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Nesta quinta-feira (19), o jornalista e crítico literário Cristiano Ramos continua a entrevista com o escritor Fábio Andrade, que é graduado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, onde também fez mestrado sobre a obra de Osman Lins com a dissertação Ordem Sinuosa: o Barroco em Avalovara de Osman Lins e doutorado com a tese A Transparência Impossível: Lírica e Hermetismo na Poesia Brasileira Atual. Fábio também é reconhecido como um excelente poeta, vencedor do Prêmio Eugênio Coimbra Júnior em 2008, promovido pelo Conselho de Cultura da Cidade do Recife, com o livro A Transparência do Tempo.

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A “orelha” da obra traz um texto de Heloísa Arcoverde, que revela a dimensão dos poemas do escritor. “Fábio Andrade utiliza com precisão belas imagens para falar daquilo que nos inquieta e nos apaixona: do tempo em fuga à permanência da poesia enquanto arte; da solidão à pulsação do amor. É o encantamento dos versos puxando a reflexão sobre o próprio ato de escrever. Pensando a literatura, pensamos a vida”.

Fábio Andrade escreveu seu primeiro poema aos 14 anos e foi influenciado pelo rock e pelo anarquismo. Hoje está em fase de construção de um novo livro sobre temas budistas que deve se chamar Sândalo. O programa Nota PE é uma parceria entre o Blog Nota PE e portal LeiaJa.com.

O jornalista e crítico literário Cristiano Ramos entrevista, nesta quinta-feira (12), o escritor e professor Fábio Andrade. Nesta primeira parte da conversa, ele fala sobre o momento que está vivendo. “Estou na fase do silêncio e da solidão da linguagem. Faz um bom tempo que não escrevo, mas creio que isto faz parte da vida de qualquer artista”, enfatiza Fábio.

Sobre esta sua nova fase de vida, o escritor ainda acrescenta que trata-se de um renascimento. “Estou vendo o que a poesia pode fazer na minha vida. Deixei de escrever para redescobrir minha identidade poética”, explica.

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Ao ser questionado sobre o que a poesia não pode ser, Fábio é enfático. “Não pode ser uma plataforma política e muito menos mercantilista. A poesia vai na contra mão do capitalismo, não da crítica. O elogio é muito mais imoral do que a crítica”, diz o professor.

Na próxima quinta-feira (19), você confere a segunda parte da entrevista com Fábio Andrade. O programa Nota PE é uma parceria entre o Blog Nota PE e o portal LeiaJa.com.

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O jornalista e crítico literário Cristiano Ramos entrevista, nesta edição do Nota PE, o escritor e também jornalista Marcelo Mário de Melo. A última obra lançada pelo autor foi o livro “Os colares e as contas – poemas políticos. “A política faz parte da minha vida desde a infância. Afinal, papai havia fugido da revolução de 30 e se instalado em Caruaru. Foi lá que comecei a me interessar pela leitura, principalmente com os contadores de histórias”, explica Melo.

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Durante a conversa, marcada por um clima de descontração e humor, Marcelo diz que, na sua visão, não existe muito espaço para a poesia política no Brasil hoje. “Drummond, Oswald de Andrade e João Cabral de Melo Neto chegaram a fazer poemas políticos. Acontece que os críticos literários decretaram a falência dessa forma de se fazer poesia, mas eu nunca me rendo”, afirma o jornalista.

O programa Nota PE é uma parceria entre o portal LeiaJa.com e o Blog Nota PE.

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Nesta edição do Nota PE, o jornalista e crítico literário Cristiano Ramos continua a entrevista com o escritor e professor da Universidade Francesa Clermont-Ferrand Saulo Neiva. Durante a conversa, ele explica sobre suas pesquisas e fala sobre seus livros. Um deles, “Avatares da Epopéia”,  analisa o processo de reabilitação da epopéia na poesia brasileira do século XX (de Cassiano Ricardo a Marcus Accioly, passando por Jorge de Lima, Gerardo Mello Mourão, Carlos Nejar e Haroldo de Campos).

