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O diretor de cinema americano Oliver Stone disse nesta sexta-feira que Harvey Weinstein, o produtor de Hollywood acusado de abusos sexuais e estupro, é "condenado por um sistema de justiceiros".

"Eu sou da teoria de que é para esperar até que isso vá a julgamento", disse aos jornalistas na Coreia do Sul, explicando que a indústria cinematográfica e o público condenavam prematuramente Weinstein.

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"Se ele infringiu a lei isso virá à tona. Para mim um homem não deveria ser condenado por um sistema de justiceiros", acrescentou Stone, que preside o júri do festival internacional de cinema desta cidade sul-coreana.

Hollywood está cheio de "histórias de terror", mas as acusações contra Weinstein, que abarcam várias décadas, são por enquanto rumores, na opinião de Stone.

"Não é fácil o que ele está passando. Durante esse período era um rival e eu não o conhecia de verdade. Ouvi histórias de terror sobre todo mundo nesta indústria, ou seja, não vou comentar fofocas", acrescentou.

Weinstein, um dos produtores mais influentes de Hollywood, caiu em desgraça desde que o jornal The New York Times publicou em 5 de outubro uma reportagem explosiva sobre seus sucessivos assédios e abusos sexuais a dezenas de mulheres, na maioria jovens atrizes e assistentes.

Harvey Weinstein, de 65 anos, que está sendo investigado pela polícia em Nova York e no Reino Unido, foi acusado na quinta-feira de um quarta estupro.

Desde que o escândalo veio à tona, várias atrizes, entre elas Mira Sorvino, Rosana Arquette, Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Léa Seydoux, disseram ter sido objeto de insistentes insinuações sexuais do produtor.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), criticou nesta quinta-feira, 06, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), que ameaçou processar a jornalista Rachel Sheherazade, do SBT, por seus comentários em defesa do grupo de jovens que detiveram um suposto assaltante, bateram nele, tiraram sua roupa e o deixaram nu preso em um poste com uma trava de bicicleta no pescoço.

No seu comentário na TV, Sheherazade disse que a atitude dos "justiceiros" é compreensível. "O Estado é omisso, a polícia desmoralizada, a Justiça é falha O que resta ao cidadão de bem, que ainda por cima foi desarmado? Se defender, é claro. O contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite", disse a jornalista.

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Na Câmara, Ivan Valente a criticou. Disse que ela fez incitação ao crime, à tortura e ao linchamento. Depois, da tribuna, Feliciano a defendeu. "Como responsabilizar a jornalista, ela não criou o fato, apenas informou, e manifestou com parcimônia o que todos nós sentimos, uma insegurança generalizada, e ela apenas demonstrou compreensão pela atitude de pessoas ordeiras e de bem, que apenas extravasaram um sentimento que tem tomado grande parte da sociedade, já que autoridades legislativas não se preocupam em apresentar leis que realmente intimidem quem envereda para o crime, mas ao contrário, tentar atacar quem se indigna numa odiosa inversão de valores", disse Feliciano.

Ele também criticou a postura de Valente. "Se sua Excelência está tão preocupado com o horário apropriado para exibição de matérias jornalísticas que não venham a constranger o público, espero a mesma atitude desse senhor em relação à programação das emissoras onde se vê cenas fortes de sexo na novela das seis, programas com cenas de violência em tempo real todos os dias em qualquer horário. Até hoje não vi nenhum comentário do nobre colega em relação aos atos praticado por membros de seu partido no Rio de Janeiro, fartamente noticiado pela imprensa em horário impróprio para menores, isso não configura apologia ao crime e sim se trata do próprio crime, o que a meu ver é bem mais grave."

O adolescente de 15 anos torturado e preso pelo pescoço a um poste do Aterro do Flamengo com uma tranca de bicicleta, na sexta-feira (31), estava desde sábado em um abrigo da prefeitura no centro do Rio. Ele já conhecia a diretora dessa unidade e aguardou a funcionária voltar de férias, ontem, para narrar as agressões que sofreu.

Após conversar com a diretora, o adolescente prestou depoimento à Polícia Civil e, nesta quarta-feira, 5, à noite, seria conduzido a abrigo que a prefeitura não vai divulgar onde fica, por segurança.

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Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, responsável pelo abrigo onde o adolescente estava, ele foi para a unidade logo após fugir do Hospital Souza Aguiar, no centro, onde foi atendido após ser libertado por bombeiros do poste em que ficou preso. O menor já foi apreendido duas vezes pela polícia por furto e agressão.

Para a diretora da unidade, o adolescente contou que estava com três amigos na avenida Rui Barbosa, seguindo para a praia de Copacabana, na sexta à noite, quando foi abordado por cerca de 30 pessoas em 15 motos.

O quarteto tentou fugir, mas ele e outro menino pararam ao ver um dos homens armado com pistola 9 mm. A arma não chegou a ser usada, mas os dois adolescentes foram agredidos a socos. Um deles conseguiu fugir depois de apanhar, mas o outro foi deixado nu e preso a um poste. Os agressores fugiram.

Moradores do bairro viram o adolescente, avisaram a coordenadora da ONG Projeto Uerê, Yvonne Bezerra de Mello, e ela chamou os bombeiros. Nesta quarta-feira, ela prestou depoimento sobre o caso e afirmou estar sendo ameaçada de morte e ofendida em redes sociais, chamada de "protetora de bandido". "Fiz um ato solidário a um desconhecido e agora a cidade está contra mim. Estou de saco cheio dessa sociedade", desabafou Yvonne na delegacia.

