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O Lugo, clube da segunda divisão do Campeonato Espanhol, confirmou neste domingo que enfrenta um surto de Covid-19. Já são 23 funcionários com testes positivos, sendo 15 jogadores, sete membros da comissão técnica e um do estafe. Em nota oficial, explicou a situação.

"O clube e as autoridades médicas já estão aplicando o protocolo sanitário estabelecido para tentar controlar a situação. É um caso extremamente delicado. Os cuidados e os protocolos rigorosos permitiram que o clube tivesse menos contágio nas épocas anteriores, mas, desta vez, acabou sendo afetado", revelou a direção do clube.

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O Lugo cancelou os treinos deste domingo e aguarda pelo adiamento da partida contra o Almería, marcado para esta segunda-feira, às 17h (horário de Brasília).

O Lugo está na 17ª colocação da segunda divisão espanhola, com 23 pontos, lutando contra o rebaixamento. Seu adversário, o Almería, tem 45, na liderança isolada do torneio.

Na última semana, o Real Madrid, líder da primeira divisão do Campeonato Espanhol, confirmou sete casos de covid-19, o que fez a federação emitisse uma nota com novas restrições a serem seguidas na competição. Apertos de mãos entre jogadores, por exemplo, estão proibidos.

A Corte Suprema do Paraguai, equivalente ao Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou ação impetrada pelo ex-presidente Fernando Lugo que pede a inconstitucionalidade do rito sumário de impeachment ao qual foi submetido no dia 22 de junho pelo Congresso de seu país. O presidente da Corte, Víctor Núñez, confirmou que a ação já iniciou seu processo de tramitação e foi encaminhada ao Ministério Público.

O Promotor Geral do Estado, Javier Diaz Verón, tem, a partir desta quinta, um prazo de 18 dias hábeis para emitir seu parecer sobre a constitucionalidade do julgamento político de Lugo. Os advogados do presidente deposto alegam que o impeachment, que durou menos de 24 horas, não deu tempo suficiente a Lugo para preparar sua defesa. O ex-presidente teve somente duas horas de defesa durante o processo relâmpago.

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O parecer da Promotoria Pública será encaminhado ao Senado, que também terá o prazo de 18 dias para apresentar seus argumentos sobre a votação relâmpago da destituição de Lugo. Cumprida esta etapa, o processo retorna à Corte, para ser analisada pela denominada Sala Constitucional, integrada pelos juízes Antonio Fretes e Gladys Bareiro de Módica, além do presidente Núñez.

Os juízes terão um prazo de 30 dias para proferir a sentença final sobre o caso. A primeira ação de inconstitucionalidade apresentada pelos advogados de Lugo havia sido rejeitada pela Corte. A ação atual é a primeira possibilidade real de que a Justiça do Paraguai possa se pronunciar sobre a destituição de Lugo, faltando apenas 14 meses para o final de seu mandato. Os advogados do presidente deposto argumentam que, não só o prazo foi irregular como também a forma do processo de impeachment.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu a unidade da América do Sul para rejeitar a destituição de Fernando Lugo da presidência do Paraguai. "Não nos une o amor, mas o espanto, porque na região já tivemos muitos anos de ditaduras e golpes", disse Cristina, citando uma frase famosa do escritor Jorge Luis Borges.

Cristina pediu que "não se instalem na região nem os golpes das ditaduras militares que tivemos no passado, nem os golpes suaves, disfarçados de atos em nome da pátria, mas que são usados para alterar a ordem institucional", disparou a presidente contra o processo de impeachment que destituiu Lugo e o substituiu por seu vice e rival, Federico Franco, na presidência do Paraguai.

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Cristina ressaltou que os 12 presidentes da União das Nações Sul-americanas (Unasul) se reunirão na tarde desta sexta-feira e que "esta não será a primeira vez que eles se reúnem quando há perigos às instituições democráticas". A presidente argentina disse que ainda está fresca na memória a ocasião em que a Unasul teve de se reunir "para tratar da tentativa de destituição do companheiro presidente da Bolívia, Evo Morales". Logo, continuou, "também tivemos a situação na qual se tentou derrocar Rafael Correa, no Equador, e nos reunimos em menos de 24 horas, em Buenos Aires".

"Embora tenhamos estilos diferentes, diante de situações que comprometeram a ordem democrática, todos os presidentes reagimos de forma unânime, rejeitando essas tentativas", ressaltou.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) expressou preocupação sobre a deposição do presidente paraguaio Fernando Lugo e disse que apoia os esforços de mediação dos líderes regionais.

"O secretário-geral acompanha de perto e com preocupação os eventos recentes no Paraguai que culminaram na remoção do cargo" de Lugo, disse o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.

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"Ele percebe a preocupação expressada pelos líderes regionais sobre o processo de impeachment e suas implicações para a democracia do país", acrescentou Nesirky, que declarou que Ban saudou a missão de esclarecimento dos fatos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

"O secretário-geral pede a todos os envolvidos que trabalhem nos próximos dias para assegurar uma solução pacífica para as diferenças", disse o porta-voz.

Lugo foi deposto na semana passada por sua atuação num episódio de disputa de terras que terminou com a morte de 17 pessoas. Sua apelação à Suprema Corte do Paraguai foi rejeitada, mas outros presidentes latino-americanos se reúnem na sexta-feira para discutir o caso. As informações são da Dow Jones.

O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, desistiu nesta terça-feira de participara da cúpula do Mercosul, que acontece na sexta-feira na Argentina, para não pressionar os presidentes do bloco. O novo governo paraguaio já havia advertido Lugo que ele poderia ser processado caso tentasse representar o país ou interviesse nas deliberações da reunião.

"Não desejo que os demais presidentes se sintam pressionados para analisar a situação do meu país", disse Lugo em declarações divulgadas pela emissora de televisão Canal 4, de Assunção.

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O ex-bispo católico havia dito na segunda-feira que pretendia viajar para a cidade argentina de Mendoza para denunciar a injustiça de sua deposição durante um julgamento político durante a cúpula do bloco. "Ele disse que prefere não intervir na cúpula do Mercosul para que os presidentes participantes não se sintam pressionados pela sua presença", confirmou à Associated Press o porta-voz de Lugo, Rubén Penayo.

O novo ministro de Relações Exteriores José Félix Fernández havia advertido que "o Paraguai é representado pelo presidente Federico Franco e não me parece adequado que o ex-presidente de atribua responsabilidade que não tem mais" e que "se o fizer, vai se expor ao ordenamento legal da república".

O Mercosul, integrado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, e que tem como sócios Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, não reconhece do governo de Franco e suspendeu o direito do país de participar da cúpula de presidentes. As informações são da Associated Press.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), lamentou a destituição de Fernando Lugo da presidência do Paraguai na semana passada e considerou ser inadequada qualquer sanção econômica contra o País. Maia afirmou ser "equilibrada" a posição do governo brasileiro e da presidente Dilma Rousseff de evitar prejuízos à população paraguaia. "Sanções econômicas muito mais do que atingir quem patrocinou o novo golpe atingiria fortemente a população", disse Maia. "Não temos de ter sanção econômica, mas precisamos debater e discutir isso no âmbito da política".

O presidente da Câmara defendeu a posição dos países em estabelecer sanções ao Paraguai porque foram violadas regras que garantem a democracia nos países integrantes da Unasul. "As posições que estão sendo tomadas no âmbito do Mercosul e da Unasul são corretas. O parlamento brasileiro deve referendar as decisões que vêm sendo tomadas pelos governos signatários do Mercosul de condenação", afirmou.

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Maia considerou que os motivos que levaram à destituição de Lugo não estão muito claros. "Parece-me que os argumentos e razões que foram expostos não dão nenhuma vazão ou concretude para realização de um processo de cassação de forma sumária de um presidente da República, como foi realizado no Paraguai", comentou Maia. "O nosso sentimento nesse momento é de indignação, perplexidade e não nos resta outro caminho que não seja cobrar medidas que possam no futuro evitar que isso se repita".

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou nesta segunda que a democracia no Paraguai foi desrespeitada e que agora é preciso aguardar uma decisão da Unasul e do Mercosul sobre as sanções que o país poderá sofrer após o processo de impeachment do presidente Fernando Lugo. "Enquanto cidadão brasileiro, acho que a democracia do Paraguai foi ferida apesar de os senadores e deputados afirmarem que cumpriram a constituição, mas não deram tempo sequer para o presidente se defender", comentou Lula após evento em que o PCdoB referendou seu apoio à pré-candidatura do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. "Nunca vi um julgamento sumário em que em 24 horas depuseram um presidente que levou 60 anos para ser eleito", emendou o ex-presidente brasileiro.

Para o ex-presidente Lula, a democracia paraguaia foi desrespeitada. "Não adianta eu achar que foi um golpe porque eles dizem que não foi. Acho que, na avaliação da maioria dos presidentes da América Latina, a democracia foi desrespeitada porque não deram ao Lugo total direito de defesa", analisou.

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Durante o ato político do PCdoB, o presidente nacional da sigla, Renato Rabelo, disse que as forças oligárquicas nunca abrem mão do poder em favor das forças progressistas, que segundo ele, hoje tomam conta da América Latina. "A liberdade política é sagrada", defendeu. Rabelo citou o exemplo da crise ocorrida em 2005 no Brasil em decorrência do escândalo do mensalão. "Nós tivemos isso aqui em 2005", declarou. Rabelo ainda elogiou a postura do ex-presidente Lula no episódio. "A atitude do presidente Lula foi exemplar e corajosa", afirmou. De acordo com ele, os países precisam se solidarizar com o Paraguai. "Nós não podemos ficar passivos diante de uma situação dessa."

Um dos interlocutores mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, considerou "inusitado" o processo de "impeachment-relâmpago" que levou à saída de Fernando Lugo do poder paraguaio. Carvalho, no entanto, evitou se referir à queda de Lugo como "golpe".

Conforme anunciado no domingo pela chancelaria argentina, o Paraguai está suspenso da reunião de cúpula do Mercosul marcada para esta semana em Mendoza. A presidente Dilma Rousseff se reuniu pela manhã com os ministros Antonio Patriota (Itamaraty) e Celso Amorim (Defesa) para tratar do cenário no país vizinho.

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"O governo brasileiro já manifestou o protesto, a nossa discordância simplesmente pelo fato de não ser respeitado aquele princípio fundamental em qualquer julgamento, que é a defesa ampla, todo direito de defesa. De fato, você mudar o presidente de um país num período de 24, 30 horas, é de todo inusitado. Há uma insurgência de todos os países contra essa questão, mas acho que agora a presidenta, os outros países em conjunto, vamos com maturidade tomar uma posição", afirmou Carvalho a jornalistas, antes de participar de evento com servidores no Planalto.

Questionado se a saída de Lugo foi um golpe, o ministro respondeu: "Não posso, não quero adjetivar. O governo brasileiro manifestou protesto contra o processo, a história do adjetivo a gente tem de tomar cuidado nessa hora até por respeito também ao outro governo."

O ministro defendeu a realização de discussões dentro do âmbito do Mercosul e da Unasul para construir um consenso em torno da questão. "Pra nós, é muito importante valorizar o Mercosul e a Unasul, e trabalharmos em conjunto com os países. Estamos evitando tomar qualquer medida que não seja construída num consenso com esses outros países."

Para Gilberto Carvalho, o episódio no Paraguai vai na contramão do histórico recente da América Latina que, na avaliação do ministro, trilha um caminho democrático.

"Nossa grande alegria dos últimos tempos é o fato de termos superado na América Latina aquela tragédia dos regimes totalitários. (Vemos) A implantação da primeira democracia, vários países caminhando pra democracias populares com governantes populares, o que se esperava era um caminho numa outra perspectiva, de aprofundamento da democracia, não de restrição ao direito democrático de defesa, como foi o caso do Paraguai, por isso nossa estranheza e perplexidade", comentou.

O presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta segunda-feira que pretende voltar ao poder, buscando o apoio de aliados no país e no exterior para forçar o Congresso a reverter a votação que o derrubou na semana passada. Lugo, que classifica seu impeachment de rompimento com a democracia, criou um gabinete paralelo, atacou a legitimidade do novo governo e disse que defenderá sua causa na cúpula do Mercosul, que acontece na sexta-feira em Mendoza, na Argentina.

A Suprema Corte paraguaia rejeitou um pedido de apelação de Lugo contra sua deposição. O processo fora aberto com a alegação de que lhe foi negado o direito de um processo justo, como garantido pela Constituição. Mas o painel de três juízes rejeitou o pedido, sem fazer comentários, aparentemente encerrando as vias legais para Lugo retornar ao poder.

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Ele também pediu que seu partidários no país, que até agora têm se mantido relativamente calmos, aumentem a pressão contra o novo governo.

"Eu quero resistir até reconquistarmos o poder, porque aqui houve um golpe parlamentar", disse ela nesta segunda-feira. "Eu peço às pessoas do interior, aos jovens e a todos os cidadãos que resistam até voltarmos ao cargo que tivermos de deixar injustamente."

Auxiliares do ex-presidente de Lugo, Federico Franco, que assumiu a presidência após o impeachment, condenaram a resolução do Mercosul de impedir o novo governo de participar da cúpula do bloco, embora o Paraguai não tenha sido expulso.

"Nós rejeitamos a decisão do Mercosul de nos suspender do direito de participar das reuniões do bloco, mas eu gostaria de deixar claro que o Paraguai não está fora do bloco", disse o ministro de Relações Exteriores José Félix Fernández. "Este impedimento é para apenas uma reunião e o Paraguai continua na presidência pro tempore da União das Nações Sul-americanas (Unasul)", afirmou ele. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Brasília, 24/06/2012 - Ao suspender de forma inédita um país do Mercosul, o bloco aplicou uma punição política ao presidente do Paraguai, Federico Franco, impedindo-o de participar das duas reuniões de cúpula do bloco que ocorrerão durante o seu mandato de oito meses, na avaliação do Itamaraty. O calendário da sanção estabelecido em costura no Itamaraty coincide praticamente com o fim do mandato do atual presidente paraguaio. Ao mesmo tempo, ficam mantidas todas as vantagens comerciais e os acordos firmados pelo país. A suspensão, decidida em rito sumário e por consenso, não deu chance de explicação aos paraguaios.

O Brasil avalia que a suspensão política do Paraguai vale tanto para a reunião de cúpula do bloco prevista para quinta e sexta-feira, na Argentina, quanto para o próximo encontro de chefes de Estado, previsto para daqui a seis meses. Dessa forma, Franco, que ocupará a presidência por oito meses, não participaria de nenhuma cúpula do Mercosul.

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Segundo a assessoria do ministro Antonio Patriota, os próximos passos da diplomacia brasileira serão dados em conjunto com Argentina e Uruguai, os outros dois sócios plenos da união aduaneira neste momento. Como o Paraguai não possui embaixadores destes países, convocados após o impeachment do ex-bispo Fernando Lugo na sexta-feira, uma via de diálogo terá que ser aberta, de acordo com o Itamaraty.

Defesa

Um primeiro contato com o governo paraguaio foi feito, logo após o impeachment, segundo o Itamaraty. Patriota estava na capital paraguaia quando o Senado aprovou o impeachment e conversou com parlamentares e com Franco, que foi eleito vice de Lugo mas distanciou-se politicamente do ex-bispo. Com base nestes diálogos, o Brasil avaliou que o processo de afastamento do presidente paraguaio ocorreu dando pouca margem de defesa para Lugo, em uma velocidade sem paralelo quando comparado com outros impeachments no mundo.

A presidente Dilma Rousseff ouviu as impressões de Patriota ontem, durante uma reunião no Palácio da Alvorada que também contou com os ministros da Defesa, Celso Amorim, e de Minas e Energia, Edson Lobão. Jorge Samek, presidente da usina Itaipu binacional, que pertence a Brasil e Paraguai, também participou do encontro. (Iuri Dantas)

O ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo, destituído pelo Senado em um rápido julgamento político na sexta-feira, reapareceu na madrugada deste domingo e afirmou que foi vítima de um golpe parlamentar com uma ferramenta jurídica, em entrevista para a emissora estatal de TV. Federico Franco, que era o vice-presidente e foi empossado como novo governante do país, negou em declarações feitas no sábado que tenha ocorrido um golpe de estado do Paraguai e pediu compreensão diante do mal-estar gerado entre os governos latino-americanos que condenaram o processo.

Lugo participou de uma mesa redonda com jornalistas locais e estrangeiros, sinalizando que "em nove meses a situação retornará à normalidade com as eleições gerais do dia 21 de abril de 2013". Franco completará o período de governo de Lugo, que era de cinco anos até 15 de agosto de 2013.

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"Os bispos me visitaram antes do julgamentos político e pediram a minha renúncia para pacificar o país", disse. "Contra o derramamento de sangue e a favor da paz, eu resolvi aceitar o resultado injusto do impeachment", afirmou o ex-bispo da província de San Pedro, a região mais empobrecida do país. Lugo acusou os meios de imprensa locais, respondendo aos próprios interesses, de não terem se informado dos detalhes de sua defesa, embora não tenha dado mais detalhes sobre esse tema.

Lugo sinalizou que "o presidente Franco seguramente acredita que será capaz de governar e, por esse motivo, aceitou a presidência após o golpe de estado mediante julgamento político". "Seu governo tentará mostrar a capacidade de resistir ao bloqueio que está sendo anunciado pelos países da região. Se ele não aguentar, terá de buscar alguma solução", disse.

Lugo confessou ainda que uma eventual retomada de seu cargo na Presidência "será muito difícil, mas pediu para que a população siga se manifestando pacificamente", em uma alusão ao grupo de cerca de mil pessoas reunidas em frente ao edifício da TV estatal, localizado no centro de Assunção. Os manifestantes criticavam a decisão dos congressistas e pediam o retorno de Lugo à chefia do Poder Executivo.

Em um palco, munidos de microfones e alto falantes, os participantes do protesto - a maioria formada por militantes de partidos e organizações de esquerda - se indignaram quando o jornalista local José Luis Simón chamou Hugo Chávez e Fidel Castro de "tiranos e ditadores", avaliando que Lugo "foi um governante ruim". Na sequência, retiraram o microfone de suas mãos e houve um breve apagão. Simón foi obrigado a encurtar seu discurso.

Pressão internacional

Para Franco, a grande tarefa imediata será aplacar a reprovação dos governos sul-americanos vizinhos e do restante do continente que questionaram duramente a celeridade do julgamento político e a saída de Lugo.

Vários governos regionais se manifestaram contra a mudança de poder no Paraguai. O senador Alberto Grillón, do Partido Democrático Popular e amigo pessoal de Lugo, anunciou que "não se descarta a possibilidade de Lugo se apresentar como candidato a senador pela coalizão Frente Guasú (Frente Grande, em idioma guarani)", um grupo que reúne 19 organizações e partidos de esquerda. O ex-governante está habilitado a disputar os postos eletivos porque ao perder o cargo antes de completar os cinco anos de mandato (até agosto de 2013) não é afetado pela proibição constitucional de lutar pela reeleição.

Argentina, Bolívia, Equador e Cuba afirmaram que o que ocorreu em Assunção foi um golpe de estado e não reconhecerão o governo de Franco, enquanto alguns analistas consideram que o novo governante deve ficar isolado da comunidade internacional. "A União das Nações da América do Sul (Unasul) tomará sua decisão e receberemos uma notificação; veremos os argumentos de advertência de sanção", explicou Franco, em uma entrevista com veículos de imprensa estrangeiros. "Esperamos que a Unasul e o Mercosul compreendam esta situação de crise". As informações são da Associated Press.

