Tópicos | Eliud Kipchoge

Três semanas após o anúncio de restrições aos tênis tecnológicos, o queniano Eliud Kipchoge saiu em defesa do calçado que lhe ajudou a se tornar o primeiro homem a completar a maratona em menos de duas horas. E rebateu as críticas ao evento, não oficial, em que obteve a incrível marca de 1h59min40, em Viena, na Áustria, em outubro passado.

"Os tênis que eu utilizei em Viena são os corretos. Não vejo nada demais e nenhum motivo para concentrarmos nossa atenção nos tênis", disse o queniano de 35 anos, em Berlim, em evento do prêmio Laureus, o "Oscar do esporte".

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Na capital austríaca, ele calçou o protótipo da Nike batizado de AlphaFly. Segundo especialistas, este modelo e outros similares, de outras fabricantes, poderiam dar um ganho de desempenho de até 4%.

Preocupada com estes novos tênis, a World Athletics (a federação internacional de atletismo) impôs seguidas restrições aos modelos, principalmente em razão do feito obtido por Kipchoge. O recorde, contudo, não foi homologado por não se tratar de competição oficial e por contar com condições favoráveis, incomuns em corridas do tipo, como "coelhos" ao longo de todo o trajeto de 42,195km.

"O que eu fiz em Viena não foi uma simulação, como se fosse uma máquina. Eu baixei o tempo para menos de duas horas correndo toda a distância. É um erro dizer que foi simulado. Antes ninguém havia corrido uma maratona em menos de duas horas. Deveríamos estar comemorando que um ser humano conseguiu este feito", rebateu Kipchoge, elevando o tom de voz, diante dos jornalistas em Berlim.

De fala calma e semblante tranquilo, o maratonista preferiu valorizar a conquista. "Aquele evento de Viena foi mais do que uma corrida, foi uma disputa contra o relógio. O que mais me lembro é cruzando a linha de chegada e vendo o tempo que marquei. Era o meu sonho e ele se tornou realidade", recordou.

Antes do feito, Kipchoge já era um atleta reconhecido mundialmente. Seu currículo é vasto. Ele, inclusive, foi campeão olímpico na maratona dos Jogos do Rio-2016. "Minhas melhores memórias do Rio foi durante a cerimônia de premiação. Parecia que todos estavam cantando o hino do Quênia. Foi muito legal e barulhento. Eu achava que aquelas 90 mil pessoas que acompanharam a corrida eram todas quenianas", lembrou.

Antes de se destacar na maratona, ele brilhava nos 5.000 metros. Nesta prova, foi medalhista de prata em Pequim-2008 e bronze em Atenas-2004. Além disso, tem um título mundial em Paris-2003 nesta mesma distância.

Atual campeão olímpico da maratona, ele já confirmou presença na Olimpíada de Tóquio, em julho. "Vou fazer o meu melhor lá. Mas acredito que todos os grandes atletas, principalmente da África e da América, vão fazer o mesmo. Será uma competição bem difícil", projetou o queniano, que não foi premiado no Laureus, na Alemanha.

Na categoria em que competia, a de Melhor Atleta Masculino de 2019, houve um empate entre o piloto britânico Lewis Hamilton e o atacante argentino Lionel Messi. Eles dividiram o prêmio, em resultado incomum na história do Laureus.

O queniano Eliud Kipchoge entrou para a história do esporte no domingo ao bater o recorde mundial da maratona. Ele percorreu os 42.195 metros da prova em Berlim com o tempo de 2h01min39. O atleta pode ser comparado a outras lendas do esporte, como Usain Bolt, o maior velocista da história, ou Michael Phelps, maior nadador de todos os tempos. Claro que a quantidade de conquistas é menor, até pelo tipo de competição que disputa. Mas Kipchoge sabe que tem tudo para ampliar marcas e recordes. Nesta entrevista exclusiva ao Estado, ele conta como foi que conseguiu a façanha e admite ser possível superar a barreira das duas horas na prova.

