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O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, anunciou nesta quarta-feira que enviará uma missão eleitoral ao Paraguai o mais rápido possível, para supervisionar os preparativos para as eleições presidenciais de abril de 2013. No dia 22 de junho o Senado do Paraguai destituiu o presidente do país, Fernando Lugo. O vice-presidente Federico Franco assumiu o cargo imediatamente. Nesta semana, foi confirmada a data de 21 de abril de 2013 para a eleição presidencial.

Insulza não precisou uma data específica para o envio da missão e anunciou que ela deverá ser comandada por um ex-chefe de Estado de um país latino-americano. Ele disse que a missão a ser enviada ao Paraguai terá um caráter de observação eleitoral parecido as que foram enviadas recentemente ao México e à República Dominicana, países que tiveram eleições presidenciais neste ano.

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A postura da OEA difere dos blocos Mercosul e Unasul, que suspenderam o Paraguai após a destituição de Lugo. Nicarágua, Venezuela, Bolívia e Equador pediram inicialmente que o Paraguai fosse suspenso da OEA, mas a entidade rechaçou a proposta.

As informações são da Associated Press.

Federico Franco diz não se importar em ficar de fora "dos coquetéis em Brasília, Buenos Aires e Montevidéu". O Mercosul, justifica o médico que há pouco mais de um mês governa o Paraguai, deixou de ser um bloco comercial para virar "um clube ideológico, de amigos". Mas Franco se ajeita na cadeira e sobe o tom ao falar do mais novo convidado aos coquetéis sul-americanos, o presidente Hugo Chávez, a quem acusa de ser antidemocrático e de apoiar "terroristas" na Colômbia e, indiretamente, no Paraguai.

Na semana em que a Venezuela entrou no Mercosul, à revelia do Paraguai, Franco recebeu a reportagem em Mburuvicha Roga - "casa do chefe", em guarani, residência oficial do presidente. Segundo ele, a prioridade continua sendo "arrumar a casa" e não a política externa. "Vamos continuar o trabalho em nome do desenvolvimento. Em um mês, conseguimos, por exemplo, ampliar a arrecadação, algo fundamental para resolver o desafio social que temos. Isso demonstra nossa credibilidade e o fato de que o governo efetivamente se ocupou das questões internas mais urgentes. Lamento não poder participar de alguns coquetéis em Brasília, Buenos Aires ou Montevidéu. Mas nossa prioridade é outra", afirmou.

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Sobre a adesão da Venezuela ao Mercosul, Franco afirmou que a decisão foi política - "e não jurídica" - e aproveitou-se da suspensão do Paraguai. "Essa adesão, portanto, é absolutamente ilegal e ilegítima. Quanto a nós, não temos nada contra a Venezuela. Nosso problema é o presidente Chávez, o EPP e a relação desse grupo terrorista que temos aqui com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que são apoiadas por Caracas. Esses grupos irregulares, deploráveis e terroristas fizeram do medo um negócio, sequestrando e matando. Nessas condições, não podemos aceitar a Venezuela e ninguém no Paraguai quer ter relações com EPP, Farc ou Chávez", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Federico Franco é o nosso homem em Assunção. Pelo menos é assim que pensam os grandes fazendeiros brasileiros assentados há décadas no Paraguai, que chegam a tratar o médico cirurgião de 49 anos que sucedeu a Fernando Lugo na presidência de "o nosso Franco".

Para líderes dos "brasiguaios", a comunidade de brasileiros que há quatro décadas expande a fronteira agrícola do Paraguai, Lugo era uma ameaça ao agronegócio e à propriedade no campo. Franco, do outro lado, é um velho amigo. O ocaso do ex-bispo que rompeu a hegemonia do Partido Colorado, afirmam os produtores brasileiros, dará início a uma nova era de "segurança jurídica" para os investimentos, cada vez mais lucrativos, no país vizinho. Mas, para isso, é preciso que o governo Dilma Rousseff aceite a legitimidade do impeachment de Lugo e mantenha a fraterna relação das últimas décadas com o Paraguai.

