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Com o envolvimento de 800 instituições de ensino superior, o esporte universitário mobilizou cerca de 80 mil atletas-estudantes de todo o país em competições nacionais e internacionais no ano passado. O balanço foi apresentado na noite dessa quarta-feira (14) em Brasília, durante a premiação Melhores do Ano, promovida pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU).

Atletas, ex-atletas, instituições de ensino superior, federações estaduais, parceiros do movimento esportivo universitário foram homenageados no evento. Ao todo, em 2017, equipes brasileiras participaram de competições em cinco países, incluindo a Universíade de Verão (Olimpíadas Universitárias) de Taipei (Taiwan). Em território nacional, foram 17 competições, incluindo a mais importante: os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), que reuniram mais de 4,7 mil atletas em Goiânia.

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Para o presidente da CBDU, Luciano Cabral, o esporte universitário vive o seu melhor momento no Brasil, mas ainda é preciso mudar uma noção que separa educação e esporte. “O Brasil tem um equívoco cultural, onde as pessoas imaginam que esporte e educação não se associam. As nossas principais referências do esporte vêm do futebol e aí é dada muita ênfase de que eles não precisam estudar, que basta ter habilidade no esporte, ficar milionário e ir morar na Europa. Mas quem alcança isso é só um em 1 milhão. Os outros 99% se perdem no meio do caminho, por isso é preciso pensar na formação educacional”, afirmou.

Como reflexo da evolução buscada pelo Brasil, um resultado histórico foi alcançado em 2016. Mais da metade (53%) das 19 medalhas obtidas pelo país nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro foram de atletas que passaram pelo último ciclo, o de alto rendimento, no esporte universitário. “Quando analisamos os países que deram certo no esporte olímpico e paralímpico, são aqueles que têm como grande alicerce o esporte universitário”, disse o velejador Lars Grael, medalhista olímpico do Brasil, que foi homenageado no evento.

Formação plena

Autora do gol da vitória da seleção brasileira sobre o Japão na final do futebol feminino da Universíade de Taipei, no ano passado, Diany Martins sempre sonhou ser jogadora profissional. Hoje, é presença certa na lista de convocadas da seleção profissional de futebol feminino e coleciona títulos importantes no país, como o campeonato brasileiro de 2016, pelo Flamengo. Mesmo com uma trajetória profissional consolidada, Diany nunca cogitou deixar de lado a educação. Eu sempre quis ser jogadora profissional, mas nunca deixei os estudos. Atualmente, estou no quarto semestre de engenharia de produção, pela Universo, onde tenho bolsa. Formação ajuda muito na evolução pós-atleta. Ainda vivo do esporte, mas quando eu parar vou precisar de uma profissão”, afirmou.

“A carreira de atleta é muito curta. Depois disso, a gente precisa dar sequência na vida”, discursou o campeão olímpico de judô nos Jogos de Barcelona (1992), Rogério Sampaio, atual secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte.

Para o atleta-estudante Ítalo Manzini Garofalo, medalha de prata nos 50 metros rasos de natação na Universíade de Taipei, o esporte universitário tem um papel que vai além do desenvolvimento esportivo. “A formação de base hoje no Brasil ainda está nas mãos dos grandes clubes, com foco em levar o atleta para o profissional. Isso limita a participação dos jovens que não se profissionalizam, acabam largando o esporte e ficam sem perspectiva. O esporte universitário consegue fazer bem essa ponte entre o amador e o profissional. Enquanto o atleta universitário continua praticando o esporte, ele aprende outro ofício. Esporte e educação caminham juntos nessa jornada”, observou.

Instituições

Para a CBDU, o esporte universitário ainda está longe de mostrar todo o seu potencial no Brasil, já que apenas cerca de 30% das mais de 2,4 mil instituições de ensino superior se envolvem no calendário anual de jogos e competições. Para gestores que deram alguns passos, falta ainda um conjunto de políticas públicas sistemáticas para o setor. “Investimento em infraestrutura adequada, formação de recursos humanos e fomento da ciência que vai dar suporte a esse esporte são questões ainda em aberto no país”, observa Alexandre Rezende, diretor de Esporte e Lazer da Universidade de Brasília (UnB), premiada com o segundo lugar entre as 10 melhores instituições do país no esporte universitário em 2017. Além da UnB, as universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Ceará (UFC) estão nesse grupo, ocupando a 4ª e a 8ª posições, respectivamente. As demais são universidades privadas.

EBC homenageada

Representada pela jornalista Nádia Franco, editora da Agência Brasil, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) foi homenageada pela CBDU como um dos veículos de imprensa que mais contribuíram para a difusão do esporte universitário do país, no ano passado. Os veículos públicos da EBC se engajaram em uma extensa cobertura dos principais jogos do calendário do esporte universitário, incluindo a Universíade de Taipei e os JUBs, em Goiânia.

Confira fotos desta sexta-feira (25) de algumas das disputas nas Olimpíadas Universitárias - JUB 2013, registradas pelas lentes do repórter fotográfico Fernando da Hora, em Goiânia, Goiás. A atuação de Pernambuco foi marcada por vitórias e medalhas no atletismo, judô, vôlei de praia e basquete 3x3.

Com cinquenta e um anos de existência comemorados esse ano,Brasília a capital federal do Brasil é uma das cidades candidatas a sediar a  29ª edição da Universíade de verão de 2017. A disputa está entre Kocaeli (Turquia) e Taipei( Taipei Chinesa) . A decisão sai em novembro na sede da FISU( Federação Internacional de Esporte Universitário) na Bélgica.

