Tópicos | Mão na Bola

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) convocou neste domingo (28) os capitães dos times da Série A e representantes da arbitragem para discutir os critérios de marcação de pênalti com toques de mão, na próxima quinta-feira (2), no Rio. Na reunião na sede da entidade, jogadores e árbitros vão debater e analisar as regras do futebol sobre a interpretação desse tipo de lance.

O encontro é mais um capítulo da polêmica sobre a mão na bola dentro da área. A CBF tinha orientado os árbitros a marcarem pênalti em qualquer ocasião de toque, mesmo que involuntário. Mas, na última semana, o chefe de arbitragem da Fifa, o italiano Massimo Busacca, afirmou que os árbitros brasileiros estavam equivocados.

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"Um jogador precisa de sua mão e de seu braço para correr, se equilibrar e saltar. Não se pode jogar sem a mão. O árbitro precisa fazer a leitura correta do lance", disse Massimo Busacca na ocasião.

Na reunião na CBF estarão presente também os árbitros sorteados para atuar na 26.ª rodada do Campeonato Brasileiro, que terá início na própria quinta com o jogo isolado entre Palmeiras e Chapecoense, em São Paulo. O restante das partidas será no sábado.

Segundo o comunicado da CBF, o intuito do encontro será debater as orientações da Fifa com base na análise de 26 vídeos, além de outros oito, que foram analisados pela entidade máxima do futebol como decisões corretas durante jogos realizados no Brasil.

No domingo passado, o jogo entre Corinthians e São Paulo teve como grande polêmica justamente um lance de pênalti por bola na mão. O gol de empate corintiano causou bastante reclamação por ter surgido de um pênalti em que a bola bateu no braço do zagueiro Antônio Carlos.

O presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, banca a decisão dos árbitros brasileiros contra os comentários da Fifa e também rebate: ninguém na entidade é "leviano". Na última quarta-feira, em entrevista a jornalistas brasileiros, o chefe de arbitragem da Fifa, Massimo Busacca, negou que haja uma orientação da entidade para apitar pênalti ou falta em qualquer bola na mão, como tem sido o comportamento dos árbitros brasileiros.

Suas declarações causaram mal-estar dentro da CBF e entre os árbitros. No Brasil, o chefe da comissão de arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, insistiu que as novas orientações eram uma recomendação da Fifa e que teria sido o uruguaio Jorge Larrionda, instrutor da Fifa, quem passou as novas ordens. "O Sergio Correa respondeu lá no Brasil", declarou Del Nero nesta quinta-feira na Fifa. "Nós temos os vídeos, as provas. Ele não é leviano", insistiu.

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Na quarta-feira, a Fifa insistiu que "nunca mudou" a "regra da bola na mão" e criticou o comportamento dos juízes no Brasil. Para a entidade, os árbitros precisam "ler a situação" e não dar falta a cada bola que toque a mão. "A mão faz parte do jogador. Não há como pensar em um jogador sem mãos", indicou Busacca.

Nas últimas semanas, a arbitragem no Campeonato Brasileiro tem causado diversas polêmicas, em especial por conta de lances de mão na bola. A diretriz da CBF sobre da "mão na bola" aponta para uma direção exatamente contrária à avaliação de Busacca.

A recomendação "une a mão intencional com o toque teoricamente não proposital e intensifica as marcações de infrações, mas levando em consideração fatores como a distância entre o atleta que tocou na bola e aquele que chutou". Na prática, a recomendação restringe a interpretação de que possa haver um movimento de bola na mão.

Na Fifa, a recomendação surpreendeu. Segundo Busacca, "não se pode dar falta a qualquer toque de mão. "Isso é um absurdo", declarou. Para ele, o que precisa ser pensado é se a mão de um jogador estava ou não no local de forma "natural ou não-natural".

"Um jogador precisa de sua mão e de seu braço para correr, para se equilibrar e para saltar", disse. "Não se pode jogar sem mão", declarou. Para ele, questionar isso é "desrespeitar o atleta". Outro fator, segundo ele, que precisa ser avaliado é se o toque foi "intencional ou não". "Quando um jogador tenta fazer seu corpo maior usando a mão, isso deve ser punido", disse.

Busacca insiste que, em seu trabalho, tem reforçado a ideia de que os árbitros precisam ir além das regras escritas e saber "ler" uma situação. "O juiz não pode só pensar como juiz e apenas aplicar o que está escrito", disse. "Um juiz precisa se colocar no lugar do jogador e entender um movimento", completou. Nesta semana, o presidente da CBF, José Maria Marin, deixou claro que estava "insatisfeito" com a arbitragem no Brasil.

Nada é mais subjetivo no futebol do que a tal da mão na bola ou bola na mão. É mais fácil mensurar a dor de uma paixão, clubística ou não, do que ter a real certeza da intenção de um atleta ao ter o objeto principal de um jogo tocado em seus membros superiores.

Sem querer e querendo o lance, como sempre, causou polêmica e neste final de semana. Um no jogo do Santa Cruz, onde a bola bate no braço do zagueiro do Icasa após chute de Léo Gamalho em direção ao gol e o juiz não marcou infração. Diferente do pênalti assinalado contra o São Paulo no clássico com o Corinthians, onde zagueiro Antônio Carlos toca a bola com o braço quando a bola seguia o caminho oposto do gol.

Curiosamente as jogadas ocorreram poucos dias após a CBF divulgar recomendações aos árbitros sobre esse tipo de acontecimento. Segundo o vídeo, que tem mais de quatro minutos e as instruções da ex-bandeirinha e musa, Ana Paula de Oliveira, em qualquer contato da mão com a bola dentro da área é para ser marcado o pênalti. 

Nas duas jogadas citadas no segundo parágrafo deste texto, decisões diferentes foram tomadas partindo do mesmo princípio. O que já não era fácil de entender parece ter ficado mais difícil ainda.

Em outros esportes praticados com bola e que trocam os pés pelas mãos na condução da mesma, a utilização dos outros membros também gera discussões. Ainda hoje no basquete é terminantemente proibido os pés tocarem a bola laranja, acidentalmente ou não. O vôlei também utilizava a mesma recomendação, mas recuou e hoje os pés são utilizados principalmente em lances de defesa.

No futebol mais do que a intencionalidade do jogador em colocar a mão na pelota vale a predisposição do homem do apito em marcar tal infração. 

Subjetividade é o que faz parecer real aquilo que não está claro, assim como amores platônicos, convicções políticas e bolas nas mãos.

3 dentro

- Ronaldinho Gaúcho. O craque está mudando a rotina no futebol mexicano. Um esquema especial de segurança teve de ser montado no hotel que Querétaro, time do brasileiro, estava hospedado em Guadalajara. Dentro de campo o meia marcou um gol e deu passe para outro na vitória da sua equipe por 4 a 1 contra o Chivas.

- Robinho. Apagado em suas últimas temporadas na Europa, a volta do camisa 7 ao Santos está fazendo com que ele reencontre o bom futebol. As lembranças nas convocações desde o retorno de Dunga à seleção brasileira também ajudam no bom momento do atacante.

- Cruzeiro. Há quem diga que a sorte sempre está ao lado dos campeões. Partindo deste princípio o time azul de Minas Gerais está cada vez mais perto da taça do Campeonato Brasileiro deste ano. Mesmo com os recente tropeços da Raposa, os rivais não conseguem encostar no líder da competição, que mantém uma distância de sete pontos para o segundo colocado.

3 fora

- Everton Sena. Ele não é o principal culpado pelas falhas no sistema defensivo do Santa Cruz, mas preocupa a irregularidade e a instabilidade emocional do jogador nas últimas partidas. Passes curtos e coberturas na marcação estão sendo constantemente feitos de forma errada pelo zagueiro.

- Palmeiras. O tradicional clube paulista vive mais uma via crucis a caminho da segunda divisão. A cada rodada a caminhada vai sendo mais dolorosa. A goleada sofrida por 6 a 0 contra o Goiás humilhou os palmeirenses e os colocaram na lanterna da Série A.

- Racismo. Depois de brincar no Twitter com a derrota do Manchester United, o atacante italiano Mario Balotelli sofreu uma onda de mensagens racistas através da mesma rede social. A polícia britânica abriu investigação para punir os autores dos ataques contra o jogador do Liverpool.

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