Tópicos | relações exteriores

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou para a imprensa, na quarta-feira (15), que o presidente da China, Xi Jinping, é "um ditador". A declaração foi dada momentos depois de uma reunião de Biden com o Xi que durou mais de quatro horas - a primeira conversa entre os líderes em um ano.

"É um termo que usávamos antes. Ele [Xi] é um ditador no sentido de que é um cara que dirige um país comunista, que se baseia numa forma de governo completamente diferente da nossa", respondeu Biden ao ser questionado por um repórter se ele ainda considerava Xi um ditador.

##RECOMENDA##

EUA e China concordam em substituir combustíveis fósseis aumentando as energias renováveis

A China condenou as declarações. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse: "este tipo de discurso é extremamente errado e é uma manipulação política irresponsável". "Devo salientar que há sempre pessoas com segundas intenções que tentam semear a discórdia para arruinar as relações entre os Estados Unidos e a China e, neste caso, também não terão sucesso", acrescentou o responsável.

Biden e Xi reuniram-se em São Francisco, na Califórnia, à margem de uma cimeira de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC). Ambos os líderes concordaram em restabelecer as comunicações militares em um esforço para diminuir as tensões. No encontro, os governantes também abordaram questões sobre Taiwan e chegaram a um acordo na luta contra o fentanil, no qual a China concordou em tomar medidas para reduzir a produção de ingredientes para o opioide sintético no centro de uma crise de saúde nos Estados Unidos. (Com agências internacionais).

O ataque mortal de militantes terroristas do Hamas contra Israel e a retaliação maciça provocada em Jerusalém empurraram o presidente Joe Biden para uma crise no Oriente Médio que corre o risco de se expandir para um conflito mais amplo. E o deixaram se defendendo das críticas dos rivais presidenciais do Partido Republicano de que as políticas de seu governo levaram a esse momento.

A possibilidade de prolongamento e de expansão da violência pode testar a liderança de Biden tanto no cenário mundial quanto em seu próprio país, à medida que ele tenta navegar entre a demonstração de um apoio inabalável a Israel e a promoção de uma paz mais ampla no conflituoso Oriente Médio, onde militantes simpáticos não demoraram a elogiar em alto e bom som a ação do Hamas. Centenas de pessoas foram mortas em ambos os lados.

##RECOMENDA##

O grupo libanês Hezbollah saudou o ataque como uma resposta aos "crimes israelenses". O grupo apoiado pelo Irã, que tem objetivos semelhantes aos do Hamas para a destruição do Estado israelense, disparou foguetes e projéteis no domingo contra três posições israelenses, atraindo uma resposta dos militares de Israel com drones armados. Um conselheiro sênior do líder supremo do Irã elogiou a operação do Hamas, que disse estar pronto para uma luta potencialmente longa.

Vários candidatos republicanos à presidência em 2024 tentaram imediatamente atribuir parte da culpa a Biden. Eles tentaram vincular sua recente decisão de liberar US$ 6 bilhões em fundos iranianos bloqueados em troca da libertação de cinco americanos que haviam sido detidos no Irã ao complexo ataque de sábado por ar, terra e mar. A Casa Branca rebateu com firmeza as críticas do Partido Republicano, observando que o dinheiro descongelado no mês passado na troca de prisioneiros ainda não foi gasto pelo Irã e só pode ser usado para necessidades humanitárias.

Irã

Historicamente, o Irã tem mantido fortes laços com o Hamas palestino e o Hezbollah.

Uma autoridade sênior do governo Biden, que falou com a imprensa sob condição de anonimato, disse que era "muito cedo para dizer se o Estado do Irã estava diretamente envolvido no planejamento ou no apoio" ao complexo ataque, mas observou os profundos laços do Irã com o Hamas.

Biden e seus principais assessores passaram o sábado consultando líderes europeus e do Oriente Médio, incluindo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Em comentários perante os repórteres na Casa Branca, Biden chamou os ataques de "inaceitáveis" e prometeu que seu governo garantiria que Israel tivesse "o que precisa para se defender".

"Deixe-me dizer isso da forma mais clara possível: este não é um momento para qualquer partido hostil a Israel explorar esses ataques para obter vantagens", disse Biden.

O ataque apenas acrescenta novas complicações, já que o governo Biden e o Irã estão presos em disputas sobre o programa nuclear de Teerã. O Irã afirma que o programa é pacífico, mas agora enriquece urânio mais próximo do que nunca dos níveis de qualidade para armas. Ainda assim, o governo não perdeu a esperança de reviver um acordo intermediado durante o governo Obama (e descartado durante a Casa Branca de Trump) que aliviou as sanções ao Irã em troca de restrições ao seu programa nuclear.

As autoridades do governo Biden também têm trabalhado para intermediar a normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita, o Estado árabe mais poderoso e rico. Esse acordo tem o potencial de remodelar a região e aumentar a posição de Israel de forma histórica.

Mas a intermediação desse acordo já era vista como uma tarefa difícil, pois o reino disse que não reconhecerá oficialmente Israel antes de uma solução para o conflito israelense-palestino que já dura décadas. O novo conflito acrescenta um novo e enorme obstáculo às ambições de Biden, embora o funcionário do governo tenha dito que a Casa Branca não vê o ataque do Hamas atrapalhando o esforço.

O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita, em uma declaração, não condenou o ataque do Hamas, mas observou os "repetidos avisos do reino sobre os perigos (...) da situação como resultado da ocupação contínua, da privação do povo palestino de seus direitos legítimos e da repetição de provocações sistemáticas contra suas santidades".

Netanyahu prometeu em seu próprio discurso nacional vingar os ataques surpreendentes, prometendo "levar a luta até eles com um poder e uma escala que o inimigo ainda não conhece".

Busca por culpados

Os combatentes do Hamas levaram um número desconhecido de civis e soldados cativos para Gaza, em cenas angustiantes publicadas nas mídias sociais. Essas imagens (e o crescente número de mortos) ocorrem 50 anos e um dia depois que as forças invasoras do Egito e da Síria pegaram Israel de surpresa com o lançamento de um ataque contra país, dando início a um conflito de 19 dias - conhecido como a Guerra do Yom Kippur.

Jonathan Schanzer, analista do think-tank de Washington Foundation for Defense of Democracies, disse que Biden fez "um bom trabalho" em manter os críticos de Israel, particularmente seus colegas democratas, à distância enquanto Netanyahu buscava atingir seus objetivos militares contra o Hamas durante seu último grande conflito, uma guerra de 11 dias em 2021. Provavelmente será mais difícil desta vez.

