Uma iniciativa contra a evasão escolar apresenta resultados positivos nas escolas públicas do Estado do Pará. Lançado em 2014, o Projeto Mundiar consiste em formar turmas com alunos que estejam na iminência de abandonar o colégio. É uma parceria do governo estadual com a Fundação Roberto Marinho, por meio da secretaria de Educação (Seduc), e conta com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), segundo informa o site da Fundação Roberto Marinho.
As aulas são ministradas por um professor, dentro de sala, com apoio de vídeos do Telecurso. Ana Emília Nascimento, vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Aníbal Duarte, fala das dificuldades existentes na rede pública de ensino, dando ênfase para o tráfico de drogas entre os adolescentes. “Nós temos uma turma no Projeto Mundiar, que foi uma proposta lançada pelo governo. Os alunos, que se encontram em situação de risco, vão se formar no ano de 2017, tendo iniciado em 2014. Foi feito este trabalho para que os alunos vejam que o estudo tem um significado para eles”, explica Ana Emília. É um trabalho difícil, pois os jovens oscilam muito, principalmente quando retornam das férias, complementa.
##RECOMENDA##O Projeto Mundiar foi implantado para os alunos com idades avançadas, em séries menores. Vinte estão sendo atendidos na escola Dr. Aníbal Duarte. Para ministrar as aulas, foi escolhida uma professora que entendesse os alunos, disse a vice-diretora. “Muitas vezes o aluno da escola pública vivencia problemas em casa. No Mundiar, é apenas uma professora, que já criou um vínculo com os alunos e muitas vezes ela chega a interferir em algumas situações”, diz.
A professora Edileuza Santos diz que a importância de um projeto como esse é a confiança que os alunos depositam nos educadores por sentirem segurança. Ela afirma que há muito mais dificuldades do que vantagens em lecionar na escola pública. “A pior desvantagem é a questão do desnível social que há com essas crianças. Elas vivem uma situação de carência, pois tem muitos envolvidos com drogas. A desagregação familiar é um grave fator para desestruturar esses jovens. Quando a gente dá um tratamento diferenciado para esse alunado, eles se sentem acolhidos e a gente percebe uma resposta positiva”, diz a professora.
O tempo que essas crianças passam na escola é muito pequeno em relação ao resto do dia em que passam no ambiente familiar, muitas vezes desestruturado, diz Edileuza. Com isso, por mais que a escola se esforce em passar valores construtivos, essa iniciativa chega a ser apagada quando chegam a suas casas, lamenta a professora.
Edileuza considera uma experiência enriquecedora sua atuação como professora multidisciplinar do Projeto Mundiar. “Eu tenho que estudar bastante para poder dar aula para eles porque eu dou aula de todas as disciplinas e minha formação é Sociologia. No começo, eu olhava para eles e via crianças de um mundo completamente adverso do meu. Hoje, eu já tenho uma relação de afeto com eles, pois estou com eles todas as tardes, todos os dias”, explica.
A metodologia Telessala reúne um conjunto de ações (como formação continuada de professores, acompanhamento pedagógico e avaliação) que garantem resultados bem-sucedidos em diferentes contextos, informa a página da Fundação Roberto Marinho na internet. A partir de um currículo único, de abrangência nacional, o Telecurso incorpora características regionais e locais à dinâmica das aulas, de maneira que o estudante descubra novas situações de aprendizagem a partir da sua experiência de vida, diz o site.
Segundo a Fundação, mais de sete milhões de estudantes já concluíram o ensino básico por meio do Telecurso e cerca de 40 mil professores já foram formados pela Metodologia Telessala, em todo o Brasil. Em 2001, segundo o site, o programa passou a ser usado como currículo de referência nacional para o Exame Nacional para Certificação de competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Por Carol Boralli (com informações da Fundação Roberto Marinho).
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