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Governo Federal publicou no Diário Oficial da União desta terça-feira (25) a Medida Provisória (MP) nº 1.182/2023 para regulamentar as apostas de quota fixa, conhecidas como "mercado de bets". Além disso, será enviado ao Congresso Nacional um Projeto de Lei, que trata da estrutura e dos processos administrativos para fiscalização desse mercado de apostas esportivas.

Os textos visam a estabelecer regras claras para o mercado de apostas por quota fixa, criado pela Lei nº 13.756/2018, suprindo uma lacuna de regulamentação observada desde sua criação.

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Os ministérios da Fazenda e do Esporte são coautores das propostas dos textos da MP e do PL. A meta é garantir mais confiança e segurança aos apostadores, graças à transparência das regras e à fiscalização.

"Esta é mais uma iniciativa fundamental do governo brasileiro, que ao regulamentar as apostas esportivas, coibirá a manipulação de resultados e, sobretudo, preservar a integridade esportiva", afirmou Ana Moser, Ministra do Esporte.

O que acontece, na prática?

A Medida Provisória confere aos ministérios da Fazenda e do Esporte, em conjunto, novas ferramentas para coibir a manipulação de apostas, especialmente as focadas em eventos de temática esportiva.

"A arrecadação com apostas vai para o orçamento com previsão baixa. Estimamos algo na casa de R$2 bilhões por ano", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em um mercado totalmente regulado, sedimentado e em pleno faturamento, o potencial de arrecadação anual gira entre R$ 6 bilhões e R$ 12 bilhões. Essa estimativa considera dados sobre crescimento desse segmento no mundo e no Brasil.

Fazenda e Esporte têm buscado os sistemas mais eficientes e modernos para a regulação e fiscalização do setor, em linha com as melhores práticas internacionais.

No Ministério da Fazenda (MF) será criada uma secretaria responsável pela análise de documentos, para aprovação ou não do credenciamento das empresas de apostas no país.

Essa secretaria também acompanhará o volume de apostas e a arrecadação, garantindo maior controle sobre o mercado de apostas esportivas de quota fixa. A secretaria será criada por um decreto que deve ser publicado em breve no Diário Oficial da União.

"Vale ressaltar a atuação do Ministério do Esporte, comandado pela ministra Ana Moser e sua equipe, que foram fundamentais para suprir essa lacuna da não regulamentação das apostas no Brasil", afirmou o assessor especial da Secretaria Executiva do MF, Francisco Manssur.

Como vai funcionar?

Os textos editados estabelecem que somente as empresas habilitadas poderão receber apostas relacionadas a eventos esportivos oficiais, organizados por federações, ligas e confederações. As empresas não habilitadas incorrerão em práticas ilegais e estarão proibidas de realizar qualquer tipo de publicidade, inclusive em meios digitais.

As empresas deverão destinar 18% sobre o Gross Gaming Revenue (GGR), a receita obtida com todos os jogos feitos, subtraídos os prêmios pagos aos jogadores e os impostos incidentes às pessoas jurídicas. Sobre o prêmio recebido pelo apostador haverá tributação de 30% referente a Imposto de Renda, respeitada a isenção de R$ 2.112.

A arrecadação proveniente das taxas e impostos será destinada a áreas como segurança pública, educação básica, clubes esportivos e ações sociais. O total da arrecadação será dividido para beneficiar diversos setores da sociedade.

Dos 18% sobre o GGR, 2,55% serão destinados ao Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para ações de combate à manipulação de apostas, à lavagem de dinheiro e demais atos de natureza penal que possam ser praticados no âmbito das apostas ou relacionados a ela, 0,82% para a educação básica, 1,63% para os clubes esportivos, 10% à seguridade social e 3% para o Ministério do Esporte. Os 82% restantes são para as Operadoras.

Conscientização

Os textos estabelecem que as empresas de apostas deverão promover ações informativas e preventivas de conscientização de apostadores e de prevenção ao transtorno do jogo patológico. A iniciativa visa a garantir a saúde mental dos apostadores, evitando que as apostas se transformem em um vício.

Já as regras de comunicação, publicidade e marketing, como horário de veiculação de propagandas e formato de anúncios online, serão elaboradas em parceria com o Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar). O objetivo é garantir que as ações de marketing sejam responsáveis e éticas, contribuindo para um ambiente de apostas seguro e regulamentado.

Com informações do Ministério da Fazenda

Nos últimos anos, as casas de apostas pela internet invadiram os times de futebol, o mercado publicitário e também os bolsos dos brasileiros. Sem regulamentação para operar em solo nacional, empresas como PixBet, Betfair, BetNacional, Betano e centenas de outras têm sede no exterior, mas movimentam bilhões dos apostadores nacionais. As estimativas são de que o dinheiro que passa por essas empresas chegue a R$ 12 bilhões este ano, pelas contas de Magno José, presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal e fundador do site BNL Data.

Mas a operação dessas empresas por aqui não é exatamente ilegal, apesar da falta de regulamentação. Em 2018, no governo de Michel Temer, essas apostas foram legalizadas no País, mas se estabeleceu um prazo máximo de quatro anos para que fossem regulamentadas pelo Ministério da Fazenda. Esse prazo venceu em dezembro passado e, como isso não aconteceu, elas operam hoje em uma espécie de limbo regulatório. Sem fiscalização, as suspeitas de manipulação de resultados e de lavagem de dinheiro também proliferam.

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O potencial arrecadatório dessa atividade não passou despercebido ao novo governo. O Ministério da Fazenda não tem ainda números oficiais sobre a movimentação dessas empresas, mas o ministro Fernando Haddad já afirmou que pretende usar a tributação dos jogos para compensar a perda da arrecadação causada pela revisão na tabela do Imposto de Renda, que terá ampliação da faixa de isenção a partir deste ano. A estimativa do governo é de arrecadar entre R$ 2 bilhões e R$ 6 bilhões por ano com a cobrança de tributos sobre as apostas esportivas.

ZONA CINZENTA. "O setor de casas de apostas é importante na economia global e opera hoje no País em uma zona cinzenta, apesar de já patrocinar clubes de futebol brasileiros. Isso deixa de movimentar a economia, gerar empregos, e o consumidor não tem a segurança jurídica de estar protegido por regras", diz Danielle Maiolini Mendes, advogada especialista em direito esportivo na CSMV Advogados.

Mesmo as empresas que atuam hoje no País sem a obrigação de pagar impostos torcem pela regulamentação da atividade, mesmo que isso signifique, a princípio, alguma perda financeira.

"A regulamentação, certamente, irá contribuir para o desenvolvimento ainda maior do mercado, que tem grande potencial de crescimento no Brasil nos próximos anos. Atualmente, o governo não arrecada impostos, e isso acaba favorecendo o mercado paralelo", diz Alexandre Fonseca, country manager da Betano no Brasil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No futebol brasileiro, as casas de apostas se tornaram onipresentes. Hoje, elas patrocinam ou negociam patrocínio com todos os 20 clubes da Série A, seja o patrocínio principal ou em outras áreas do uniforme. A Copa do Brasil é patrocinada pela Betano. A Betnacional é uma das patrocinadoras da transmissão do Campeonato Brasileiro na Rede Globo. Ou seja, essas empresas têm participação cada vez maior no principal esporte brasileiro.

É uma relação que desperta alguma desconfiança, porém. Recentemente, o Ministério Público de Goiás anunciou uma investigação sobre um esquema de manipulação de resultados de jogos a Série B, em 2022, com a finalidade gerar ganhos aos apostadores.

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Para quem acompanha o setor, outros problemas, como lavagem de dinheiro, existem e devem continuar existindo, mas é preciso regulamentar as apostas até mesmo para facilitar a fiscalização.

"Se houver um volume grande de apostas incomuns, não há uma regulamentação (para isso ser fiscalizado). Essas apostas podem indicar lavagem de dinheiro ou tentativas de manipulação de resultados. Não sabemos qual é a obrigação de reportar atividades incomuns em casas de apostas. Sem isso, não há punição. Isso coloca todo o setor em risco. A falta de regulamentação deixa as empresas à deriva, sem saber direitos e deveres", afirma Lucas Albuquerque Aguiar, advogado criminalista do escritório Davi Tangerino Advogados.

