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A partir desta semana o Brasil assumiu a liderança empresarial da área de Educação em todo o mundo: a Kroton, empresa de Minas Gerais que começou suas atividades em 1966 com um pequeno curso pré-vestibular, adquiriu, ontem (22), a Anhanguera Educacional, constituída em 1999, em Leme, interior de São Paulo, pelo professor Antônio Carbonari Netto. A aquisição, ou fusão, como o anúncio foi feito ao mercado acionário, constitui uma organização com mais de um milhão de alunos atendidos em unidades espalhadas por todo o País. A Kroton vem numa escalada crescente de aquisições desde que abriu seu capital em Bolsa de Valores, tendo aplicado, nos últimos meses, cerca de R$ 7 bilhões na compra de pequenas, médias e grandes instituições de ensino. O resultado é que ela agora é responsável pela formação de 14% dos estudantes de nível superior brasileiros. A Anhanguera, primeira organização desse setor a abrir o capital no Brasil, ainda não divulgou o papel a ser desempenhado pelo seu fundador, o conceituado professor Carbonari, nessa nova configuração.

O atual valor de mercado da Kroton ascende a R$ 13 bilhões, o dobro da segunda maior instituição de ensino do mundo, a chinesa New Oriental, que vale cerca de R$ 7 bilhões. Ontem, depois do anúncio, as ações das duas empresas experimentaram acentuada alta: 8,38% da Kroton e 7,76% da Anhanguera. Caberá agora ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE – autarquia do Ministério da Justiça, impedir ou validar a fusão, dado o vulto do negócio e a possibilidade de controle de mercado. A autarquia já está julgando três ações interpostas contra a Anhanguera e uma contra a Kroton.

“Cabe agora ao governo aumentar o rigor em relação às instituições públicas de ensino”, considerou a deputada Professora Dorinha (DEM-TO). “Muitos cursos de instituições públicas começam sem nenhuma estrutura. São cursos de Medicina funcionando sem hospital, laboratórios ou bibliotecas. O mesmo ocorre com os de Direito. São Muitas exigências para o ensino privado, que são necessárias, mas dentro da estrutura pública gostaria de pedir essa mesma preocupação”. Seu colega Jean Wyllys (Psol-RJ), que também é professor, na mesma sessão na Câmara dos Deputados complementou: “As faculdades privadas enfrentam concorrência desleal dos seus pares, que fazem concorrência agressiva, oferecendo mensalidades muito mais baixas e chances de aprovação maiores, para quem deseja comprar um diploma a prestação.”

Em entrevista à imprensa, os dirigentes da Kroton+Anhanguera anunciaram a intenção de expandir as atividades do grupo a mercados ainda pouco explorados por eles, onde atuam grupos educacionais locais. Eles citaram o Nordeste e o Norte como áreas onde deverão propor novas aquisições ou mesmo a montagem de unidades, além da difusão dos cursos sob a forma de EAD. A maioria dos alunos das duas instituições recebem educação presencial, sendo que sob a modalidade a distância, são menos de 20% do total. Outra questão não abordada pelos dirigentes é a necessidade de manutenção de características regionais à Educação que é ministrada, talvez o calcanhar de aquiles dessa onda de customização educacional.

A Kroton Educacional e a Anhanguera Educacional informaram, nesta segunda-feira, 22, terem assinado, no sábado, 20, acordo de associação. A combinação das companhias se dará mediante a incorporação de ações da Anhanguera pela Kroton. Conforme o fato relevante, a consumação da associação dependerá da prévia apreciação e aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

De acordo com o comunicado, a relação de troca acordada para a associação considerou a média do preço das ações das companhias ponderada pelo volume financeiro dos últimos 30 pregões anteriores à assinatura do acordo de associação, resultando em 1,36428904 ações ordinárias da Kroton para cada ação ordinária da Anhanguera, sem considerar os efeitos do desdobramento de ações desta última empresa a ser deliberado na assembleia geral extraordinária marcada para o próximo dia 30 de abril.

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Após a consumação da associação, o controle das companhias será mantido disperso e as ações da companhia combinada serão detidas pelos acionistas da Anhanguera e pelos acionistas da Kroton na proporção de, aproximadamente, 42,52% e 57,48%, respectivamente. Para fins da incorporação de ações da Anhanguera, serão emitidas 198.763.627 de novas ações da Kroton, observando a relação de troca, para os acionistas da Anhanguera.

"A companhia combinada seguirá listada no Novo Mercado da BM&FBovespa e as companhias esperam que a associação também resulte em uma companhia com elevado nível de liquidez de suas ações", diz o fato relevante.

O conselho de administração da companhia combinada terá 13 membros, sendo que Gabriel Mário Rodrigues será eleito presidente do conselho de administração e Ricardo Leonel Scavazza será indicado para o conselho. Além disso, Rodrigo Calvo Galindo, atual presidente da Kroton, exercerá a função de diretor presidente da companhia combinada.

Ainda conforme o fato relevante, as empresas auferiram, conjuntamente, R$ 4,3 bilhões de receita bruta nos 12 meses encerrados em 31 de dezembro de 2012 e possuem, somadas, mais de 800 unidades de ensino superior e 810 escolas associadas distribuídas por todos os Estados brasileiros, englobando um universo de aproximadamente um milhão de alunos no segmento de educação superior, educação profissional e outras atividades associadas à educação no Brasil. "No mercado de capitais, o valor de mercado das companhias chega em um patamar próximo a R$ 12 bilhões", diz o comunicado.

"Quando implementada a associação, esta combinação de ativos, talentos e competências permitirá a captura de sinergias de forma a incrementar ainda mais a qualidade dos serviços educacionais das companhias e agregar cada vez mais valor à sociedade e, em especial, aos alunos, funcionários e acionistas", dizem as empresas, no fato relevante.

O comunicado diz ainda que o acordo de associação foi autorizado por unanimidade pelos conselhos de administração das companhias e será submetido a assembleias gerais de acionistas de ambas as companhias.

Os acionistas de ambas as empresas, dissidentes da incorporação, que sejam titulares de ações em 23 de abril de 2013 e que mantenham suas ações ininterruptamente até a data do exercício do direito de recesso, poderão retirar-se das empresas, mediante o reembolso de suas ações pelo valor patrimonial contábil.

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