Você quebrou o recorde mundial da maratona. Ficou surpreso com o tempo que fez?

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Eu me senti ótimo, mas realmente fiquei surpreso ao chegar em 2h01min39. Sabia que tinha chance de bater eventualmente o recorde mundial, mas não imaginava que seria tão rápido assim.

É a realização de um sonho?

Com certeza. Esperava bater o recorde, mas não imaginava que o cronômetro chegasse nas duas horas e um minuto. Eu apenas esperava poder correr abaixo de 2h02min57s, que era a antiga marca da prova.

Uma de suas características é estar sempre sorrindo, mesmo correndo sob pressão e fazendo esforço. Como consegue isso?

Maratona é a minha vida. E se você realmente quer ser feliz, então tem de aproveitar a vida. É por isso que sorrio, porque gosto de correr a maratona.

Qual foi a sua estratégia para a Maratona de Berlim?

Tinha um plano simples: manter um ritmo alto e correr a primeira metade entre 61 minutos e 61 minutos e 15 segundos (correu em 61min06). Fiz isso.

Todo maratonista sonha em derrubar a mítica barreira das duas horas na prova. Seu tempo ainda está acima disso. Acha que um dia vai conseguir o feito?

Não existe uma ciência de foguetes para quebrar essa barreira. Você simplesmente tem de acreditar que pode e necessita de um grande time que acha que seja possível. É preciso ter calçados perfeitos e também você precisa ser mais forte do que qualquer outro corredor. Então tudo é possível.

No ano passado existia uma grande expectativa de que você pudesse bater o recorde nessa prova, mas não deu. Dá para comparar com a edição deste ano?

Há tempos venho gostando da Maratona de Berlim, mas no ano passado o tempo na cidade estava ruim. Este ano o clima foi ótimo. Tanto que é meu lugar favorito para correr, pois é plano e uma prova rápida.

Como foi a reação do público ao acompanhar você na disputa?

As pessoas foram incríveis. Sem os torcedores aplaudindo, teria sido muito mais difícil no final. O apoio era como música para os meus ouvidos.

Logo no início você deixou os rivais para atrás, imprimindo um ritmo forte. Esperava isso?

Eu não pensava nos meus concorrentes, a única coisa em que me concentrava era no ritmo que queria correr. Estava sozinho nos últimos 17 quilômetros, mas não pensei sobre isso. Meu foco era que tinha de manter as passadas até o último quilômetro da corrida.

Durante a maratona, em que momento se deu conta de que poderia bater o recorde mundial?

Eu tinha certeza de que seria capaz de fazer um novo recorde depois de 30 quilômetros de prova.

Muito se comenta do tênis que foi desenvolvido com sua ajuda. Isso contribuiu para você ser mais rápido ainda?

Na verdade, o calçado serve para todos os corredores, não só para mim. Testei e a Nike aceitou meu feedback. Contribuí para fazer um tênis mais rápido do que qualquer outro já idealizado. Mas ainda é o atleta que tem de correr rápido.

Quais são as características que um corredor precisa ter para disputar uma maratona?

Treinamento estável e consistente, paixão e autodisciplina, que é manter o foco e viver uma vida simples.

Você acha que pode correr mais rápido ainda?

Nenhum humano é limitado. Tudo é possível, e os recordes estão aí para serem quebrados.

Você ganhou a medalha de ouro olímpica nos Jogos do Rio. Agora quebrou o recorde mundial da maratona mundial. Quais são seus próximos passos?

Meus planos são um pedaço de papel em branco. Normalmente passo por um objetivo de cada vez. O plano era correr em Berlim. Vou dedicar um tempo para me recuperar do desgaste. Tenho família, então quero passar um tempo com eles. Também gosto de ler. Isso é o que me mantém feliz quando estou em recuperação.

Você vai disputar os Jogos Olímpicos em Tóquio, em 2020?

Continuarei correndo e tentando ser bem-sucedido. Nunca pensei em me aposentar.

