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Entre os dias 09 e 11 de agosto, escolas da Rede Estadual de Ensino das quatro macrorregiões do estado (Metropolitana, Mata, Agreste e Sertão), receberão uma visita muito especial. Trata-se do projeto “O Voo da Águia: do Terreiro à Escola", uma aula-espetáculo que tem em seu objetivo a promoção de um contato direto com uma das riquezas da diversidade cultural de Pernambuco, o maracatu de baque solto.

A ação, idealizada pelo Maracatu Águia Misteriosa, de Nazaré da Mata, celebra os 32 anos de existência do grupo. Na aula-espetáculo, são explanados os elementos que compõem a manifestação cultural, a exemplo dos principais personagens, trajes, manobra e musicalidade, além da interação com o público. Trata-se de uma verdadeira salvaguarda dessa manifestação cultural, que conta com cerca de 120 integrantes.

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Em cada uma das cidades visitadas o projeto irá promover, ainda, um intercâmbio artístico com a participação de um grupo da cultura popular da região. Nesta circulação, a interação vai acontecer com o Coco Canavial, em Nazaré da Mata; o Caboclinho Tapuias Camarás, em Camaragibe; o Boi Surubim, em Surubim; e, o Maracatu Raízes do Sertão, em Arcoverde.

O projeto O Voo da Águia: do Terreiro à Escola acontece por meio de incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco. Tem a concepção, elaboração e produção geral do professor e produtor cultural Clébio Marques, CEO da Usina Produções.

Sobre o Maracatu de Baque Solto

Dentre as tantas manifestações tradicionais que dão brilho e luz ao Carnaval, sem dúvida, é uma das mais impressionantes e encantadoras. Essa expressão popular que tem como personagem central o Caboclo de Lança e envolve performances dramáticas, musicais e coreográficas, está associada ao ciclo canavieiro da Zona da Mata Norte de Pernambuco.

O aspecto sagrado/religioso/ritualístico perpassa o folguedo durante todo o ano, em que se dão os ensaios ou sambadas, além das apresentações no período carnavalesco, caracterizando-o, fundamentalmente, como possuidor do "segredo do brinquedo". Nas apresentações, o mestre de cada maracatu entoa loas em marchas, sambas e galopes acompanhados do Terno (conjunto de músicos), enquanto no terreiro do maracatu os caboclos de lança, baianas e arreiamás se exibem fazendo suas manobras.

Fundado em 03 de março de 1991, o Maracatu Águia Misteriosa mantém o trabalho social, o registro e a preservação das expressões culturais e do patrimônio imaterial, do carnaval pernambucano e da Cultura Popular em toda a sua plenitude.

Solidariedade

Em seu último dia de realização, uma apresentação especial será promovida no Campus Mata Norte da Universidade de Pernambuco (UPE). Neste, serão arrecadados donativos para a Casa Irmã Guerra, uma Instituição de Longa Permanência para Idosos/ILPI localizada em Nazaré da Mata, que há 92 anos acolhe pessoas idosas em situação de vulnerabilidade social e atualmente atende cerca de 80 idosos.

PROGRAMAÇÃO

Escola Dom Ricardo Vilela / Nazaré da Mata (Mata)

Intercâmbio: Coco Canavial

Quarta, 09 de agosto de 2023 -10h

 

EREFEM Francisco de Paula Correia de Araújo / Camaragibe (Metropolitana)

Intercâmbio: Caboclinho Tapuias Camarás

Quarta, 09 de agosto de 2023 -16h

 

EREF Maria Cecília Barbosa Leal / Surubim (Agreste)

Intercâmbio: Boi Surubim

Quinta, 10 de agosto de 2023 -10h

 

EREM de Arcoverde / Arcoverde (Sertão)

Intercâmbio: Maracatu Raízes do Sertão

Sexta, 11 de agosto de 2023 -10h

 

UPE – Campus Mata Norte – Nazaré da Mata

Sexta-feira – 11 de agosto.2023 – 19h
Apresentação Especial

 

*Via assessoria de imprensa. 

Neste domingo (14), Nazaré da Mata, cidade a 60 Km do Recife (PE), conhecida como a Capital do Maracatu Rural, amanheceu silenciosa. Assim como nas demais localidades com forte tradição carnavalesca, o vazio das ruas era o retrato de 2021: o ano em que a pandemia do novo coronavírus nos 'roubou' o Carnaval.

