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O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sofreu uma grande derrota em sua tentativa de se permanecer no poder ao não formar um novo governo, mas seu oponente pode enfrentar desafios semelhantes.

Na segunda-feira (21) à noite, Netanyahu anunciou que desistia, depois de tentar formar um governo após as eleições de 17 de setembro.

O anúncio, transmitido por um vídeo no Facebook, representa um fracasso importante para o primeiro-ministro, que tentava permanecer no poder, apesar de um possível indiciamento por corrupção.

Mas este pode não ser o fim do impasse político em que o país está mergulhado desde as primeiras eleições legislativas de abril. O ex-comandante do Exército Benny Gantz, que venceu as eleições de setembro, não tem maioria no Parlamento.

Seus aliados da esquerda e o apoio de alguns parlamentares árabes israelenses não lhe são suficientes para garantir os 61 parlamentares necessários para formar um governo viável.

"Continuamos otimistas, é um estilo de vida", comentou Benny Gantz nesta terça-feira.

No dia anterior, em um comunicado, sua lista Azul e Branco afirmou que estava "determinada a formar um governo de união liberal, liderado por Benny Gantz, pelo qual as pessoas em Israel votaram há um mês". "Liberal" significa dizer sem a influência de partidos religiosos, aliados de Benjamin Netanyahu.

Se Benny Gantz fracassar em um mês, o presidente Rivlin poderá pedir à maioria dos deputados a indicação de um candidato.

Mas novas eleições - que seriam as terceiras desde abril - seriam quase inevitáveis, embora o chefe de Estado israelense tenha lembrado repetidamente que faria todo o possível para evitar uma nova votação.

Político veterano, primeiro-ministro por treze anos - incluindo dez sem interrupção - Benjamin Netanyahu acusou seu rival, um novato na política, de ter atrapalhado seus esforços para montar um governo de união nacional.

Durante as negociações nas últimas semanas, o Likud, partido de direita de Netanyahu, tentou fazer com que os centristas aceitassem um compromisso, elaborado pelo presidente Rivlin, segundo o qual Netanyahu e Gantz assumiriam revesadamente a posição de chefe de governo.

Gantz não aceitou, por considera que seu partido, que conquistou 33 cadeiras contra 32 para o Likud, deveria ser o primeiro a tentar liderar o governo. Durante a campanha, ele garantiu que não governaria com Netanyahu, alvo da justiça por um caso de corrupção.

Após o anúncio de segunda-feira, um compromisso parece muito complicado.

"O que Bibi (apelido de Netanyahu) fez com o mandato de formar um governo? Quatro semanas sem nada", reclamou um dos líderes do Azul e Branco, Ofer Shelah, acusando Netanyahu de tentar provocar novas eleições.

"O fracasso de Netanyahu é a esperança dos cidadãos israelenses", comentou Amir Peretz, líder do Partido Trabalhista, um dos parceiros do Azul e Branco, com seis deputados.

No momento, porém, os dois blocos, de direita com 55 deputados e o Azul e Branco com 54, são irredutíveis. Netanyahu complicou as negociações dizendo que manteria com ele os partidos religiosos, seus aliados mais leais, uma proposta impossível para os centristas que respaldam Benny Gantz.

O impasse político no Congresso Nacional para a votação dos vetos presidenciais e do Orçamento 2013 pode acabar nesta quarta-feira (27). É que nesse dia, o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá analisar a ação relativa aos vetos. Além disso, os ministros devem dar a palavra final sobre a possibilidade de votação da proposta orçamentária.

A inclusão da questão dos vetos na pauta do Supremo foi confirmada na última sexta-feira (22). A ação é o nono item da pauta da reunião marcada para as 14h. Se não houver tempo de a Corte apreciar o caso, ele entrará automaticamente na pauta do dia seguinte.

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Essa questão se prolonga desde dezembro. Após o veto parcial da presidente Dilma Rousseff à lei que redistribui os royalties do petróleo, parlamentares quiseram colocar o veto em análise para tentar derrubá-lo. Mas uma liminar do ministro Luiz Fux determinou que os vetos presidenciais devem ser analisados em ordem cronológica, ou seja, outros 3.210 vetos pendentes precisam ser apreciados antes do veto à lei dos royalties.

A ação causou discussão entre parlamentares e acabou inviabilizando a votação do Orçamento 2013. Isso porque a oposição sustenta que, com base na Constituição, os vetos trancam a pauta, impedindo que qualquer outra matéria seja analisada. Já governo defende que um veto tranca apenas os demais vetos e não todas as matérias.

Luiz Fux chegou a dar uma declaração afirmando que a liminar não impede a votação do orçamento. Mesmo assim, governo e oposição preferem esperar a deliberação do STF, para evitar insegurança jurídica, com uma possível corrida ao Supremo caso o governo conseguisse a votar o orçamento.

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