O morador do Flamengo de 22 anos que admitiu em depoimento "patrulhar o Aterro em busca de autores de delitos" publicou no Twitter, no dia 9 de janeiro, o "novo esporte" que tinha começado a praticar com os amigos: "caçar vagabundo roubando para meter a porrada". Na rede social, Lucas Correia Pinto Felício afirmou que estava com "vontade de comprar uma arma e dar tic tac nesses vagabundos todos".

Em seu perfil no Twitter, ele também publicou a seguinte mensagem: "Vou caçar mais de um milhão de vagabundo (sic) por aí, eu só quero bater em você e quando acordar vou te matar rs". Nenhum dos 220 seguidores de Felício comentou ou replicou as postagens. A última mensagem do perfil é de 14 de janeiro. Ele é um dos dois detidos na segunda sob acusação de tentar agredir dois jovens que, em depoimento à polícia, confirmaram ter marcado um encontro pelo Facebook para fazer a "patrulha". Procurado ontem pela reportagem, Felício não foi localizado.

Justiceiros - O caso dos chamados "justiceiros" veio à tona com a divulgação da foto do rapaz que foi espancado e preso sem roupa pelo pescoço, com uma tranca de bicicleta, a um poste da Avenida Rui Barbosa, no Flamengo. A polícia ainda investiga se há relação entre os dois casos.

No Facebook, em um dia quase 700 pessoas aderiram à página que pede a abertura de um inquérito para identificação de todos os integrantes do grupo. Os criadores classificam o "suposto ato de justiça" do grupo como "reação bárbara de humilhação extrema (que) entra em choque com qualquer princípio básico de humanidade".

Dois dos 14 jovens moradores da zona sul do Rio detidos no fim da noite desta segunda-feira, 3, no Aterro do Flamengo, na zona sul, sob acusação de tentar agredir dois rapazes de Cosmos, na zona oeste, confirmaram em depoimento ter marcado um encontro pelo Facebook para "patrulhar o Aterro em busca de potenciais autores de delitos" na região, de acordo com a Polícia Civil.

Na sexta-feira, 31, um adolescente negro de 15 anos foi espancado e preso sem roupa pelo pescoço, com uma tranca de bicicleta, a um poste da Avenida Rui Barbosa, no Flamengo. "Os dois casos podem ter relação porque o modus operandi é parecido e são todos garotos de classe média, mas precisamos de provas", disse a delegada da 9ª Delegacia de Polícia (DP), Monique Vidal, responsável pelas duas investigações.

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O caso chocante do jovem preso ao poste pelo pescoço foi revelado neste sábado, 1, pela coordenadora da organização não governamental (ONG) Projeto Uerê, Yvonne Bezerra de Mello. Na ocasião, Yvonne afirmou que ele "quase foi assassinado pelos ‘justiceiros’." O adolescente foi socorrido por bombeiros e levado para o Hospital Souza Aguiar. A Secretaria Municipal da Saúde afirmou que ele foi atendido por volta de meia-noite, mas "deixou o hospital à revelia" no início da madrugada. Monique pediu aos prédios da região que encaminhem imagens de câmeras de segurança para tentar identificar os responsáveis pelo crime.

‘Pega, vamos matar’

Os 14 detidos nesta segunda-feira por policiais militares, por volta das 23 horas, têm idade entre 15 e 28 anos e moram em seis bairros da zona sul, segundo os boletins de ocorrência. "Pega, vamos matar, são ladrões", teria dito um deles, conforme o depoimento de uma das vítimas. Na semana passada, teve grande repercussão o assalto sofrido no Aterro pelo ciclista Ricardo Monte, que foi esfaqueado e teve a bicicleta, o telefone celular, a carteira e a mochila roubados por três jovens.

Assaltos

Crimes tornaram-se recorrentes na região - não há dados específicos para o Parque do Flamengo, mas na área da 9ª DP houve aumento de 60% dos assaltos a pedestres na comparação dos dez primeiros meses de 2013, último dado disponível, com o mesmo período de 2012. "O Estado e a sociedade carioca não podem tolerar a formação de grupos de vigilantes privados, sob o risco de aumentar a violência e alimentar uma ‘cultura do extermínio’ que atinge, majoritariamente, jovens pobres e quase sempre negros", disse nesta terça-feira o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque.

"Como morador do bairro do Catete e usuário constante do Parque do Flamengo, também me preocupo com a insegurança e o estado de abandono em que a região se encontra. Mas isso requer uma ação combinada de segurança pública e assistência social à população de adultos, jovens e crianças que vivem naquela área."

De acordo com Roque, a cena do menino negro, desnudo, preso pelo pescoço a um poste, é "mais um alerta do quanto ainda podemos afundar como sociedade quando as instituições públicas não conseguem responder ao estado de emergência social em que vivemos".

Um grupo de justiceiros disse, neste domingo (28), que 25 pessoas foram mortas em um ataque de extremistas islâmicos no nordeste do país. Este foi o primeiro grande ataque com mortos na região desde o início do mês, quando mais de 40 alunos foram assassinados em uma escola secundária.

O líder dos justiceiros, Aliko Musa, contou que seu grupo invadiu vilarejos no fim de semana em busca de membros da organização terrorista Boko Haram. Segundo ele, a retaliação do Boko Haram matou cinco justiceiros e 20 civis - em sua maioria pescadores e comerciantes. Um tenente do exército nigeriano informou que foram mortos 20 civis e um membro do grupo de justiceiros.

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A região está sob estado de emergência, o que dificulta a confirmação dos detalhes sobre a violência.

Fonte: Associated Press.

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