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Um casal de brasileiros foi preso na semana passada em Miami, sob a acusação da Justiça norte-americana de receberem lucros com a organização do transporte ilegal de imigrantes para os EUA. Na última terça-feira (23) o casal compareceu a uma audiência inicial, na qual a juíza responsável pelo caso, Mindy Glazer, determinou que eles poderiam ser transferidos para prisão domiciliar após o pagamento de US$ 300 mil (R$ 950 mil) de fiança cada um.

Eduardo Pereira, 49 anos, e sua esposa, Marcia Tiago, 48 anos, gerenciavam um esquema que lavou mais de US$ 8 milhões vindos de rede de coiotes, como são conhecidas as pessoas em transporte ilegal em condições perigosas. Os dois tinham quatro empresas apenas de fachada no país, criadas especialmente para lavar e introduzir no sistema bancário americano os lucros recebidos. Mantinham cúmplices nas empresas nas áreas de construção civil e limpeza para o processo de lavagem de dinheiro.

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A Força-tarefa de Lavagem de Dinheiro do Condado de Broward, na Flórida, ficou responsável pela investigação do caso. O mandado de prisão do casal afirma que os dois respondem por acusações de lavagem de dinheiro e por envolvimento em negócios não licenciados.

O marido e sua mulher lavaram US$ 3,6 milhões em 2015, US$ 4,5 milhões em 2016 e US$ 170 mil no ano passado, "por meio de pagamentos aparentemente inócuos por bens e serviços em uma tentativa adicional de esconder a fonte dos fundos ilícitos", de acordo com o documento da polícia norte-americana.

A organização na qual o casal trabalhava era comandada por um brasileiro também, Vantuir De Sousa, que cumpre prisão domiciliar no Brasil pelos crimes de contrabando para os EUA. As rotas escolhidas pelos dois para levar os imigrantes ilegais eram de barco do Caribe até o sul da Flórida, isso porque os brasileiros não precisavam de visto para visitar as ilhas da região. Depois eram transportados, para Nova Jersey ou para a Pensilvânia.

Eles foram responsáveis por um barco que ficou perdido no mar em novembro de 2016, entre os quais dois capitães e 17 ''passageiros'' que entrariam ilegalmente nos Estados Unidos. Eduardo e Marcia vão participar de um novo julgamento no dia 22 de fevereiro em Miami.

As autoridades brasileiras se negaram a fornecer mais informações sobre o caso ou sobre a situação do casal nos Estados Unidos e se limitaram a dizer que estão "acompanhando a prisão dos brasileiros, a exemplo do que é feito nas situações envolvendo detenção de nacionais".

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, viaja na próxima semana para o Peru, Equador e para a Bolívia para discutir com autoridades desses países estratégias que coíbam ações de coiotes, grupos criminosos especializados em tentar vender vantagens para que imigrantes ilegais entrem no Brasil.

A ideia é ter uma estratégia conjunta para o enfrentamento. Os três países, que serão visitados segunda, terça e quarta-feira, integram a rota onde a atuação dos grupos é mais intensa. "Precisamos ter uma ação de combate conjunta das nossas polícias com a de outros países. Sem isso, será praticamente impossível um enfrentamento mais duro como nós queremos dessas organizações criminosas." O ministro sugeriu também a realização de campanhas em outros países, para justamente alertar sobre os riscos de se recorrer a organizações criminosas para tentar entrar no Brasil. A proposta, segundo ele, é alertar sobre os perigos dessa estratégia e incentivar imigrantes a obter o visto de entrada no País.

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Cardozo ressaltou também que o trânsito de imigrantes legais no País deve ser realizado de "forma articulada" entre Estados envolvidos e o governo federal. A afirmação é feita uma semana depois da troca de farpas entre o governo do Acre (PT) Tião Viana e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também do PT. "Houve um descompasso informativo em algumas situações", avaliou. Nessa quarta, 27, o secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, reuniu-se com secretários estaduais para decidir estratégias conjuntas.

O ministro ressaltou que, desde que estejam com situação regularizada, migrantes têm direito de ir para o Estado que acharem mais conveniente. De forma simultânea, disse, é preciso desenvolver ações para combater com rigor a atividade de organizações criminosas, sobretudo próximo do Acre. "Temos como linha o combate duro às organizações criminosas", disse o ministro.

