Tópicos | espionagem internacional

O Brasil receberá, em abril, uma reunião multisetorial global sobre governança da internet, a ser realizada em São Paulo. O evento vem depois que a presidente Dilma Rousseff fez severas críticas, na abertura da Assembleia Geral da ONU, à espionagem internacional praticada pelos Estados Unidos.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, essa é uma das iniciativas a fim de promover um debate sobre a privacidade virtual e a soberania das nações. "Esse será um marco no tratamento internacional de assuntos relacionados à internet, sempre em busca da garantia da liberdade de expressão na internet e proteção dos direitos individuais e dos países", frisou ele, que destacou que o encontro contará com representantes governamentais e lideranças da sociedade civil.

##RECOMENDA##

Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o ministro também comentou o interesse do Brasil em ter um assento no Conselho de Segurança da ONU, após a reformulação do colegiado. "Em 1945, quando o Conselho foi criado, o mundo era outro. Países como a Índia nem sequer eram independentes e estruturados. Alemanha e Japão, por exemplo, estavam destruídos pela guerra e hoje são grandes atores internacionais.  A estrutura do Conselho reflete o mundo de 70 anos atrás", ressaltou

Segundo ele, essa necessidade de mudança tem sido percebida por outras nações e pela própria ONU. "Não é apenas o Brasil que está querendo discutir essa reformulação, mas a ONU que está discutindo isso ultimamente. Na última assembleia, houve inclusive avanços para a aceleração desse processo e o reconhecimento de que o Brasil tem parte importante nesse debate", disse.

O chanceler também afirmou que está empenhado em garantir que outras instituições de governança internacional sejam atualizadas, para que tenham mais representatividade.

Ele não quis comentar o caso da médica cubana que deixou o programa Mais Médicos e pediu refúgio no Brasil. "O ministro da Justiça já deu todos os esclarecimentos sobre isso". A médica Ramona Rodriguez estava abrigada na sede do partido Democratas, em Brasília, depois de abandonar o trabalho no Pará. Ela disse ter sido "enganada pelo governo cubano" e estar recebendo apenas R$ 900 pelo trabalho no Brasil.  

O partido entrou com pedido de refúgio no Ministério da Justiça. Enquanto o requerimento é julgado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ela poderá permanecer no Brasil e ter assegurados os mesmos direitos que qualquer cidadão brasileiro.

Esporte

Sobre a diplomacia envolvida com a realização de megaeventos esportivos, o Itamaraty ampliou o atendimento para dar conta da demanda de torcedores que sinalizam o interesse de vir ao país para assistir aos jogos. "Estamos fazendo a concessão de vistos temporários especiais, emitidos de forma gratuita por nossas embaixadas e consulados no exterior", explicou.

Nos últimos anos, inclusive, o contingente de estrangeiros atraídos para eventos esportivos cresceu com a realização dos Jogos Pan-Americanos (2007), Jogos Mundiais Militares (2011) e Copa das Confederações (2013), servindo de experiência para a organização do atendimento na Copa do Mundo (2014), nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (2015), nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016, e Jogos Universitários Mundiais em 2019. "Esses megaeventos são poderosos aliados no combate a qualquer tipo de discriminação e promoção da paz", considerou.

Ele ressaltou que, durante a Copa do Mundo, o Itamaraty atuará nas 12 cidades-sede e cidades que terão centros de treinamento. "A ideia é que haja sempre uma unidade do Itamaraty nessas cidades, como instrumento que sirva de enlace entre as delegações estrangeiras e um ponto de apoio para eventuais casos de assistência consular", explicou.

Auxílio aos brasileiros

Com o aumento do fluxo de brasileiros para morar no exterior e de viagens de turismo e de negócios, cresceu também o contingente de atendimento nas representações brasileiras em outros países. Segundo o ministro, o Itamaraty tem feito "esforços crescentes para atender bem os brasileiros, que são a nossa prioridade, ainda que muitas vezes haja recursos limitados, mas temos contado com o reconhecido empenho de nossos funcionários".

