Tópicos | James Gray

O célebre ator americano Brad Pitt desembarca nesta quinta-feira (29) no Festival de Cinema de Veneza com o filme "Ad Astra", de James Gray, uma odisseia íntima no espaço em busca de um pai perdido.

"Foi o maior desafio de toda minha carreira", disse o ator em Veneza, na coletiva de imprensa de apresentação do filme, do qual é também coprodutor.

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De camiseta e boné de beisebol, com uma linguagem clara e sofisticada, Pitt contou que se trata de um filme delicado, que fala da "masculinidade", mas também da "dor" e da "vergonha", barreiras que os homens costumam negar.

A estrela de Hollywood, de 55 anos, interpreta um homem maduro, quase com autismo, um personagem enigmático, cujas olheiras e rugas ficam em evidência graças aos abundantes planos fechados.

- Oscar para Brad Pitt? -

A aventura de Pitt no espaço, em competição com 20 filmes em Veneza, pode levá-lo a receber seu primeiro Oscar como ator. Perguntado sobre essa possibilidade, Pitt se limitou a sorrir.

Mais do que um filme de ficção científica, ou de uma nova versão de "2001 - Uma Odisseia no Espaço" por seus efeitos especiais, o filme de Gray, autor reconhecido por obras como "Z: A Cidade Perdida" (2016), é um filme sobre os sentimentos.

"Foi um trabalho duro. Desde o início, você questiona por que estamos no mundo, sobre a vida e a morte", explicou Pitt, que interpreta o astronauta Roy McBride.

Sua viagem pelo espaço em busca de seu pai que desapareceu durante uma missão a Netuno 20 anos atrás é, antes de tudo, um encontro com ele mesmo, com seus fantasmas.

"Foi um esforço de equilíbrio para manter o estilo sutil e delicado", resumiu o ator, que elogiou o trabalho do diretor.

O imenso espaço resulta, de qualquer modo, em um lugar hostil e sombrio e também um pretexto para uma travessia interior, uma busca do pai.

"Quis contar uma pequena história no meio do imenso cosmos", reconheceu o diretor, que se inspirou em "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad, e "Moby Dick", de Herman Melville.

- Divórcio de Scarlett Johansson -

Outra estrela de Hollywood, a atriz Scarlett Johansson, também desfilou nesta quinta-feira pelo lendário Lido veneziano com o filme "História de um Casamento", do nova-iorquino Noah Baumbach, com Adam Driver.

Trata-se da crônica de um turbulento divórcio entre Nova York e Los Angeles.

Comparado a filmes lendários sobre esse tema, como o emblemático "Kramer versus Kramer" de 40 anos atrás, o filme narra como um amor pode se transformar em um pesadelo, como as tensões e as diferenças pesam em um divórcio.

"Quando o diretor me chamou para me propor o filme, comecei a lhe contar o que estava acontecendo comigo", disse Johansson, que tinha acabado de se divorciar de seu segundo marido, o francês Romain Dauriac.

"Pensei, é o destino. Este filme tem muito de todos nós", contou a atriz, cujo filme foi produzido pela Netflix, a plataforma audiovisual que não é vetada pela Mostra, ao contrário do que acontece com Cannes, na França.

Para Bambauch, é um projeto que se baseia diretamente em seu próprio divórcio.

Uma coisa que o ajudou foi "falar com tantos amigos que passaram por uma experiência tão dolorosa" como essa, contou o cineasta, que busca transmitir a complexidade da crise um casal e, ao mesmo tempo, mostrar o papel devastador que os advogados podem desempenhar.

Tudo quase pronto para que, na quarta-feira (15), Cannes estenda o tapete vermelho e inicie a maratona do seu 66º festival. Existem grandes eventos de cinema no mundo, mas festival maior que o de Cannes, não há. Desde que a seleção foi anunciada, no mês passado, têm proliferado críticas ao diretor artístico Thierry Frémaux. Quais são seus critérios? O que faz com que o Brasil - e a América Latina - estejam tão parcamente representados? O Brasil não tem nenhum longa, em nenhuma mostra. Frémaux fala em qualidade, no equilíbrio entre novos talentos e veteranos, mas a competição, em princípio, parece menos interessante que a seção Un Certain Regard (Um Certo Olhar), que traz novos filmes de autores de ponta.

Um Certo Olhar, que também é uma mostra competitiva, embora não outorgue nem a Palma de Ouro nem a Caméra d'Or (para novos diretores até o segundo filme), terá uma jurada brasileira, a diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago, e isso - além de alguns curtas -, é o máximo que o Brasil terá em Cannes. Pode ser recalque de excluído, mas só para citar um exemplo, o Faroeste Caboclo, de René Sampaio, já concluído (e que estreia dia 30), não faria feio em nenhuma mostra. Até poderia deixar a Croisette aureolado como cult.

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Atrações não vão faltar. O júri da Palma de Ouro, o principal, será presidido por Steven Spielberg. Durante os 12 dias do evento, pouco importa quem está no Eliseu - o Palácio do Planalto deles. M. le Président, neste período e com toda pompa e circunstância, é sempre o presidente do júri de Cannes. As próprias críticas à mostra competitiva precisam ser relativizadas. Afinal, grandes nomes estarão na disputa da Palma. Confira na lista - Arnaud Desplechin, Asghar Farhadi, James Gray, Jia Zhang-ke, Hirokazu Kore-eda, Takashi Miike, Paolo Sorrentino, Roman Polanski, Abdellatif Kechiche, Nicolas Winding Refn, os irmãos Coen. Na mostra Un Certain Regard, Claire Denis, Sofia Coppola, Hany Abu-Assad.

A curiosidade é que, nas mostras que compõem a seleção oficial, Cannes vai mostrar filmes de atrizes que estão estreando (Valeria Golino) ou perseveram na direção (Valeria Bruni-Tedeschi). Haverá uma homenagem a Jerry Lewis, outra a Stanley Kubrick, seguida da master class do ator Malcolm McDowell, de A Laranja Mecânica. Como todo ano, Cannes Classics exibe versões restauradas de filmes clássicos. A lista de 2013 inclui a Cleópatra de Joseph L. Mankiewicz; Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais; Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Démy; Charulata, de Satyajit Ray; Tarde de Outono, de Yasujiro Ozu; O Deserto dos Tártaros, de Valerio Zurlini; Lucky Luciano, de Francesco Rosi; Um Corpo Que Cai, de Alfred Hitchcock; e O Grande Vigarista, de Ted Kotcheff.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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