Para os apostadores, segundo os advogados, se houver algum problema com pagamento de prêmios, por exemplo, fica muito mais difícil reclamar ou entrar com processo, já que as empresas não têm representação aqui.

Marcos Sabiá, CEO do galera.bet, diz que o movimento de regulamentação é "urgente" e "extremamente positivo", por definir os marcos legais de operação, assim como a proteção a apostadores, às casas de apostas e ao mercado esportivo do País contra fraudes e outras atividades ilícitas. "Entre os diversos benefícios da regulamentação, entendemos que se destacam o estabelecimento de regras claras e controles mais efetivos para prevenir ilícitos como o uso indevido de dados pessoais, práticas de lavagem de dinheiro, ou marketing que fomente o jogo irresponsável", disse. Segundo ele, haverá haveria também a possibilidade de se organizar "um sistema robusto de monitoramento da integridade das partidas nacionais". "No final das contas, com os apostadores de boa-fé, (as empresas) são as principais vítimas das fraudes esportivas", afirma.

INVESTIMENTOS. O diretor de marketing da Casa de Apostas, Hans Schleier, afirmou que o crescente número de investimentos das empresas de apostas no futebol vem gerando resultados positivos para ambas as partes.

"Estamos com boas expectativas de que se concretize em um futuro próximo. Observamos movimentações acontecendo frequentemente no Legislativo e acreditamos que em breve o tema terá um desfecho positivo. É um assunto importante e que interessa a todas as partes. Esperamos que em breve possamos comemorar a regulamentação das apostas esportivas no Brasil", diz.

Promotoria apura manipulação de resultados

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) investiga um esquema de manipulação de resultados de jogos da Série B, em 2022, com a finalidade gerar ganhos aos apostadores. Jogadores como Romário, ex-Vila Nova, e Matheusinho, ex-Sampaio Corrêa, são investigados na operação chamada "Penalidade Máxima".

Segundo o MP-GO, o esquema de apostas consistia na marcação de pênaltis no primeiro tempo das partidas. Porém, não houve a marcação de pênalti em um dos jogos, impedindo o êxito da aposta. Cada jogador envolvido receberia R$ 150 mil, enquanto o prejuízo estimado dos apostadores é de R$ 2 milhões.

Leandro Pamplona, advogado e membro da Comissão Especial de Direito dos Jogos Esportivos, Lotéricos e Entretenimento da OAB/RJ, diz que a regulamentação pode ajudar a criar penalidades adequadas para a manipulação de resultados, mas não deve acabar de vez com a prática, que é antiga no esporte.

"O MP está de mãos atadas. O MP de Goiás deflagrou operação recente e precisou ter jogo de cintura para enquadrar manipulação em outros crimes, como quadrilha ou estelionato. O jogo legal sempre existiu. A melhor saída é fazer a regulamentação", diz.

Gigantes do setor

As cinco maiores em audiência no Brasil

Bet365

A Bet365 é uma casa de apostas fundada pela britânica Denise Coates, no ano 2000, ao custo de £ 15 milhões (por volta de R$ 95 milhões). Hoje, ainda como principal acionista da empresa, acumula fortuna de US$ 5,4 bilhões (R$ 78 bilhões), segundo a Forbes

Betano

Operada pelo grupo Kaizen Gaming, a Betano é uma empresa com sede na Grécia que atua há mais de dez anos no mercado de apostas esportivas. A empresa está em pelo menos 12 países, entre eles Portugal, Alemanha, Romênia, Grécia, Chipre, Chile e Bulgária

BetNacional

A BetNacional é parte do Grupo NSX Sports, fundado em Recife (PE) por João Studart. Durante a Copa do Mundo, a empresa contratou o atacante Vinícius Júnior como embaixador da marca.

BetFair

A Betfair é uma empresa de apostas do Reino Unido. Além de apostas esportivas, trabalha com cassino, pôquer e bingo online. Em 2006, o fundo japonês Softbank comprou 23% do negócio. Após a permissão legal para operar, o grupo chegou ao Brasil em 2019.

BetPix365

A Bet Pix 365 é uma das maiores empresas de apostas da Europa. Fundada no Reino Unido em 1974, a companhia passou a permitir apostas via internet em 2000. Em 2005, fechou suas casas de apostas fixas para ficar apenas na web.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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