Com a promessa de vender facilidades a pelo menos 38 mil haitianos que já cruzaram, sem visto, a fronteira do Brasil pelo Acre, a rede de coiotes já faturou US$ 60 milhões - o equivalente a mais de R$ 185 milhões - nos últimos quatro anos. Os dados são da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e foram apresentados na reunião de quinta-feira, no Planalto, que reuniu diversos ministros e decidiu aumentar os vistos para os imigrantes daquele país.

Na primeira semana de junho, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, inicia um périplo por Equador, Peru e Bolívia. O objetivo da viagem é definir uma estratégia para barrar a ação dos coiotes na região.

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O governo brasileiro quer envolver os países vizinhos no problema, já que eles funcionam como rota para o transporte dos haitianos, mas não agem para impedir o avanço do tráfico de pessoas. Paralelamente, o governo brasileiro tenta montar uma rede para desenvolver uma ação conjunta com Estados e municípios, a fim de amparar os estrangeiros.

A chegada desordenada de haitianos criou tensão entre os governos federal e do Acre, assim como do Acre com São Paulo, para onde os imigrantes estavam sendo transferidos. Desde 2010, o governo acriano cobrava ações do Planalto, que só agora, depois da reunião de quinta, começaram a ser desenhadas.

O Acre informa esperar que as medidas discutidas sejam colocadas em prática. Caso os planos não se concretizem até o final de junho, o governador do Estado, Tião Viana (PT), avisou que vai restringir o abrigo concedido a haitianos para mães e crianças, não atendendo mais os homens, que deixariam de ter direito de serem acolhidos. O governo do Acre voltou a fazer pressão em Brasília diante dos números considerados assustadores de entrada no País, pelo Estado, nos últimos dias. Em dois dias da semana passada, quase 300 haitianos chegaram ao Brasil, o que aumentou ainda mais a preocupação das autoridades brasileiras.

Reunião

Na reunião de quinta-feira, várias medidas foram traçadas para tentar reduzir a exploração dos imigrantes pelos coiotes que, embora a maioria seja de haitianos, também envolve pessoas de outros países, principalmente africanos.

Para tentar coibir a entrada ilegal de haitianos no Brasil, a embaixada brasileira em Porto Príncipe, capital do Haiti, vai desenvolver uma campanha explicativa, informando aos cidadãos daquele país que eles podem obter vistos, sem se submeter à ação dos coiotes. O governo brasileiro subirá de 600 para 2 mil o número de vistos mensais para haitianos interessados em viver no Brasil.

Em 2010, eram emitidos cem vistos por mês. Na campanha, o governo brasileiro vai dizer aos haitianos que eles podem vir por meios legais, sem ter de se arriscar ou pagar valores exorbitantes aos coiotes.

O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é ligada, não respondeu ao Estado sobre o relatório divulgado na reunião de quinta.

Os coiotes

A maioria dos haitianos refugiados no Brasil relata demorar, no mínimo, 20 dias entre Porto Príncipe e São Paulo. A viagem é orquestrada por coiotes, que cobram de US$ 3 mil (cerca de R$ 9.285) a US$ 8 mil (mais de R$ 24 mil) por pessoa. O trajeto de muitos deles é o mesmo. Viajam de avião da capital haitiana até Quito (Equador) e, de lá, descem e sobem em pelo menos quatro diferentes ônibus, até chegar a Rio Branco, no Acre.

Segundo o padre Paolo Parise, diretor do abrigo Missão Paz, em São Paulo, o momento mais crítico da viagem acontece na fronteira do Equador com o Peru. Os haitianos, por ordem dos coiotes, desembolsam cerca de US$ 100 como suborno para policiais peruanos liberarem a passagem dos imigrantes.

Os haitianos contam que atravessam um rio a pé, por baixo de uma ponte, para entrar no Peru. "Policiais expulsos da corporação peruana formaram uma quadrilha que hoje gerencia o tráfico de drogas e de pessoas. Muitos haitianos não têm dinheiro para dar na hora e são mantidos em cárcere privado até que a família mande remessas", explica o padre. Mulheres são abusadas. Uma haitiana chegou grávida ao abrigo no ano passado, vítima de estupro por homens da quadrilha, conta Parise.

