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O tesoureiro do PT João Vaccari Neto presta depoimento à Polícia Federal, em São Paulo, nesta quinta-feira (5). O mandado de condução coercitiva de Vaccari foi cumprido na nona Operação da Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras.

Vaccari foi levado à Superintendência, na zona oeste da capital paulista, pela manhã. Durante a investigação da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, personagem central da operação, apontou o tesoureiro como um dos operadores do esquema de pagamento de propina na diretoria de Serviços da estatal.

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O petista foi citado também na delação premiada do ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco Filho, homologada pela Justiça Federal no Paraná. Barusco afirmou que fez uma "troca de propinas" com o tesoureiro. Ele contou que possuía um "crédito" da empreiteira Schahin Engenharia, gigante que atua também nas áreas de petróleo e gás, mas estava encontrando dificuldades em receber o dinheiro.

O ex-gerente disse que procurou Vaccari pela boa relação do petista com a Schahin. A diretoria de Serviços da Petrobras, unidade estratégica da estatal, era cota do PT. Por ela passam todos os procedimentos de licitações e contratação da estatal. Por meio da assessoria de imprensa do PT, o tesoureiro nega ter feito troca de propinas.

Durante as investigações, a força-tarefa da Lava Jato relacionou uma suposta entrega de dinheiro para Marice Corrêa de Lima, cunhada do tesoureiro, solicitada por um executivo da empreiteira OAS, com duas movimentações da contabilidade do "money delivery", operado por Youssef.

Na denúncia criminal que ofereceu contra seis executivos do Grupo OAS, em dezembro do ano passado, o Ministério Público Federal considerou como elemento de prova o cruzamento do monitoramento telefônico do doleiro, com José Ricardo Nogueira Breghirolli, com a contabilidade informal de Youssef para indicar o pagamento de valores para Marice, em dezembro de 2013.

"Diálogo travado em 3 de dezembro de 2013, no qual (Youssef e Breghirolli) combinam duas entregas a serem feitas por Youssef. A primeira, no mesmo dia 3, aos cuidados de Sra. Marice, no endereço Rua Doutor Penaforte Mendes, 157, AP 22, Bela Vista", informando que a entrega e a mando de "Carlos Araújo", registra a denúncia.

Em janeiro deste ano, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) entregue aos investigadores da Lava Jato registrou uma movimentação considerada suspeita em 2009 de R$ 18 milhões envolvendo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado à CUT, a Bancoop, cooperativa criada pela entidade cujo presidente era o atual tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, e a Planner Corretora de Valores.

Em 23 de novembro de 2009, a Bancoop recebeu R$ 18.158.628,65 do Sindicato dos Empregados de Estabelecimentos Bancários de São Paulo, informou o Coaf, órgão de inteligência do Ministério da Fazenda. "Na mesma data, foram transferidos R$ 18.151.892,51 para a empresa Planner Corretora de Valores", registra o documento enviado à Polícia Federal e anexado ao processo em que foi decretada a prisão preventiva de Nestor Cerveró, ex-diretor de Internacional da Petrobras.

A Operação My Way, nona fase da Lava Jato, anunciou nesta quinta-feira, 5, que um grupo de onze operadores agia na Diretoria de Serviços da Petrobras para pagamento de propinas. A Diretoria de Serviços foi comandada por Renato Duque, alvo da investigação, que foi indiciado para o cargo pelo PT.

Segundo a Procuradoria da República e a Polícia Federal, o tesoureiro do PT João Vaccari Neto é suspeito de ser o principal operador da Serviços, área estratégica da estatal petrolífera porque por ela passavam todos os procedimentos de licitações e contratações.

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A PF faz buscas na casa de Vaccari, em São Paulo. Contra ele foi expedido mandado de condução coercitiva. Vaccari foi acusado pelo delator Pedro Barusco, ex-gerente da Diretoria de Serviços, de receber propinas. Barusco chamava Renato Duque de 'My Way', por isso o nome da operação deflagrada hoje.

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima disse que a My Way está na fase de "semeadura de provas". Ele declarou que a força tarefa quer saber de Vaccari Neto "informações a respeito de doações que ele solicitou, legais ou ilegais, envolvendo pessoas que mantinham contratos com a Petrobras".

"Esse é basicamente o motivo pelo qual está sendo ouvido nesse momento", declarou o procurador. Indagado se o dinheiro ia para o PT, o procurador disse. "Não posso dizer exatamente o destino porque nem sempre doações passam pelo caminho legal."

Uma grande empresa de Santa Catarina também foi alvo de busca. Segundo a polícia, a companhia supostamente pagaria propina em negócios com a BR Distribuidora em troca de informações privilegiadas e contratos direcionados para ela.

A nona fase da Operação Lava Jato deflagrada nesta quinta-feira (5), foi batizada pela Policia Federal de "My Way" (Meu Jeito), em referência a como um dos delatores do esquema, Pedro Barusco, se referia ao ex-diretor da Petrobras na área de Serviços, Renato Duque, acusado de participar do esquema de corrupção na empresa.

As informações de Barusco sobre o esquema de corrupção na diretoria de Duque somadas à de uma nova testemunha ligada a uma fornecedora da petroleira foram fundamentais para a investigação iniciada nesta nova fase. Apesar da homenagem, o jornal O Estado de S. Paulo apurou que Duque não é alvo dos mandados cumpridos hoje.

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Um dos maiores sucessos de Frank Sinatra, a música "My Way" (Meu Jeito) parece ser a crônica, transposta para versos, da Operação Lava Jato. Na primeira estrofe, a canção anuncia: "E agora o fim está próximo / E eu encaro a cortina final".

A música também evoca uma das principais características da Lava Jato, marcada por inúmeras delações premiadas: "Arrependimentos, eu tive alguns", cantou Sinatra. "Teve horas / Eu tenho certeza de que você sabe / Quando eu mordi mais do que podia mastigar", prossegue "My way", composta por Paul Anka, Jacques Reveaux e Claude François.

Delator

Pedro Barusco era gerente-executivo da Diretoria de Serviços, espécie de número dois do ex-diretor Renato Duque. No decorrer das investigações, Barusco fez delação premiada e concordou em devolver US$ 100 milhões, desviados por meio do esquema de corrupção na Petrobras.

O ex-gerente confessou ter recebido propina em mais de 60 contratos da estatal, juntamente com Duque, entre eles os firmados com grandes empreiteiras que tocavam obras de refinarias. Das comissões recebidas, US$ 22 milhões seriam provenientes da SBM Offshore, empresa holandesa que aluga plataformas e tem negócios de US$ 27 bilhões com a companhia petrolífera.

Nos relatórios internos da Petrobras, concluídos em novembro, Barusco e Duque são responsabilizados por diversas irregularidades em obras, entre elas a elevação dos custos da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, cujo orçamento saltou de cerca de R$ 4 bilhões para R$ 24 bilhões. Parte do superfaturamento alimentou o esquema de corrupção, segundo a Lava Jato.

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