"Haverá erros que geralmente acontecem no campo de batalha, nenhum militar é perfeito. É quando eu acho que o presidente será atacado pelo flanco esquerdo", disse Schanzer.

Alguns membros do campo republicano de 2024 foram rápidos em colocar a culpa diretamente em Biden pelo ataque do Hamas.

O ex-presidente Donald Trump acusou os EUA de serem vistos como "fracos e ineficazes" no cenário global sob o comando de Biden, abrindo a porta para a hostilidade contra Israel. O governador da Flórida, Ron DeSantis, acusou Biden de "políticas que foram brandas com o Irã" e "ajudaram a encher seus cofres". E o senador da Carolina do Sul, Tim Scott, alegou que o ataque foi "o pagamento de resgate de US$ 6 bilhões de Biden em ação", uma referência ao acordo com prisioneiros.

Os funcionários do governo Biden rebateram o argumento.

"Vamos deixar claro: o acordo para trazer cidadãos americanos do Irã para casa não tem nada a ver com o terrível ataque a Israel", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller. "Nem um centavo foi gasto e, quando for, só poderá ser destinado a necessidades humanitárias, como alimentos e remédios."

As autoridades do governo Biden não abordaram se o Irã, na expectativa de usar o dinheiro (agora mantido em bancos do Catar) para alimentos, remédios, suprimentos médicos e produtos agrícolas, pode ter desviado outros fundos para o Hamas ou outros representantes.

Em uma reunião com a equipe do Comitê de Relações Exteriores do Senado no sábado, as autoridades do governo disseram que os EUA haviam alertado o Irã "por meio de interlocutores" que o envolvimento direto na situação de Gaza colocaria em risco quaisquer iniciativas futuras que os EUA pudessem considerar com a República Islâmica, de acordo com um assessor do Congresso familiarizado com a sessão.

As autoridades não entraram em detalhes sobre quem eram os interlocutores ou quais iniciativas futuras estariam em risco, embora a vice-secretária de Estado em exercício, Victoria Nuland, e a principal diplomata dos EUA para o Oriente Médio, Barbara Leaf, tenham conversado com autoridades no Líbano sobre a situação. Algumas autoridades libanesas mantêm contato com o Irã, que apoia o grupo militante Hezbollah no país.

Outro ponto de crítica ao governo pelos republicanos é que sua decisão, logo após assumir o cargo, de reverter uma proibição da era Trump de assistência aos palestinos, incluindo civis em Gaza, pode ter ajudado a financiar a operação.

As autoridades do governo rejeitaram essa afirmação, dizendo que seus esforços para ajudar os civis palestinos em Gaza e em outros lugares não envolvem dinheiro que o Hamas possa usar ou desviar.

O líder norte-coreano Kim Jong-un está voltando para casa neste domingo, 17, vindo da Rússia, encerrando uma viagem de seis dias que gerou preocupações globais sobre acordos de transferência de armas entre dois países que possuem impasses com o Ocidente.

O trem blindado de Kim partiu ao som da canção da marcha patriótica russa "Despedida da Eslava" no final de uma cerimônia em uma estação ferroviária em Artyom, uma cidade no extremo leste da Rússia, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte, segundo a agência de notícias estatal russa RIA.

##RECOMENDA##

Altos funcionários, incluindo o ministro de Recursos Naturais da Rússia, Alexander Kozlov, e o governador regional de Primorye, Oleg Kozhemyako, estiveram presentes na cerimônia, que contou com uma banda militar russa tocando hinos nacionais norte-coreanos e russos.

Desde que entrou na Rússia na terça-feira passada, na sua primeira viagem ao exterior em mais de quatro anos, Kim encontrou-se com o presidente Vladimir Putin e visitou locais militares e tecnológicos importantes, destacando o aprofundamento da cooperação de defesa dos países frente aos confrontos cada vez mais intensos com o Ocidente.

Autoridades dos EUA e da Coreia do Sul disseram que a Coreia do Norte poderia fornecer munições extremamente necessárias para a guerra de Moscou contra a Ucrânia em troca de sofisticada tecnologia de armas russas que promoveria as ambições nucleares de Kim. Fonte: Associated Press

O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, até recentemente o principal enviado de Pequim a Washington, não é visto em público há mais de três semanas, omitindo compromissos diplomáticos importantes e alimentando especulações dentro e fora da China sobre o que aconteceu com ele. A incerteza ocorre em um momento frágil em que a China e os Estados Unidos tentam reiniciar as conversas de alto nível entre as duas potências mundiais.

A ausência de Qin foi particularmente notável em uma reunião internacional de ministros das Relações Exteriores na semana passada na Indonésia, onde ele deveria se encontrar com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. O lugar de Qin foi ocupado por Wang Yi, um membro da elite do Politburo do Partido Comunista e o principal funcionário de relações exteriores da China.

##RECOMENDA##

Wang disse a Blinken que a ausência de Qin, de 57 anos, foi por "razões de saúde", repetindo uma explicação pública dada pelo Ministério das Relações Exteriores da China, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. Wang disse a seu homólogo norte-americano que Pequim manterá canais abertos de comunicação com Washington.

Questionado sobre a ausência de Qin, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse na segunda-feira que Blinken "expressou seus melhores desejos de vê-lo em breve" durante sua reunião com Wang. Já o Ministério das Relações Exteriores da China enviou uma declaração de uma linha em resposta a um pedido de comentário: "As atividades diplomáticas da China estão avançando constantemente".

O ministro das Relações Exteriores foi visto pela última vez em 25 de junho, quando Qin se encontrou com pares do Vietnã e do Sri Lanka, além do vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Rudenko Andrey Yurevich, logo após uma rebelião armada fracassada na Rússia. Qin deveria se encontrar com o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borell, em Pequim em 10 de julho, mas o governo chinês cancelou a visita cinco dias antes sem explicação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá conversar com o rei Charles III nesta segunda-feira, 6, por telefone, confirmou a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto ao Broadcast Político há pouco. Contudo, ainda não está batido o martelo com o Palácio de Buckingham sobre o horário.

Duas fontes do governo que falaram à reportagem disseram que a expectativa é que o rei Charles III convide Lula para sua coroação, em maio.

##RECOMENDA##

O rei da Inglaterra enviou uma carta com "afetuosas felicitações" ao presidente brasileiro, entregue em 1º de janeiro pela embaixadora da nação no Brasil, Stephanie Al-Qaq. Na carta, o monarca mencionou a "amizade calorosa" e a "forte parceria entre o Brasil e o Reino Unido". Charles III disse que anseia aprofundar a relação durante o mandato de Lula.