Durante as finais da liga de Quadras do Desporto Universitário em Brasília no mês passado, o presidente da CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário) Luciano Cabral, respondeu algumas respostas em exclusividade ao repórter Everton Melo sobre a candidatura de Brasília 2017.

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 LeiaJá - A última vez que o Brasil sediou a Universíade foi em 1963 em Porto Alegre , o único país da América do Sul a realizar esse feito . Qual foi maior ganho que o Brasil tirou com aqueles jogos ?

Luciano Cabral - Era época em que tudo era diferente, um período durante o regime militar. A Universiade era pra ter ido pra outra cidade, mas ocorreu em para Porto Alegre, mérito dos gaúchos que aceitaram o desafio e o fizeram em pouco tempo. Naquele momento o esporte universitário se fortaleceu muito principalmente no sul do país. É possível ver o reflexo disso nas décadas seguintes. Há força da modalidade no Sul, em Porto Alegre, e no sudeste também e infelizmente isso se perdeu entre o final dos anos 80 e início dos 90. Contudo foi importante para que os brasileiros daquela época, em especial daquela região, conhecessem o esporte universitário. Porém, infelizmente por não termos as mídias sociais de hoje o evento não se propagou tanto como se deveria.

LeiaJá - Quase 50 anos depois, qual o motivo da candidatura do Brasil com a cidade de Brasília para sediar a Universíade de 2017 e Por que Brasília?

Luciano Cabral - Exatamente pela questão de fazer muito tempo que os jogos não vinham para a América Latina existe um entendimento na FISU que os jogos deveriam vim para essa região. Então nós aproveitamos o momento no qual o Brasil vive de grandes realizações esportivas, economia forte e estabilizada, e o país está passando a ser liderança no cenário internacional nas mais diversas manifestações que colocam o Brasil no debate internacional não como simples participante, mas como um país líder e de opinião a emitir. Então decidimos aproveitar tudo isso.

Nós temos uma cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro e será totalmente equipado para os jogos olímpicos de 2016, trazer a Universiade para os cariocas sobrecarregaria a cidade e mostraria o Brasil por apenas um ângulo. Esse país é muito grande e tem uma diversidade cultural imensa, não só Brasília como diversas cidades de outras regiões poderiam sediar um projeto desse porte. Precisamos abrir esse leque. Levar grandes eventos para outras regiões, desenvolver o país como um todo e Brasília nos pareceu uma excelente opção pela disposição geográfica tecnicamente perfeita apresentada pela cidade.

LeiaJá - Qual será a principal arma utilizada pela CBDU pra conquistar o direito de realizar os jogos em 2017?

Luciano Cabral - Mostrar a capacidade organizacional do Brasil, estamos bem adiantados, vamos    apresentar uma cidade que hoje possui 64% construído de tudo que precisará para Universiade  e por causa da copa do mundo de Futebol em 2014 outras facilidades serão construídas. Aproveitaremos o legado desses dois grandes eventos e o apelo para trazer o evento de volta para a América Latina. No nosso entendimento esses fatores favorecem o país a ser escolhido. Uma leitura precisa ser feita com tranqüilidade, as pessoas acham um desgaste realizar as olimpíadas e copa do mundo de futebol e Universiade em um curto espaço de tempo. Porém tudo é diferente, nós vamos estar em outra cidade. Imagina você cidadão morador de Brasília. O Brasil é um país continental ao exemplo da China nós temos condições para isso e vamos aproveitar todos os investimentos.

LeiaJá - Ganhando o direito de sediar os jogos, como será a preparação para realização da Universiade ?

Luciano Cabral - Vamos acompanhar a organização dos outros eventos, a questão de tecnologia, informação, cobertura jornalística e participar efetivamente pra usufruir disso na Universiade. Vamos construir a vila olímpica dentro da própria cidade para desenvolver o setor imobiliário e retocar estruturas esportivas já existentes. O maior trabalho a ser feito será o conceito e legado.

LeiaJá - Como será feita a divulgação do evento já que muitos brasileiros nunca ouviram falar da Universiade, para que em 2017 haja um bom número de público presente prestigiando os jogos?

Luciano Cabral - Mais um ponto positivo pra Brasília. Uma cidade jovem, universitária, uma   população com uma relação muito forte com o esporte. Se você andar por aqui nos sábados e domingos você pode ver os parques e clubes bastante movimentados. Nós tivemos um campeonato de Basquete aqui esse ano e a população lotou os ginásios. Então a cidade tem essa característica e é óbvio que até 2017, vamos nos esforçar para familiarizar a cidade com o evento.

LeiaJá - O quê o Brasil pode tirar de exemplo da organização da Universiade em Shenzhen 2011 como útil para a organização dos Jogos no Brasil ?

Luciano Cabral - A China vive o mesmo momento que o Brasil , nova potência econômica ,tem se posicionado no mundo, realizou a Universiade em 2001e 2011, Olimpíadas em 2008  , mostrou a força de um país continental e diferente, esse é o nosso referencial, a China é claro tem uma qualidade de instalações esportivas que foge o padrão mundial, mas eu garanto que vamos ter um belíssimo estádio de futebol,  já temos o parque da cidade, e outras estruturas na qual a China não tem, por exemplo podemos falar das modalidades alternativas como  beach soccer ,vôlei  de praia , as arenas que estamos acostumado  a ter no Brasil que podem ser montadas no parque da cidade e na esplanada do ministério e com certeza vai deixar qualquer estrangeiro encantado.

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