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Embora a pandemia causada pelo coronavírus tenha prejudicado a maioria dos segmentos econômicos, o cenário foi diferente para o setor construtivo. Um levantamento da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), aponta que as vendas foram 40% maiores entre março e julho de 2020. O estudo ainda mostra que a construção civil foi o segundo ramo que mais cresceu na economia brasileira durante o surto de Covid-19, com elevação de 5,5%, atrás apenas dos supermercadistas, que cresceram 16,1%.

Foi durante a pandemia que a família da gerente operacional Fernanda Dourado, 34 anos, decidiu colocar em prática os retoques na casa construída há pouco mais de três décadas. "Desde 2019 estávamos estudando a reforma e tínhamos ideia do que fazer, mas foi o início da pandemia que deu o start, pois meu marido ficou 20 dias em casa, e ele mesmo começou a fazer algumas coisas", conta.

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Fernanda conta que é a primeira vez que o imóvel passa por reparos e, por isso, há muita coisa a fazer. No entanto, de acordo com a gerente operacional, o momento é aproveitar o pique e realizar a readequação de tudo. "Vamos melhorar toda a parte de manutenção elétrica, hidráulica, pintura e, já que começamos, vamos ampliar o quarto das crianças e fazer algumas mudanças de estrutura nos ambientes para ganhar claridade e espaço", explica a moradora da região leste de São Paulo.

O novo portal foi uma das mudanças na casa de Fernanda Dourado na pandemia | Foto: Arquivo Pessoal

A readequação dos ambientes não é só pela ação do tempo, segundo Fernanda. A restauração no imóvel deve trazer proteção e garantir mais privacidade aos membros da família. "A troca do portão trouxe segurança. A reforma do andar de cima vai dar privacidade a todos, uma vez que hoje meu marido e eu dividimos o quarto com as crianças, bem como a reforma do banheiro, que será exclusivo do casal", relata.

Segundo a gerente operacional, a oportunidade de realizar a reforma durante a pandemia também colaborou com a renda familiar. Para ela, os valores ficaram atrativos. "Havíamos feito várias pesquisas e orçamentos, mas conseguimos muitos descontos em prestação de serviços por conta da pandemia. O serralheiro, por exemplo, por ter tido a renda diminuída nesse tempo, deu um bom abatimento e facilitou o pagamento", comenta.

Readequações constantes

Já para o publicitário Thiago de Oliveira, 41 anos, o período pandêmico não serviu de modo específico para colocar as obras em dia. Para ele, o ato de realizar reformas no ambiente da empresa é uma constante.

Sócio do Colégio Novo Alicerce, na região norte da capital paulista, Oliveira conta que reestruturação do espaço é feita de acordo com o cronograma letivo. "Existe uma programação anual em que deixamos sempre para as férias escolares as reformas maiores, e as emergenciais para os fins de semana em períodos letivos", detalha. Como planejado, a escola deu andamento aos reparos. “Em dezembro do ano passado, iniciamos uma grande obra que contemplava ampliação e readequação de espaços existentes, além da reforma da fachada do prédio com pintura e troca de todas as janelas", complementa o publicitário.

Segundo Oliveira, tudo ia bem até que a pandemia impediu que alguns projetos de reestruturação, programados para acontecer durante o ano, fossem postos em prática. "Tentamos adiantar serviços que já estavam pagos para finalizar na expectativa de um retorno das aulas, que ainda era incerto, além de tentarmos negociar com alguns fornecedores o cancelamento de algumas obras", conta.

Interior do Colégio Novo Alicerce teve reparos em meio ao isolamento | Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com o publicitário, os planos foram cumpridos pela metade e a maior reforma teve que ficar para o período pós-pandemia. "Realizamos as obras que estavam programadas e não conseguimos negociar a suspensão com fornecedores. Adiamos algumas outras para o ano que vem, na esperança de que as coisas estejam um pouco mais estabilizadas", admite Oliveira.

Visão do especialista

Para o economista e professor Luciano Simões, a construção civil sempre fez parte do aquecimento econômico do mercado interno brasileiro. "A influência do mercado construtivo na economia sempre foi uma grande alavanca de movimentação do Produto Interno Bruto [PIB]. Haja vista o histórico que nós observamos nos movimentos de 2010 e 2014 e nas retomadas do giro econômico, o governo sempre traz programas que estão aliados à fundamentação da construção civil", considera.

De acordo com Simões, a elevação dos números do mercado construtivo estava nos planos dos especialistas. "A estimativa desse movimento de obra já era esperado, tendo em vista um pequeno movimento das obras internas prudentes ao modelo home office adotado pelas empresas, quando muitos profissionais resolveram fazer pequenas adequações no seu ambiente de residência", afirma.

Segundo o economista, o cenário positivo da construção civil pode ter colaborado para que o PIB brasileiro tivesse uma queda menos acentuada durante a crise causada pelo coronavírus.

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