A cidade costeira de Aqaba, no sul da Jordânia, foi a sede neste domingo de uma rara reunião de altos comissários de segurança dos Estados Unidos, Israel e Palestina, voltada a buscar meios de conter o avanço dos conflitos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém antes do início do Ramadã (mês sagrado muçulmano), no fim de março. A reunião multilateral também incluiu autoridades egípcias, segundo reportagem do The Wall Street Journal.

O ano passado foi um dos períodos mais violentos na Cisjordânia ocupada em quase duas décadas. A cooperação para a segurança entre Israel e a Autoridade Palestina se desgastou com ataques israelenses em territórios administrados pelos palestinos, que autoridades israelenses alegam ser uma resposta a ofensivas palestinas.

##RECOMENDA##

A delegação israelense incluiu o chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, o chefe do serviço de segurança interna do país e o contato do exército israelense com os palestinos. Quatro conselheiros próximos ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, também compareceram, segundo uma autoridade palestina. Hanegbi disse que "há espaço para um diálogo com os palestinos", durante conferência na semana passada em Jerusalém sobre a contenção das operações israelenses no interior das áreas palestinas.

Durante o encontro em Aqaba, dois israelenses ficaram gravemente feridos em um ataque a tiros em uma cidade palestina no norte da Cisjordânia, conforme o governo israelense. Nenhum grupo militante assumiu imediatamente a responsabilidade, mas um porta-voz do Hamas, grupo designado pelos EUA para governar Gaza, afirmou que "a resistência na Cisjordânia permanecerá e crescerá". "Nenhum plano ou cúpula pode detê-la", disse.

No sábado, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ligou para o também secretário de Defesa israelense, Yoav Gallant, e "encorajou a redução das tensões na Cisjordânia", segundo comunicado do Pentágono.

Em Aqaba, autoridades palestinas disseram que exigiriam de Israel a suspensão dos ataques militares frequentes às cidades palestinas e a interrupção da construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia.

Desde o início do ano, ao menos 60 palestinos, a maioria militantes e alguns civis, de acordo com autoridades israelenses, e dez civis israelenses e um policial, foram mortos na onda de violência na região. Grupos de oposição palestinos, incluindo o Hamas, criticaram a decisão de Abbas de participar do encontro. O partido Fatah, de Abbas, afirmou que considera a reunião necessária para "tomar decisões difíceis e assumir a responsabilidade" para evitar mais vítimas palestinas.

Fonte: Dow Jones Newswires.

Em Munique, na Alemanha, onde até este domingo (19) representa o Brasil na 59ª Conferência de Segurança, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reiterou que o Brasil não enviará munição para tanques à Ucrânia. A declaração foi feita na sexta (17) , primeiro dia do encontro, que reúne mais de 40 líderes mundiais.

Na avaliação do governo brasileiro, a medida seria entendida como uma participação do Brasil na guerra. "Em vez de participar de uma guerra, preferimos falar de paz", ressaltou o chanceler. Vieira enfatizou a disposição do país de participar de uma mediação para se chegar a uma trégua e depois negociar a paz: "O Brasil está pronto para ajudar sempre que possível", afirmou.

##RECOMENDA##

No fim de janeiro, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, visitou o Brasil, e o presidente Luz Inácio Lula da Silva propôs que o Brasil faça parte, junto com a China, de uma espécie de “clube da paz” para mediar o fim do conflito.

Na Alemanha, Mauro Vieira já teve vários encontros bilaterais com os chanceleres da Bósnia e Herzegovina, do Canadá, da Colômbia, Eslovênia, de Malta, da República Dominicana, do Reino Unido e da Suíça, bem como com o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

Criada em 1962, a Conferência de Segurança de Munique tornou-se um dos principais foros globais de discussão e reflexão sobre os desafios à paz e à segurança internacional. A agenda do ministro Mauro Vieira continua neste sábado (18), quando participa do painel Defending the UN Charter and the Rules-Based International Order, além de participar de novos encontros bilaterais.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, virá ao Brasil no próximo 30 de janeiro para se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi confirmada pelo embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms.

"Scholz e a delegação de representantes do setor econômico da Alemanha se reunirão com o presidente Lula e outros representantes do governo", escreveu Thoms, em sua conta no Twitter. Segundo ele, a visita é sinal de fortalecimento da cooperação entre o Brasil e a Alemanha.

##RECOMENDA##

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo (22) para a Argentina, em sua primeira viagem internacional no atual mandato. Em um aceno à política externa regional, Lula abre sua agenda de compromissos no estrangeiro em uma reunião de cúpula com o presidente argentino, Alberto Fernández, e com líderes dos Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), incluindo Nicolás Maduro e Miguel Diáz-Canel.

De acordo com a agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, o presidente deve partir da Base Aérea de Brasília com rumo a Buenos Aires no começo da noite deste domingo, às 18h. Os compromissos oficiais em solo argentino estão marcados para a segunda e terça-feira.

##RECOMENDA##

O encontro vem sendo descrito por Brasília como a "volta do Brasil ao mundo", como descreveu o secretário de Américas do Ministério de Relações Exteriores, embaixador Michel Arslanian Neto, em nota divulgada pelo Planalto no sábado, 21. "A escolha de um país da América do Sul passa a importante mensagem de que o país quer retomar os laços com a região, que foram negligenciados durante o governo anterior, de Jair Bolsonaro", diz o comunicado.

Pelo cronograma previsto pelo Planalto, Lula deve fazer a tradicional oferenda de flores na Plaza San Martín e, na sequência, participar de uma reunião de cúpula com Fernández na Casa Rosada. Outros compromissos, como um encontro com empresários, também estão previstos.

Na terça-feira, 23, Lula participa da 7ª Cúpula de Chefas e Chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), quando deve se encontrar com Maduro e Diáz-Canel, líderes de Venezuela e Cuba.

O Brasil retornou à Celac no dia 5 de janeiro, três anos após o ex-presidente Jair Bolsonaro deixar o grupo. O encontro entre Lula e Díaz-Canel e Maduro deve ocorrer durante a Celac.

Alguns dos temas a serem tratados na visita serão: integração energética, comércio e investimentos, ambiente, infraestrutura, defesa, desarmamento, combate a ilícitos, espaço, cultura e questões de gênero, segundo a Presidência.

Após deixar Buenos Aires, Lula segue para o Uruguai, onde deve se reunir com o presidente Luis Lacalle Pou na quarta-feira, 25, em Montevidéu, antes de retornar a Brasília.

