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A polícia australiana disse nesta sexta-feira (11) que hackers russos estavam por trás de um ataque a uma grande empresa de seguros do país que levou ao roubo de dados médicos de 9,7 milhões de pessoas.

Hackers começaram a espalhar os dados roubados depois que a Medibank, a principal seguradora do país, se recusou a pagar o resgate de quase 10 milhões de dólares exigido.

"Acreditamos que a Rússia é responsável pelo ataque", disse o comissário da Polícia Federal Australiana, Reece Kershaw.

"Nossa inteligência aponta para um grupo de cibercriminosos vagamente afiliados que provavelmente são responsáveis por grandes ataques em todo o mundo", acrescentou.

Os hackers começaram a postar partes das informações roubadas em um fórum da dark web, com foco particular no comprometimento de dados relacionados ao vício em drogas, abuso de álcool ou doenças sexualmente transmissíveis.

Kershaw disse que a polícia australiana buscará cooperação com seus colegas na Rússia. "Vamos conversar com as forças de segurança russas sobre esses indivíduos", explicou.

O comissário apontou que eles sabiam as identidades dos cibercriminosos, mas não quis revelá-las.

Analistas de segurança cibernética apontaram que o ataque pode estar ligado ao grupo russo REvil, supostamente desmantelado pelas autoridades russas este ano.

Kershaw disse que a polícia está tomando "medidas secretas" para levar os agressores à justiça.

"Para os criminosos, sabemos quem vocês são", disse ele. "A Polícia Federal Australiana tem algumas vitórias significativas quando se trata de trazer criminosos estrangeiros para a Austrália para enfrentar o sistema de justiça", enfatizou.

A secretária do Interior, Clare O'Neil, disse na quinta-feira à noite que as pessoas "mais inteligentes e rigorosas" do país estavam trabalhando para encontrar os responsáveis.

Em uma resposta na manhã desta sexta-feira na dark web, os cibercriminosos repetiram sua ameaça.

"Sempre mantemos nossa palavra... Temos que publicar esses dados porque ninguém acreditará em nós no futuro", escreveram.

A Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) confirmou que ocorreu uma segunda rodada de vazamentos de informações do seu banco de dados médicos de 25 atletas. No primeiro caso, na última terça-feira (13), os alvos foram competidoras norte-americanas, como a ginasta Simone Biles e a tenista Venus Williams.

Com a nova revelação, já são 29 casos de registros de "Utilização Terapêutica" que permitem aos atletas o uso de substâncias proibidas que passam a ser liberadas em razão de necessidades médicas. Não há qualquer sugestão de que qualquer dos atletas quebrou quaisquer regras. As substâncias identificadas nos vazamentos são, em geral, medicamentos anti-inflamatórios e de tratamentos para a asma e alergias.

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A última rodada de vazamentos identificou dez atletas dos Estados Unidos, cinco da Alemanha, cinco da Grã-Bretanha, e um da República Checa, Dinamarca, Polônia, Romênia e Rússia, cada.

Entre eles está o britânico Chris Froome, dono de três títulos da Volta da França, que disse não ver "nenhum problema" no vazamento dos seus dados por um ataque criminoso de um grupo hacker russo. "Eu tenho discutido abertamente minhas AUT (autorizações de utilização terapêutica) com a imprensa e não tenho problemas com o vazamento que confirma minhas declarações", disse Froome.

Também vazaram detalhes de medicação para a asma usado por Bradley Wiggins, um outro vencedor britânico da Volta da França e dono de cinco medalhas de ouro olímpicas. "Não há nada de novo aqui", afirma um comunicado emitido em nome de Wiggins.

"Todo mundo sabe que Brad sofre de asma; seu tratamento médico é aprovado pela BC (Federação de Ciclismo da Grã-Bretanha) e a UCI (União Ciclística Internacional)". A declaração em nome da Wiggins disse que o vazamento foi "uma tentativa de minar

a credibilidade da Wada".

A Wada confirmou que o grupo hacker russo conhecido "Fancy Bears" que teve acesso aos dados médicos confidenciais."A Wada é muito consciente de que este ataque criminoso, que até a data tem imprudentemente exposto dados pessoais de 29 atletas, vai ser muito doloroso para os atletas que foram alvos e causam apreensão para todos os atletas que estavam envolvidos nos Jogos Olímpicos Rio-2016", disse, em um comunicado, o diretor-geral da Wada, Olivier Niggli.

"Para aqueles atletas que têm sido impactados, lamentamos que criminosos tentem manchar suas reputações dessa maneira; e, garantimos que temos recebido informações e feito consultas para aplicação da lei no mais alto nível e atuado com agências de segurança de TI que estamos colocando em ação".

Niggli disse que a Wada "não tem dúvida de que esses ataques em curso estão sendo realizados em retaliação contra a agência, e o sistema antidoping global" por causa de investigações independentes que expuseram o esquema de doping com participação estatal da Rússia.

No mês passado, hackers obtiveram uma senha da corredora russa Yuliya Stepanova, uma delatora e testemunha-chave para as investigações da Wada. Ela e seu marido, um ex-dirigente da agência antidoping da Rússia, agora estão vivendo em um local secreto na América do Norte. "Nós vamos continuar falando ao mundo sobre o doping no esporte de elite", disse o Fancy Bears nesta quinta-feira. "Fiquem atentos para novos vazamentos".

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