Saído do país natal há 17 dias, onde deixou mulher e filho, o haitiano Ruben é uma das vítimas dos achaques na fronteira. Ele calcula ter desembolsado US$ 150 para conseguir passar do Equador para o Peru. "As pessoas perdem roupas, sapatos, o que têm. O trajeto é muito duro", afirmou. Ele, que trabalha como encanador e eletricista, chegou ao Brasil há três dias. "Não quero que minha mulher e meu filho venham dessa forma. Estou traumatizado." Colaborou Juliana Domingos, especial para O Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na primeira semana de junho o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, inicia uma périplo pelo Equador, Peru e Bolívia. O objetivo da viagem é definir uma estratégica conjunta com o Brasil para barrar a ação dos coiotes na região. Segundo dados estimados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e apresentados na reunião de quinta-feira, 21, no Planalto, os coiotes já faturaram US$ 60 milhões, com a promessa de vender facilidades a pelo menos 38 mil haitianos que já cruzaram, sem visto, as fronteiras do país, pelo Acre. O governo brasileiro quer envolver os países da região no problema, já que eles funcionam como rota para o transporte dos haitianos, mas não agem de forma a impedir o avanço do tráfico de pessoas. Paralelamente a isso, internamente, o governo brasileiro está tentando montar uma rede para desenvolver ação conjunta com estados e municípios, para amparar os estrangeiros.

A chegada desordenada de haitianos, criou tensão entre os governos federal e do Acre, assim como do Acre com São Paulo, para onde os imigrantes estavam sendo transferidos. Desde 2010 o governo petista acriano cobrava ações do Planalto, que somente agora, depois da reunião do Planalto da última quinta-feira, começou a ser desenhada. O estado afirma que, agora, espera que as medidas discutidas sejam efetivamente colocadas em prática. Caso, mais uma vez elas não se concretizem até o final do mês que vem, o governador do Acre, Tião Viana, avisou que vai restringir o abrigo concedido a haitianos para mães e crianças, não atendendo mais os homens, que deixariam de ter direito de serem acolhidos.

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O governo do Acre voltou a fazer pressão em Brasília por conta dos números considerados assustadores de entrada no País, pelo Estado, nos últimos dias. Em dois dias da semana passada, quase 300 haitianos chegaram ao Brasil, número considerado despropositado e que acendeu alerta entre as autoridades brasileiras.

Nesta reunião de quinta-feira, uma série de medidas foi traçada para tentar reduzir a exploração destes migrantes pelos coiotes que, embora em sua maioria seja de haitianos, também envolve pessoas de outros países, principalmente africanos.

Para tentar coibir a entrada ilegal de haitianos no Brasil, a embaixada brasileira em Porto Príncipe, capital do Haiti, vai desenvolver uma campanha explicativa, informando aos cidadãos daquele país que eles podem obter vistos, sem se submeter a ação dos coiotes. O governo brasileiro subirá de 600 para dois mil o número de vistos mensais para haitianos interessados em viver no Brasil. Em 2010, eram emitidos cerca de 100 vistos por mês. Na campanha, o governo brasileiro vai dizer aos haitianos, que eles podem vir por meios legais, sem ter de se arriscar ou pagar valores exorbitantes aos coiotes.

O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é ligada, não respondeu à reportagem sobre o relatório divulgado na reunião de quinta-feira.

TEXTO Jullimaria Dutra | EDIÇÃO Raquel Monteath

O terremoto que arrasou o Haiti, em 12 de janeiro de 2010, afetou mais de 4,5 milhões de cidadãos que sofrem até hoje com a escassez de recursos básicos, e que possui mais de 70% de sua população desempregada.

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Dois anos depois da catastrófica e apesar das tímidas investidas em reerguer o país, o Haiti permanece em condições precárias. O balanço de magnitude 7,3 na escala Ricther desalojou 1,5 milhão de cidadãos e, dez meses após a tragédia, um surto de cólera infectou 522.570 pessoas, das quais sete mil morreram.

Confira a galeria de imagens "Especial Haiti: dois anos de devastação"

Diante dos desafios descomunais para realocar milhões de haitianos e retirar um número incalculável de escombros que soterra boa parte de Porto Príncipe, muitos atravessadores (conhecidos como coiotes) passaram a atrair, com maior frequência, haitianos a deixar o país e a entrar no Brasil, só que de forma ilegal, geralmente pelas fronteiras do Acre e do Amazonas.

Foi assim que encontraram um jovem sozinho na estação Corinthians-Itaquera, no metrô de São Paulo. Vítima de uma quadrilha internacional de atravessadores – traficantes de pessoas –, o menino morava com a avó e o irmão mais velho no Haiti. Os responsáveis pelo trajeto do garoto deveriam levá-lo até à Guiana Francesa, onde vive D. Dieula Goin, a mãe do rapaz. A rota passava pelo Brasil, mas ao chegar em São Paulo, os criminosos exigiram mais dinheiro para continuarem o percurso. Como a família se recusou a pagar, abandonaram o menino no metrô.

Mas situações como a do garoto do metrô não intimidam os haitianos que sonham em encontrar oportunidades, uma vez que o país não tem previsão de se reerguer. Porém, após viajarem quilômetros, chegam ao Brasil e acabam dormindo nas ruas, quase revivendo a miséria que esperavam deixar para trás.

O Brasil se tornou um ímã para esses haitianos que, literalmente, percorrem "o caminho das Américas" para chegar ao Brasil: tanto cruzam de ônibus a fronteira com a República Dominicana, quanto lotam embarcações até chegarem a Santo Domingo. Do país vizinho, pegam um voo para o Panamá, seguem para os países espano hablantes que fazem fronteira com o Brasil – Bolívia, Equador, Peru e Acre - e, normalmente, ao chegarem em um desses destinos, seguem a pé até alcançarem as fronteiras das cidades brasileiras.

Essa rota migratória vem aumentando o fluxo de haitianos em massa, principalmente, nas últimas semanas, devido aos rumores (negados pelo Governo) de que o Brasil poderia fechar as fronteiras este ano para os haitianos. O resultado foi a chegada, nos primeiros três dias do ano, de mais de 500 haitianos ilegais e que, junto aos outros 700 compratiotas, estão em alojamentos improvisados, numa localidade de apenas 20 mil habitantes, a cidade de Brasileia, localizada na fronteira com a Bolívia. Situação semelhante ao que ocorreu em Tabatinga, fronteira com Peru e Colômbia, onde 208 imigrantes haitianos se juntaram aos 1.041 que aguardavam sua regularização.

Segundo o Governo, 4 mil haitianos vivem hoje nos estados do Acre e do Amazonas. Destes, 1.600 já estão regularizados. O restante deverá legalizar a situação para poder continuar no país. O Brasil concedeu a eles um visto de residência “humanitária” com validade de cinco anos, o que lhes permite viver e trabalhar no País, já que não podem ser considerados refugiados políticos. Atualmente, são mais de mil haitianos em cada assentamento da fronteira.

 

LIMITAÇÕES - A migração expressiva pela Região Norte obrigou a presidente Dilma Rousseff a limitar a entrada de estrangeiros no país. Em uma reunião realizada nesta terça-feira (10) com as ministras da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, junto ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ficou estabelecido que, por mês, 100 haitianos poderão entrar no Brasil. Os que conseguirem entrar ilegalmente serão notificados para ser efetivada a extradição. Por meio da Lei 6.815 de 1980, ao entrarem no País, os estrangeiros - no caso aqui, os haitianos - precisarão apresentar um visto, emitido gratuitamente pela embaixada brasileira no Haiti, para poder permanecer e exercer atividades laborais de modo regular.

Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a fiscalização será reforçada nas fronteiras do País. O Planalto Central também pretende atuar em conjunto com os governos do Peru, Bolívia e Equador. "O objetivo é atacar essa rota ilícita de imigração e a ação dos coiotes, que têm atuado de forma bastante forte na entrada ao país". O Brasil promete apoio aos governos do Acre e do Amazonas, por meio dos ministérios da Saúde, do Trabalho e do Desenvolvimento Social.

Confira o vídeo da TVNBR sobre a regularização dos haitianos em solo brasileiro:

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