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A fotógrafa pernambucana Adelaide Ivánova, radicada em Berlim desde 2011, passou meses fotografando a rotina de Miki e Kai, dois rapazes que nasceram meninas e passam pelo processo de mudança de sexo. As imagens resultaram na exposição intitulada Autotomy is the ability some animals have to change or mutilate their bodies to look like something else and protect themselves from the world and I was amazed to notice that we all do it, not just sea cucumbers ("Autotomia é a capacidade que alguns animais têm de mudar ou mutilar seus corpos para se parecerem com outra coisa e se protegerem do mundo. Fiquei espantada ao perceber que todos nós fazemos isso, não apenas os pepinos do mar"), atualmente em cartaz no Centre d’Art Passarelle, em Brest, na França e em PowerHouse Arena, em Nova York.
##RECOMENDA##Carregadas de intimidade, as fotografias de Adelaide se utilizam de cores leves, luz rosada e cenas simples e limpas dos transgêneros, que há dois anos fazem o tratamento de hormônio e estão na fila da cirúrgia de mudanca de sexo, bancada pelos planos de saúde. "Para falar sobre ser transexual, sob a minha perspectiva não-transexual, eu comecei a 'fotografar' os questionamentos que fui confrontada com toda a realização deste projeto: a idéia do sósia, o jogo de esconde-esconde de ser versus parecer e pensamentos sobre a feminilidade, disfarce, e transformação", disse a fotográfa em entrevista à Revista Trip.
A experiência de tratar da sexualidade sob uma nova perspectiva foi um desafio para Adelaide e ao mesmo tempo, um aprendizado. "Mexeu muito comigo, o mistério dessa transformação no corpo, até o nome 'trans-gênero' era para mim um mistério, uma coisa inatingível, quase 'infotográfavel' e, quando cheguei nessa encruzilhada, de achar que não consegueria contar essa história em fotos, tive um treco. Quando estive internada foi que percebi que era hora de usar o meu corpo e minhas vivências como narrador da história, daí os auto-retratos incluídos na série, as fotos encenadas e de infância, o bolo-de-rolo, etc", contou.
A exposição já foi recusada por dois festivais brasileiros. No próximo ano, segue para o museu de Cottbus, um dos maiores da Alemanha e depois para Berlim, onde fica em cartaz Kunstverein Tiergarten.