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Considerada por muitos outros autores como uma forma poética antiquada ou em ponto de ser ultrapassada (opinião partilhada por personalidades importantes como Hegel, Edgar Allan Poe e Victor Hugo), a epopéia parece estar condenada a ser uma forma anacrônica, incompatível com a estética moderna, de acordo com Neiva.

"Avatares da Epopéia” constitui o terceiro volume de uma trilogia, também formada por duas obras coletivas, organizadas pelo autor, sobre a problemática do declínio e o reinvestimento da epopéia: “Déclin & confins de l'épopée au XIX e siècle” e “Désirs & débris d'épopée au XX e siècle”. O programa Nota PE é uma parceria entre o Blog Nota PE e o portal LeiaJa.com.

Nas quartas-feiras, a coluna Redor da Prosa traz mais intenções do que impressões. Espaço para dicas de leituras e eventos. Nesta semana,pedidas são:

As edições de bolso da Cosac Naify. Conhecida por seu catálogo de livros com design caprichado, verdadeiros fetiches para os amantes dos livros, a editora agora investe no formato pocket. Ideia é publicar títulos que aliem beleza, praticidade e preços mais acessíveis. Os primeiros da coleção Portátil são O africano, de J. M. G. le Clézio,

Como funciona a ficção, de James Wood, e Lero lero, de Cacaso. Projeto que vale conferir.

Edição comemorativa dos Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto, que tem Luís Augusto Fischer como responsável pela introdução e notas explicativas. Esse clássico da literatura brasileira, ainda pouco lido fora dos pampas, está completando 100 anos. A publicação é da editora L&PM, e custa R$ 45,00.

“A melhor maneira de aproximar os jovens da literatura não é, portanto, submetê-los a compêndios, a apostilas e a cânones. Mas levá-los, desde os primeiros momentos, a se defrontar com os próprios livros. Não existe outro caminho para a experiência da leitura senão a própria leitura. A literatura é a própria salvação da literatura”. Esta é a opinião do escritor e crítico José Castello, em texto da edição de junho do jornal Rascunho – uma das mais importantes publicações literárias do Brasil. Quem não conhece o projeto, pode visitar o site www.rascunho.com.br.

O pensamento e a obra de Benedito Nunes são os temas de Hermenêutica e crítica, estudo de Jucimara Tarricone, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP. Ainda não li, mas é de meu completo interesse tudo que diz respeito ao filósofo e crítico paraense, que faleceu ano passado, em 27 de fevereiro – mesmo dia em que perdemos também o escritor Moacir Scliar.

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O jornalista e crítico literário Cristiano Ramos entrevista, nesta quinta-feira (21), Saulo Neiva, escritor e professor de Letras da Universidade Francesa Clermont-Ferrand. Nesta primeira parte da conversa, Saulo deixa claro que universidade não é lugar para todos. “O jovem tem que ter vocação para entrar numa universidade, tem que ser o desejo dele. É preciso lembrar que existem excelentes cursos técnicos que podem atrair a atenção profissional desta pessoa. Até mesmo na prática é possível se tornar um bom profissional. A graduação por si só não garante emprego para ninguém”, arremata o professor.

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Neiva cursou o ensino médio no Recife e foi para a França quando ainda estava na universidade. “Aprendi que lá se valoriza muito o ensino técnico. A academia e as grandes escolas escolhem os melhores alunos após o ensino médio. Aqueles que possuem as melhores notas passam por uma formação rigorosa de dois anos. Se passarem no teste final, se tornam funcionários públicos e precisam trabalhar para o estado por no mínimo dez anos”, explica Saulo.

O professor conclui a primeira parte da entrevista dando uma boa notícia aos estudantes que queiram fazer um intercâmbio na Universidade Francesa. “No curso de Letras existe um projeto que dura de seis meses a um ano, onde o aluno aprende a lidar, por exemplo, com programas de rádio e TV, onde lhe é ensinado todo o processo de produção, edição e apresentação”, comenta. De acordo com Neiva, esse intercâmbio não depende de universidade. Cabe o aluno entrar em contato com a Clermont através do site www.univ-bpclermont.fr e se inscrever.

Na próxima semana você confere a segunda parte da entrevista com Saulo Neiva aqui, no portal LeiaJa.com.

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O jornalista e crítico literário Cristiano Ramos entrevista, nesta semana, a coordenadora editorial da Confraria do Vento, Karla Melo. Ela, que também é professora, lançou livros de novos e experientes autores como Majela Colares, Renata Pimentel, Paula Berinson e Izabela Domingues, no último dia 2, no Espaço Cultural dos Correios.

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Acreditando na concepção de uma literatura transnacional, a editora tem apoiado inúmeras iniciativas e eventos culturais que vão de saraus, simpósios e festivais de literatura pelo Brasil à promoção de intercâmbios e diálogos com grupos e escritores de todo o mundo, tais como a realização de encontros de escritores africanos e da Europa. Além disso, desde março de 2010, a editora organiza mensalmente o Cidade aTravessa, evento multimídia que acontece alternadamente nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa.

Durante a entrevista, Karla Melo diz que a Confraria do Vento investiu, ao longo dos anos, na elevação qualitativa de leitores por meio de obras de relevância. “Trouxemos reconhecimento a dezenas de títulos e a nossos autores, que hoje se encontram em grande circulação. Isso vem a atender às necessidades de mercado”, explica.

O Nota PE é uma parceria entre o portal LeiaJa.com e o Blog Nota PE. Toda quinta-feira você confere aqui um novo programa sobre literatura.

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O programa Nota PE desta semana traz uma entrevista com Clarissa Loureiro. Os pais da escritora, também professores, fizeram de Clarissa uma leitora assídua, tanto que aos 19 anos ensinava e escrevia. Foi neste período que ela começou a se interessar pela obra de João Cabral de Melo Neto. "Fiquei escrava da obra e me envolvi completamente. A poesia dele foi tão forte na minha vida que travei, me exauri completamente", confessa.

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Após um período de reflexões, Clarissa conta que lançou um livro que nada tem a ver com poesias. "Escrevi um livro chamado Mau Hábito, com nove contos. A primeira parte fala da sexualidade feminina e, a segunda, da família.  O que me chamou a atenção é que esse livro aguçou a curiosidade principalmente dos adolescentes. Por conta da sexualidade, eles ficam envolvidos pela linguagem do livro", explica a escritora.

O Programa Nota PE é apresentado pelo jornalista e crítico literário Cristiano Ramos, numa parceria entre o blog Nota PE e o portal LeiaJa.com.

O programa Nota PE desta quinta-feira (24) recebe a professora, tradutora e escritora Paula Berinson. Em 2010 ela lançou o livro “Para sempre azuis são os olhos do meu avô” e no dia 2 de junho, a escritora voltará a lançar uma obra, o livro de poesias “Animal Writer”, no Centro Cultural dos Correios.

De acordo com Paula, um bom professor de Português é essencial para quem pretende escrever. “Fui influenciada por um deles no Colégio Israelita do Recife e isso me ajudou muito”, conta. Durante a conversa, Paula Berinson se posiciona de forma incisiva em favor das mulheres escritoras. “A mulher escreve melhor do que o homem, disso eu não tenho dúvidas. O único homem que vi escrever como mulher foi Carlos Drummond de Andrade”, sustenta.

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O Nota PE é apresentado pelo jornalista e crítico literário Cristiano Ramos e toda quinta-feira você confere um novo programa aqui, no portal LeiaJa.com. A produção é uma parceria entre o portal e o blog
Nota PE.

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A convidada desta quinta-feira (17) do programa Nota PE é a professora, pesquisadora e poeta Renata Pimentel. Depois de publicar estudos sobre o escritor Raduan Nassar, o artista plástico Raul Damonte Botana - Copi - e sobre literatura gay, a autora lança no próximo mês o seu primeiro livro de poesias, “Da arte de untar besouros” - o lançamento será no dia 2 de junho, às 17h, no Centro Cultural dos Correios.

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Na conversa, Renata Pimentel diz que se considera uma poeta de gaveta, já que lançou seu primeiro livro aos quarenta anos, e fala sobre suas obras. "Poesia para mim é ligar imagens com palavras. Escrevo para todos, do analfabeto ao intelectual. Minha obra é marginal e isso é para quem pode, brigo por isso", enfatiza a poeta. O programa Nota PE é apresentado pelo jornalista e crítico literário Cristiano Ramos, numa parceria do Blog Nota PE com o portal LeiaJa.com. 


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O Nota PE desta quinta-feira (10) continua a entrevista com o jornalista e escritor Cícero Belmar. Nesta segunda parte do programa, ele fala sobre seus livros "Umbilina e Sua Grande Rival", "Rossellini Amou a Pensão de Dona Bombom" e o mais recente, "Aqueles Livros Não me Iludem Mais", um místico de ficção e realidade. "Este é um livro que mostra personagens da cidade do Recife", explica o jornalista. 

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Cícero fala que levou um período em branco entre um livro e outro e que voltou a escrever peças infantis. "Gosto de escrever para crianças, me coloco no lugar de uma delas. Esse é o segredo para sair um texto que a criançada entende" explica o escritor. Na conversa, Belmar também faz uma crítica comum a todos os escritores. "O maior gargalo de quem escreve um livro é a divulgação e a distribuição", comenta. 

Apresentado pelo jornalista e crítico literário Cristiano Ramos, o programa Nota PE é uma parceria entre o blog Nota PE e o portal LeiaJa.com.

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O programa NotaPE desta quinta-feira (3) recebe o jornalista e escritor Cícero Belmar. Natural de Bodocó, no sertão de Pernambuco, Cícero começou cedo, lendo gibi. "A melhor coisa que pode acontecer com uma criança é ler gibi. Acredito que isso estimula a leitura", comenta o escritor. Na entrevista, ele fala sobre sobre suas aventuras ao ler livros escondidos. "Na época, ler Gabriela Cravo e Canela (de Jorge Amado) era proibido. Eu lia com outra capa para disfarçar", relembra. 

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Cícero se tornou jornalista por influência do pai, que lia muito. Veio para o Recife e, nos anos 80, como jornalista recém-formado, se destacou no Jornal do Commercio. "Comecei a fazer matérias especiais, via o sofrimento das pessoas e queria ajudar, intervir de alguma forma", diz Belmar. A partir desses personagens ele começou a escrever seus livros e, após dez anos, deixou o jornalismo para fazer literatura de ficção.

No NotaPE da semana que vem, você acompanha a segunda parte dessa conversa com Cícero Belmar. O programa é apresentado pelo jornalista e poeta Cristiano Ramos, numa parceria do blog NotaPE com o portal LeiaJa.com.

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Na edição desta semana do programa NotaPE, o jornalista Cristiano Ramos continua a entrevista com o poeta, editor e crítico literário Everardo Norões. Um dos destaques da conversa é a vontade do poeta cearense em disponibilizar sua obra litarária na internet, sem custos.

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"Poesia não deveria ter direito autoral e disponibilizá-la na rede não significa que o livro deixe de ser impresso. Livro é sensorial, tem cheiro, você pega. Isso é muito bom", comenta.

Em outra parte da entrevista, Norões deixa claro que um discurso poético não pode ser complicado. "É como uma navalha, não pode ter dois cortes, tem que se tornar simples", diz o crítico literário. O programa NotaPE é uma produção semanal do portal LeiaJa.com, em parceria com o Blog NotaPE.

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Ele é poeta, editor e crítico literário. Everardo Norões, cearense do Crato, é o entrevistado desta semana do Nota PE. Aos 16 anos teve sua primeira formação cultural humanista e leu de Monteiro Lobato a Augusto dos Anjos. Autor de seis livros poéticos e uma série de publicações, foi exilado político na França, Argélia e em Moçambique.

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Voltou ao Brasil no fim dos anos 1980 e vivenciou a época do Milagre Econômico. Sobre o assunto, Norões afirma na entrevista que se houvesse uma revolução, 99% da nova classe de esquerda estaria em Miami.

Poesia para ele precisa ser sempre retrabalhada, refeita e nunca deve ser igual. "Refaço tudo sempre o que faço", enfatiza. O programa Nota PE é apresentado por Cristiano Ramos e é uma produção do Blog Nota PE, em parceria com o portal LeiaJá.com.

Respeito é bom! E tenho realmente muito, por todas as culturas. Gostar, porém, é outra coisa. Como disse bêbado na Rua do Hospício, “Gostar sobe frio que a gente sente pelo avesso, que bole com tudo”. Por isso, sob risco de morte, tenho que admitir: não gosto de maracatu.

Menino de interior, que teve parte da infância em engenho, sem energia elétrica, de fogo-morto mas gente bem viva, assisti a vários lanceiros atravessando a cancela, subindo ladeira, apresentando-se debaixo de sol de rachar. Só de carregarem aquela roupa toda e enfrentarem o calor, já assaltaram minha verde admiração.

Depois, morador novo do Recife, em tempos de Chico Science, ficou impossível ignorar os maracatus, os amigos não paravam de comentar, ainda que soubessem quase nada sobre. Sem falar que Arraes chegaria ao Governo do Estado pela terceira vez, ou seja, era Ariano Suassuna com mais força ainda para tudo “armorializar”, principalmente o maracatu. Resumindo: virou moda entre jovens e política cultural entre adultos.

Na faculdade, fiquei chegado em muita gente de maracatu, que tocava, estudava, acompanhava. Quando assumi programa de TV, então, pautei o assunto trocentas vezes, levei de guardiões a pesquisadores, de cineastas a produtores que ganhavam dinheiro em cima da manifestação cultural. Era nada mais do que minha obrigação.

Até namorada de Maracatu eu tive. E que sempre buscava entender porque eu não era apaixonado pelo ritmo: “Gosta nem de baque solto nem de baque virado”?

– Ô, minha linda, não é questão de baque, mas de queda mesmo. Não tenho mínima quedinha pelo Maracatu.

Era exagero meu, óbvio. Porque curiosidade sobre o maracatu veio e partiu diversas vezes, até por causa de tópicos correlatos sobre os quais escrevi ou apenas estudei. Não deixaram de ser quedinhas, simpatias, mimos. Nada, contudo, parecido com aquele frio bulindo pelo avesso.

– Isso com certeza é preconceito, não gosta de coisa de pobre – acusou amigo dessa minha ex-namorada (bem rico, diga-se). Ao que respondi com toda franqueza e nenhuma paciência.

– Hum rum. Deve ser por isso também que não gosto de balé. Se não sei a diferença entre um sissone e uma tesoura no frevo, explicação é porque não gosto de pobre, né?

Dia desses, um paspalho foi à minha rede social dizer que sou preconceituoso, porque não gosto de cordelistas – grupo no qual ele se inclui, claro. Sem me conhecer em nada, ele acertou... E errou feio: nunca fui fascinado por literatura de cordel, mesmo pelo bom trigo que existe no gênero, perdido entre incontável joio (porque, como se sabe, existem mais pernambucanos cordelistas do que pagadores de IPTU); isso não impediu, no entanto, que eu realizasse semana especial em homenagem ao cordel, na TV Universitária, além de prestar uma assessoria de imprensa gratuita durante evento dedicado ao tema. Portanto, tenho nada contra, mas também não preciso morrer de amor.