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Juacir José Rebossi, mineiro ex-boia fria que se tornou um dos maiores fazendeiros brasileiros em solo paraguaio, onde está desde 1969, lamenta que tenha levado "tanto tempo" para Lugo cair. Em sua caminhonete, ele passeia pela região de Santa Rita - vila onde 80% da população é brasiguaia, a 70 km de Ciudad del Este - mostrando os sinais do boom agrícola que mudou a paisagem da região do Alto Paraná. O mato da época em que chegou deu lugar a infindáveis campos de milho, trigo e sobretudo soja, pontilhados por enormes moinhos e estruturas ultramodernas de processamento da colheita. Lojas de maquinário agrícola, carros, agências bancárias e restaurantes se enfileiram na rua principal, que ganhará asfalto em breve - pago não pelo Estado paraguaio, mas pelos proprietários locais.

O maior orgulho de Rebossi, porém, é a Expo Santa Rita, que ele ajudou a criar. Hoje, a feira agrícola que marca o fim da época de colheita, em maio, é o segundo maior evento do agronegócio no Paraguai e um símbolo do poder e prestígio da comunidade brasiguaia. Na edição de 2012, vieram as duplas sertanejas Fernando e Sorocaba e Chitãozinho e Xororó. Franco estava lá, como em todos os anos. Lugo, também como em todos os anos, não.

"Em todo seu governo, ele nos recebeu apenas duas vezes, logo depois que foi eleito, e nas reuniões ficou calado o tempo todo, enquanto nós explicávamos nosso temor das invasões de terra", explica Rebossi.

Mas, com Franco, "a porteira estará sempre aberta" para a comunidade brasileira. "Conhecemos ele há décadas, desde que ele foi deputado e governador, falamos diretamente, com a maior abertura. Ele é alguém realmente aberto aos brasileiros e, por isso, estamos mais otimistas agora."

'Muito obrigado'

A primeira reunião do primeiro dia de trabalho do presidente Franco, às 8h30 de segunda-feira, foi com líderes brasiguaios. No domingo, pouco mais de 24 horas após a queda de Lugo, eles haviam realizado um encontro com o cônsul do Brasil em Ciudad del Este, Flávio Roberto Bonzanini, a quem entregaram uma carta pedindo o "imediato" reconhecimento brasileiro do novo governo paraguaio.

Os fazendeiros foram especialmente trazidos à capital e recebidos em uma das salas do Palácio los López. Com Franco sentado à cabeceira, discutiram formas para desobstruir os canais com Dilma e convencer o governo brasileiro de que a destituição em 36 horas de Lugo foi legítima. Após alguns minutos de reunião, Franco interrompeu subitamente a conversa e, segurando firme um dos interlocutores brasiguaios, soltou: "Muito obrigado pelo que vocês estão fazendo por mim."

"O Paraguai fez a coisa mais certa que poderia fazer: tirar Lugo do poder e evitar o caos, a revolução", explica Francisco Mesomo, gaúcho de 64 anos que, no fim dos anos 70, comprou uma pequena propriedade no Paraguai para cultivar hortelã e, hoje, é um dos grandes produtores de soja, milho e trigo do país. Mesomo e Rebossi fizeram parte da comitiva recebida por Franco na segunda-feira.

O segundo foi ainda a Brasília, na quarta-feira, falar com um grupo de senadores - entre eles Álvaro Dias (PSDB-PR) e Ana Amélia (PP-RS) -, que manifestaram apoio firme à causa dos brasiguaios e ao reconhecimento do novo governo de Assunção.

Invasões

Rebossi e Mesomo culpam Lugo pelo movimento dos carperos, o grupo de sem-terra do Paraguai cujo nome vem dos barracos de lona onde se abrigam, as carpas. Para os dois brasiguaios, a transformação dos camponeses - que, nos anos 90, dispersos, reivindicavam a reforma agrária - em um movimento político nacionalmente organizado, os carperos dos anos 2000, foi "obra de Lugo".

