Sádicos (1969), de José Mojica Marins
56. Tudo Bem (1978), de Arnaldo Jabor (1978)
57. A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha
58. Abril Despedaçado (2001), de Walter Salles
59. O Grande Momento (1958), de Roberto Santos
60. O Lobo Atrás da Porta (2014), de Fernando Coimbra
61. O Beijo da Mulher-Aranha (1985), de Hector Babenco
62. O Homem que Virou Suco (1980), de João Batista de Andrade
63. O Auto da Compadecida (1999), de Guel Arraes
64. O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto
65. A Lira do Delírio (1978), de Walter Lima Junior
66. O Caso dos Irmãos Naves (1967), de Luís Sérgio Person
67. Ônibus 174 (2002), de José Padilha
68. O Anjo Nasceu (1969), de Julio Bressane
69. Meu Nome é… Tonho (1969), de Ozualdo Candeias
70. O Céu de Suely (2006), de Karim Ainouz
71. Que Horas Ela Volta? (2015), de Anna Muylaert
72. Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bondanzky
73. Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda
74. Estômago (2010), de Marcos Jorge
75. Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes
76. Baile Perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira
77. Pra Frente, Brasil (1982), de Roberto Farias
78. Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1976), de Hector Babenco
79. O Viajante (1999), de Paulo Cezar Saraceni
80. Anjos do Arrabalde (1987), de Carlos Reichenbach
81. Mar de Rosas (1977), de Ana Carolina
82. O País de São Saruê (1971), de Vladimir Carvalho
83. A Marvada Carne (1985), de André Klotzel
84. Sargento Getúlio (1983), de Hermano Penna
85. Inocência (1983), de Walter Lima Jr.
86. Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis
87. Os Saltimbancos Trapalhões (1981), de J.B. Tanko
88. Di (1977), de Glauber Rocha
89. Os Inconfidentes (1972), de Joaquim Pedro de Andrade
90. Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966), de José Mojica Marins
91. Cabaret Mineiro (1980), de Carlos Alberto Prates Correia
92. Chuvas de Verão (1977), de Carlos Diegues
93. Dois Córregos (1999), de Carlos Reichenbach
94. Aruanda (1960), de Linduarte Noronha
95. Carandiru (2003), de Hector Babenco
96. Blá Blá Blá (1968), de Andrea Tonacci
97. O Signo do Caos (2003), de Rogério Sganzerla
98. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger
99. Meteorango Kid, Herói Intergaláctico (1969), de Andre Luis Oliveira
100. Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade (*)
101. Bar Esperança, o Último que Fecha (1983), de Hugo Carvana (*)
(*) Empatados na última colocação, com o mesmo número de pontos.
Com informações de Rodrigo Rigaud
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