Policiamento ideológico geralmente não consegue dar dois passos se não puder acusar você de pelo menos um dos três clichês: elitismo, ignorância e oportunismo. Como nunca fui conhecido por atitudes políticas conservadoras, nem por burrice ou por me vender em troca de cargos, lembro de um ritmista de maracatu que bolou outra coisa: “Deve ser trauma de infância”! Aí, colega de trabalho que dividia a mesa conosco, e que pensou ser com ele, esbravejou:

– Gosto de Maracatu não, visse? Apesar de, na minha meninice, a senhora sua mãe ter pego minha lança e enfiado na...

Corri dali, sem pestanejar meia vez. Até porque duas outras discussões de bar (tão imbecis quanto) tinham gasto minha cota do semestre. Fui andando pela Rua da Aurora, lembrando os versos de Bandeira: “Em brigas não tomo parte, / A morros não subo não: / Que se nunca tive enfarte, / Só tenho meio pulmão”.

De dois pulmões bons, mas com coração de segunda, tenho convivido menos nessas rodas de institucionalização dos gostos. Senão minha arriscosa sinceridade arranjará faca no bucho ou tiro nas bandas. Melhor ficar em casa, escrever colunas e ser xingado à distância. Como repetia meu querido Titico-Peito-de-Aço, “Coragem pode ser muita, só não pode ser maior que as pernas”.

O Jornalista Cristiano Ramos entrevista o escritor José Paulo Cavalcanti Filho, ex-ministro da Justiça que se dedicou durante anos a biografia de Fernando Pessoa. O resultado é uma bem humorada e esclarecedora entrevista sobre um dos maiores poetas portugueses do século passado.

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Neste programa, José Paulo fala sobre as dificuldades e os desafios que enfrentou em terras lusitanas para encontrar documentos e, principalmente, depoimentos que fizesem deste livro um sucesso de vendas.

O Nota PE é exibido toda quinta-feira no portal LeiaJá. A apresentação é de Cristiano Ramos e a realização é uma parceria entre o portal e o blog Nota PE.

 

 

O programa NotaPE recebe a professora e ensaísta Cláudia Cordeiro, que fala sobre as relações entre literatura e tecnologia. No próximo programa, continuaremos a conversar com ela, que trará depoimento sobre o poeta Alberto da Cunha Melo, que, se vivo, completaria 70 anos. 

E fique ligado, toda quinta-feira tem NOTA PE no portal LeiaJá. A apresentação é de Cristiano Ramos e a realização é uma parceria do Portal com o blog Nota PE.

O programa Nota PE continua a conversa com o professor e crítico Anco Márcio Tenório Vieira, que fala sobre Gilberto Freire, Hermilo Borba Filho e Machado de Assis.

Confira também a primeira parte da entrevista

E fique ligado, toda quinta-feira tem NOTA PE no portal LeiaJá. A apresentação é de Cristiano Ramos e a realização é uma parceria do Portal com o blog Nota PE.

 

O programa Nota PE recebe o professor e crítico Anco Márcio Tenório Vieira, que  fala sobre Gilberto Freire, Hermilo Borba Filho e Machado de Assis.

E fique ligado, toda quinta-feira tem NOTA PE no portal LeiaJá. A apresentação é de Cristiano Ramos e a realização é uma parceria do Portal com o blog Nota PE.

 

Toda época elege suas posturas politicamente incorretas. Por muito tempo, ser liberal e contestador garantia lugar nas listas negras. Agora, ser conservador é a escolha arriscada. Em muitos círculos, não há espaço para religião, posições políticas moderadas ou desconfiança estética com as novidades, por exemplo. Mesmo o escritor Gilvan Lemos pode se tornar alvo das lentes mais severas.

Todos estão sujeitos a responder pelas suas declarações, naturalmente. As personalidades públicas, então, sabem que a liberdade de opinar implica possibilidade de ser interpretado – mal ou bem – e criticado. Acredito, porém, que cada caso é um caso. Em alguns, podemos refletir tantinho mais, enriquecer as discussões. É assim com Gilvan.

Aos 83 anos, esse escritor nascido em São Bento do Una, autor de romances como O anjo do quarto dia e A lenda dos cem, tornou-se assunto até nas redes sociais. Reverberaram bastante suas declarações depreciativas sobre a literatura contemporânea, sobre a suposta ditadura editorial das invencionices, das narrativas curtas, dos textos escritos por homossexuais, blogueiros etc. Entre as coisas verdadeiramente ditas por ele e as atribuídas, ficou um balaio sem critério aparente, senão o de que nenhuma dessas esferas combina mesmo com Gilvan Lemos.

Apóiem ou repudiem as assertivas (até as falsas), faz parte. Sem, no entanto, tirarem de Gilvan os direitos de prosseguir sendo quem é, de ter suas convicções, de viver e morrer com elas. Seus princípios têm razão de ser, que em nada são banais. Não se trata de simples turrice,  

Menino de interior, não terminou os estudos, aprendeu a escrever sozinho, evoluiu quase que completamente de maneira intuitiva. Rapaz de timidez castradora, solitário, ele arranjou emprego público onde sobreviver (e, de certa forma, esconder-se).

Apesar de tudo, foi autor muito bem aceito no início da carreira, juntou elogios de peso, virou leitura obrigatória em vestibulares. Depois é que foi sendo gradativamente esquecido pelo mercado e pela mídia nacionais. Isso quando progredia de maneira comovente, pois Morcego Cego (Record, 1998) foi o supremo e mais belo esforço de Gilvan em apreender os movimentos literários de nosso tempo. Tempo que não é, nunca foi, e jamais será o dele.

De tão inábil com lobby, estranho às rodas de influência e de autolegitimação, Gilvan nem devia ter se candidatado à Academia Pernambucana de Letras, senão quando esta resolvesse recebê-lo de braços abertos, sem a necessidade de campanha, de disputa. Resultado foi que, na primeira tentativa, perdeu para um quase desconhecido escritor. Mais que isso: recebeu somente um voto. Precisou esperar até 2011 para que a instituição reparasse a “injustiça”.

Tudo explicado, estou para defender a tese de que Gilvan Lemos já transcendeu demais. Lutou e até venceu (espantosamente) diversas e desmedidas batalhas. Seria cruel cobrá-lo que fique entre as cordas por mais 5, 10 ou 15 rounds. Quase um E.T. vivendo na pele de um pacato morador da Boa Vista, foi humilde suficientemente para apanhar e se aperfeiçoar com as quedas. Conseguiu também deixar de ser tão bicho do mato, fez mais que os cinco amigos com quem convivia nos bancos da Livro 7 e da Nossa Livraria; concedeu entrevistas, foi a eventos, circulou. Daí as polêmicas aumentarem.

Seus mais recentes momentos no ringue têm sido de resistência aos problemas de memória. A idade o deixou tão, mas tão esquecido, que precisou optar por narrativas curtas.

Esse escritor, desmemoriado e memorável, possui direito de sentar na arquibancada, de resmungar, de reclamar das lutas que atualmente são travadas por jovens autores. Há muita estrada corrida, conquistou o privilégio de não pagar ingresso, de gastar seu tempo sentado ao lado dos poucos (mas antigos e fiéis) amigos, atirando para cá e acolá.

Gilvan, força da natureza que foi muito além do que pareciam ser limites instransponíveis. Gilvan, que, das tripas coração, correu atrás e subiu em bondes diversos, fez-se contemporâneo de pelo menos duas gerações na literatura brasileira. Gilvan Lemos que, se não assoma antenado, afinado com nossas demandas, merece compreensão, generosidade e reconhecimento.

Se os leitores me tomam por equivocado, azar. Sou e serei pelos direitos de Gilvan, assumo partido mesmo. Melhor assim. Meu coração pede, minha memória embasa, minha consciência dorme sono de uns trezentos justos.

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