Durante o governo do ex-bispo, afirmam, o Exército dava cobertura às invasões de terra e o Ministério do Interior evitava ao máximo cumprir as determinações judiciais de desapropriação. Eles alegam ainda que os camponeses eram transportados em veículos do Estado, algo que alguns sem-terra ouvidos pela reportagem negaram.

Um dos momentos mais tensos no conflito entre brasiguaios e carperos ocorreu em fevereiro na região de Ñacunday, perto da fronteira, quando cerca de 10 mil sem-terra ocuparam uma propriedade de plantação de soja. A polícia chegou a prender um dos líderes dos camponeses acusado de incitar a violência contra os brasiguaios, mas a questão segue sem desfecho. Parte das famílias continua na propriedade do brasileiro.

"Os carperos queriam que ocorresse em Ñacunday o massacre que ocorreu no dia 15 em Curuguaty", diz Fernando Schuster, referindo-se à tragédia que deixou 17 mortos - 11 sem-terra e 6 carperos - e deu início ao movimento que culminou na deposição de Lugo. "Conversei cara a cara com os carperos quando os policiais entraram na propriedade. Eles (os sem-terra) ficavam nos provocando, querendo que houvesse violência para eles usarem como arma política", diz Schuster, nascido no Paraguai, em límpido português.

Filho de pai brasileiro e candidato a vereador em Santa Rosa del Monday (cada vez mais, "do Mondaí"), outra pequena cidade do Alto Paraná, Schuster afirma que Lugo pôs os carperos "dentro do governo" e, em Ñacunday, "fez de tudo" para mantê-los nas propriedades.

"É preciso entender que Lugo queria trazer o projeto venezuelano de Hugo Chávez para o Paraguai, que ele pôs o Estado contra os produtores rurais, especialmente os brasileiros e seus descendentes", diz o candidato.

Ele afirma ainda que o ex-bispo "fez vista grossa" às ações violentas do Exército do Povo Paraguaio (EPP), "que se está tornando o equivalente paraguaio das Farc". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta segunda-feira que pretende voltar ao poder, buscando o apoio de aliados no país e no exterior para forçar o Congresso a reverter a votação que o derrubou na semana passada. Lugo, que classifica seu impeachment de rompimento com a democracia, criou um gabinete paralelo, atacou a legitimidade do novo governo e disse que defenderá sua causa na cúpula do Mercosul, que acontece na sexta-feira em Mendoza, na Argentina.

A Suprema Corte paraguaia rejeitou um pedido de apelação de Lugo contra sua deposição. O processo fora aberto com a alegação de que lhe foi negado o direito de um processo justo, como garantido pela Constituição. Mas o painel de três juízes rejeitou o pedido, sem fazer comentários, aparentemente encerrando as vias legais para Lugo retornar ao poder.

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Ele também pediu que seu partidários no país, que até agora têm se mantido relativamente calmos, aumentem a pressão contra o novo governo.

"Eu quero resistir até reconquistarmos o poder, porque aqui houve um golpe parlamentar", disse ela nesta segunda-feira. "Eu peço às pessoas do interior, aos jovens e a todos os cidadãos que resistam até voltarmos ao cargo que tivermos de deixar injustamente."

Auxiliares do ex-presidente de Lugo, Federico Franco, que assumiu a presidência após o impeachment, condenaram a resolução do Mercosul de impedir o novo governo de participar da cúpula do bloco, embora o Paraguai não tenha sido expulso.

"Nós rejeitamos a decisão do Mercosul de nos suspender do direito de participar das reuniões do bloco, mas eu gostaria de deixar claro que o Paraguai não está fora do bloco", disse o ministro de Relações Exteriores José Félix Fernández. "Este impedimento é para apenas uma reunião e o Paraguai continua na presidência pro tempore da União das Nações Sul-americanas (Unasul)", afirmou ele. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Assunção (Paraguai) – O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, quer se encontrar o mais rápido possível com a presidenta Dilma Rousseff para ratificar o interesse do país de manter uma relação cordial e próxima com o Brasil. O ministro das Relações Exteriores, José Félix Fernández Estigarribia, disse que vai procurar o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, para encaminhar o desejo de Franco.

