A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, nesta quarta-feira (6), a vacina contra a malária para crianças, em regiões com alta transmissão da doença, como parte da África Subsaariana (situada ao Sul do deserto do Saara). Essa é a primeira vacina contra a doença, que mata entre 400 e 500 mil pessoas anualmente em todo o mundo. A RTS,S é uma vacina que age contra o parasita (Plasmodium falciparum), transmitido pelo mosquito mais mortal do mundo e frequente na África. Buscas pela vacina começaram há quase um século.
"É um momento histórico. A tão esperada vacina contra a malária para as crianças é um grande avanço para a ciência, a saúde infantil e o combate à malária", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado em um comunicado. "O uso desta vacina, além das ferramentas existentes para prevenir a malária, poderia salvar dezenas de milhares de vidas de menores todo ano", acrescentou.
##RECOMENDA##O imunizante foi indicado após uma análise dos resultados de um programa piloto que ainda está em andamento em Gana, Quênia e Malaui. Ao todo, o estudo atingiu mais de 800 mil crianças desde 2019 e vai continuar em execução para avaliar o impacto da medida. Mais de duas milhões de doses de um total de 10 milhões previstas no programa de testes já foram aplicadas.
De acordo com a OMS, 95% dos casos de Malária acontecem na África, e mais da metade desses números ocorrem em crianças com menos de cinco anos. A nova vacina é produzida pela GlaxoSmithKline e se mostrou eficaz contra os patógenos da malária mais prevalente no continente. A vacina, assim, se transforma na primeira a lidar com uma doença parasitária e é recomendada para a região africana e outras que tenham a incidência do mesmo patógeno.
Nos testes clínicos, a vacina teve uma eficácia de cerca de 40% contra a malária durante os 12 primeiros meses e 30% de redução de malária severa. Mas a taxa cai para zero no quarto ano. Mesmo assim, os estudos indicam que, se for implementada, o imunizante pode salvar 23 mil crianças por ano e evitar 5,3 milhões de novos casos. A OMS também estima que terá um impacto econômico, já que o continente africano perde a cada ano US$ 12 bilhões por conta da doença.