Frustrando o incipiente esforço do novo governo paraguaio para melhorar sua imagem ante a comunidade internacional, um dia após o impeachment do presidente Fernando Lugo, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou neste sábado o processo de destituição e decidiu chamar para consultas o embaixador brasileiro em Assunção.

Numa nota emitida pelo Itamaraty após quase três horas de reunião, em Brasília, entre a presidente Dilma Rousseff, o chanceler Antonio Patriota, o ministro da Defesa Celso Amorim e o de Minas e Energia Edison Lobão, o governo brasileiro anunciou que condena "o rito sumário de destituição do mandatário do Paraguai, decidido em 22 de junho último, em que não foi adequadamente assegurado o amplo direito de defesa".

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O documento informa ainda que "medidas a serem aplicadas em decorrência da ruptura da ordem democrática no Paraguai estão sendo avaliadas com os parceiros do Mercosul e da Unasul (União das Nações da América do Sul), à luz de compromissos no âmbito regional com a democracia" - uma referência a cláusulas democráticas da carta de fundação das duas entidades que reveem a suspensão de países-membros que violem a ordem institucional.

Sob intensa pressão internacional, o sucessor de Lugo no governo paraguaio, Federico Franco, vem tentando demonstrar que o impeachment não violou princípios democráticos e, portanto, não haveria razão para sanções contra Assunção. As alegações, porém, dificilmente convencerão líderes sul-americanos da legalidade do impeachment.

Pouco antes de o Itamaraty emitir seu comunicado o governo argentino da presidente Cristina Kirchner tinha ordenado a retirada de seu embaixador de Assunção - uma medida que implica rebaixamento de relações bilaterais e mais contundente do que a convocação para consultas, como fez o Brasil. "Aqui não há golpe", declarara Franco pela manhã, na sua primeira entrevista coletiva, no Palácio de López, dizendo-se confiante de que obterá o reconhecimento dos países vizinhos, com os quais manterá contato "no momento adequado". "A situação não é fácil e certamente há inconvenientes com a comunidade internacional", admitiu.

Ciente da delicadeza dos laços com o Brasil - principal parceiro comercial do país, sócio na Usina Hidrelétrica de Itaipu e país de origem de milhares de proprietários rurais no Paraguai, conhecidos como Brasiguaios -, Franco se dispôs a conversar com Dilma para justificar pessoalmente o processo que levou à destituição de Lugo.

Franco afirmou que os brasileiros que moram no Paraguai terão tratamento especial. "Temos a presença de entre 80 mil e 100 mil colonos brasileiros que são cidadãos paraguaios. Eles podem estar certos de que minha conduta será de respeito irrestrito ao trabalho dos cidadãos do campo."

O entendimento do novo governo paraguaio é o de que os países sul-americanos não têm direito de suspender o Paraguai do Mercosul ou da Unasul, uma vez que o Legislativo paraguaio não ratificou o acordo regional que prevê esse tipo de medida em caso de ruptura institucional.

Esta é a primeira vez que o Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) chega sozinho ao poder desde 1939. Na eleição de 2008, a legenda aliou-se a Lugo para romper a hegemonia de décadas do Partido Colorado. Mas, na semana passada, o partido decidiu abandonar o governo e apoiar o processo de impeachment, a nove meses da eleição presidencial. Sem base aliada, Lugo foi duramente derrotado em ambas as casas do Legislativo: 76 dos 80 deputados e 39 dos 45 senadores votaram pela deposição do presidente. Uma hora depois da votação no Senado, o ex-bispo fez um discurso reconhecendo sua destituição. No sábado, ele já estava em sua casa na cidade de Lambaré e foi chamado de "amigo" pelo novo presidente.

Luis Alberto Wagner, o único deputado liberal a votar em favor de Lugo, afirmou que a destituição "lembra bem os tempos de (o ex-ditador) Alfredo Stroessner". "Como condenar uma pessoa sem provar absolutamente nada? É uma afronta à nossa república."

A Constituição paraguaia prevê a existência do julgamento político do chefe do Executivo. O instrumento permite a deposição do presidente sem que ele tenha necessariamente cometido infração jurídica ou administrativa. Mas o artigo constitucional que trata do julgamento político não determina seu procedimento.

Todas as regras do impeachment, portanto, são definidas pelos congressistas, os mesmos que movem a acusação. Na semana passada, o Legislativo determinou que o processo inteiro deveria correr em dois dias, de quinta para sexta-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta sexta-feira que o processo de impeachment a que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, está sendo submetido não tem lhe garantido o "amplo direito de defesa". O impedimento de Lugo foi aprovado na quinta-feira numa votação rápida pela Câmara dos Deputados paraguaia por 73 votos a favor e um contra e o processo continua hoje no Senado, Casa Legislativa em que também as chances do presidente reverter a situação são pequenas.

"Pelo que eu vejo, e pela celeridade com que esse processo está marchando, realmente ele não pode assegurar um amplo direito de defesa, como deve ter aqueles que são submetidos a um processo dessa natureza. Nós tivemos no Brasil, mas seguimos todo o rito que a lei determinava, levou bastante tempo para que aquilo fosse concluído", disse Sarney, referindo-se ao processo pelo qual o ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL) passou em 1992. A tramitação do processo de Collor no Congresso durou três meses.

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Fernando Lugo começou a se desgastar depois do violento episódio do dia 15, em Curuguaty, a 250 quilômetros da fronteira com o Brasil. Na ocasião, camponeses sem-terra armados entraram em confronto com a polícia, deixando 17 mortos. Segundo analistas, a matança teria sido o estopim para que a oposição no país forçasse a saída do presidente, já enfraquecido politicamente.

Sarney classificou como "péssimo" para a América do Sul o processo contra Lugo, uma vez que, na avaliação dele, há "alguns países" na região que não estão tendo práticas "muito democráticas". "São práticas que não são comuns em uma democracia, de maneira que agora (está) exacerbando a nível de derrubar o presidente. Evidentemente mostra que alguma coisa está errada na democracia do continente", afirmou.

O presidente do Congresso disse que cabe ao Brasil defender os princípios democráticos estabelecidos pelo Mercosul. Sarney lembrou ainda que, quando da fundação do bloco, o Paraguai não foi admitido inicialmente por ser presidido pelo general Alfredo Stroessner, que ficou no governo há 35 anos e foi derrubado por um golpe de Estado.

A presidente Dilma Rousseff voltou a manifestar preocupação com o processo político que pode tirar o paraguaio Fernando Lugo do poder. Em rápida conversa com jornalistas em um hotel da Barra da Tijuca, ela disse que ainda não recebeu informações nesta sexta-feira do ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, que está em Assunção chefiando o esforço internacional para evitar o impeachment. "Nós estamos avaliando e acompanhando com atenção", afirmou.

O governo brasileiro espera que a missão de Patriota e outros nove chanceleres da América do Sul consiga adiar a votação do impeachment no Senado, prevista para hoje. Uma avaliação feita na noite de quinta-feira prevê que o processo poderá ser revertido no parlamento.

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Em reportagem publicada hoje, o jornal O Estado de S.Paulo antecipou que Dilma avalia como tentativa de golpe o processo político no Paraguai, onde a Câmara já aprovou a destituição de Lugo. Hoje, ministros criticaram a rapidez do parlamento paraguaio.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que a avaliação do governo é mesmo de que há uma tentativa de golpe. "O processo foge do senso de procedimento geral de Justiça", afirmou. "É surpreendente como ocorreu. Em 24 horas não se depõe um presidente que deixará o governo em nove meses."

Já o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o processo de impeachment foi "espantoso". "É um processo incompatível com as regras do contraditório e da ampla defesa, mundialmente consagradas", afirmou.

Cardoso ponderou que falava como jurista e não como ministro de um governo. "Como jurista, avalio que um processo de impeachment, embora político, precisa ter base jurídica."

O presidente do Equador, Rafael Correa, advertiu, nesta sexta-feira, os parlamentares paraguaios a não decretarem o impeachment de seu presidente, dizendo que se isso ocorrer, sem que seja realizado um processo devido, o país pode sofrer o boicote da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Os legisladores paraguaios votaram nesta quinta-feira o início de um processo de impeachment contra o presidente Fernando Lugo sobre seu papel nos confrontos entre policiais e camponeses, na semana passada, e que culminaram com 17 mortes, gerando uma crise política.

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"Nós não podemos reconhecer um novo governo, e podemos mesmo fechar as fronteiras, como está estabelecido na cláusula democrática da Unasul", afirmou Correa na quinta-feira durante a cúpula de líderes na Rio+20, no Brasil. Segundo ele, o impeachment de Lugo "sem o devido processo" faria com que se ativasse a cláusula democrática, que foi escrita no bloco regional, numa tentativa de virar a página sobre o tempo das ditaduras militares nas décadas de 1970 e 1980.

Diante da gravidade, os países sul-americanos presentes na cúpula da ONU, a Rio+20, sobre desenvolvimento sustentável, no Brasil, imediatamente, os líderes enviaram uma missão ministerial ao Paraguai. Os chanceleres dos principais países sul-americanos - incluindo Brasil, Argentina, Venezuela e Colômbia -, viajaram a bordo do mesmo avião, e após o pouso na capital Assunção, eles se dirigiram diretamente à residência do presidente Lugo.

O secretário-geral da Unasul, Ali Rodriguez, da Venezuela, também expressou "grande preocupação" sobre o processo de afastamento do presidente paraguaio, e disse que a Lugo deve ser dado o "devido processo legal" e o direito de ele se defender. As informações são da Dow Jones.

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, prometeu lutar contra a proposta aprovada na Câmara dos Deputados para seu impeachment. A oposição, que controla do Congresso, tenta tirar proveito do resultado violento de uma ação para a retirada de trabalhadores sem-terra na semana passada.

"Não vou renunciar", disse Lugo em coletiva de imprensa transmitida pela televisão nesta quinta-feira. Na manhã de hoje, a Câmara dos Deputados aprovou, por 73 votos a um, o impeachment do presidente. A proposta seguirá agora para o Senado, controlado pela oposição.

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"Nossas conquistas, particularmente na esfera social, geraram reações dos setores insensíveis e egoístas que sempre viveram com privilégios e nunca quiseram compartilhar os benefícios da prosperidade com o povo", declarou Lugo.

A justificativa para o impeachment foi a desastrada ação das forças de segurança na remoção de sem-terra de uma fazenda privada, no fértil nordeste do país, na sexta-feira. Pelo menos seis policiais e 11 sem-terra foram mortos nos confrontos em Curuguaty, 250 quilômetros a nordeste da capital, Assunción.

Confrontos violentos pela posse de terras são comuns no Paraguai, onde a maior parte das terras produtivas estão nas mãos de uma pequena parte de população. O país é um dos mais pobres do continente.

A economia paraguaia é predominantemente agrícola. O país é o quarto maior exportador de soja do mundo e foi o oitavo maior exportador de carne bovina no ano passado, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Lugo, ex-bispo católico, chegou à presidência em 2008 com a promessa de fazer uma reforma agrária. Mas a iniciativa foi barrada no Congresso, dominado pela oposição.

Lugo, de 61 anos, é impedido pela Constituição Paraguaia de tentar um segundo mandato. O apoio ao presidente tem recuado em razão de uma série de escândalos de paternidade.

No início do mês, Lugo afirmou que reconheceria a paternidade de um segundo filho, um menino de 10 anos. Quatro mulheres disseram ser mães de filhos do presidente desde sua eleição.

Caso Lugo perca o cargo, ele será substituído pelo vice, Federico Franco. As informações são da Dow Jones.

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