Tal silêncio, no entanto, foi quebrado momentaneamente por um caboclo solitário que, devidamente caracterizado, deu um pequeno passeio pela cidade para manter viva a tradição. Assim como ele, alguns outros brincantes da manifestação, em cidades como Araçoiaba e Condado, vestiram suas fantasias para marcar a data e manterem viva sua tradição. 

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Em Nazaré, a iniciativa foi de Anderson Miguel, mestre de apito do Maracatu Águia Misteriosa e um dos mais importantes mestres da nova geração do baque solto. Para marcar o Carnaval 2021, o mestre deixou a bengala de lado, vestiu-se de caboclo e saiu para um passeio solitário pela cidade. "Sozinho, sem aglomerar; o caboclo, ele é um herói. Eu fico sem meu Carnaval não, podem me prender", disse.

O 'mestre-caboclo' fazia referência à proibição expressa do Governo do Estado à qualquer manifestação carnavalesca, em virtude da pandemia. Representantes do Ministério Público chegaram a visitar a sede do Águia Misteriosa para orientar sobre as restrições que, caso descumpridas, resultariam em multa ao maracatu.

De máscara e sozinho, Mestre Anderson fez um pequeno percurso para deixar marcado o Carnaval 2021. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Antes da saída de Anderson, o estandarte da agremiação foi posto do lado de fora da sede, como forma de marcar o momento. Para o presidente do Águia Misteriosa, Vicente Manoel da Silva, a dor de passar um ano sem Carnaval - o primeiro em 50 dedicados à festa -, mal podia ser colocada em palavras: "É muito difícil", limitou-se a dizer.

A preparação para o passeio foi cuidadosa, com direito a banho de limpeza, para proteger contra más energias, uma tradição do brinquedo. O banho foi preparado por Dona Maria Célia, filha do fundador da agremiação, Seu Zé Rufino, e esposa de Vicente. Ela se dedica ao maracatu desde os 10 anos de idade e nunca tinha visto um Carnaval como esse. Emocionada, ela chorou ao ver Anderson fazer as primeiras manobras, já na rua.

Dona Célia registrou a saída de Anderson e chorou, emocionada. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

No seu trajeto solitário, o caboclo percorreu cerca de 1,6 km. A passagem de Anderson, que precisou trocar o cravo que se leva na boca, segundo a tradição da manifestação, pela máscara de proteção, chamou a atenção dos moradores que acenavam das janelas e portões das casas. O passeio terminou em frente à catedral da cidade, localizada na Praça Papa João XXIII, onde ele fez seus últimos movimentos.

De volta à sede do Águia, Seu Vicente o recebeu com os olhos marejados e um sorriso de alento no rosto. "Um (caboclo) conta por todos, né?", disse em tom de comemoração. Para Anderson, a sensação foi de ter cumprido uma missão: "Nazaré da Mata é a terra do maracatu, não é um vírus que vai parar nossa tradição. Foi tudo muito certinho, seguindo os protocolos; eu posso dizer que eu brinquei o Carnaval, com a esperança de dias melhores".

Na praça, o caboclo higienizou as mãos com álcool. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

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#CabocloNaRua

Assim como o mestre Anderson, outros folgazões do maracatu rural, como são chamados os brincantes, fizeram questão de deixar marcado o Carnaval de 2021. Espalhados pelas cidades de Nazaré, Araçoiaba,Condado e também na Região Metropolitana do Recife, os caboclos vestiram suas indumentárias e registraram a resistência de sua tradição. Paramentados com a máscara de proteção, eles compartilharam pela internet as imagens de suas evoluções acompanhadas pela hashtag #CabocloNaRua. 

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Não parece exagero dizer que o maracatu rural, ou maracatu de baque solto, é o brinquedo mais misterioso e sedutor do Carnaval. Cheio de personagens, que dançam e 'manobram' ao ritmo bastante particular do 'terno' - como é chamada sua parte musical -, a manifestação mistura elementos das culturas negra e indígena fazendo transbordar sua brasilidade com tons de pernambucanidade. Neste especial de Carnaval, Seu Zé Rufino - ex-caboclo, com uma experiência de mais de seis décadas dentro da cultura popular e fundador do Maracatu Águia Misteriosa, de Nazaré da Mata -, fala sobre a brincadeira e explica o que não pode faltar para botar o maracatu na rua. 

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"A gente aqui trabalha para ensinar". 

José Rufino, fundador do Maracatu Águia Misteriosa, de Nazaré da Mata - 86 anos, 66 deles dedicados à cultura popular.

"Desde pequeno eu queria brincar de caboclo. Eu via meu pai brincando e queria brincar também". 

Alex dos Santos Oliveira - 18 anos, brinca desde os seis.

"O personagem da Catita, ela faz a abertura do maracatu. É a graça do pessoal".

Lucas Vinícius, a Catita Liandra - 15 anos de idade, há dois brincando no maracatu.

"Pretendo brincar até o resto da minha vida. Não troco o meu maracatu por bloco nenhum". 

Khetylley Romana - 23 anos, há dois no maracatu. Em 2019, ela apenas trabalhou na organização da agremiação, neste Carnaval, ela estreia como baiana.

"O caboclo é como se fosse o guarda que protege o nosso maracatu".

Edgleibson Lucas da Silva - 18 anos, há três é caboclo. Na foto, ele se veste como arreamar.

"Maracatu é a melhor coisa do mundo. Pra mim é maravilhoso, eu amo brincar".

Maria Alice Santos da Silva - 13 anos, há quatro brinca maracatu como indía.

 

Em uma casa não muito espaçosa, pintada de verde, funciona a sede do Maracatu de Baque Solto Águia Misteriosa, em Nazaré da Mata, a ‘capital do maracatu’. Na porta, o desenho de uma índia, na verdade uma entidade da Jurema Sagrada, registra quem protege a nação, a cabocla Jacira. Com 28 anos de história, o grupo se destaca por ser um dos maiores de Nazaré da Mata e, também, um dos mais ousados.A sede do Águia Misteriosa é simples, mas guarda a riqueza da nação. Os trajes e adereços de caboclos e baianas, confeccionados pelos próprios folgazões - muitos deles trabalhadores rurais -,  conferem ao lugar um colorido de beleza impressionante. A casa também foi erguida por muitos dos brincantes, entre eles, Vicente Manoel da Silva, integrante do grupo há 19 anos e, hoje, presidente.                                                             Ele conta com orgulho como ajudou na construção da sede, colocando tijolos e rebocando paredes e relembra como a agremiação era guardada antes do lugar ser levantado: \"Esse maracatu vivia dentro de um quarto. Quando chovia, chovia dentro do quarto também\", diz aos risos.O presidente da Águia também se orgulha de seus 160 componentes. Segundo Vicente, a sua é a maior nação de Nazaré da Mata em número de participantes. E a grande maioria ajuda na produção do Carnaval, costurando, bordando, ou até mesmo vendendo rifas para ajudar no custeio da festa. Maracatu InovadorAlém dos números, o Águia Misteriosa tem outra característica que o destaca: a ousadia. O maracatu gosta de inovar e não tem medo de arriscar. Haja vista a decisão de entregar o seu terno, a parte musical da brincadeira, para um jovem de apenas 15 anos, o Mestre Anderson Miguel, oito anos atrás.Foi com essa idade que Anderson estreou no Águia, em 2011. \"Eu agradeço pela coragem do Águia de ter entregue o maracatu para um menino tão novo, com pouca experiência\", ele diz, hoje aos 23. Atualmente, Anderson é um dos maiores nomes da nova geração de mestres da Mata Norte pernambucana e reconhece que a nação onde, praticamente, começou foi uma grande \"escola\".Em 2019, após passar por outras agremiações, Mestre Anderson está de volta à sua \"casa\". O jovem também se diz muito invoador e por isso sua identificação com uma de suas primeiras nações é grande. Ele promete um grande Carnaval para o Águia Formosa neste momento de retorno do qual fala emocionado e feliz: \"A expectativa é grande. Voltei pra casa\".LeiaJá também--> Maracatu de baqe solto, a brincadeira mais misteriosa do CarnavalFotos: Rafael bandeira/LeiaJáImagens 

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