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O Governo Federal retomou o programa Mais Médicos, agora com novo nome: Mais Médicos para o Brasil. Com a abertura de 15 mil novas vagas, o programa volta com prioridade aos profissionais brasileiros formados no Brasil e novas áreas de abrangência, como dentistas, enfermeiros e assistentes sociais.

Diferentemente do programa criado em 2013, o Mais Médicos pelo Brasil incentivará a participação de brasileiros e médicos formados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).“Neste momento, o foco está em garantir a presença de médicos brasileiros no Mais Médicos, um incentivo aos profissionais do nosso país. Se não houver quantitativo, teremos a opção de médicos brasileiros formados no exterior. E, se ainda assim não tivermos os profissionais, optaremos por médicos estrangeiros. O nosso objetivo não é saber a nacionalidade do médico, mas a nacionalidade do paciente, que é um brasileiro que precisa de saúde”, defendeu o presidente Lula (PT), durante lançamento do novo programa.

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Entre as 15 mil novas vagas, parte delas serão abertas por meio de edital ainda no mês de março, sendo 5 mil ao todo. As outras 10 mil oportunidades serão oferecidas a contrapartida dos municípios, garantindo um menor custo às prefeituras e maior agilidade na reposição e permanência dos profissionais.

O Governo Federal irá investir um total de R$ 712 milhões no programa. Poderão se inscrever médicos brasileiros formados no Brasil, médicos brasileiros formados no exterior, intercambistas e estrangeiros.

O programa na prática

Contratado pelo programa desde seu primeiro ciclo, em 2013, o médico Antônio Carlos Ramos de Matos, de 68 anos, já participou do Mais Médicos duas vezes. Atualmente residente da França, mas nascido em Pernambuco, o profissional conta ao LeiaJá que trabalhar para o programa foi gratificante.

“O programa colocou em pauta um assunto muito delicado, que é o problema da demografia médica. A quantidade de médicos era [em 2013] 1.9 médicos por mil habitantes e a expectativa era passar para 2.7 em 2026. Mas isso não é suficiente, você pode formar 2.3 médicos por mil habitantes, mas os médicos formados ficam concentrados onde tem população com dinheiro. O Mais Médicos foi e é importante ainda porque ele distribui os médicos em função das áreas carentes, incluindo as zonas indígenas e quilombolas”, explica.

O entrevistado relata que já trabalhava nos hospitais da Europa quando passou pela seleção em 2013 por diploma e experiência. Antônio diz que seu objetivo era dedicar um ano de sua vida profissional ao país em que nasceu e onde as necessidades eram muito importantes. Ele tentou ficar mais próximo ao seu estado, Pernambuco, e foi escalado para atuar em Bezerros, na Mata Sul pernambucana.

“O objetivo do programa é assim: você tenta preencher as vagas com médicos brasileiros, se não conseguir preencher, abre para médicos estrangeiros que tenham revalidado o diploma deles e depois vai passando até chegar a médicos estrangeiros que não tenham revalidado o diploma deles no Brasil”, detalha Antônio sobre a seleção feita do Mais Médicos.

A segunda atuação do médico no programa foi durante a pandemia da Covid-19: “Em 2020, eu trabalhava em um hospital na Grã-Bretanha, aqui na França, mas eu decidi ir contribuir na luta contra a pandemia da Covid [no Brasil]. Novamente, eu não quis ficar longe da minha cidade, Recife, e fui nomeado na cidade de Goiana, e fiquei quase três anos.”

Antônio esclarece um pouco mais sobre o Mais Médicos na prática. De acordo com o entrevistado, o médico é alocado em uma Unidade de Saúde da Família (USF), também chamado de Unidade Básica de Saúde (UBS), e ele é parte de uma equipe de saúde de família, constituído por enfermeiros, que costumam ser os coordenadores da equipe, técnicos de saúde, dentista, auxiliar de saúde bucal e vários agentes comunitários de saúde.

Em sua experiência, também houve reuniões regulares com a equipe para implementar os diversos programas. O time se compromete em fazer visitas domiciliares, consultas, atividades de prevenção e palestras.

“Você tenta passar a ideia de que saúde é uma estratégia global, né? Que não é só uma atividade curativa, tem uma parte preventiva que é fundamental e com diversos aspectos de saúde materna, saúde infantil, saúde do idoso, saúde da mulher e por aí vai. O médico faz parte dessa equipe e essa articulação é fundamental”, destaca.

Formado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antônio Carlos descreve o contato próximo que teve com as comunidades em que trabalhou: “Participar desse programa, para mim, foi extremamente enriquecedor. Na Unidade de Saúde da Família você se aproxima muito da população, né? Você está dentro dela. Eu tive a sorte de, na segunda experiência, morar dentro da comunidade, então fica mais fácil você conhecer problemas graças ao contato com os agentes comunitários de saúde e, também, através das visitas domiciliares. E ainda mais morando lá, você morando com a comunidade tem toda a rede de informação sobre todos os os membros da própria comunidade.”

Ao finalizar sua fala, o profissional ressalta ver uma importância no Mais Médicos: “Eu achei extremamente gratificante, acho que é um é um programa fundamental para o reforço da da saúde da família e da da estratégia de saúde da família. E agora mais, né? Com o presidente Lula que volta a insistir sobre a importância do programa e com essa ideia de recrutar mais gente e colocá-los lá onde o povo precisa, onde a população tem necessidade de médico.”

O que é o Mais Médicos

Lançado em 2013 durante o governo Dilma, o programa Mais Médicos tinha como objetivo acabar com o problema da distribuição de competências médicas pelo país, gerado pela concentração de profissionais apenas na área urbana. Junto com o Ministério da Educação, o Ministério da Saúde também visava melhorar a formação médica em saúde da família e a atenção básica, além de realocar os médicos em regiões carentes com indicadores de saúde baixos.

Em 2019, o programa foi substituído pelo “Médicos pelo Brasil" do governo Bolsonaro.

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