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Em julgamento no Plenário virtual do Supremo Tribunal Federal, seis ministros já votaram para absolver, por 'não existir prova suficiente para a condenação', o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e o ex-diretor de Novos Negócios da Petroquisa Djalma Rodrigues de Souza das acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostas propinas de R$ 300 mil da UTC Engenharia.

Os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes acompanharam o voto do relator, Edson Fachin. A análise do caso teve início na sexta-feira, 8, e o julgamento está previsto para terminar na próxima quarta-feira, 20.

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Até o momento, o placar é de 6 a 0 no sentido de julgar improcedente a denúncia em que a Procuradoria-Geral da República narrou supostos crimes cometidos entre meados de 2009 e setembro de 2010. Ainda não apresentaram seus votos os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso, Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

De acordo com a denúncia da PGR, a propina de R$ 300 mil teria sido paga pelo então presidente da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, 'com a finalidade de beneficiar a empreiteira em contratos para obras nas empresas Coqueper/Coquepar'.

A Procuradoria disse que o 'objeto das tratativas' seriam a construção de três unidades de processamento de coque (resíduo de craqueamento do petróleo) nos Estados do Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco, 'sendo que, na condição de conselheiro da empresa Petrocoque S/A e de gerente-executivo da Petrobras S/A, Djalma Rodrigues de Souza demonstrou ter influência e comando sobre tal investimento'. Segundo o Ministério Público Federal, o valor que teria sido solicitado inicialmente por Eduardo da Fonte variou de R$ 500 mil a R$ 600 mil'.

A PGR narrou que parte do montante, R$ 100 mil, foi paga em espécie enquanto o restante, R$ 200 mil, foi entregue mediante doações feitas pela UTC ao diretório do PP em Pernambuco, repassadas à campanha de Eduardo da Fonte à Câmara dos Deputados em 2010.

Ainda de acordo com a acusação, parte da suposta doação eleitoral, R$ 150 mil, teria sido redirecionada por Eduardo da Fonte à campanha de Érico Tavares de Souza, sobrinho de Djalma Rodrigues e então candidato a deputado estadual em Pernambuco pelo PTC.

Em seu voto, Fachin ponderou que não foram encontrados, no conjunto probatório apresentado pela PGR, 'elementos de corroboração' que confirmassem as delações que implicavam Fonte e Souza. Os parlamentares foram citados nos depoimentos de Ricardo Ribeiro Pessoa e Walmir Pinheiro Santana, respectivamente o presidente e o diretor financeiro da UTC Engenharia, à época.

"O conjunto probatório produzido nos autos é vacilante na missão de confirmar a versão acusatória, restando dúvidas não suplantadas pelo órgão acusatório acerca da efetiva reunião entre os denunciados e o colaborador Ricardo Ribeiro Pessoa", ponderou Fachin ao avaliar as acusações de corrupção passiva.

Nessa linha, o relator da Operação Lava Jato no Supremo apontou que seria 'imperiosa' a aplicação do princípio 'in dubio pro reo' - quando em casos de 'dúvida', se favorece o réu - ao caso sob análise.

Já com relação às imputações de lavagem de dinheiro, o ministro ponderou que, uma vez ausente a comprovação da ocorrência do crime antecedente, de corrupção passiva, esvazia-se a configuração da acusação de dissimulação de valores.

COM A PALAVRA, OS ABSOLVIDOS

Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com Eduardo da Fonte e Djalma Rodrigues de Souza, mas sem sucesso. O espaço está aberto a manifestações.

As investigações sobre a existência de um suposto esquema de corrupção na Petrobras avançam sobre o segundo escalão da empresa. Ex-parceiro do delator da Operação Lava Jato Paulo Roberto Costa na área de Abastecimento da companhia, Djalma Rodrigues foi afastado na última sexta-feira, 20, da gerência geral de Participações Petroquímicas da empresa.

Em 2005, o executivo chegou a ser indicado pelo PP para assumir a diretoria "que fura poço", segundo palavras do então presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, que almejava para a cota do partido o comando da diretoria de Exploração e Produção (E&P). O setor concentra o maior orçamento da estatal.

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A saída de Rodrigues é a segunda baixa no corpo gerencial desde que Aldemir Bendine assumiu a presidência da Petrobrás, há 45 dias, no dia 9 de fevereiro. O primeiro corte aconteceu na última quinta-feira, 19, quando Wilson Santarosa, ligado ao PT, foi destituído do cargo de gerente executivo da Comunicação Institucional da empresa.

No dia seguinte, foi a vez da estatal afastar o afilhado político do mesmo partido que o do delator da Lava Jato, o PP. Rodrigues e Costa trabalharam juntos até 2000 na extinta Gaspetro, que cuidava dos negócios de gás da estatal, e na TBG, empresa responsável pelo transporte de gás natural boliviano até o Brasil. Na época, Costa era subordinado a Rodrigues. A situação se inverteu em 2003, quando Costa assumiu a diretoria de Abastecimento da petroleira e Rodrigues passou a ser chefiado por ele.

Já em 2005, a indicação de Rodrigues ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a diretoria de E&P foi motivo de escândalo na imprensa. Cavalcanti veio a público dizer que almejava a diretoria da estatal "que fura poço e acha petróleo", que responde por cerca de 70% do investimento total da petroleira.

As intenções do então presidente da Câmara foram frustradas pela presidente Dilma Rousseff, que, naquele ano, era ministra de Minas e Energia e optou por manter no cargo Guilherme Estrella, ligado ao PT. Em compensação, foi dada a Rodrigues a diretoria de Novos Negócios da Petroquisa, comandada por Graça Foster, que, sete anos depois, ocuparia a presidência da Petrobrás por indicação da presidente Dilma.

Na época, Rodrigues negou qualquer relação política com Cavalcanti, afastado do Congresso após ser acusado de participação em um esquema de corrupção, o mensalinho, na Câmara. Na época, o ex-gerente da Petrobrás, afirmou que o ex-parlamentar o procurou apenas por terem nascido no mesmo estado.

Procurada, a Petrobras informou apenas que "funções gerenciais não são permanentes, sendo, portanto, de livre nomeação a qualquer momento".

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