Em 2013, os 182 consulados e setores consulares e embaixadas processaram mais de 275 mil documentos de viagem, 550 mil vistos e mais 800 mil atos notariais e de registro civil.

Haiti

Neste ano, o Brasil completa de anos de atuação na Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah, sigla em francês). Atualmente, há 1430 soldados e 10 policiais brasileiros no país. Segundo Figueiredo, a permanência das tropas no país depende do desejo do governo haitiano de uma avaliação periodicamente feita pela ONU. "Já uma sinalização da ONU quanto à redução do efetivo no Haiti. Estamos em processo de redução sempre muito afinados com essa avaliação da ONU".

Edward Snowden, o ex-analista de segurança da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, está convencido de que o governo americano quer matá-lo - é o que ele diz em entrevista a um programa de televisão alemão, que será exibido na noite deste domingo.

Esta é a primeira entrevista filmada que o ex-analista concede desde que ele deixou Hong Kong em junho de 2013 para se refugiar na capital russa, onde vive atualmente. "Estas pessoas, e são funcionários do governo, disseram que gostariam de colocar uma bala na minha cabeça ou me envenenar na saída de um supermercado", explica Snowden, segundo a dublagem em alemão de suas falas, num trecho divulgado pelo canal estatal ARD.

##RECOMENDA##

Para justificar seu medo, Snowden se baseia num artigo divulgado na semana passada pelo site de informações BuzzFeed, intitulado "Espiões americanos querem a morte de Edward Snowden". O artigo citava, sob anonimato, um funcionário do Pentágono: "Adoraria meter uma bala na sua cabeça". "Num mundo onde não houvesse restrição para matar um americano, eu iria lá e o mataria eu mesmo", disse outro analista da NSA.

Na última terça-feira, o advogado russo de Edward Snowden, Anatoli Kucherena, afirmou que o ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana teme por sua vida após ter sido ameaçado por líderes americanos.

Uma entrevista de cerca de trinta minutos deve ser divulgada neste domingo às 20hh (horário de Brasília) no canal público alemão ARD. Os primeiros trechos da conversa devem ser exibidos um pouco mais cedo, durante o programa do popular comentarista Günther Jauch. A entrevista foi feita por um jornalista da emissora, e foi gravada nesta semana em Moscou.

Snowden, que chegou no final de junho à Rússia, onde obteve asilo provisório, vazou para a imprensa milhares de documentos sobre o vasto programa americano de espionagem, desencadeando um escândalo internacional.

A espionagem internacional continuará sendo foco de discussões em 2014 na Câmara de Deputados. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional irá ouvir novamente o jornalista do jornal britânico “The Guardian”, Glenn Greenwald, responsável por divulgar dados secretos coletados pelo ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Edward Snowden.

No ano passado, o jornalista denunciou vários casos de monitoramento virtual em todo o mundo. No Brasil, até a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras foram alvos do esquema. A notícia causou mal estar entre as autoridades de vários países e motivou, inclusive, o cancelamento de uma visita oficial que Dilma faria aos Estados Unidos.

##RECOMENDA##

Numa audiência pública conjunta da Câmara e do Senado, em agosto do ano passado, Greenwald, garantiu que muitos outros documentos ainda serão divulgados. "Tudo o que já foi publicado é uma parte muito pequena perto de todas as informações que tenho".

Segundo ele, Snowden repassou um montante que pode chegar a 20 mil documentos. E apenas uma pequena parte desses já foi divulgada. "Preciso de muito tempo para ler e entender tudo. Algumas vezes, preciso ler umas sete vezes para entender e até consultar peritos", explicou. "Com certeza, haverá muito mais informações sobre espionagem a serem reveladas, incluindo sobre como estão invadindo o sistema brasileiro", garantiu.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando