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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pediu para discursar durante a assembleia geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que será realizada no fim do mês, em Washington, informou a organização nesta quarta-feira (7).

Em fevereiro, quando se completou um ano da invasão russa à Ucrânia, Zelensky se propôs a aumentar a lista de países que o apoiam contra Moscou, principalmente na África e América Latina. Quase todos os países latinos condenaram a operação russa, mas relutam a sancionar Moscou ou a enviar armas à Ucrânia.

Neste contexto, a missão observadora permanente da Ucrânia solicitou por escrito à OEA que Zelensky "possa fazer um discurso ao vivo e apresentar um gravado durante o diálogo com os observadores permanentes na quarta sessão plenária da Assembleia Geral", como fez no ano passado.

"O pedido de um país observador não está sujeito a aprovação", explicaram fontes da OEA, o que equivale a que ele faria uso da palavra durante a 53ª assembleia geral, instância política máxima da organização.

Zelenski falaria às Américas em um momento de tensão com o Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deseja que o país atue como mediador entre outros países "neutros", incluindo a China, em uma eventual negociação para pôr fim à guerra, mas diz ter ficado incomodado por não ter se reunido com Zelensky paralelamente à reunião de cúpula do G7 no Japão, no mês passado, supostamente por problemas de agenda.

A Rússia deixou de ser um observador permanente da OEA no ano passado, após ser suspensa pela organização até que "cesse suas hostilidades e retire as tropas" da Ucrânia.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu uma reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA) após bolsonaristas invadirem o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

"Propusemos o fortalecimento do sistema interamericano de direitos humanos aplicando as normas vigentes e ampliando a carta aos direitos das mulheres, ambientais e coletivos, mas a resposta são golpes parlamentares ou golpes violentos da extrema direita", escreveu o líder colombiano, no Twitter.

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Petro afirmou que é urgente a OEA se reunir se quiser "seguir viva como instituição". O presidente da Colômbia disse que, na visão dele, a direita não tem conseguido manter o pacto de não violência. "Toda minha solidariedade a @LulaOficial e ao povo brasileiro. O fascismo decide atacar", emendou o líder internacional.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, manifestou-se há pouco também pelo Twitter, condenando o ataque às instituições em Brasília. "Condenamos o ataque às instituições em Brasília, que constitui uma ação condenável e um ataque direto à democracia. Essas ações são de natureza fascista."

Bolsonaristas inconformados com o resultado da eleição invadiram e depredaram neste domingo, 8, os prédios dos Três Poderes com cartazes com frases golpistas que pedem, por exemplo, intervenção militar, o que é inconstitucional.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou nesta segunda-feira, 26, a missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que vai observar o processo eleitoral no Brasil. "Eles vêm observar o que?", disse o candidato à reeleição a apoiadores, no Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo também voltou a defender uma contagem paralela de votos e afirmou que seus apoiadores no País são "no mínimo 60%".

"Eu vou estar agora com o chefe dos observadores que vêm observar as eleições aqui. Eu vou perguntar: 'vêm observar o quê?'", disse o presidente, antes de se encontrar nesta manhã com Rubén Ramírez Lezcano, que chefia a Missão de Observação Eleitoral da OEA. As declarações do candidato à reeleição foram publicadas nesta tarde em um canal no YouTube mantido por seus apoiadores.

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Bolsonaro também voltou a atacar as urnas eletrônicas. "A gente tem que contar os votos", afirmou. O presidente tem agido para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Em discursos, levanta suspeitas infundadas de possíveis fraudes, sem nunca ter apresentado provas ou indícios de irregularidades. Em julho, o chefe do Executivo chegou a reunir embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para questionar a confiabilidade das urnas.

"Tem muita gente inteligente por aí, o número de pessoas que conseguiram o entendimento do que está em jogo nós somos hoje em dia no mínimo 60% no Brasil", declarou. Na semana, durante viagem a Londres, no Reino Unido, para o funeral da rainha Elizabeth II, Bolsonaro já havia dito que se não ganhar a eleição no primeiro turno, com no mínimo 60%, "algo de anormal" terá acontecido no TSE, que é o órgão responsável pela contagem dos votos na eleição.

OEA

O presidente se reuniu hoje com o chefe da missão da OEA no Palácio do Planalto. A seis dias do primeiro turno, a entidade começou a avaliar a disputa eleitoral no Brasil e também deve manter contato com outros candidatos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de partidos políticos e observadores locais.

"Hoje nós tivemos a oportunidade de falar com o presidente da República Federativa do Brasil e com parte do gabinete do senhor presidente", disse Lezcano, a jornalistas, sem dar detalhes sobre o teor da conversa com Bolsonaro. "Nós mantivemos uma reunião muito cordial. Estamos levantando todos os depoimentos dos diferentes candidatos", respondeu o chefe da missão da OEA, quando questionado sobre os ataques do chefe do Executivo às urnas eletrônicas.

Lezcano afirmou que a OEA vai divulgar um relatório sobre o primeiro turno das eleições. "Nós estamos iniciando a nossa Missão de Observação Eleitoral. Vamos, a partir de agora, uma série de reuniões com os candidatos. Convidamos todos os candidatos a mantermos reuniões. Também com os partidos políticos, com as instituições do governo, como o TSE, entre outros, com as organizações da sociedade brasileira, com observadores locais", detalhou o chefe da missão da OEA, que é ex-ministro das Relações Exteriores do Paraguai.

"O mais importante é a transparência", declarou Lezcano, que deve viajar para São Paulo nesta quarta-feira, 28. A missão da OEA chegou ao Brasil na última sexta-feira, 23, e conta com 55 especialistas. Lezcano disse que deve se reunir com Lula quando houver um espaço na agenda do ex-presidente, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e à relatoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) por ameaças à liberdade de expressão. A representação pede que as entidades solicitem informações sobre as ações de combate a desinformação ao Planalto.

A denúncia feita pelo Observatório para Monitoramento dos Riscos Eleitorais no Brasil (Demos) conta com apoio de outras entidades ligadas aos direitos humanos e liberdade de expressão, como a Abraji, APIB e ABJD.

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A iniciativa reforça que Bolsonaro adota uma estratégia de enfraquecer seus adversários com fake news e que ele se apresenta como defensor da liberdade de expressão, mas restringe o direito aos que aderem suas ideias.

"O governo Bolsonaro e sua rede de apoio constroem um discurso que busca caracterizar o controle de abusos nos discursos desinformativos como uma forma de censura. Evocando uma aparência de legalidade, o presidente tenta impor obstáculo que impedem o exercício da moderação de conteúdo, permitindo a difusão de discursos nocivos", aponta o observatório.

Conforme o levantamento enviado, só em 2020, Bolsonaro fez 1.682 declarações falsas, mas seu histórico de desinformação já pôde ser percebido ainda na disputa à Presidência, em 2018, quando estimulou o disparo de mensagens falsas e manipuladas com mecanismos para viralizar discursos de ódio.

O governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República, João Doria (PSDB), criticou a decisão do Brasil de não assinar a declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) repreendendo a ação militar russa contra a Ucrânia. O pré-candidato diz que ao não assinar o documento, o Brasil se colocou ao lado de ditaduras, e questionou se o Brasil "ficará ao lado da democracia ou do autoritarismo?"

"Ao não assinar carta da OEA condenando invasão russa à Ucrânia, Brasil fica ao lado de ditaduras como Cuba e Nicarágua, que também se recusaram a ratificar o documento. 500 brasileiros esperam por ajuda na Ucrânia. Este governo ficará ao lado da democracia ou do autoritarismo?", publicou o dirigente paulista em suas redes sociais neste sábado, 26.

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Segundo o jornal O Globo, apesar de ter votado a favor da condenação da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil não apoiou, na última sexta-feira, uma declaração da OEA criticando os ataques russos à Ucrânia.

O documento também não foi assinado pela Argentina, Bolívia e Nicarágua, diz o jornal.

Entre os motivos para o Brasil não ter assinado o documento, disse fonte ao jornal, estava o fato de a Ucrânia ficar no continente europeu, e não nas Américas, e a defesa do embaixador brasileiro Otávio Brandelli no Conselho de Segurança da ONU, que argumentou pela retomada do diálogo para resolução do conflito no leste europeu.

O presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Senado Federal, para apreciação, o nome diplomata Otávio Brandelli para exercer o cargo de representante permanente do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos (OEA).

Para assumir o posto, Brandelli precisa passar por sabatina no Senado e ter seu nome aprovado em comissão e no plenário da Casa. A mensagem com a indicação está publicada no Diário Oficial da União (DOU).

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O atual secretário-geral do Itamaraty e número 2 durante a gestão de Ernesto Araújo, o embaixador Otávio Brandelli, é o mais cotado para assumir a representação do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. Segundo fontes que acompanham as mudanças, o presidente Jair Bolsonaro deve indicar Brandelli para o posto do embaixador Fernando Simas, que foi chamado para assumir a secretaria-geral.

Antes de ser braço direito de Ernesto, Brandelli era diretor do Departamento de Mercosul do Itamaraty. Ele será o terceiro a assumir um cargo em Washington no último ano após as mudanças que diminuíram o poder da chamada ala ideológica que dá sustento a Bolsonaro.

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Em junho do ano passado, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub foi indicado para uma diretoria executiva do Banco Mundial. Meses depois, Arthur Weintraub, então assessor especial da Presidência e irmão do ex-ministro, deixou o governo para assumir um cargo de confiança na OEA.

Brandelli será enviado após a queda de Araújo. Mas, diferentemente dos irmãos Weintraub e do ex-chanceler, ele é visto como um nome moderado. A secretaria-geral do Itamaraty é o posto administrativo mais alto da carreira - responde apenas ao chanceler, que é um cargo político. Sua troca com Simas tem relação, segundo fontes, com a preferência do atual chanceler, Carlos Alberto França, por um novo braço direito com mais tempo de casa e experiência.

Integrantes do ministério, que acompanham as mudanças, dizem que a troca de Brandelli por Simas não tem maior significado político e não representa uma "caça às bruxas" contra diplomatas ligados a Ernesto.

A OEA é o fórum político regional. Sob o comando do uruguaio Luis Almagro, a organização se notabilizou por uma aproximação à política externa de Donald Trump para a América Latina. Nos últimos anos, a OEA reconheceu os diplomatas de Juan Guaidó, opositor de Nicolás Maduro, como representantes da Venezuela. Em 2019, a organização acusou Evo Morales de fraudar as eleições na Bolívia.

Apesar da troca, França manteve parte da equipe de seu antecessor até agora. O convite a Simas para comandar a secretaria-geral é considerado nos bastidores como um sinal de retomada do respeito da pasta à hierarquia e à experiência. Simas é diplomata de carreira e já ocupou postos importantes no exterior.

O Irã comunicou à Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA) sua vontade de produzir urânio enriquecido a 20%, nível muito superior ao estabelecido pelo acordo de Viena em 2015, informou nesta sexta-feira a agência da ONU.

"O Irã comunicou à organização sua intenção de enriquecer urânio a níveis que podem superar 20% na usina de Fordo, segundo uma lei aprovada recentemente pelo Parlamento iraniano", indicou um porta-voz da OIEA à AFP. Com data de 31 de dezembro, a carta de Teerã não informa quando essa atividade terá início.

O embaixador russo na OIEA, Mikhail Ulianov, citou pouco antes essa informação em um tuíte, no qual mencionou um relatório transmitido pelo diretor geral Rafael Grossi ao Conselho de Governadores. "É uma forma de pressão suplementar", explicou à AFP um diplomata que trabalha em Viena, após meses de descumprimento do acordo nuclear pelo Irã.

Segundo o último relatório da agência da ONU, divulgado em novembro, Teerã enriquece urânio a níveis de pureza superiores ao determinado pelo acordo de Viena (3,67%), mas nunca superou 4,5% e aceitava as inspeções estritas da OIEA. A situação mudou após o assassinato do físico nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh, ocorrido no fim de novembro.

Após o ataque, atribuído a Israel, a ala mais dura do regime iraniano prometeu uma resposta e o Parlamento aprovou uma lei polêmica, que autoriza a produção anual de "ao menos 120 kg de urânio enriquecido a 20%" e "acabar" com as inspeções da OIEA, cujo objetivo é comprovar que aquele país não desenvolve a bomba atômica. O governo iraniano se opôs a essa lei.

O Partido Verde ingressou nesta segunda-feira (10) com uma denúncia ao Estado brasileiro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) devido à falta de ações do governo Jair Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus.

"A Convenção Americana sobre Direitos Humanos dispõe que o direito à vida deve ser protegido pela lei. Ora, o que se demonstrou acima é que o Estado brasileiro faz exatamente o contrário ao promulgar decretos que colocam em risco a vida da sua população no cenário da infecção pelo coronavírus", diz a denúncia.

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No pedido, o PV requer que a OEA condene o Brasil por violações aos direitos humanos e obrigue o governo brasileiro a cumprir recomendações de entidades internacionais de saúde no controle da pandemia como seguir os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), aumentar o acesso dos contaminados a recursos e instalações de saúde, criar barreiras sanitárias para proteger indígenas e quilombolas, disponibilizar insumos para diagnóstico, franquear acesso às informações sobre a doença, entre outras.

Para embasas a denúncia, o PV cita ações do governo que, segundo o partido, vão no sentido contrário ao das recomendações médicas como o decreto presidencial que incluiu cultos religiosos, salões de beleza, academias de ginástica e casas lotéricas entre os serviços fundamentais, além de discursos do presidente Bolsonaro e o descumprimento pelo governo do Plano de Contingência feito pelo próprio Ministério da Saúde.

O comportamento do próprio Bolsonaro também é citado. "A necessidade do uso da máscara é subestimada, na medida em que o próprio decreto da Presidência da República não trata desta temática com a devida seriedade, autorizando que se possa adentrar sem este item de proteção em locais fechados, como templos religiosos, lojas e instituições de ensino. O governo brasileiro transmite a falsa sensação de segurança para a população brasileira, que pode desprezar o risco de transitar sem a máscara nesses estabelecimentos, violando a sua integridade física. Quantas dentre as vítimas da doença podem ter sido infectadas por causa desta medida infeliz?", questiona a ação.

Segundo o presidente do PV, José Luiz Penna, o objetivo é pressionar o governo a tomar providências no combate à covid-19. "É um descalabro. Como é que pode essa falta de liderança?", questionou o dirigente.

Nesta terça-feira (23), 213 entidades do Brasil denunciaram a gestão da Covid-19 nos presídios brasileiros à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA). O documento traz dados e evidências sobre violações de normas e recomendações internacionais em pelo menos seis âmbitos: falta de acesso à saúde, entraves ao desencarceramento, incomunicabilidade, problemas no registro de óbitos e uso de estruturas temporárias precárias.

As entidades brasileiras pedem que os organismos internacionais demandem explicações ao Brasil e recomendem a adoção de medidas emergenciais para conter uma "catástrofe de proporções preocupantes". O Conselho Nacional de Justiça revela que os casos notificados de Covid-19 nas prisões brasileiras aumentou 800% desde maio. 

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De acordo com as entidades, em uma circunstância de pandemia em que a proteção contra o vírus depende de higiene, limpeza e distanciamento social, “manter pessoas privadas de liberdade amontoadas em um espaço fechado e insalubre é exercer um poder de morte que se concretiza em uma equação brutal”, revelam.

“Nós fomos pedir para entregar produtos de limpeza e disseram não que aceitariam porque o Estado estava dando todo o suporte, mas nós familiares sabemos que não está. Sabemos que eles não têm exames e que já há internos infectados. O próprio sindicato de agentes diz que 19 funcionários estão afastados por testarem positivo e que já falta comida em algumas unidades do Complexo da Mata Escura [Bahia]”, diz Elaine Bispo Paixão, familiar de pessoa presa e articuladora da Agenda Nacional pelo Desencarceramento. “Desde 19 de março as visitas estão suspensas e não temos notícias dos nossos familiares, maridos, filhos irmãos. E não é só na Bahia: é o Brasil todo que está sem notícia dos seus”, completa.

