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A decisão de um grande museu italiano de expor um quadro atribuído a Caravaggio, encontrado há dois anos no celeiro de uma casa no sul da França, reaviva o debate sobre a autenticidade da obra, que divide os especialistas.

"Nossa vontade não é tomar partido neste debate, mas permitir uma comparação entre obras contemporâneas de Caravaggio", explicou à AFP um porta-voz da Pinacoteca di Brera, em Milão.

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A partir de quinta-feira e até 5 de fevereiro, o museu mostrará "Judite e Holofernes", uma tela descoberta por acaso em 2014 em um celeiro de uma casa na região do Toulouse, no sudoeste da França.

Vários especialistas a atribuem a Caravaggio, mas outros especialistas colocam em dúvida sua autenticidade. Na Pinacoteca di Brera, a placa junto ao quadro o atribui ao mestre italiano (1571-1610), mas um asterisco indica que há uma explicação mais ampla no catálogo da exposição.

Esta atribuição "era a condição do empréstimo, mas não reflete necessariamente a posição oficial do museu", acrescenta a nota.

A precisão não foi, contudo, suficiente para tranquilizar os especialistas que criticam a decisão do museu de associar uma tela autêntica de Caravaggio a uma obra cujo autor não é reconhecido de forma unânime.

Como consequência desta polêmica, um membro do conselho consultivo do museu, o historiador de arte Giovanni Agosti, apresentou sua demissão. "Judite e Holofernes", um óleo de grande tamanho realizado entre 1600 e 1610, foi apresentado de forma oficial em abril em Paris.

Atualmente, vários especialistas internacionais estão analisando a obra, com o apoio do museu do Louvre.

O quadro do pintor italiano Caravaggio (1571-1610) recentemente descoberto em um sótão de uma casa no sudoeste da França é uma obra autêntica, segundo vários especialistas, apesar da dúvida expressada por alguns colegas.

"Esta iluminação especial, esta energia típica de Caravaggio, sem correções, com a mão segura, e as matérias pictóricas, fazem com que este quadro seja autêntico", declarou o especialista Eric Turquin, admitindo, no entanto, que ainda haverá controvérsia das análises.

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Nicola Spinoza, ex-diretor do museu de Nápoles e um dos grandes especialistas mundiais em Caravaggio, concorda com Turquin.

"É preciso ver nesta tela um verdadeiro original do mestre lombardo, identificável quase com certeza, apesar de não termos prova tangível e irrefutável", assinala Spinoza.

A pintura foi descoberta no sótão de uma casa no sudoeste da França e proibida de sair do país por parte das autoridades, à espera de sua análise.

Um decreto da ministra da Cultura, publicado em 31 de março, "rejeita o certificado de exportação pedido para uma pintura possivelmente atribuída a Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio".

Trata-se da obra "Judite e Holofernes", uma pintura a óleo sobre tela de 1600 por 1610, "recentemente redescoberta e de grande valor artístico, que poderia ser identificada como uma composição perdida de Caravaggio", indica a ordem ministerial.

A existência da obra era conhecida por uma cópia atribuída a Louis Finson, pintor flamengo contemporâneo de Caravaggio.

A pintura mostra Judite, grande heroína bíblica, viúva da cidade de Betúlia, decapitando em sua tenda Holofernes, o general de Nabucodonosor, que sitiava a cidade.

Brasília recebe, pela primeira vez, obras do artista italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio, em uma exposição no Salão Leste do Palácio do Planalto. A exposição será aberta amanhã (5) pela presidenta Dilma Rousseff e a visitação começa no sábado (6). A mostra pode ser visitada todos os dias, das 9h às 19h, até dia 14 de outubro.

No acervo da mostra estão “os grandes Caravaggios”, as obras mais importantes do pintor. São seis telas, entre elas, Ritratto di Cardinale (1600), San Francesco in Meditazione (1606), San Gennaro Decollato o Sant’ Agapito (1910) e San Girolamo Che Scrive (1606). Também integram a exposição telas que pela primeira vez podem ser vistas fora da Itália: a Medusa Murtola (1597), que teve a autoria reconhecida em 2011 e cujo seguro vale 55 milhões de euros, e San Giovanni Batista Che Nutre I`Agnello (1597).

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Os quadros fazem parte de coleções particulares e de acervos de três importantes museus italianos – Galleria Borghese e Palazzo Barberini, em Roma, e Galleria degli Uffizi, em Florença. As obras já passaram por Belo Horizonte e São Paulo e seguirão para Buenos Aires (Argentina). Nas duas capitais brasileiras, houveram grandes filas para visitar a exposição. Em São Paulo, por exemplo, nos últimos dias da mostra no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), o tempo de espera para ver as obras de Caravaggio ultrapassava 2h.

Reconhecido como o pioneiro do barroco italiano, Caravaggio pintava figuras reais, num naturalismo realista, de acordo com o historiador Paulo Bittencourt, que treinou os monitores da mostra. “O Renascimento idealizava o natural. Caravaggio veio naturalizar o ideal”, explicou.

Produtora da exposição, a museóloga Maria Eugênia Saturni, a exposição é uma oportunidade de conhecer algumas das mais importantes obras de arte do mundo, de um artista pioneiro. “São obras que têm mais de 400 anos, não são obras apenas do patrimônio italiano, mas do patrimônio universal. Caravaggio modificou a arte ocidental, introduziu um novo elemento, introduziu o homem, seus contemporâneos na obra de arte, o que está em seu entorno integra a obra. O que está aqui é um patrimônio inestimável”, disse.

A expectativa é que 10 mil pessoas vejam as obras de Caravaggio em Brasília. A entrada é gratuita

Quem aproveitou o feriadão para ver exposições de arte na capital paulista precisou de paciência. Tanto a mostra sobre Caravaggio, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), quanto a de Impressionismo no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) tiveram filas de até três horas. A exceção foi a Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, zona sul, que abriu ontem para o público.

Cerca de 7,5 mil pessoas estiveram no Pavilhão da Bienal, mas o fluxo foi tranquilo entre as 9h e as 19h. "É o dia mais feliz da minha vida", disse, à tarde, o venezuelano Luis Pérez-Oramas, curador-geral do evento, que exibe cerca de 3 mil obras de 111 artistas.

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A 30.ª Bienal tem um caráter mais silencioso e sereno, sem trabalhos "espetaculosos". "As coisas monumentais são ficções, as enormidades, tentações", afirmou Oramas. Um dos espaços mais visitados da mostra é a sala dedicada à obra de Arthur Bispo do Rosário, com 348 bordados e construções com objetos banais criadas pelo ex-marinheiro e pugilista que viveu recluso na Colônia Juliano Moreira, hospital psiquiátrico no Rio. Outro destaque foi a apresentação, às 15h, de uma banda militar de Osasco e do grupo Núcleo Batuntã, que tocaram composição do venezuelano Ali Primera e músicas populares na parte externa do prédio.

A única confusão do primeiro dia da Bienal foi sobre o horário de funcionamento: todas as sextas-feiras a mostra será encerrada às 22h, mas ontem o horário era especial por causa do feriado. Um pequeno grupo reclamou que não poderia entrar mais no pavilhão depois das 19h.

Lotados. Já no Masp, a situação não era tão tranquila. A fila para ver as obras de Caravaggio não durava menos do que duas horas. No CCBB, muita gente se espremia em filas. No total, a média de espera para entrar era de três horas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

A maior exposição já ocorrida na América Latina de obras do artista italiano Michelangelo Merisi de Caravaggio chega a São Paulo nesta semana, depois de passar por Nova Lima, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na cidade mineira, a mostra começou no último dia 22 de maio e foi encerrada ontem (22).

Com o título Caravaggio e Seus Seguidores, a exposição na capital paulista ocorrerá no Museu de Arte de São Paulo (Masp), no período de 1º de agosto a 30 de setembro. No acervo estão seis telas de Caravaggio, que representam 10% dos trabalhos deixados por ele, e mais 14 trabalhos de pintores caravaggescos, como são chamados os artistas influenciados pelo italiano. Entre as obras, estão as de autoria de Artemisia Gentileschi, Bartolomeo Cavarozzi, Giovanni Baglione, Hendrick van Somer e Jusepe di Ribera.

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O curador do evento, Fábio Magalhães, conta que as obras Caravaggio são raras e de difícil acesso. “Um número expressivo está em igrejas, como a de São Luís dos Franceses [Roma], e não pode sair. Algumas de difícil empréstimo estão no Museu do Louvre. Isso dificulta muito a organização de uma exposição de Caravaggio”, disse.

Além da limitação quanto ao número de obras, existe uma discussão sobre autoria envolvendo o acervo de Caravaggio. “A própria exposição debate esses temas. Há uma sala da exposição que discute porque um São Francisco de Assis em Meditação é [de autoria de] Caravaggio e outros [títulos] não são. Há uma discussão muito rica sobre o problema atributivo”, explica o curador.

Vista pela primeira vez fora da Itália, a Medusa Murtola (1597) está entre as obras reconhecidas há pouco tempo. Murtola, palavra acrescida ao título da obra, faz referência a um poeta contemporâneo de Caravaggio que tinha esse nome. Murtola havia escrito a carta mais antiga que documenta a existência da segunda Medusa feita por Caravaggio. “Essa obra recentemente ganhou importância extraordinária dentro dos estudos do Caravaggio”, disse o curador.

A obra era considerada a segunda versão de uma pintura feita por Caravaggio em que também retratava Medusa, o monstro da mitologia grega. Após 20 anos de estudos e análises, porém, Medusa Murtola ganhou status de primeira versão. De acordo com o curador, essa tela foi pintada sobre um escudo de madeira num formato convexo. Diz a lenda mitológica que o escudo refletia o olhar do mostro que transformava em pedra quem o encarasse. O instrumento serviu na defesa de Perseu, o herói da mitologia, no momento em que decapitava Medusa.

A lenda explica a insistência de Caravaggio em pintar sobre o escudo. Mas, por ser um objeto convexo, a dificuldade em executar a pintura no escudo, foi alta: “Tem que corrigir as curvas quando você olha a obra, senão o próprio convexo deforma”, explica o curador.

Com ajuda de raio-X, infravermelho e outras técnicas modernas, descobriu-se que o italiano, na verdade, desenhou na peça antes de pintá-la, algo que ele não costumava fazer. “Não era comum o Caravaggio desenhar antes de pintar, ele normalmente pintava direto sobre a tela. Nessa [Medusa Murtola] há o desenho pela dificuldade que ele sentia de reproduzir a imagem da medusa sobre o escudo”.

Por meio desse raciocínio, concluiu-se que a outra obra de Medusa feita por Caravaggio – sem necessidade de desenho antes da pintura – era a segunda versão, uma ampliação da obra do escudo.

Além do escudo, a mostra terá o Retrato do Cardeal (1600), que poderá ser apreciada pela primeira vez fora da Itália.

A exposição ficará aberta no Masp, na Avenida Paulista, de terça-feira a domingo, das 11h às 18h, Nas quintas-feiras, vai até as 20h. Os ingressos custarão R$ 15 a inteira e R$ 7 a meia-entrada. A entrada é gratuita para crianças até 10 anos e para as pessoas acima de 60 anos. Às terças-feiras, todo o público tem acesso gratuito.

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