O fundista queniano Eliud Kipchoge venceu a Maratona de Berlim, realizada neste domingo, e quebrou o recorde mundial da competição. O tempo do competidor foi de 2h1min39s. Entre as mulheres, a vencedora foi a também queniana Gladys Cherono, com a marca de 2h18min11s.

"Minha única palavra é 'obrigado!'", disse Kipchoge logo depois de cruzar a linha de chegada. O atleta conseguiu desgarrar do pelotão de líderes antes da primeira hora de corrida e manteve um ritmo forte até o fim.

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"Foi difícil correr sozinho, mas tinha confiança, disse que ia correr minha própria prova, seguindo meu plano, e tinha confiança", explicou o queniano, novo recordista mundial da maratona.

Também do Quênia, Amos Kipruto ficou em segundo lugar na prova deste domingo, enquanto Wilson Kipsang foi o terceiro. As competidores Ruti Aga e Tirunesh Dibaba, ambas da Etiópia, ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, na prova feminina.

Kipchoge superou a marca do queniano Dennis Kimetto, o recordista mundial anterior, que terminou a Maratona de Berlim em 2h02:57, na edição de 2014. Kipchoge, aos 33 anos, já havia vencido a prova na capital alemã, em 2015 e 2017, e acumula três medalhas de ouro olímpicas - ouro em 2016, na maratona, prata em 2008, na prova de 5 mil metros, e bronze em 2004, também nos 5 mil metros.

O queniano Eliud Kipchoge desperdiçou uma chance incrível neste domingo. Exibindo forte ritmo ao longo de toda a Maratona de Londres, o atual campeão perdeu a chance de bater o recorde mundial ao reduzir o ritmo nos 12 quilômetros finais. Ele cruzou a linha de chegada apenas oito segundos acima da grande marca. Como consolo, comemorou o bicampeonato da prova.

"Eu percebi que estava correndo na marca do recorde mundial durante os 30 quilômetros, mas entre o 30º e o 40º quilômetro eu perdi uns 20 segundos", lamentou o Kipchoge, que completou os 42 quilômetros e 195 metros em 2h03min05s - o recorde é de 2h02min57s, de 2014, e pertence ao seu compatriota Dennis Kimetto. "O recorde pode ficar para a próxima. Estou feliz por ter corrido no ritmo do recorde."

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Mesmo sem recorde, Kipchoge pode valorizar sua vitória em razão do alto nível apresentado pela prova. Alguns dos melhores maratonistas da atualidade estavam na disputa. A começar por Girmay Ghebreslassie, atual campeão mundial da prova. O corredor da Eritreia foi o quarto colocado, com o tempo de 2h07min46s.

O próprio Dennis Kimetto, atual recordista mundial, estava na disputa. E não passou do 9º lugar, com 2h11min44s. O também queniano Wilson Kipsang, que tinha a marca mundial até ser superado por Kimetto, foi o quinto colocado, com 2h07min52s.

Outro destaque foi o etíope Kenenisa Bekele, atual recordista mundial das provas de 5.000 e 10.000 metros. Dono de quatro medalhas olímpicas, sendo três delas de ouro, ele ficou em terceiro lugar neste domingo, com o tempo de 2h06min36s. O segundo posto foi obtido pelo queniano Stanley Biwott, dono de vitórias nas Maratonas de Paris e Nova York, com 2h03min51s.

No feminino, a queniana Jemima Sumgong, de 31 anos, surpreendeu ao chegar em primeiro lugar neste domingo. Ela faturou sua primeira grande vitória entre as principais maratonas do mundo mesmo depois de sofrer uma queda quando faltavam apenas seis quilômetros para encerrar a prova.

Ela completou a maratona londrina com a marca de 2h22min58s, superando a atual campeã, a etíope Tigist Tufa, que ficou em segundo lugar, com 2h23min03s. A queniana Florence Kiplagat cruzou a linha de chegada em terceiro, com 2h23min39s.

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