Fernández Estigarribia reiterou que o esforço do governo Franco é para desfazer mal-entendidos e consolidar as relações positivas com o Brasil e todos os países vizinhos. Em relação ao Brasil, o chanceler paraguaio disse que Franco e ele têm “especial admiração” por Dilma. “Como ela, também fui perseguido político”, disse o chanceler.

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“A presidenta Dilma Rousseff é uma heroína no processo democrático do Brasil. Tenho admiração especial por Dilma e sou muito amigo do chanceler Patriota, que conheço há anos”, disse Fernández Estigarribia. “O trabalho do chanceler não é confrontar, é encontrar soluções, explicando como vemos a situação interna no Paraguai”, completou.

Nos últimos dias, o governo do Brasil manifestou preocupação em relação aos acontecimentos no Paraguai. Para as autoridades brasileiras, o processo de impeachment em pouco mais de 24 horas, que levou à destituição do então presidente Fernando Lugo e à posse de Franco, foi rápido e há dúvidas se houve tempo para a defesa.

“Também estranhei a velocidade com que o processo correu. Mas foi tudo dentro do que determina a nossa Constituição. Mas foi uma decisão soberana do Congresso”, ressaltou o chanceler. “Não há distúrbios nas ruas nem manifestações”, destacou ele.

Assim como fez Franco em entrevista coletiva concedida mais cedo, Fernández Estigarribia ressaltou que todos os compromissos internacionais serão seguidos pelo novo governo. “Vamos cumprir todos os compromissos e obrigações internacionais”, destacou. “Espero do Brasil uma extraordinária relação. Às vezes, os vizinhos têm diferentes pontos de vista. Isso é normal. Mas nos respeitamos muito.”

O chanceler reiterou que o governo Franco respeitará os cerca de 6 mil brasiguaios (agricultures brasileiros que moram em território paraguaio), que se queixam de discriminação, dificuldades para trabalhar no país e perseguição dos chamados carperos (sem-terra paraguaios), além da falta de apoio das autoridades do Paraguai.

“Vamos fazer todos os esforços para que eles [os brasiguaios] sigam trabalhando. Vamos respeitar todos os direitos de todos os cidadãos brasileiros que vivem no Paraguai”, disse o chanceler. “Mas a questão da terra é um problema que tem de ser resolvido no Paraguai.”

Federico Franco assumiu na noite desta sexta-feira a presidência do Paraguai, após o ex-presidente Fernando Lugo ter tido o mandato cassado pelo Senado paraguaio por 39 votos a favor, quatro contrários e duas abstenções. Franco, do Partido Liberal, era o vice-presidente de Lugo. Em meio a aplausos e a gritos de saudações dos parlamentares, Franco jurou à Constituição e recebeu a faixa presidencial.

"A República do Paraguai vive momentos difíceis", disse Franco. "Deus e o destino quiseram que eu assumisse a presidência do Paraguai", afirmou. Franco se mostrou conciliador e pediu a ajuda do Congresso, de todos os setores políticos, religiosos e sociais do Paraguai, em uma clara mensagem que mostrou uma diferença de estilo do seu predecessor Lugo.

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A União de Nações Sul-americanas (Unasul) manifestou apoio a Fernando Lugo. Por meio de nota, divulgada às 20h (hora de Brasília, 19h de Assunção), a Unasul descreveu Lugo como "presidente constitucional" do Paraguai. "Os chanceleres se reuniram com o vice-presidente Federico Franco, com dirigentes de diversos partidos e com autoridades legislativas, das quais lamentavelmente não obtiveram as garantias processuais e democráticas que lhes foram pedidas", diz o comunicado, divulgado em espanhol no site da entidade.

"A missão de chanceleres reafirma sua solidariedade total ao povo paraguaio e o apoio ao presidente constitucional Fernando Lugo", termina a nota, assinada pela secretaria-geral da Unasul.

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