Acne é uma doença de pele que acomete homens e, principalmente, mulheres durante todas as fases da vida, da adolescência à menopausa, por exemplo. Segundo um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em 2018, a condição é o principal motivo de consulta dermatológica no Brasil. No entanto, apesar de ser um fator comum, ainda há desinformação acerca do tema.
Monisa Nóbrega, dermatologista e membro da SBD, esclarece que a acne é multifatorial. Ou seja, pode estar relacionada a uma série de fatores, como saúde física e mental, clima, alimentação e estilo de vida. "Logo, se não tratar o seu organismo como um todo, da cabeça aos pés, literalmente, não terá um sucesso duradouro no tratamento", ressalta.
##RECOMENDA##Um tratamento eficaz requer acompanhamento multidisciplinar, para que todos os "agentes causadores da acne" sejam abordados. Segundo a especialista, "a inflamação pode ter um fator principal, mas existem outras causas que, também, devem ser ajustadas, inclusive para evitar outras consequências na pele, como manchas e cicatrizes".
Principais erros dos pacientes
Monisa alerta que o principal erro de pacientes com acne é, ao perceber melhora, deixar o tratamento e não realizar as consultas de manutenção. Ela defende a importância do acompanhamento profissional, com periodicidade segundo recomendação individual, visto que a doença pode reincidir, conforme os fatores de sua causa.
"A manutenção do tratamento é essencial, porque não existe milagre contra acne. Eu nunca vou dizer para um paciente: 'você está curado de acne e nunca mais precisará voltar aqui por causa disso'. Não é assim que funciona", destaca a médica.
Outro erro listado pela especialista, que, embora pareça inofensivo, tende a piorar a condição e merece muita atenção, é a limpeza de pele. Segundo Monisa, "quando não é bem indicado ou é mal feito, o procedimento pode piorar a inflamação, proliferando mais bactérias e resultando no chamado 'efeito rebote'".
Métodos de tratamento
O tratamento ideal para acne varia de acordo com as especificidades do paciente, e deve ser sempre recomendado por um dermatologista de confiança. Portanto, se automedicar nunca será uma solução, assim como aderir a receitas naturais que "prometem milagres". Sobre essa segunda "alternativa", Monisa alerta os riscos de alergias e contaminações, que podem agravar a situação ou desencadear outros problemas de pele, visto que são carentes de comprovação científica, testes dermatológicos e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Entre as melhores opções de tratamento, a médica destaca "a linha medicamentosa", pois, quando devidamente indicada, pode trazer bons resultados a longo prazo. Contudo, isso não exclui a necessidade de uma rotina de "skincare", que deve ter como base os seguintes produtos faciais: sabonete, hidratante e protetor solar (pela manhã).
Algumas tecnologias no consultório dermatológico também podem ajudar no processo. Monisa costuma indicar um protocolo a base de laser, luz pulsada e peelings específicos para o grau de acne do paciente. "Com esse conjunto, meu foco é abordar todos os aspectos que formam a acne: a inflamação e a bactéria que está causando a inflamação. Além disso, promover melhorias nas manchas, poros abertos e cicatrizes".
A especialista finaliza destacando: "cada pele reage de uma maneira, cada uma tem o seu tempo e isso deve ser respeitado. O segredo é seguir a recomendação médica, acreditar no tratamento e ter paciência".