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Além de bancar os gastos exacerbados do clã Bolsonaro em padarias, lanchonetes, hotéis, o cartão corporativo da Presidência da República também bancou os encontros do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com pastores e a participação dele em eventos evangélicos, como a Marcha para Jesus. 

Pelo menos R$ 181 mil foram gastos nos quatro anos de governo nos mesmos locais e datas das agendas religiosas do ex-presidente, com hospedagem, fornecimento de alimentação, combustível e locação de bens e equipamentos, segundo a Agência Pública a partir da Lei de Acesso à Informação (LAI). 

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Bolsonaro usou a Marcha para Jesus ao longo do seu mandato como palanque político, tendo sido o primeiro presidente do Brasil a participar do grande evento que arrasta multidões ainda em 2019. Naquele ano, o ex-mandatário subiu ao palco em São Paulo ao lado dos criadores da marcha e discursou para mais de três milhões de pessoas presentes, segundo a organização do evento. 

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Naquele dia, o cartão corporativo registrou mais de R$ 28 mil em gastos apenas na Lanchonete Tony e Thais Ltda, no Planalto Paulista. Foram quatro compras realizadas em 20 de junho de 2019 nos valores de R$ 9 mil; R$ 8,22 mil; R$ 6 mil e R$ 4,8 mil. 

A mesma lanchonete também recebeu R$ 62,2 mil do cartão corporativo da Presidência no ano passado, no dia de uma motociata. 

Em julho de 2022, na pré-campanha para a reeleição, Bolsonaro voltou a subir ao trio elétrico da Marcha para Jesus, em São Paulo, depois de um hiato de dois anos em decorrência da pandemia da Covid-19. No palanque, o ex-presidente reforçou as bandeiras de campanha. “Nós temos uma posição: somos contra o aborto, somos contra a ideologia de gênero, a liberação das drogas, somos defensores da família brasileira. Nós somos a maioria no País. A maioria do bem. E nessa guerra do bem contra o mal, o bem vencerá mais uma vez”, disse. 

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Ele chegou a participar de pelo menos sete Marchas para Jesus em 2022, em vários estados brasileiros. Com a participação de diversos políticos apoiadores do então presidente, os eventos funcionam como comícios.

Há outros registros de gastos no cartão da Presidência que coincidem com a agenda religiosa do ex-presidente. No dia 18 de outubro de 2021 ele esteve numa cerimônia pelo centenário da Convenção Interestadual de Ministros e Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Estado do Pará (Comieadepa), em Ananindeua, em Belém. O evento reuniu pastores de todo o Brasil.

Em busca de um novo mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PL) começa neste sábado (21) a participar de uma série de grandes eventos evangélicos, uma de suas bases eleitorais. O chefe do Executivo é anunciado por lideranças religiosas em ao menos três grandes encontros - o primeiro deles é a Marcha para Jesus, em Curitiba, hoje, a partir das 7 horas. O presidente também é esperado em encontros semelhantes em Manaus, no dia 28, e em Cuiabá, em 18 de junho.

Bolsonaro lidera as intenções de votos entre os evangélicos. De acordo com o mais recente levantamento da Genial/Quaest, da semana passada, 47% deles declararam voto no atual presidente, ante 30% que preferem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde fevereiro, o chefe do Executivo ganha espaço nesse segmento. Só neste mês, ele cresceu nove pontos porcentuais, enquanto Lula perdeu quatro.

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Ao longo deste ano, Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle, receberam pastores, bispos e influenciadores digitais evangélicos no Palácio da Alvorada.

‘PRIVILÉGIO’

Jhow Braghini, coordenador executivo do evento de hoje em Curitiba, disse que é difícil determinar a expectativa de público para a marcha após dois anos de pandemia, mas lembrou que o evento já recebeu mais de 100 mil pessoas. Sobre o convite ao presidente, ele afirmou que é um "privilégio" tê-lo na marcha. "Há 27 anos, convidamos o prefeito, o governador e o presidente da República. Neste ano, (Bolsonaro) foi o primeiro presidente a aceitar o convite. É um privilégio. Seguimos esse procedimento com um único objetivo: marchar para Jesus".

O evento de hoje servirá ainda como palanque para aliados do presidente. O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), que tem base em Maringá (PR) e tenta a reeleição, deve comparecer. Além dele, os deputados Filipe Barros (PL-PR), pré-candidato ao governo do Estado, e Paulo Martins (PL-PR), pré-candidato a uma vaga no Senado, também devem participar.

SHOWMÍCIO

Para a antropóloga Raquel Sant'Ana, pesquisadora do Laced (Laboratório de Estudos em Cultura, Etnicidade e Desenvolvimento) do Museu Nacional, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), grandes eventos evangélicos têm semelhança com os showmícios, hoje proibidos pela legislação eleitoral. "A marcha (para Jesus) é uma super brecha. Ela é um show de música, mas também não é", disse.

Para a pesquisadora, Bolsonaro transita há tempos pelos evangélicos "organicamente". "O trabalho de Bolsonaro com os evangélicos não é só de fazer sinalizações conservadoras na campanha. Ele tem alianças muito capilarizadas com igrejas que fazem mais trabalho de base que muito sindicato", disse a pesquisadora.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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