Tópicos | Kramatorsk

A premiada escritora ucraniana e pesquisadora de crimes de guerra, Victoria Amelina, de 37 anos, ficou gravemente ferida em um ataque de míssil russo a uma pizzaria no leste da Ucrânia, na noite da última terça-feira, 27.

O ataque ao Ria Lounge, um dos restaurantes mais populares de Kramatorsk, matou doze pessoas e feriu, ao menos, mais 60, de acordo com o The Guardian.

##RECOMENDA##

O estabelecimento estava cheio de civis quando foi atingido. "Não havia objetos militares que pudessem ser um alvo legal para o ataque naquele dia", disse o PEN Ucrânia e o grupo Truth Hounds em comunicado.

"O bombardeio do Kramatorsk Ria Lounge é outro crime nesta cadeia e (mais uma) evidência da maneira como os russos travam suas guerras", continuou a nota.

De acordo com a Rússia, o ataque teve como alvo os militares ucranianos e mercenários estrangeiros: "A análise da destruição e os testemunhos indicam que, muito provavelmente, as forças armadas da Rússia usaram um míssil Iskander para realizar o ataque", disse o comunicado conjunto com o PEN Ucrânia. "Este é um míssil com alta precisão, então os russos sabiam exatamente o que iria atingir".

Mais sobre Victoria Amelina

A pesquisadora deixou de escrever após a invasão russa no ano passado e se concentrou em documentar crimes de guerra e trabalhar com crianças na linha de frente ou perto dela.

Seu trabalho incluiu desenterrar o diário de Volodymyr Vakulenko, um colega escritor que foi detido ilegalmente e morto por soldados russos na cidade de Izium no início da guerra.

O diário, enterrado em seu jardim, serviu como um documento em tempo real das atrocidades russas.

A retirada dos civis pelos caminhos de Kramatorsk, no leste da Ucrânia, seguiu, neste sábado (9), um dia depois que um bombardeio contra a estação de trens deixou mais de 50 mortos.

Vários micro-ônibus e caminhonetes chegaram para buscar os sobreviventes do bombardeio e que passaram a noite em uma igreja protestante do centro da cidade, próxima à estação bombardeada, constataram os jornalistas da AFP.

Cerca de 80 pessoas, em sua maioria idosos, buscaram abrigo nesse templo.

"Ontem entre 300 e 400 pessoas correram para cá logo após o bombardeio", contou Yevguen, membro da igreja.

"Estavam traumatizadas. A metade correu para se refugiar no porão, outros queriam partir antes. Alguns foram retirados à tarde em um ônibus. Finalmente, ficaram 80, também há sete na minha casa", explicou esse voluntário.

Os refugiados dormiram na pequena igreja em colchões no chão e tomaram o café-da-manhã preparado pelos voluntários antes de irem embora.

Segundo o último balanço oficial das autoridades regionais, no bombardeio contra a estação, na sexta-feira (8), morreram 52 pessoas e 109 ficaram feridas enquanto tentavam fugir desta região do Donbass sob controle dos ucranianos e que está sob ameaça de uma ofensiva maior dos russos.

- Estação fechada -

Um dia depois da tragédia, a estação estava fechada e os acessos bloqueados por faixas de interdição.

Tábuas de madeira substituíram algumas das janelas quebradas pelas explosões, mas os veículos queimados continuavam na esplanada em frente à estação.

O imponente corpo de um míssil, que ficou cravado no gramado de uma rotatória diante da estação, seguia onde caiu.

A noite foi tranquila, sem nenhuma explosão, mas de longe se escutavam os ruídos de artilharia nas linhas de frente próximas à localidade a 20 quilômetros dali.

Muitos temem que os russos lancem uma estratégia de pinça nesta região majoritariamente russófona, que então ficaria sitiada, como aconteceu com Mariupol.

- Evacuação em direção a zonas pró-russas -

As autoridades ucranianas de Donetsk e Lugansk reiteram nos últimos dias os pedidos para que os civis saiam do oeste do país.

Há trens e ônibus para a operação, que é realizada com a ajuda de inúmeros voluntários.

Devido à estação de Kramatorsk ter ficado inutilizada, há quatro trens previstos da cidade vizinha de Sloviansk em direção ao oeste do país.

Mais discretamente, seguem as retiradas no outro sentido, em direção a territórios pró-russos pelas estradas.

Várias filas de carros, frequentemente velhos Lada russos com malas no teto, se dirigem a cada dia em direção ao norte, aos territórios sob controle do exército russo, com o acordo tácito dos soldados ucranianos em seus últimos postos de controle, constatou um jornalista da AFP.

"Nós vamos para lá por que temos família. Há comida, calma e não há problemas", declarou à AFP um homem de uns 30 anos, que se preparava para a viagem com sua família.

À pergunta de se não temem as tropas russas, o homem responde que "há bons e maus em ambos os lados".

Esta região do Donbass, que foi uma zona industrial digna de orgulho durante a era soviética, agora está arruinada e dividida em dois pela guerra que começou em 2014.

Esta área tem historicamente se voltado para a Rússia, que tem apoio entre seus residentes.

Alguns habitantes não manifestam a intenção de fugir com a chegada dos russos, incluindo mulheres e famílias.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando