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O Exército russo afirmou, nesta sexta-feira (11), que "melhorou" suas posições no nordeste da Ucrânia, onde sua ofensiva na véspera forçou a retirada de civis, e bombardeou o oeste do país com quatro mísseis hipersônicos.

Um menino de oito anos morreu na região de Ivano-Frankivsk, no oeste da ex-república soviética, quando mísseis hipersônicos Kinzhal atingiram a área, informou o gabinete do procurador-geral ucraniano no Telegram.

A área sofreu poucos ataques desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, pois fica a centenas de quilômetros das linhas de frente de batalha.

Os confrontos se concentram, sobretudo, no sul e no leste, onde Moscou reivindica vários avanços há algumas semanas.

"Na direção de Kupiansk, as unidades de assalto dos grupos de combate 'Oeste' (...) continuaram suas operações ofensivas em uma ampla frente e melhoraram a situação tática", disse o Ministério russo da Defesa em seu relatório diário.

As tropas russas ocuparam essa localidade e seus arredores no início do conflito, mas foram expulsas em uma contraofensiva relâmpago realizada por Kiev em setembro de 2022.

O Ministério russo da Defesa afirmou que suas tropas melhoraram suas posições perto dos povoados de Olchana e Pershotravneve, na região de Kharkiv (nordeste).

Diante do avanço dos russos, as autoridades ordenaram na quinta-feira a evacuação de 37 cidades do distrito.

Em junho, a Ucrânia lançou uma contraofensiva, após receber um importante reforço militar das potências ocidentais, mas reconheceu dificuldades, ante a resistência das tropas russas.

O Exército ucraniano garantiu, ontem, que "a situação continua sendo difícil, mas se mantém sob controle" na região.

- Bombardeios russos -

A Rússia bombardeia diariamente localidades ucranianas, algumas delas distantes do "front".

O Exército ucraniano informou que a Rússia lançou quatro mísseis hipersônicos Kinzhal contra a região de Ivano-Frankivsk e que apenas um deles pôde ser interceptado.

"Um míssil Kh-47 pode ter sido destruído na região de Kiev. Os outros impactaram perto de um aeródromo e danificaram infraestruturas civis, e outro atingiu uma área residencial", disse ele.

Restos do míssil Kinzhal destruído caíram sobre dois bairros da capital ucraniana, sem causar danos significativos, segundo autoridades militares.

Na quinta-feira, um bombardeio em Zaporizhzhia (sul) deixou um morto e 16 feridos, de acordo com as autoridades locais. A polícia especificou que dois mísseis Iskander destruíram um hotel na cidade, onde delegações estrangeiras costumam se hospedar.

"Estou chocado que [o míssil] tenha atingido um hotel frequentemente usado por funcionários das Nações Unidas e nossos colegas de ONGs em Zaporizhzhia", disse o coordenador da ONU na Ucrânia, Denis Brown, que também se hospedou no estabelecimento.

"É totalmente inaceitável", acrescentou.

O Exército russo alegou ter atacado "um local de mobilização temporária de mercenários estrangeiros".

Nas últimas semanas, Moscou bombardeou repetidamente locais de lazer e descanso nesta cidade. Na terça-feira, nove pessoas morreram em um ataque contra a cidade de Pokrovsk, também no leste.

- Drone em Moscou -

O Exército russo disse, por sua vez, ter abatido um drone ucraniano a oeste de Moscou.

"O drone foi desativado eletronicamente e caiu em uma floresta no oeste de Moscou", declarou o Ministério russo da Defesa no Telegram, acusando o "regime de Kiev" da ofensiva.

É a terceira vez nesta semana que drones são derrubados sobre Moscou. Os ataques dentro do território russo se multiplicaram nas últimas semanas, na maioria dos casos sem causar danos, ou vítimas.

Na Ucrânia, o presidente Volodimir Zelensky anunciou a demissão de todos os funcionários regionais encarregados do recrutamento militar, no âmbito de uma campanha para erradicar a corrupção que permitia aos recrutas evitarem o alistamento. O combate à corrupção endêmica é uma das condições impostas pela União Europeia (UE) para a entrada do país no bloco.

O governo da Ucrânia afirmou nesta terça-feira (16) que derrubou seis mísseis hipersônicos russos Kinzhal durante um ataque noturno contra Kiev.

"Outro sucesso incrível da Força Aérea ucraniana! Durante a noite, nossos defensores do céu derrubaram SEIS mísseis hipersônicos russos Kinzhal e outros 12 mísseis", escreveu no Twitter o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov.

A Ucrânia anunciou há uma semana que derrubou pela primeira vez um míssil hipersônico Kinzhal utilizando sistemas fornecidos pelos Estados Unidos.

Os mísseis Kinzhal ("punhal" em russo) são mais difíceis de interceptar do que outros tipos de projéteis.

O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou este míssil em 2018 e o chamou de "arma ideal" por sua dificuldade de interceptação.

Kiev recebeu em meados de abril os primeiros Patriot, um dos sistemas de defesa antiaérea mais avançados dos Estados Unidos, utilizado para derrubar o primeiro míssil Kinzhal.

As autoridades ucranianas não divulgaram que sistema foi utilizado para derrubar os mísseis Kinzhal nos ataques da noite passada.

Alguns destroços caíram em vários bairros de Kiev, incluindo no zoológico da capital ucraniana, e três pessoas ficaram feridas, segundo o prefeito da cidade, Vitali Klitschko.

A situação humanitária continua a piorar nas principais cidades ucranianas sob ataque da Rússia, que anunciou neste domingo (20) que utilizou mísseis hipersônicos pela segunda vez.

"Um grande estoque de combustível foi destruído por mísseis de cruzeiro 'Kalibr' disparados do Mar Cáspio, bem como por mísseis balísticos hipersônicos disparados pelo sistema 'Kinjal' do espaço aéreo da Crimeia", informou o ministério russo da Defesa em comunicado.

Este último ataque ocorreu na região de Mykolaiv, disse o ministério, sem especificar a data. O alvo destruído, observou, foi "a principal fonte de abastecimento de combustível para veículos blindados ucranianos" implantados no sul do país.

Esses mísseis pertencem a uma família de novas armas desenvolvidas pela Rússia e que seu presidente, Vladimir Putin, descreve como "invencíveis".

- Escola bombardeada -

Em Mariupol, uma cidade estratégica no sudeste da Ucrânia bombardeada há semanas e que sofre com falta de água, gás e eletricidade, as autoridades locais acusaram o exército russo de ter bombardeado no sábado uma escola de arte que servia de abrigo para várias centenas de pessoas, garantindo que muitos civis estavam presos sob os escombros.

"Os ocupantes russos lançaram bombas na escola de arte G12 localizada na margem esquerda de Mariupol, onde 400 habitantes - mulheres, crianças e idosos - haviam se refugiado", informou a prefeitura da cidade portuária.

"O prédio foi destruído e as pessoas ainda estão sob os escombros. O número de mortos ainda está sendo estabelecido", acrescentou em um comunicado publicado no Telegram. Esta informação ainda não foi verificada de forma independente.

A situação humanitária em Mariupol, como em outras cidades sitiadas, é terrível.

Um grupo de 19 crianças, a maioria órfãs, está "em grande perigo", porque seus responsáveis não podem pegá-las devido aos combates, disseram parentes e testemunhas à AFP.

Fazer "algo assim para uma cidade pacífica (...) é um ato de terror que será lembrado mesmo no próximo século", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um discurso neste domingo. O cerco de Mariupol "ficará na história pelos crimes de guerra", declarou.

O bombardeio também danificou severamente a siderúrgica Azovstal, de Mariupol, cujo porto é fundamental para a exportação do aço produzido no leste do país.

"Uma das maiores usinas metalúrgicas da Europa está destruída. As perdas econômicas para a Ucrânia são imensas", disse a deputada Lesia Vasylenko, que postou um vídeo em sua conta no Twitter mostrando espessas nuvens de fumaça subindo de um complexo industrial.

- "Catástrofe humanitária absoluta" -

No norte do país, o prefeito de Chernihiv, Vladislav Atroshenko, descreveu a situação em sua cidade como uma "catástrofe humanitária absoluta".

"O fogo de artilharia indiscriminado continua em áreas residenciais, dezenas de civis, crianças e mulheres estão morrendo", disse ele na televisão. "Não há eletricidade, aquecimento ou água, a infraestrutura da cidade está completamente destruída".

Em um hospital bombardeado, "pacientes operados ficam nos corredores a uma temperatura de 10 graus", afirmou.

Os ataques também não param em Kiev, a capital, em Mikolaiv e em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, no noroeste, onde pelo menos 500 pessoas morreram desde o início da guerra, segundo dados oficiais ucranianos.

A Rússia "não conseguiu o controle do espaço aéreo e depende fortemente de armas de longo alcance lançadas da relativa segurança do espaço aéreo russo para atacar alvos na Ucrânia", disse o ministério da Defesa do Reino Unido em comunicado.

De acordo com o ministério da Defesa da Ucrânia, as tropas russas, cujo avanço no solo foi muito mais difícil do que o esperado diante da feroz resistência ucraniana, realizaram 291 ataques com mísseis e 1.403 ataques aéreos desde o início da invasão em 24 de fevereiro passado.

- "Cadáveres de soldados russos" -

Em uma intervenção em russo postada na internet, o presidente Zelensky afirmou que os corpos de soldados russos estavam espalhados nos campos de batalha e não haviam sido recolhidos.

"Em lugares onde a luta é particularmente feroz, a primeira linha de nossa defesa está simplesmente repleta de cadáveres de soldados russos. E ninguém está removendo esses corpos", disse ele.

As novas unidades enviadas como reforços continuam a sua ofensiva passando "por cima" dos cadáveres, assegurou. "Quero perguntar aos cidadãos da Rússia, o que fizeram com vocês por anos para que vocês não percebem suas perdas?", acrescentou.

Segundo Zelensky, mais de 14.000 soldados russos foram mortos desde o início da invasão.

O presidente ucraniano, que fez valer sua herança judaica em busca de apoio contra a invasão russa, se dirigirá ao Parlamento de Israel na tarde deste domingo por videoconferência, país que está tentando mediar entre Moscou e Kiev.

No plano diplomático, a Austrália expandiu suas sanções contra a Rússia, proibindo as exportações de alumina e bauxita, e prometeu mais armas e assistência humanitária para Kiev.

A proibição de exportação visa impactar a produção de alumínio na Rússia, que depende 20% da alumina da Austrália, disse o governo de Canberra.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu hoje que a China se posicione e condene a invasão russa da Ucrânia, unindo sua voz à de Zelensky, que no sábado pediu a Pequim que "condene a barbárie" cometida por Moscou.

Cerca de 180.000 pessoas conseguiram escapar das zonas de combate por corredores humanitários, segundo Zelensky, e 6.623 o fizeram no sábado (das quais 4.128 de Mariupol e 1.820 de Kiev), segundo as autoridades ucranianas.

"Mas os ocupantes continuam a bloquear a ajuda humanitária, especialmente em áreas sensíveis. É uma tática bem conhecida (...) é um crime de guerra", denunciou o presidente.

Desde 24 de fevereiro, mais de 10 milhões de ucranianos deixaram suas casas na Ucrânia, de acordo com a ONU.

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