As entidades apresentam casos e argumentos especialmente duros contra os órgãos do Judiciário. De acordo com a denúncia, juízes e Ministério Público têm dificultado e até impedido a aplicação da Resolução 62/2020 do CNJ, que faz recomendações para garantir o desencarceramento e, assim, a redução da superlotação. A denúncia chama atenção para a Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 684, parada há mais de um mês no  Supremo Tribunal Federal (STF), que pede a determinação de medidas para controlar a pandemia nos presídios.

*Com informações da assessoria

Os indígenas da Amazônia estão "em grave risco" pela pandemia da Covid-19, advertiram nesta quinta-feira (3) entidades de direitos humanos da ONU e a OEA, que exortaram os países da região a tomar maiores medidas para protegê-los.

A área abrange territórios de oito países (Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela, Guiana e Suriname) e é o lar de 420 povos indígenas, 60 deles em isolamento voluntário.

Ali, o aumento "exponencial" da propagação do novo coronavírus fez soar o alerta de escritórios de Direitos Humanos das Nações Unidas na América do Sul, Colômbia e Bolívia, e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

"Alertamos que a Covid-19 pôs em grave risco a sobrevivência e os direitos dos povos indígenas na bacia do Amazonas, portadores de um conhecimento profundo de um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade e culturas do planeta", disseram em uma declaração por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, que se celebra nesta sexta-feira (5).

Entre os problemas que as comunidades amazônicas enfrentam, destacaram a falta de acesso à informação de saúde confiável, a carência de infra-estrutura hospitalar e a ausência de serviços de saúde adaptados a suas necessidades.

Também denunciaram a atividade continuada de algumas empresas, inclusive em áreas onde as autoridades ordenaram medidas de contenção, o que aumentou o risco de contágio. E apontaram a ameaça constante que representam os atores armados, vinculados ao crime organizado e ao narcotráfico.

"Nesse contexto, os Estados da região amazônica devem incrementar as medidas para proteger os povos indígenas frente à Covid-19, tanto no nível dos contágios, quanto dos impactos sobre seus direitos associados à pandemia", acrescentaram.

Por isso, urgiram aos Estados a "se abster" de promover leis e/ou autorizar projetos extrativistas de exploração ou desenvolvimento em ou perto de territórios indígenas, diante da "impossibilidade de levar adiante os processos de consulta prévia, livre e informada, em conformidade com os padrões internacionais aplicáveis".

Uma polêmica legislação em discussão no Brasil, impulsionada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas rejeitada por organizações indígenas, permitiria projetos de mineração, agricultura e geração de energia hidrelétrica em terras anteriormente protegidas na maior floresta tropical do mundo.

A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) advertiu nas últimas semanas para o impacto "desproporcional" da Covid-19 em indígenas amazônicos.

A diretora da OPAS, Carissa Etienne, lembrou que as populações estão expostas a altas taxas de insegurança alimentar, diabetes tipo 2 e doenças endêmicas, como a tuberculose e a malária, "o que as torna mais propensas a sofrer a carga desta pandemia".

A América Latina está sofrendo em cheio o flagelo da Covid-19, com cerca de 1,2 milhão de contágios e 57.800 falecidos, principalmente em Brasil, México, Peru, Equador, Chile e Colômbia.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou nesta quarta-feira a violência racial na Bolívia e pediu que se respeitem os direitos dos povos indígenas, em uma resolução que acolhe com agrado a investigação dos eventos que ocorreram no contexto das eleições de outubro, muito questionadas.

O texto proposto pela Comunidade do Caribe (Caricom) foi aprovado por 18 votos, incluindo os da Argentina, México, Nicarágua e Uruguai.

Contra foram Bolívia, Colômbia, Estados Unidos e Venezuela (representada por um delegado do líder da oposição Juan Guaidó).

Dos 34 membros ativos da OEA, 11 se abstiveram, incluindo Brasil e Canadá, e o Haiti estava ausente.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou, nessa sexta-feira (6), uma nota condenando a ação policial em um baile funk em Paraisópolis, na capital paulista, que resultou na morte de nove pessoas no último domingo (1º). A entidade convocou ainda o Estado a reformar seus protocolos de segurança. A CIDH é um órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a promoção e proteção dos direitos humanos no continente americano.

“A comissão condena categoricamente essa ação policial e insta o Estado a iniciar, sem demora, uma investigação séria, imparcial e eficaz dos fatos, orientada a determinar a verdade, assim como a individualização, julgamento e eventual sanção dos responsáveis por esses fatos. Além disso, a comissão lembra ao Estado o seu dever de reparar às vítimas de violência e suas famílias”, diz a nota.

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Para o advogado Ariel de Castro Alves, conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), a manifestação da OEA é “fundamental para pressionar o governo do estado para rever a atuação da polícia de São Paulo com relação aos jovens nos bairros periféricos”.

A comissão reuniu as versões, relatando-as no documento divulgado hoje. Segundo a Secretaria da Segurança do Estado de São Paulo, a ação da polícia militar ocorreu durante uma operação em Paraisópolis, quando dois homens de motocicleta dispararam contra as tropas e fugiram para o baile funk, atirando e gerando tumulto entre os frequentadores do evento.

Ainda segundo relato da comissão, vítimas e testemunhas da tragédia disseram que os policiais teriam fechado a rua onde estava ocorrendo o baile funk, utilizando gás lacrimogêneo e balas borracha contra as pessoas presentes, sem que houvesse um confronto.

“Segundo informações públicas e vídeos disponíveis, os policiais cometeram maus tratos e abusos de maneira indiscriminada contra jovens que se dispersaram na área de atividades culturais. Da mesma forma, a CIDH tomou conhecimento de que o serviço de atendimento médico de emergência que havia sido acionado para prestar atenção imediata às vítimas teria sido cancelado em seguida a pedido dos agentes do Corpo de Bombeiros, com um forte indício de omissão que deve ser rigorosamente investigado”, relatou a comissão.

Segundo a CIDH, durante sua visita ao Brasil, em novembro de 2018, a entidade havia identificado que “em um contexto de discriminação estrutural, as forças policiais também realizam operações focadas em comunidades pobres e com alta concentração de pessoas afrodescendentes sem a observância das normas internacionais de direitos humanos e sem a existência de mandados judiciais”.

A Agência Brasil solicitou posicionamento ao governo paulista sobre a declaração da CIDH, mas o estado informou que não emitiu nota sobre o caso.

As delegações da Colômbia e Brasil encabeçaram uma proposta de resolução na Organização dos Estados Americanos (OEA) nesta quarta-feira, para cobrar a convocação de eleições "urgentemente" na Bolívia e o estabelecimento de um calendário eleitoral claro no país.

O texto, aprovado pelo Conselho Permanente com voto a favor de 26 países, também prevê o envio de apoio técnico da OEA para auxiliar nos trâmites eleitorais bolivianos. A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou hoje que convocará eleições gerais nas próximas horas.

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A última reunião do Conselho Permanente da OEA para discutir o caos institucional na Bolívia aconteceu na semana passada. Na ocasião, 15 países manifestaram em uma declaração a defesa de convocação de novas eleições na Bolívia.

Agora, o texto passou de uma mera declaração para resolução - documento que é colocado em votação e tem maior peso simbólico na OEA - e o apoio explícito à convocação de novas eleições subiu para 26 países.

O anúncio de renúncia de Evo Morales, no dia 10, foi seguido pela renúncia em cascata do vice e demais autoridades que poderiam assumir o cargo. A OEA se reuniu dois dias depois em uma clara divisão interna sobre a narrativa de Morales de que sofrera um golpe de Estado, em consequência da pressão das Forças Armadas bolivianas para que ele deixasse o poder após semanas de protestos no país.

Auditoria da OEA apontou, antes da renúncia, "graves irregularidades" no processo eleitoral de outubro, que colocaram em xeque a legitimidade da eleição da qual Evo Morales saiu vitorioso para um quarto mandato como presidente.

O texto da OEA de hoje foi apresentado pela Colômbia e copatrocinado pelo Brasil. No total, 26 dos 34 países votaram a favor. México, Nicarágua e São Vicente e Granadinas votaram contra a resolução. Uruguai, Suriname, Barbados, Trinidad e Tobago se abstiveram.

A resolução aprovada hoje manifesta o apoio dos países à iniciativa do Secretário-Geral da OEA, Luís Almagro, para mobilizar uma delegação do organismo que ajude a garantir as eleições transparentes.

O Conselho Permanente também pede que a Secretaria de Fortalecimento da Democracia da OEA, que fica responsável pelas observações eleitorais, preste apoio técnico à Bolívia 'para que se dê início imediato ao processo eleitoral".

Pressão por fim da violência na Bolívia

A resolução aprovada tem cinco pontos, sendo o primeiro o chamado às autoridades bolivianas para que "convoquem eleições urgentemente, em conformidade com o mandato constitucional e legal da Bolívia, adotando prontamente um calendário eleitoral que dê certeza ao povo boliviano sobre um processo eleitoral com todas as garantias democráticas".

Os países da OEA também pedem que todos os atores políticos e civis, incluindo autoridades e forças armadas, cessem a violência nas manifestações no país e faz um "apelo às autoridades para que garantam a proteção dos direitos humanos".

"É imperioso que os atores políticos e sociais na Bolívia assumam atitude pacífica e condizente com os princípios constitucionais e democráticos, a fim de contribuir para o imediato estabelecimento de condições para a realização de novas eleições, limpas e transparentes, dentro do marco constitucional e com monitoramento internacional independente", afirmou o embaixador do Brasil na OEA, Fernando Simas, na sessão de hoje.

O diplomata também disse confiar que os "técnicos eleitorais da OEA poderão prestar todo o apoio às autoridades bolivianas" para a realização de novas eleições

A Bolívia vive uma conflagração social desde o pleito de 20 de outubro, que deu vitória a Evo para exercer um novo mandato de 6 anos. Para a oposição, o processo foi fraudado. Uma auditoria da OEA defendeu uma investigação isenta sobre o processo por parte de órgãos do Estado boliviano, diante de "registros com alterações e assinaturas falsificadas". A OEA ainda apontou "manipulações ao sistema de computação de votos".

Condenação à violência

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Para o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), a direita "não sabe conviver com a democracia". O senador defende a tese de que Evo preferiu renunciar "para evitar um derramamento de sangue ainda maior", e que o ex-presidente agiu como um pacifista durante a crise, ao propor a realização de novas eleições. Mas nem isso impediu o que define como "um golpe militar". Ele ainda condena a invasão de uma casa do ex-presidente por parte de um grupo paramilitar, ações de violência contra partidários de Evo, e reencaminhou uma mensagem do próprio Evo, afirmando que "estão destruindo o Estado de direito" no país.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também definiu a queda de Evo como um golpe de Estado, e condenou duramente a violência. No twitter, publicou fotos de ex-prefeitos e ex-dirigentes do antigo governo amarrados a árvores, enquanto sofriam ameaças em plena rua.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que a convulsão na Bolívia tem "elementos de ódio". Ele lamentou que indígenas, lideranças de movimentos sociais e jornalistas venham sendo perseguidos desde a renúncia de Evo.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) ainda opina que os problemas da democracia "não se resolvem com a intervenção das Forças Armadas". Ele pede que a comunidade internacional esteja atenta quanto às violações de direitos humanos, e que um novo processo eleitoral seja realizado.

Fraude e novas eleições

Em áudio enviado à redação da Agência Senado de Notícias, o presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), senador Nelsinho Trad (PSD-MS), aponta que Evo caiu após a constatação de que sua última vitória teria sido obtida através de fraude.

“Serve de lição, para que testemunhemos que toda ação que arranha a vontade democrática de uma sociedade leva a desdobramentos inimagináveis. Foi o que ocorreu na Bolívia. A OEA constatou fraudes evidentes no processo eleitoral, que são o pilar, o esteio de qualquer democracia. Quando o esteio é abalado, tudo cai por terra. Rogo para que o povo da Bolívia, de forma livre, soberana e democrática, determine um novo destino ao país”, declarou Trad.

A vice-líder do PSL, senadora Soraya Thronicke (MS), reproduziu uma mensagem do chanceler Ernesto Araujo, para quem "a tentativa de fraude deslegitimou Evo Morales". O comentário ainda defende que "não há nenhum golpe na Bolívia, e que esta narrativa só serve para gerar mais violência". Aponta que o Brasil apoiará a transição "democrática e constitucional", e que a renúncia "foi um gesto acertado, diante do clamor popular". Num comentário próprio, Soraya roga para que "logo a Venezuela tenha a mesma sorte que a Bolívia".

Para a senadora Juíza Selma (Podemos-MT), "graças a Deus a Bolívia acordou". Ela refuta a tese de que o país sofre um golpe de Estado, e que quem tentou dar um golpe foi Evo Morales, "que fracassou".

O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) é outro que diz que o ex-presidente revoltou a população ao fraudar o pleito, e que após perder o apoio dos militares e policiais, não restou outra saída além de renunciar.

Além de Evo, o vice-presidente Alvaro Linera e as cúpulas da Câmara e do Senado também renunciaram. A senadora Jeanine Añez (opositora de Evo) anunciou que assumiria a presidência interinamente, na condição de vice-presidente do Senado. Em entrevista à mídia boliviana, garantiu que assumirá "com a única intenção de convocar novas eleições num prazo de 90 dias", como determina a Constituição daquele país em casos de vácuo no poder.

*Da Agência Senado

 

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) vai se reunir na tarde de terça-feira, 12, para debater a situação da Bolívia.

Um grupo de ao menos 15 países, que inclui o Brasil e a Colômbia, articula nesta segunda-feira, 11, um comunicado conjunto que defenda o fim dos atos violentos no país, pressione pela realização de novas eleições gerais e peça respeito a uma "transição pacífica e constitucional". Se houver consenso sobre o texto, o comunicado deve ser lido na sessão das 15 h (17h no horário de Brasília) de terça-feira.

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No domingo, 10, o presidente Evo Morales renunciou ao cargo após protestos intensos, pressão das Forças Armadas do país e a conclusão da auditoria da OEA que pediu a realização de novas eleições no país. A análise da organização encontrou graves irregularidades nas eleições gerais de 20 de outubro, nas quais o agora ex-presidente se reelegeu para um quarto mandato.

O anúncio de Morales foi seguido pela renúncia em cascata do vice e demais autoridades que poderiam sucedê-lo constitucionalmente. Se a Assembleia Legislativa da Bolívia aceitar a carta de renúncia do presidente recebida nesta segunda-feira e indicar a resposta para o vácuo de poder atual, parte dos países da OEA aproveitará a sessão para reconhecer e apoiar o governo de transição.

Nos bastidores, o chanceler de Evo, Diego Pary, tem tentado fazer com que a reunião seja usada para denunciar o que o governo boliviano chamou de golpe político e policial.

Países como Estados Unidos, Brasil e Colômbia se preocupam com a possibilidade de que a sessão vire palco para ecoar as críticas de Evo a todo o processo que culminou em sua renúncia. O México, sob o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador, deve sair a favor de Evo Morales.

Mesmo entre os países que concordam com a pressão por novas eleições e reconhecimento de um governo de transição, há divergências na forma e calendário ideal para o processo. Os EUA, por exemplo, têm defendido nos bastidores que seja realizada uma reforma eleitoral na Bolívia antes das novas eleições - o que outros países questionam, pela fragilidade das lideranças legislativas atuais, e porque poderia prolongar o processo de vácuo de poder na Bolívia.

A sessão de terça-feira também servirá para que os responsáveis pelo relatório de auditoria falem sobre as conclusões da análise, que encontrou irregularidades no processo eleitoral e pediu a realização de novas eleições.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), expressou preocupação nesta segunda-feira sobre a crise política e a situação dos direitos humanos na Bolívia, um dia depois de o agora ex-presidente, Evo Morales, renunciar à presidência do país.

Segundo dados citados pela CIDH em comunicado, três pessoas morreram, 421 ficaram feridas e 222 foram presas após as eleições de 20 de outubro, que tiveram suspeitas de fraude e desencadearam uma onda de protestos contra o governo.

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"A situação se agravou por novos atos de violência partidária em que foram registrados perseguições, saques, incêndios de ônibus e de edifícios", afirma a CIDH, acrescentando que nas últimas horas houve ataques e roubos a residências de pessoas comuns e autoridades, incluindo a casa de Evo Morales.

O órgão da OEA pede a atores políticos e sociais que parem "todo ato de violência por parte de organizações ou movimentos cidadãos" e ressalta que o Estado deve investigar e punir os responsáveis. "A Comissão condena todo ato de violência e faz um chamado ao Estado para que garanta o respeito aos direitos humanos de todas as pessoas, sem distinção alguma de ideologia, vínculo político ou cargo", diz o documento.

Ontem, Evo Morales e outros três políticos na linha sucessória da Bolívia renunciaram. Em comunicado na TV, ao lado do vice, Álvaro García Linera, Morales disse ter sido vítima "de um golpe de Estado" e que era sua "obrigação" como primeiro presidente indígena do país buscar a pacificação.

Horas antes, o comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, havia pedido que o agora ex-presidente renunciasse ao cargo. Pela manhã, Morales tinha anunciado a convocação de um novo pleito eleitoral, depois que a OEA afirmou em um relatório preliminar ter observado "sérias irregularidades" nos resultados da eleição de outubro. A suspeita de fraude também resultou na prisão da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia, Maria Eugenia Choque, e do vice-presidente da Corte, Antonio Costas.

Evo Morales foi o primeiro presidente indígena da Bolívia e esteve no poder por 13 anos e nove meses, o mandato mais longo da história do país sul-americano.

A Relatoria para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou um guia com recomendações sobre como lidar com a desinformação em contextos eleitorais. O intuito é fornecer subsídios às autoridades dos Estados-membro da organização para lidar com o problema e evitar que esses conteúdos interfiram nos pleitos dessas nações.

A desinformação é definida no documento como a “disseminação massiva de informação falsa com o objetivo de enganar o público com o conhecimento de seu caráter falso”. De acordo com especialistas, esse tipo de ação é potencializada em cenários de intensa polarização política, com os conteúdos falsos servindo de reforço de posições políticas, reproduzindo o que pesquisadores chamam de “câmaras de eco”. Outro fator que estimula a difusão dessas mensagens é o modelo de negócio das plataformas digitais ancorado na publicidade online, baseado na segmentação a partir da coleta e do tratamento de dados.

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A desinformação, segue o guia, não é um fenômeno espontâneo, mas possui agentes por trás. “Pesquisas mostram que esses atores são diversos, de Estados buscando influenciar eleições em outras nações a grupos privados com motivações econômicas (contratados para fazer campanhas de desinformação) ou políticas (que promovem essas campanhas para influenciar eleições)”, observam os autores.

O enfrentamento do problema, defende o documento da OEA, deve equilibrar a proteção do debate público com a garantia das liberdades fundamentais, como aquela relacionada à expressão dos indivíduos e coletividades. Para a organização, o combate às fake news deve envolver as plataformas por onde esse material circula, como Facebook, Whatsapp, Twitter, Google e outras. O documento acrescenta ainda que os atores políticos que atuam nas plataformas (como partidos, candidatos e grupos políticos de apoio) também devem ser instados a atuar de maneira ética, trabalhar com informação verdadeira e não violar a proteção de dados dos eleitores.

O guia defende que os Estados não criem em suas legislações tipos penais para criminalizar a divulgação de notícias falsas. “Introduzir tipos criminais, dada a sua natureza de fenômeno vago ou ambíguo, poderia levar a região de volta à lógica de criminalizar expressões sobre autoridades ou pessoas envolvidas em questões de interesse público, além de estabelecer uma ferramenta com um efeito de reduzir a disseminação de ideias, críticas e informação por medo de ser sujeito a um processo criminal”.

A identificação do que é falso ou verdadeiro é uma das dificuldades. “Em alguns casos, distinguir o falso do verdadeiro requer um julgamento que demanda o estudo do caso em questão e o contraste com evidências disponíveis para a tomada de uma decisão. O próprio julgamento pode depender de materiais de caráter ambíguo”, ponderam os autores.

Eles também questionam soluções adotadas por diversos países (como Alemanha, França, Egito, Quênia e Malásia) de atribuir às plataformas digitais a responsabilidade pela fiscalização e derrubada de conteúdos enganosos ou ilegais. Essas medidas gerariam incentivos a esses agentes para “censurar uma grande quantidade de conteúdos com vistas a evitar sanções econômicas”, alertam. Em vez disso, os governos deveriam definir regras de transparência para os anúncios políticos, de modo a evitar que esse recurso seja explorado para a difusão de material enganoso em eleições.

Em vez de criminalização ou delegação às plataformas do poder de remoção de conteúdos, o texto advoga pelo reforço da capacidade dos cidadãos de distinguir informações falsas das verdadeiras. Os sistemas de mídia devem ser plurais de modo a viabilizar a circulação de informações corretas, que contraponham as enganosas, estimulando “um espírito crítico no consumo e na replicação de informações”, além de desenvolver meios acessíveis de verificação desses conteúdos.

Outra resposta relevante, conforme o documento, é o fortalecimento das leis de proteção de dados pessoais. Elas dificultam a exploração indevida desses registros, insumo chave dos modelos de negócio de direcionamento de publicidade e conteúdo político direcionado, inclusive aquele de natureza falsa.

Ministério de Relações Exteriores do Brasil afirmou nesta sexta-feira (24) que defende uma auditoria completa do primeiro turno, proposta pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

O Itamaraty anunciou o posicionamento do governo brasileiro em uma nota oficial publicada no Twitter.

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Evo Morales conseguiu se reeleger no primeiro turno ao conseguir 47,07% dos votos, uma diferença superior aos dez pontos percentuais exigidos no país em relação ao segundo colocado, Carlos Mesa, que obteve 36,1% dos votos com 99,99% das urnas apuradas.

A apuração do processo eleitoral boliviano ficou sob suspeita de fraude principalmente depois de uma interrupção no sistema de transmissão dos resultados.

A OEA se colocou à disposição para fazer a auditoria do primeiro turno das eleições.

O órgão sugeriu que, mesmo com o resultado apontado pela apuração, a Bolívia passasse por um segundo turno.

Da Sputnik Brasil

Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) se reuniu nesta manhã para debater a situação das eleições presidenciais da Bolívia.

Responsável pelo departamento para observação eleitoral da OEA, Gerardo de Icaza afirmou que vários princípios que regem uma eleição democrática foram violados e que, diante da margem apertada indicada até agora nas urnas, a melhor opção é assegurar um segundo turno eleitoral.

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"Toda eleição deve ser regida pelos princípios de certeza, legalidade, transparência, equidade, independência e imparcialidade. A Missão verificou que vários desses princípios foram violados por diferentes causas ao longo deste processo eleitoral", afirmou Icaza.

Protestos contra o presidente Evo Morales e a Justiça eleitoral da Bolívia se espalharam pelo país e a comunidade internacional aumentou as críticas à condução da apuração dos votos.

Com 97% das urnas apuradas, Evo tem uma margem de pouco mais de nove pontos porcentuais sobre o seu maior opositor, Carlos Mesa. Se a diferença passar de dez pontos porcentuais, Morales ganharia ainda no primeiro turno.

"Devido ao contexto e aos problemas evidenciados neste processo eleitoral, continuaria sendo a melhor opção convocar um segundo turno", afirmou Icaza nesta quarta-feira.

Ele afirmou ainda que a renúncia do vice-presidente da Corte eleitoral da Bolívia, Antonio José Costas Sitic, é "particularmente alarmante". Ao deixar o cargo, na terça-feira, Sitic classificou como "irracional" a decisão de suspender a publicação dos resultados preliminares da eleição e disse que a medida resultou no descrédito de todo o processo eleitoral.

A renúncia, segundo a missão de observação da OEA, "enfraquece ainda mais a institucionalidade" do processo eleitoral. "O clima de polarização, a desconfiança do juiz do processo eleitoral e a falta de transparência gerou alta tensão política e social", afirmou Icaza.

Verificação dos votos

A OEA realizará uma auditoria no resultado do primeiro turno eleitoral. A análise da integridade eleitoral foi solicitada pelo governo Evo, depois de a organização subir o tom nos comunicados sobre a situação do país e anunciar a convocatória para a reunião do Conselho Permanente.

Em carta enviada ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, a Bolívia solicitou que, o mais rapidamente possível, a organização estabelecesse uma comissão que faça uma auditoria em todo o processo de contagem oficial dos votos das eleições de 20 de outubro.

A sessão do Conselho Permanente da OEA, que se reuniu nesta quarta-feira em Washington, foi convocada pelas delegações do Brasil, Canadá, Estados Unidos e Venezuela - representada pela oposição a Maduro no órgão.

"Nos preocupa o quadro de questionamentos e incertezas que levanta dúvidas fundadas sobre credibilidade e transparência do processo eleitoral na Bolívia. Fazemos eco às preocupações manifestadas pela missão de observação da OEA, sobretudo à mudança de ritmo e tendência na divulgação dos resultados, a interrupção imprevista da contagem de votos e a falta de respostas das autoridades bolivianas", afirmou o embaixador do Brasil na OEA, Fernando Simas, durante a sessão.

O Brasil disse apoiar plenamente os termos estipulados por Almagro na carta de resposta ao governo boliviano sobre a realização da auditoria. Almagro estabeleceu que a auditoria teria caráter vinculante às partes envolvidas no processo.

Enquanto o conselho se reunia, um grupo protestava contra Evo Morales na porta da sede da OEA, em Washington. O representante do governo boliviano na sessão afirmou que solicitou que a reunião fosse adiada, para que o chanceler tivesse tempo hábil de chegar aos Estados Unidos para fazer uma explicação mais alongada sobre a situação do processo eleitoral.

O chanceler, Diego Pary, deve estar em Washington na quinta-feira. Uma das explicações dadas na sessão da OEA pelo governo boliviano para a interrupção da transmissão dos resultados parciais é o fato de existirem áreas rurais sem acesso a internet, onde era necessário deslocamento para continuação da transmissão dos resultados.

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