Você sabe quanto receberá quando se aposentar? Ou ainda, quanto custaria fazer um seguro de vida? E o seguro do carro, como é calculado? Perguntas como essas são respondidas por um atuário. A profissão, ainda pouco conhecida, tem função importante no desenvolvimento estratégico de qualquer país: o profissional lida com a gestão de riscos de curto a longo prazo, mais especificamente através da avaliação e mensuração de planos de seguros e previdência. O formado em ciências atuariais também pode atuar no mercado financeiro e de capitais, num ambiente empresarial, como consultor ou auditor.
“O atuário estuda os riscos e trabalha num ambiente de incertezas. É um profissional importante para o desenvolvimento do país, porque trabalha, especialmente, com os fundos de pensões, que envolvem grande parcela da população. É ele que faz a gestão dos ativos e passivos, gerenciando as contribuições e benefícios, e integra esses dois processos”, explica Josenildo dos Santos (foto), coordenador do curso de ciências atuariais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Formação
Apesar de o curso não ser tão conhecido, a formação universitária não é tão recente quanto se pode pensar. Na UFPE, por exemplo, as primeiras turmas foram formadas na década de 50, mas logo depois a graduação foi deixada de lado e só veio ressurgir em 2008. “Esse apagão foi devido a um período de instabilidade econômica que o Brasil viveu, com a inflação altíssima. Apesar de trabalhar num ambiente de risco, o atuário precisa de uma certa estabilidade para fazer previsões um pouco mais precisas”, salienta o coordenador.
Em todo o Brasil, apenas 17 instituições oferecem a graduação, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Em Pernambuco, só a UFPE possui o curso, com 30 vagas apenas para a primeira entrada. O estudante que pretende ingressar nessa área precisa gostar de cálculos, mas irá encontrar bem mais que a matemática na grade curricular do curso. Contabilidade, economia, estatística, informática, direito, diversos conhecimentos estão integrados para capacitar o profissional. Até a matemática é usada de uma forma prática: aplicada à realidade econômica do país. Foi isso que atraiu o estudante Iuri Martins, de 18 anos. “Sempre gostei de matemática, mas acho que o curso de matemática em si trabalha com o abstrato. Já o atuário aplica os conhecimentos”, diz. “Nesse caso, a matemática é só mais um elemento”, frisa Rafael Rodolfo (foto), 20.
Ainda no primeiro período do curso, Cinara Lima, 18, explica que precisou sondar a graduação e o mercado de trabalho, antes de se decidir pelo curso. “É uma área ampla, com muitas possibilidades de atuação e há poucos profissionais no mercado. Você pode trabalhar para gerenciar os fundos de pensões e melhorar a vida das pessoas”, salienta. Amanda Cristina, 17 anos, já tem uma ideia do que fazer após a conclusão do curso. “Quero trabalhar com o mercado financeiro e fazer pós-graduação em auditoria, porque é uma área carente de profissionais”, planeja.
Os veteranos no curso também têm boas expectativas de trabalho. “É um mercado promissor, que tem futuro. Em médio prazo, acredito que terei um bom retorno, porque o curso abrange muita coisa e as possibilidades de atuação são grandes”, diz Edrianny Nayanna da Silva, do 5º período. Gabriela Desirée (foto) também tem a mesma perspectiva. “No Brasil, há poucos profissionais. O País está contratando pessoas de fora. Então, o mercado procura muito os formados na área”, destaca.
Mercado de trabalho
De acordo com o coordenador do curso da UFPE, Josenildo dos Santos, a remuneração para um recém-formado é de cerca de R$ 3 mil. “Mas ele pode chegar a ganhar até uns R$ 20 mil, de acordo com a capacitação e o campo de atuação”, explica.
Para quem já está trabalhando na área, o mercado está em expansão, principalmente com o novo perfil da classe C, que abrange grande parcela da população – 55% dos brasileiros (105,5 milhões de pessoas) - e teve o poder aquisitivo médio acrescido nos últimos anos – a renda familiar varia entre R$ 1200 e R$ 5174. “Os mercados de seguros, planos de saúde e planos de previdência estão em crescimento, pois existe uma nova fatia da população que não tinha condições de usufruir desses produtos e, agora com um dinheiro a mais, está se planejando melhor. Agora existe seguro para quase tudo. Até seu smartphone você consegue segurar para ter uma garantia, caso seja assaltado. E isso requer cada vez mais profissionais”, avalia o analista atuarial Frederico Carius.
A atuação, vai além da previdência e seguradoras. “Ainda existem também no mercado as empresas de consultoria e de auditoria, que contratam boa parte dos recém-formados”, finaliza.
Apesar de lidar com cálculos, a graduação está inserida nas ciências sociais. “Isso porque ela interfere na vida das pessoas. Os conhecimentos são trabalhados de forma interdisciplinar e são aplicados ao cotidiano das pessoas, que são a essência da nossa atuação”, salienta Josenildo dos Santos.
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