O futuro chanceler, o embaixador Mauro Vieira, disse nesta quarta-feira, 14, que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o orientou a restabelecer as relações com a Venezuela a partir do primeiro dia do novo governo.

"Vamos enviar primeiro um encarregado de negócios para reabrir a embaixada brasileira em Caracas e pretendemos enviar um embaixador em seguida", afirmou, em entrevista coletiva no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, onde funciona o gabinete de transição.

##RECOMENDA##

O embaixador Fernando Igreja, responsável pelo cerimonial da posse presidencial, afirmou que, apesar de o presidente venezuelano Nicolás Maduro ter sido convidado para o evento, há ainda a impossibilidade do governante entrar no País, pois isso dependeria de uma autorização do atual governo, que não mantém relações com o país vizinho.

Anunciado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira, 9, como futuro ministro das Relações Exteriores, o diplomata Mauro Vieira ocupa atualmente o cargo de embaixador do Brasil na Croácia. Horas após a confirmação de seu nome, a seleção brasileira foi derrotada pelo time do país do leste europeu na Copa do Mundo, dando adeus à competição.

Vieira foi chanceler no governo Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016. Foi sucedido por José Serra (PSDB) após o impeachment da ex-presidente. Chegou à embaixada brasileira na Croácia em 2019, na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Antes, ocupou as embaixadas de Buenos Aires, entre 2004 e 2010, e a de Washington, entre 2010 e 2014.

##RECOMENDA##

O anúncio de Vieira pelo presidente eleito ocorreu antes de a seleção brasileira entrar em campo contra a Croácia no Mundial. Lula também anunciou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, para a Fazenda; o governador da Bahia, Rui Costa, para a Casa Civil; o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro para a Defesa; e o senador eleito Flávio Dino para a Justiça.

Ao retomar o comando do Itamaraty, Vieria terá a missão de recuperar a imagem do Brasil no exterior, concluir negociações de acordos em andamento, como entre Mercosul e União Europeia, e retomar posições tradicionais da política externa brasileira, a exemplo do protagonismo na diplomacia verde.

O Brasil empatou com a Croácia na prorrogação e perdeu nos pênaltis por 4 a 2 nesta quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou edital de concurso público com 34 vagas para nível superior em qualquer área. Os selecionados seguirão a carreira de diplomata, com salário superior a R$ 19 mil.

A primeira fase do concurso está prevista para ser realizada no dia 17 de abril, nos 26 estados da federação e mais o Distrito Federal, com aplicação da prova objetiva contendo 73 questões. Entre os assuntos, língua portuguesa, língua Inglesa, história do Brasil, história mundial, política internacional, geografia, economia e direito.

##RECOMENDA##

Os interessados, devem se inscrever a partir do dia 25 de fevereiro, por meio do site da banca organizadora. A inscrição custará R$ 224 e há cotas para negros e pessoas com deficiência.

Outras informações podem ser obtidas no edital

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, confirmado nesta quarta-feira (10) pelo Parlamento, apresenta seu governo, que incluirá um novo ministro das Relações Exteriores.

Em uma sessão especial do Parlamento, os legisladores confirmaram Kishida como primeiro-ministro após sua vitória eleitoral de outubro.

Kishida assumiu em setembro o posto de líder do governante Partido Liberal Democrático (PLD), depois que o antecessor, Yoshihide Suga, decidiu não disputar a reeleição.

O novo governo de Kishida, que deve ser anunciado nas próximas horas, será praticamente idêntico ao interior, com exceção do novo chefe da diplomacia, Yoshimasa Hayashi.

Yoshimasa Hayashi, que estudou em Harvard, já ocupou vários cargos importantes no governo, incluindo as pastas da Defesa e da Educação.

Ele lidera um grupo de legisladores que promove as relações Japão-China e alguns analistas o consideram um moderado nas relações com Pequim.

Hayashi substituirá Toshimitsu Motegi, nomeado secretário-geral do PLD.

O partido de Kishida e seu aliado na coalizão, Komeito, conquistaram 295 das 465 cadeiras no Parlamento nas eleições de outubro.

A prioridade do novo governo é a aprovação de um orçamento suplementar que inclua um estímulo à economia após a a pandemia.

A imprensa nipônica informa que o orçamento seria de 30 trilhões de ienes (266 bilhões de dólares) e deve incluir a distribuição de recursos para menores de idade de famílias de baixa renda.

Kishida não deve fazer mudanças significativas nas atuais políticas japonesas de economia, diplomacia e defesa. Analistas afirmam que ele representa mais continuidade que mudança.

Na contramão das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, teria mobilizado o aparato do Itamaraty para a obtenção de doses de cloroquina. Em março do ano passado, após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter comentado publicamente sobre a suposta eficácia do medicamento no combate à Covid-19, o ex-chanceler entrou em contato com a Índia, na intenção de otimizar o envio de mais doses da droga. As informações são da Folha de São Paulo.

Segundo os telegramas diplomáticos obtidos pela Folha, no dia 21 de março do ano passado, Araújo pediu que os diplomatas tentassem "sensibilizar o governo indiano para a urgência da liberação da exportação dos bens encomendados pelas empresas”. Na sequência, em 15 de abril, o ministério das Relações Exteriores pede que a embaixada da Índia faça gestões junto ao governo indiano para liberar uma carga de cloroquina comprada pela empresa Apsen, que seria enviada ao Brasil.

##RECOMENDA##

No final do mesmo mês, em 24 de abril, Araújo articulou o ministério para solicitar apoio de uma farmacêutica brasileira para conseguir importar o sulfato de hidroxicloroquina, e relata que o medicamento seria fornecido para a FURP (Fundação para o Remédio Popular), Fiocruz, LAQFA (Laboratório Químico-Farmacêutico da Aeronáutica) e Laboratório do Exército. Embora a Sociedade Brasileira de Infectologia já tivesse desaconselhado o uso da cloroquina no combate ao novo coronavírus, foram encontradas trocas de mensagens desta natureza até maio de 2020.

Ernesto Araújo pediu demissão do ministério das Relações Exteriores em março deste ano, e é um dos convocados da CPI da Covid, com depoimento marcado para esta quinta-feira (13).

Após especulações, o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi concretizado com a entrega do cargo nesta segunda-feira (29). Entre os nomes cotados para a substituição de Araújo, está o de Luís Fernando Serra, convidado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ocupar a pasta. Serra é embaixador do Brasil na França e é considerado uma esperança do retorno do “pragmatismo” no Palácio do Itamaraty, após meses de crise e pressão do Congresso para a desocupação do carro-chefe.

A saída do chanceler deverá ser oficialmente comunicada ainda nesta segunda-feira (29). Caso aceite o convite, o novo diplomata trocaria o posto em Paris pelo assento em Brasília. Estima-se que a sua presença possa estreitar as relações do Brasil com os Estados Unidos e a China. Além do embaixador, foram cogitados o senador e ex-presidente Fernando Collor (PROS-AL), que não teria passado por uma boa avaliação entre os aliados de Bolsonaro.

##RECOMENDA##

São mais fortemente mencionados, também, a embaixadora Maria Nazareth Farani, cônsul em Nova York, o embaixador Nestor Forster e o secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flavio Rocha.

Protagonista entre as indicações, Serra chama atenção pelo seu histórico conflituoso com a imprensa e representantes franceses. No comando da embaixada de Paris, o convidado do presidente tem atuação consistente em rebater críticas da imprensa francesa ao governo Bolsonaro. Desde o início do seu mandato, o líder brasileiro protagonizou atritos com o mandatário da França, Emmanuel Macron.

Em 2019, a tensão foi testemunhada mundialmente, após as discussões sobre o desmatamento na Amazônia. À época, Jair Bolsonaro trocou ofensas com Macron e chegou a falar mal da aparência da primeira-dama francesa, Brigitte Macron.

Luís Fernando Serra se tornou próximo a Bolsonaro quando o presidente ainda era um deputado federal e pré-candidato à presidência. O encontro ocorreu em Seul, capital sul coreana, em fevereiro de 2018.

 

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quarta-feira (24) que as boas relações do governo com os principais países produtores de vacinas estão trazendo resultados significativos na importação de imunizantes e insumos para o combate à pandemia do coronavírus. Ele negou atrasos nas compras de vacinas e no ritmo de imunização, e também refutou dificuldades de relacionamento com algumas nações. Ernesto Araújo participou de audiência pública da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, onde foi criticado pela posição brasileira de não apoiar a quebra de patentes no enfrentamento da Covid-19.

O chanceler destacou as conversas com Estados Unidos, Reino Unido e Índia, que, segundo ele, resultaram em um portfólio diversificado de imunizantes. Ernesto Araújo acrescentou que mesmo os recentes conflitos com a embaixada da China no Brasil não prejudicaram a aproximação com o parceiro comercial nem a entrega de insumos para as vacinas.

##RECOMENDA##

O ministro salientou que o País é o quinto do mundo em número de vacinados e que é o melhor colocado entre as nações que não são autossuficientes na produção de imunizantes. Ele disse que, apesar da restrição de alguns países para exportar vacinas, o Brasil pretende comprar doses excedentes e comemorou também as perspectivas de produção nacional.

“Eu acho que não há nenhum outro país do mundo, não das nossas proporções, que, partindo de uma base sem produção de vacinas, sem disponibilidade de vacinas, tenha essa diversidade de portfólio e essa perspectiva de ganhar autonomia.”

Deputados governistas elogiaram os benefícios das relações com os países produtores de vacina e afirmaram que problemas no abastecimento dos imunizantes não são exclusivos do Brasil. Já os deputados de oposição reclamaram de decisões do governo sobre a compra de vacinas e do tom otimista do chanceler, que contrastaria com a situação real da crise sanitária.

Patentes

Vários parlamentares questionaram a não adesão do Brasil ao pedido de quebra de patentes para facilitar a produção de vacinas e medicamentos para o tratamento da Covid-19. Ernesto Araújo informou que o governo adotou uma posição intermediária, alinhada à nova direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), porque, segundo ele, não haveria garantia de que a quebra de patentes iria resultar em aumento na oferta de imunizantes e insumos.

“Nós fazemos parte dessa tentativa de criar uma coordenação geral, mundial, para produção de vacinas, sem a necessidade de uma quebra generalizada de patentes, que poderia desarticular todo o sistema de propriedade intelectual", explicou. Araújo avalia positivamente o sistema de propriedade intelectual, que possibilitou, em tempo recorde, que várias empresas chegassem com vacinas ao mercado. "Não há indícios de abuso de preços, porque não há monopólio, as empresas todas estão colaborando, então não se vê essa necessidade (de quebrar patentes).”

Atraso na vacinação

Durante a audiência pública, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), evidenciou a marca alcançada de 300 mil mortes em decorrência do coronavírus e o atraso na vacinação no país. Ele também demonstrou preocupação com as consequências sanitárias e econômicas no pós-pandemia.

“Ou nós enfrentamos, de forma adequada, unindo todos os esforços possíveis, na busca da ampliação e universalização da vacinação, acelerando esse processo – que a mim, pessoalmente, ainda parece lento no Brasil – ou nós, além das dramáticas mortes que diariamente nos sensibilizam a todos, nós teremos ainda maiores dificuldades de superar, do ponto de vista econômico, os danos que essa pandemia também nos traz.”

Além dos temas referentes à pandemia do coronavírus, o ministro das Relações Exteriores apontou ações de fortalecimento do Mercosul e as negociações do acordo entre o bloco e a União Europeia, que ainda dependem da análise de questões ambientais. Ele também ressaltou como prioridades da pasta o combate ao crime organizado e a promoção de produtos brasileiros no exterior.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

 

 

Após uma disputa com o PSL, o PSDB assegurou a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, até então comandada por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O deputado Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado à presidência da República, é o indicado dos tucanos para comandar o colegiado. Uma eleição virtual a ser realizada nesta quarta-feira (10) deverá confirmar a decisão.

Segundo o líder do PSDB na Câmara, Rodrigo Castro (MG), o nome de Aécio foi avalizado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelos ex-chanceleres José Serra, hoje senador, e Aloysio Nunes Ferreira.

##RECOMENDA##

A Comissão de Relações Exteriores é responsável por analisar a maioria dos tratados internacionais firmados pelo País e por aprovar projetos relacionados ao assunto. Foi na gestão do filho "03" do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, que o colegiado deu aval à utilização comercial da base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão.

"A Comissão de Relações Exteriores sempre foi especialmente importante para o PSDB e a experiência do deputado Aécio será fundamental para que o colegiado traga contribuições relevantes às relações entre o Brasil e outras Nações, com foco no interesse nacional, e à busca da preservação da reputação do nosso País lá fora", disse Castro.

A comissão era disputada também pelo PT, que queria o comando do colegiado para contestar medidas adotadas pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ligado à ala ideológica do governo. O partido, porém, não teve chance nas negociações. "Seria muito importante assumirmos, em razão do descaso do governo com a imagem do Brasil, mas não conseguimos", disse o líder do PT, Bohn Gass (RS).

Rival do PT na disputa pela Presidência, em 2014, Aécio disputou o cargo com o descendente da família real, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), que tentava manter o legado de Eduardo Bolsonaro. Em 2019, Eduardo atuou como "eco" do chefe do Itamaraty no Congresso. Os dois fizeram coro em críticas à China e a favor do alinhamento aos Estados Unidos.

No arranjo do comando das 25 comissões permanentes da Câmara, o PSL ficou com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a ser comandada pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), com a de Agricultura, que irá para Aline Sleutjes (PSL-PR), e surpreendeu ao ganhar a de Meio Ambiente para a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras e dizer que pretende fazer novas mudanças na estatal, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), ironizou se Bolsonaro também iria demitir alguns ministros.

"Será que ele vai demitir os ministros Ernesto e Salles?", indagou Maia em seu Twitter. O parlamentar sugere a retirada do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

##RECOMENDA##

A saída do atual presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, para a entrada do general Joaquim vai depender do aval do conselho de administração da estatal. As falas de Bolsonaro sobre as intervenções do Executivo na petroleira fez com que as ações da empresa caíssem no país e em bolsas de valores do exterior.

Apesar das críticas abertas à China terem se tornado quase um mote da política externa brasileira durante os dois primeiros anos de governo do presidente Jair Bolsonaro, a dependência comercial do Brasil em relação ao país asiático bateu recorde no ano passado - e deve ficar ainda maior nos próximos anos.

A participação chinesa em tudo que o Brasil vende ao exterior vem crescendo, ano após ano, desde 2015. Mas essa escalada vinha acontecendo em ritmo mais lento: entre 2018 e 2019, por exemplo, essa fatia nas exportações aumentou pouco mais de 1 ponto porcentual. Com a pandemia do novo coronavírus, porém, a participação chinesa explodiu, avançando 4 pontos porcentuais: de pouco mais de um quarto para um terço das exportações, batendo em 32,3% em 2020.

##RECOMENDA##

Em um ano, as vendas aos chineses subiram de US$ 63,4 bilhões para US$ 67,8 bilhões (alta de 7%, em termos nominais), segundo dados do antigo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), hoje ligado ao Ministério da Economia. E isso se deu enquanto o total das exportações brasileiras caiu de US$ 225,4 bilhões, em 2019, para US$ 209,9 bilhões em 2020, por conta da crise internacional.

Recuperação desigual

Dois fenômenos ajudam a explicar o aumento da dependência em relação à China no ano passado, diz o estrategista do Banco Ourinvest e ex-secretário nacional de Comércio Exterior, Welber Barral. "O Brasil exportou mais carnes para a China, já que a peste suína lá fez crescer a demanda pelo produto, e também subiu a quantidade de outros produtos básicos demandados por eles no segundo semestre."

A expectativa do Banco Mundial é que o principal parceiro comercial do Brasil tenha crescido 2% no ano passado, enquanto a média mundial deve ser de uma queda de 4,4%.

Como efeito da retomada do país, os chineses voltaram a comprar do mundo, chegando a estocar alimentos, e as vendas de commodities brasileiras começaram a reagir, impulsionando o agronegócio, mesmo em um ano de recessão mundial.

"A China teve um desempenho muito bom no quarto trimestre de 2020. É um dos poucos países que devem ter crescido no ano, enquanto nos EUA, o número de mortos é assombroso e a pandemia segue descontrolada", avalia o coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar.

Ele lembra que o apetite chinês pelas commodities de que o Brasil depende para ter vantagem nas suas exportações - como a soja e o minério de ferro - deve crescer também este ano, dado que as projeções do Banco Mundial estimam uma alta de 7,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e alguns analistas já projetam crescimento de 9%.

Enquanto isso, a economia americana, o segundo principal destino das exportações brasileiras, pode crescer 6%, caso o presidente Joe Biden consiga colocar em prática seu pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão. "A maior parte do crescimento da demanda pelos produtos brasileiros, portanto, se dará pela China e a nossa dependência vai aumentar", reforça Castelar.

Relação conturbada

Parte dos atritos do próprio presidente Bolsonaro, do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e de aliados com os chineses se deve pelo alinhamento do governo brasileiro com o então presidente norte-americano Donald Trump, que não conseguiu conquistar um segundo mandato no ano passado.

Em algumas dessas demonstrações, Bolsonaro chamou de "vachina" a vacina fabricada pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e desacreditou diversas vezes o imunizante contra o coronavírus. As declarações dos bolsonaristas chegaram a gerar reações irritadas da diplomacia chinesa ao longo do ano.

Enquanto os chineses ganharam terreno nas vendas brasileiras ao exterior, no entanto, as exportações para os Estados Unidos caíram 27,6%, de US$ 29,7 bilhões em 2019 para US$ 21,5 bilhões em 2020, afetadas pelo tranco no comércio internacional durante a pandemia.

"Apesar dos atritos com o Brasil, a China é pragmática e se planeja para o longo prazo. Eles sabem que, da mesma forma que Trump passou, Bolsonaro também vai passar", diz Barral.

No fim de janeiro, temendo que as rusgas atrasassem o envio da matéria prima para vacinas, o presidente fez um giro em seu discurso e afagou o governo chinês em suas redes sociais, agradecendo a autorização para a vinda dos insumos.

"A revisão da postura do Brasil tem acontecido. É verdade que forçada pela necessidade de importar os insumos para a fabricação das vacinas contra a Covid-19, mas é bom que o governo reveja sua postura e ponha os interesses do País em primeiro lugar", completa Barral.

"De fato, a economia chinesa voltou ao patamar anterior à pandemia e é hoje a mais dinâmica. É a que entregou crescimento e, por isso, é natural que demande mais", diz a economista Fabiana D’atri, coordenadora de economia do Bradesco e que também é diretora econômica do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

A China, acrescenta Fabiana, abriu sua economia antes, conseguiu atender a sua própria demanda e depois a procura mundial por bens ligados à pandemia - máscaras, luvas etc. - e depois toda a parte de equipamentos usados para as atividades de home office, principalmente equipamentos eletrônicos, celular, cabos e fones.

Os analistas avaliam que a China se beneficiou no ano passado em duas pontas: primeiro, porque reconheceu e confirmou rapidamente a pandemia. Em seguida, por ter gerado os estímulos para responder à crise e ainda ganhar mercado. O Brasil, por sua vez, entrou na tendência global de demandar bens ligados à pandemia, seja eles na saúde ou tecnologia.

"Não é à toa que o valor do frete da China também explodiu. Mais uma vez, o que a gente pode perceber não é o Brasil ditando a sua exposição, mas a China ditando o ritmo não só do Brasil, mas do mundo inteiro", avalia Fabiana.

Ex-diplomatas defendem pragmatismo

Vai ser difícil para o governo do presidente Jair Bolsonaro manter o discurso ideológico fortemente 'antichina', que marcou a primeira metade do seu mandato, se quiser que o Brasil evite atritos ainda mais graves com seu principal parceiro comercial. Sob condição de anonimato, um diplomata do Itamaraty que já serviu ao País em Pequim revelou que o discurso de representantes e apoiadores do governo Bolsonaro contra a China virou motivo de piada entre membros de outras representações diplomáticas, sobretudo em um momento em que o País depende mais do comércio com os chineses.

"É como se o dono de uma loja cheia de dívidas resolvesse, sem motivo aparente, ofender seu principal freguês. Iria à falência em pouco tempo." E a opinião não é isolada: embaixador na China entre 1989 e 1992, Roberto Abdenur falou ao Estadão que a relação entre os dois países é mais de parceria do que de dependência, mas o governo brasileiro precisa reverter a "destruição" da política externa provocada desde 2019.

Já o representante do Brasil em Pequim de 2004 a 2008, Luiz Augusto de Castro Neves, aposta no pragmatismo chinês para contornar as tensões com Bolsonaro e diz que as negociações recentes de autoridades chinesas diretamente com governadores, em vez do Itamaraty, é parte da nova lógica internacional.

'Houve uma destruição da política externa brasileira'

O saldo dos dois primeiros anos de governo Bolsonaro nas relações exteriores é destrutivo, avalia o ex-embaixador na China Roberto Abdenur. Na entrevista a seguir, o ex-diplomata, que também já representou o Brasil em Washington, ressalta que a postura de "subserviência" do governo brasileiro em relação ao ex-presidente americano Donald Trump foi ruim para o País sob diferentes aspectos.

• É possível classificar a relação atual do Brasil com a China como uma dependência comercial?

A China despontou como parceiro comercial brasileiro, graças à imensa demanda por commodities, mas não creio que o Brasil seja dependente deles, no sentido de que eles não têm poder para ditar rumos ao governo brasileiro, assim como não éramos dependentes dos Estados Unidos, quando o peso deles era maior na balança brasileira.

• O que temos é uma parceria?

Temos uma parceria estratégica, que ajudei a lançar quando era embaixador em Pequim, até o início da década de 1990. De lá para cá, isso floresceu, graças ao extraordinário crescimento da China. Na época, já via o avanço chinês com otimismo, mas não imaginei que eles fossem sustentar esse crescimento por quase 30 anos, e que o país se transformaria em uma potência econômica, comercial, militar e tecnológica.

• Como definir a política externa brasileira no atual governo?

O que houve nos dois anos de Bolsonaro é que o Brasil não teve, a rigor, uma política externa. Houve uma destruição da diplomacia. As coisas de que falam o chanceler, Ernesto Araújo, e os assessores da ala ideológica são devaneios, uma nuvem de teorias da conspiração. Chegamos a considerar as próprias Nações Unidas algo indesejável. Nos tornamos o único país do mundo que ataca o multilateralismo.

• O saldo da relação muito próxima entre Bolsonaro e Trump é negativo para o Brasil, portanto?

No ano passado, houve um forte encolhimento do comércio com os EUA, muito por conta da pandemia, mas também por protecionismo. O ex-presidente Donald Trump impôs tarifas abusivas sobre aço, alumínio e etanol brasileiros. O comércio foi afetado, apesar de todas as concessões feitas por Bolsonaro, em uma postura inacreditável de subserviência.

• A afinidade entre os dois governos feriu o interesse nacional?

Na primeira metade de seu mandato, Bolsonaro se pendurou em Trump. Também já fui embaixador em Washington e as relações com os EUA eram conduzidas de outra forma. Ha- via diferença de tom, mas tam- bém uma linha de continuida- de que atravessou governos tão diferentes entre si, como o de Sarney, Collor, FHC e Lula.

'Papel do Itamaraty se tornou secundário'

Para o embaixador do Brasil em Pequim, de 2004 a 2008, e hoje presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Luiz Augusto de Castro Neves, o governo chinês optou pelo pragmatismo e não tem levado em consideração os ataques recebidos de alguns membros do governo brasileiro. "O governo brasileiro, nas suas manifestações públicas, tem apresentado algumas disfuncionalidades". A seguir, os principais trechos da entrevista ao Estadão.

• Apesar do discurso ‘antichina’ do governo, a exposição das exportações brasileiras à China saltou de 28%, em 2019, para 32%, em 2020. Teremos uma repetição deste aumento este ano?

Sim. A China, embora tenha crescido 2% no ano passado, sofreu uma desaceleração muito grande, o que gerou uma capacidade ociosa que deverá ser preenchida este ano. E o Brasil se mantém ainda em recessão e tem aumentado as exportações para o mercado chinês e reduzindo suas importações. O aumento das exportações para a China se dá por sua economia estar crescendo mais que a economia mundial.

• Mesmo com as compras de insumos para vacinas as importações de produtos chineses não devem ter destaque este ano?

A compra de produtos chineses, de modo geral, tende a se estabilizar ou até diminuir. As importações dos insumos necessários para a fabricação de vacinas contra a covid-19, quantitativamente, não serão decisivas, no agregado, para gerar um aumento nas importações. Nossas importações da China são basicamente de bens intermediários essenciais para a indústria.

• Os ataques feitos à China por membros do governo não causam ruídos nas negociações comerciais entre os dois países?

O governo brasileiro, nas suas manifestações públicas, tem apresentado algumas disfuncionalidades. São manifestações vinculadas ao governo e que exprimem posições pessoais. Mas o que tem prevalecido é o pragmatismo e, bem ou mal, a China ainda é o nosso maior parceiro comercial.

• Recentemente, os chineses andaram negociando com governadores e com o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia. É uma forma de reduzir o papel do Itamaraty, do Ministério das Relações Exteriores?

A China vai sempre negociar com interlocutores eficazes. O ex-presidente Michel Temer negociou com eles com a anuência do governo federal, mas é fato que o papel do Ministério de Relações Exteriores se tornou secundário. Mas esta tem sido uma tendência mundial. Se antes as negociações comerciais eram de exclusividade do Ministério de Relações Exteriores, hoje Estados e empresas privadas têm seus próprios canais de conexão com o mundo.

Falta de competitividade além das commodities ainda preocupa

Se a presença chinesa como principal comprador dos produtos brasileiros deve bater novos recordes, a falta de diversificação na pauta e no destino das exportações preocupa especialistas. Eles temem que a parceria, interesse de ambos os países, possa se transformar em uma armadilha para o Brasil.

Para Miguel Daoud, sócio-diretor da Global Financial Advisor e assessor econômico, ao mesmo tempo em que a relação comercial entre Brasil e China é alvissareira, é também preocupante na medida em que torna o Brasil dependente de um país.

"A gente sabe que a China vai continuar demandando. A nossa preocupação é com relação aos preços, porque estamos vivendo um momento de muita liquidez na economia mundial e esse dinheiro acaba indo para especulação em commodities."

Ele diz que o Brasil tem de aproveitar este momento. Mas precisa ficar atento para buscar alternativas à dependência da China porque ela não é boa. De acordo com ele, buscar outros mercados agora é muito difícil porque nenhum país no mundo tem a demanda da China.

"A estratégia seria agregar valores aos produtos internamente. Mas para isso, seria preciso fazer investimentos direcionados para adicionar valor à soja, ao milho e à carne, por exemplo. Precisaria ter toda uma estruturação de logística e investimento na industrialização dos produtos agrícolas", diz Daoud.

Só assim, segundo ele, o País terá mais segurança sem depender apenas dos pedidos da China. Mesmo porque os preços das commodities oscilam muito e, em algum momento, isso poderá prejudicar o Brasil.

A avaliação da economista Fabiana D’atri, coordenadora de economia do Bradesco e também diretora econômica do Conselho Empresarial BrasilChina (CEBC), é a de que a perspectiva da dependência brasileira da China tem que ser relativizada porque o contexto é de uma pandemia em que a China se posicionou bem.

Ao mesmo tempo em que as exportações para a China ganharam espaço, as importações de produtos chineses, sobretudo de componentes eletrônicos, também cresceram. Em 2020, 21,4% dos produtos importados pelo Brasil vieram de lá, ante 14,1% das compras feitas uma década antes, segundo estatísticas do Ministério da Economia.

"Vamos importar insumos e vacinas dos países autorizados e que os tiverem disponíveis. Parte importante virá da China, mas como porcentual da pauta, acredito que essa participação será pequena dado ao peso dos demais itens. Como falei, com a retomada da economia brasileira, vamos importar mais produtos manufaturados. Muitos vindos da China", conclui Fabiana.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o Brasil ainda precisa melhorar a competitividade da sua indústria, para conseguir ganhar mercados com produtos de maior valor agregado. Um fator que prejudicou a indústria nacional foi a queda de 13% em 2020 na exportação para a Argentina, principal comprador de manufaturados brasileiros. "Sem ficar competitivo em produtos de maior valor agregado, o Brasil não conseguirá ganhar peso internacional."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a maior bancada na Câmara, o PT pretende usar sua preferência nas escolhas de comissões para fazer um contraponto à política externa de Jair Bolsonaro. O partido vai reivindicar a Comissão de Relações Exteriores, até este ano comandada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. O indicado da legenda de oposição será Arlindo Chinaglia (PT-SP), que comandou a Casa entre 2007 e 2009.

A comissão é estratégica para a oposição, pois poderá servir para contestar medidas adotadas pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que é ligado à ala ideológica do governo. O colegiado é responsável por analisar a maioria dos tratados internacionais firmados pelo País e por aprovar projetos que tratam do assunto. Foi na gestão de Eduardo, por exemplo, que a comissão deu aval para utilização comercial do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão.

##RECOMENDA##

A presidência de cada uma das 25 comissões permanentes da Câmara não está definida. A divisão depende da regra da proporcionalidade, baseada no tamanho de cada partido ou bloco partidário, e também de acordos firmados entre os líderes.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já estabeleceu que o principal colegiado da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), será do PSL. O partido indicou o nome de Bia Kicis (DF) para a vaga.

Procurado, Lira não confirmou se o PT ficará com a de Relações Exteriores e disse que ainda vai ouvir outras bancadas para decidir. A intenção dele é retomar os trabalhos das comissões logo depois do carnaval. Os colegiados estão sem funcionar há mais de um ano, desde antes do início da pandemia.

O líder do PT, Enio Verri (PT), afirmou que, além da Comissão de Relações Exteriores, o partido vai tentar presidir outros dois colegiados. Até o ano passado, a sigla tinha três: Cultura, Legislação Participativa e Direitos Humanos.

Chinaglia também aguarda a definição do partido e das divisões, mas disse que a indicação do seu nome para a presidência seria algo natural, já que ele participa do colegiado. "As posições do ministro (Ernesto Araújo) vão contra os interesses nacionais", afirmou Chinaglia. "Agora, não se pode imaginar que uma comissão tem o mesmo poder que um ministério, isso seria uma bobagem."

Em 2019, Eduardo foi um "eco" do chefe do Itamaraty no Congresso. Os dois fizeram coro em críticas à China e ao alinhamento aos Estados Unidos. No período, a comissão aprovou uma moção de repúdio ao presidente da Argentina, Alberto Fernández, por defender a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Questionado pelo Estadão, Eduardo declarou que não vai tentar a presidência de nenhuma comissão neste ano, mas pretende integrar algumas como membro. "Se a de Relações Exteriores for para o PT, estarei lá fazendo oposição."

Governistas

A indicação de Bia Kicis para a CCJ não é o único avanço de governistas sobre postos-chave da Câmara, consolidado a partir da vitória de Lira para o comando da Casa. Fiel escudeira de Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) assumirá a Secretaria de Comunicação.

Além disso, dos sete principais assentos da Mesa Diretora, apenas Luciano Bivar (PSL-PE), na Primeira-secretaria, e Marília Arraes (PT-PE), na Segunda-secretaria, não são aliados do Palácio do Planalto.

Investigada no inquérito das fake news, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Carla Zambelli tem o aval de Lira para assumira Secretaria de Comunicação. Entre as atribuições do cargo estão gerenciar e definir a linha editorial da TV, Rádio e Agência Câmara.

"Carla é um fenômeno na área da comunicação e tenho certeza de que vai fazer um bom trabalho", disse o líder do PSL, deputado Major Vitor Hugo (GO). A parlamentar também é investigada em inquérito no Supremo que apura a organização de atos antidemocráticos, com pautas a favor do fechamento do Congresso e da Suprema Corte. Procurada, a deputada não se manifestou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando