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Quando deixou Araioses, no Maranhão, de ônibus e percorreu mais de 2 mil quilômetros até Brasília, em 2017, Maria de Fátima Santos, então com 18 anos de idade, sonhava engatar em uma profissão no comércio e voltar aos estudos. Aos 15 anos, Maria de Fátima tinha abandonado a escola, no quinto ano fundamental, para ajudar em casa.

Ela trabalhava no interior maranhense como diarista. Os livros não tinham espaço, nem eram prioridade na rotina da jovem. Hoje, em Brasília, a escola é só um sonho distante. Atualmente, perto dos 25 anos de idade, ela vive da coleta de objetos no lixo de condomínios para conseguir algum recurso, pagar o aluguel e mandar ao menos R$ 50 para a mãe, que ficou em Araioses.

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Da escola, Maria de Fátima diz que sente falta das aulas de matemática. “Eu gostava e iria me ajudar na minha vida hoje.”

Deixar a escola em plena juventude não é raro no Brasil, conforme aponta uma pesquisa realizada pelo Sesi/Senai (Serviço Social da Indústria/Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em parceria com o Instituto FSB Pesquisa. Depois dos 16 anos, apenas 15% estão em salas de aula.

”Os dados são fortes. Só 15% da população atualmente estuda. É claro que, na idade escolar, o número sobe para 53%”, afirmou o diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi.

Das pessoas que não estudam, 57% disseram que abandonaram a sala de aula porque não tinham condições. A necessidade de trabalhar é o principal motivo (47%) para interrupção dos estudos. 

“Um número muito alto de pessoas deixa de estudar por falta de interesse na escola que, muitas vezes, não tem elementos de atratividade para os jovens e certamente esses números se agravaram durante a pandemia”, afirmou Lucchesi.

O levantamento mostrou que apenas 38% das pessoas com mais de 16 anos de idade que atualmente não estudam alcançaram a escolaridade que gostariam.

Para 18% dos jovens de 16 a 24 anos, a razão para deixar de estudar é a gravidez ou o nascimento de uma criança. A evasão escolar por gravidez ou pela chegada de um filho é maior entre mulheres (13%), moradores do Nordeste (14%) e das capitais (14%) – o dobro da média nacional, de 7%.

Preparo

O levantamento revela também que a maioria dos jovens acima dos 16 anos de idade considera que a maioria dos que têm ensino médio ou ensino superior considera-se pouco preparada ou despreparada para o mercado de trabalho.

O levantamento foi realizado com uma amostra de 2.007 cidadãos com idade a partir de 16 anos, nas 27 unidades da federação. As entrevistas foram feitas entre 8 e 12 de dezembro do ano passado.

Entre as pessoas que responderam a pesquisa, 23% disseram que a alfabetização deveria ser prioridade para o governo, seguida pela instituição de creches (16%) e pela ênfase no ensino médio (15%).

A educação pública é vista como boa ou ótima por 30% da população, índice que sobe para 50% quando se fala de educação privada.

Entre os fatores para aumentar a qualidade, os mais citados são o aumento do salário dos professores, mais capacitação deles e melhores condições das escolas.

Avaliação

Pelo menos 23% das pessoas ouvidas na pesquisa avaliaram a educação pública como ruim ou péssima e só 30% a consideraram ótima ou boa. A educação privada é avaliada como boa ou ótima por 50% dos entrevistados.

Para Rafael, Lucchesi, a pesquisa traz uma dura reflexão sobre a necessidade de aumentar a qualidade da educação e também a atratividade da escola e, “como resultado geral, melhorar a produtividade das pessoas na sociedade”.

Nesta terça-feira (11), Dia Internacional da Menina, um grupo de meninas e adolescentes do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), foi recebido pelo prefeito Keko do Armazém, no gabinete do Centro Administrativo Municipal. Representando o Projeto Meninas em Movimento pela Educação, apoiado pelo Fundo Malala, a comitiva foi articulada pelo Centro das Mulheres do Cabo (CMC) com as meninas, adolescentes e jovens ativistas pelo enfretamento da evasão escolar no município.

A visita faz parte da Campanha Ocupa Meninas, uma realização do Projeto Meninas em Movimento pela Educação, que tem por objetivo levar as garotas a ocuparem os espaços de poder no município. A agenda da comitiva também incluiu visitas às secretarias de Educação, Mulher, Saúde, Programas Sociais, Finanças, Secretaria de Defesa Social e a Câmara de Vereadores/as do Cabo.

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Ativista pela Rede de Educação do Fundo Malala, Cássia Jane, ressalta a importância da ação. “Nosso intuito é fazer com que as jovens ativistas tenham acesso a esses espaços de decisão política, e que possam acompanhar a rotina dos gestores e gestoras dessas diferentes pastas em nosso município a fim de levar suas demandas no campo das políticas públicas”, afirma.

Já a estudante Thuézia Souza narrou a experiência de ter recebido a faixa prefeital de Keko do Armazém. “Foi uma experiência muito importante e gratificante, de poder estar ocupando aquele espaço e também estar lá representando o projeto e as meninas que fazem parte dele”, descreveu a garota, que estuda na Escola Rui Barbosa, na Praia de Suape.

 A secretária da Mulher do Cabo, Walkiria Alves também acompanhou o encontro. No dia 27 de outubro, a Câmara de Vereadores/as do Cabo realizará uma sessão solene que tornará o dia Internacional da Menina oficial no calendário municipal. Além disso, as participantes do projeto realizarão entrevistas através de lives, sobre temáticas como saúde das meninas, vida sem violência, direitos sociais com alguns secretários/as. O conteúdo ficará disponível no perfil do Instagram @centro.das.mulheres.

Mãe desde os 14 anos, Danielle sonha em retornar à escola. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

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Grávida aos 14 anos de idade, a então estudante Danielle Cristina Campos desenvolveu cedo uma relação peculiar com seu corpo e com a passagem do tempo. Enquanto gestava a pequena Ayla, fruto de uma relação casual com um conhecido e atualmente com dois anos de idade, conheceu o atual marido e se mudou para a comunidade de Mercês, formada em torno de uma antiga usina no Cabo de Santo Agostinho. Sentido-se velha demais para a escola, Danielle passou a conviver a maior parte de seu tempo com os idosos nas calçadas das pequenas ruas de barro. “Eu tinha vergonha de ir para a aula, de o povo ficar me julgando porque eu estava grávida. Abandonei a escola no sexto ano”, lamenta. A história de Danielle, agora com 16 anos, integra o “Diagnóstico Participativo sobre a Evasão Escolar das Meninas e Jovens Mulheres no município do Cabo de Santo Agostinho”, realizado pelo Centro de Mulheres do Cabo (CMC), com o apoio do Fundo Malala, no âmbito do projeto “Meninas em Movimento pela Educação”.

Elaborado a partir da escuta de 96 jovens egressas do sistema público de ensino residentes no município, o levantamento do CMC indica que a gravidez na adolescência figura entre as principais causas de evasão. Segundo os dados, 52,1% das entrevistadas já engravidaram pelo menos uma vez, na maior parte dos casos, de forma indesejada (62,7%). Em todas as situações coletadas pelo questionário, as jovens mães assumiram os filhos e vivem com eles.

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“Tenho vontade de terminar meus estudos, me sinto parada. O problema é que não tem quem fique com a minha filha e aqui só tem escola para crianças com quatro anos ou mais. Eu também ajudo com a limpeza da casa e com o comércio do meu sogro, que está meio doente”, comenta Danielle.

A enfermeira da Unidade Mercês de Estratégia de Saúde da Família Clara Lopes Bezerra, que colaborou com a busca ativa de entrevistadas para a pesquisa, conta que casos como o de Danielle são comuns na comunidade. “Muitas vezes essas meninas engravidam de um ficante, que logo desaparece, são relacionamentos que dificilmente vão adiante. Aqui na unidade, atendemos muitas moças que dizem abandonar a escola logo no início da gravidez, por acharem que não vão dar conta dos estudos”, ressalta. A profissional de saúde relata ainda que também atende casos de gravidez intencional ainda na adolescência. “Elas não têm perspectiva de outra coisa e as famílias, muitas vezes, consideram a gestação nessa fase da vida normal. Há também um fator cultural”, completa.

Enfermeira, Clara Lopes Bezerra acompanha de perto as jovens mães do município. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Informalidade

Em sua maioria negras (81,2%), as jovens que estão fora da escola também costumam abandonar os estudos para trabalhar, em geral, em empregos precarizados e informais. Cerca de 31% delas já trabalham para sustentar a casa e os filhos, seja como autônomas (35,3%), empregadas domésticas ou cuidadoras (23,5%), vendedoras ambulantes (23,5%) ou trabalhadoras em serviços gerais (11,8%). “Muitas atuam em atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e o jogo do bicho. Uma hipótese levantada antes da pesquisa era de que elas dependiam de alguém para sustentar os filhos. Na verdade, constatamos que grande parte dessas meninas é responsável por isso, engravidando pela primeira vez aos 14 anos e tendo o segundo filho aos 17 anos ou 18 anos”, comenta Cássia Souza, coordenadora de projetos do CMC e uma das responsáveis pelo levantamento.

De acordo com Souza, o levantamento teve como objetivo munir o poder público de informações relevantes para a elaboração de políticas públicas de combate à evasão escolar feminina. “O relatório foi entregue no dia 29 de março, no auditório da prefeitura, com a presença do vice-prefeito e de representantes de diversas secretarias, como a da Mulher, a de Saúde e a de Educação. Eles alegam já ter um plano de enfrentamento, que é um recorte geral de quem já está na rede e não foi à escola por causa da pandemia. A gente está apresentando uma evasão que já existia antes da covid-19, com meninas há mais de dois anos fora da rede”, enfatiza.

Coordenadora de projetos do CMC cobra políticas firmes de enfrentamento à evasão escolar no Cabo. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

A coordenadora de projetos afirma também que, antes do levantamento do CMC, o município alegou que não contava com dados sobre evasão escolar, enquanto o Governo do Estado informou que não havia evasão em sua rede. “Essas meninas são invisíveis, saíram do sistema. Há um déficit escolar, principalmente no Estado, que foi convidado a comparecer ao nosso evento, mas não apareceu. O secretário municipal de Educação se comprometeu em fazer uma comissão para buscar interlocução com o governo, que precisa garantir vagas no Ensino Médio, que é onde as meninas somem da escola”, comenta Souza.

Para a coordenadora de projetos, a reforma do Ensino Médio, a nível federal, também atrapalha as jovens mães e trabalhadoras que precisam frequentar a escola. “O ensino integral é complicado para quem precisa sustentar a casa e criar os filhos, essas meninas precisam de uma bolsa que garanta a permanência delas no sistema de ensino. As aulas noturnas também são uma possibilidade para esse público, mas ele não é seguro se a escola for longe de casa”, acrescenta.

Suplício para chegar à escola

Gabriela e Ana Paula Silva criticam distância entre escolas e o conjunto Vila Claudete. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Enjoo, dor de cabeça e muito suor. O desgaste físico diário no caminho para a escola fez com que Gabriela Vitória da Silva, de 18 anos, desistisse de frequentar a Escola de Referência Senador Francisco Pessoa de Queiroz, na Vila Cohab. A unidade de ensino dista cerca de 8km de sua casa, localizada no Conjunto Habitacional Nova Vila Claudete, onde vivem cerca de 1121 famílias retiradas de áreas pleiteadas pelo Complexo de Suape. Privados de seus modos de vida, os moradores da área compartilham da dificuldade de conseguir novos empregos e do difícil acesso a equipamentos públicos, como postos de saúde e escolas.

“Eu estudava em horário integral, das 6h às 17h, então tinha que sair muito cedo para a escola, mas não conseguia ir todo dia, só quando tinha muita disposição. Não tem ônibus para lá, então eu fazia o caminho a pé, com mais duas colegas, sempre chegando muito cansada nas aulas, não dava para prestar atenção. Passava o dia inteiro com dor de cabeça, por causa do sol quente”, lamenta Gabriela.

De acordo com a jovem, sua comunidade não dispõe de linha de ônibus que vá até a unidade de ensino. “Dava medo de voltar de noite, ainda mais com a gente cansada da escola, andando devagar por umas duas horas. Eu tinha medo, o caminho é perigoso”, completa Gabriela.

Diante das dificuldades enfrentadas diariamente pela filha, a dona de casa Ana Paula da Silva decidiu tentar matricular a filha na Escola Estadual Madre Iva Bezerra De Araújo, no centro do Cabo. A família acredita que, embora mais distante, a unidade de ensino seja mais segura para Gabriela, em razão da existência de linhas de ônibus da Vila Claudete para a região central da cidade.

“Eu não tenho computador, nem sei ler e nem escrever. Como eu ia conseguir fazer a matrícula dela na internet? Eu preciso de alguém que faça isso comigo, frente a frente, por isso fui na escola. A mulher que me atendeu, se sentindo superior, nem se levantou do birô e me olhou de um jeito que eu conheço muito bem, porque sou preta e pobre. Ela disse ‘não vou deixar de botar os meus alunos que estão vindo de longe, nem os que estão aqui estudando para botar ela que está querendo sair de outro colégio’”, conta Ana Paula.

Segundo ela, a escola disse que daria retorno caso conseguisse encaixar a estudante em alguma de suas turmas. Ninguém nunca entrou em contato com a família. A reportagem do LeiaJá foi até a Escola Estadual Madre Iva Bezerra De Araújo, onde foi recebida pela coordenação da unidade e teve acesso a uma espécie de lista de espera escrita à mão pela própria diretora. Entre dezenas de nomes, a coordenação não localizou o de Gabriela Vitória.

Questionada pelo LeiaJá acerca do enfrentamento à evasão escolar no município, a prefeitura do Cabo de Santo Agostinho disse apenas, por meio de nota, que o programa Busca Ativa realizou o mapeamento das estudantes deixaram de frequentar as aulas em razão da falta de acesso à internet e que distribuirá absorventes para estudantes da rede municipal.

A gestão municipal disse ainda que pretende promover a: “ Instituição de um Comitê Municipal”; a “Instituição nas Escolas de um comitê local para Acompanhamento”; a “Mobilização das escolas, no sentido de acompanhar a frequência diária dos estudantes”; o “Acompanhamento sistemático através do SIGEC”; a “Identificação dos domicílios a serem visitados”; o “Planejamento  das visitas domiciliares”; a “Reunião com as escolas que apresentam números significativos”; a “Reunião com os pais para apresentar o PBE”; a “Formação com os Conselhos Escolares”; a “Realização das visitas domiciliares”; o “Acompanhamento da (Re)matrícula dos estudantes; e a matrícula dos “estudantes que estão fora da escola encontrados nas comunidades”.

Também através de nota, a secretaria de Educação do Governo de Pernambuco declarou que “na cidade do Cabo de Santo Agostinho, não existe evasão em nenhuma das duas etapas de ensino” e que o estado possui uma das menores taxas de evasão escolar do Brasil, com percentual de 0,7% para o Ensino Médio e de 0,4% para o Ensino Fundamental.

Leia o posicionamento na íntegra:

"A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE) possui um sistema de informação que acompanha a frequência de todos os estudantes da rede. Segundo este levantamento, a taxa de evasão escolar das unidades públicas estaduais de Pernambuco é uma das menores do Brasil. Atualmente é de 0,7% para o Ensino Médio, e 0,4% para o Ensino Fundamental. Na cidade do Cabo de Santo Agostinho, não existe evasão em nenhuma das duas etapas de ensino.

O Governo de Pernambuco garante a educação básica para todos e todas, independentemente da mesorregião. Em alguns casos, existem escolas mais concorridas, onde a procura por matrícula é alta, e ao chegar no limite de vagas preenchidas (total de alunos que a unidade de ensino comporta), a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) encaminha o estudante para outra unidade de ensino mais próxima à desejada. Caso o aluno precise de transporte para se deslocar, é necessário que ele informe à gestão da instituição. A cidade do Cabo de Santo Agostinho faz parte do Programa Estadual de Transporte Escolar (PETE), criado pelo Governo de Pernambuco e que consiste em um repasse de recursos financeiros às prefeituras para que seja ofertada aos estudantes da rede estadual de ensino uma condução até às escolas.

Atualmente, a cidade do Cabo de Santo Agostinho conta com 17 escolas públicas estaduais, distribuídas em diversas regiões, e que atendem a demanda da educação de todo o município. No momento, não há previsão de inauguração ou criação de escolas na cidade.

Todas as 16 Gerências Regionais de Educação (GRE) realizam, em suas escolas, ações de busca ativa. A mais recente foi o Programa Monitoria PE de Busca Ativa, que teve como objetivo diminuir a evasão escolar através de atividades que foram desenvolvidas por um profissional indicado pelas escolas. Nele, foram realizados trabalhos específicos e exclusivos dentro e fora das escolas para resgatar os estudantes que não conseguiram voltar à sala de aula. O programa durou três meses e resgatou mais de 15 mil estudantes. Em 2022, as gerências regionais seguem realizando trabalhos de busca ativa sempre que identificados casos de alunos que não estão frequentando as aulas".

O problema da evasão e da defasagem escolar é ainda bastante presente e urgente no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 70 milhões dos brasileiros com 25 anos ou mais não concluíram o Ensino Médio. A pandemia do coronavírus ainda potencializou esse triste panorama. É preciso que, daqui para a frente, sejam desencadeadas diversas ações para evitar que nossos jovens desistam da escola, uma vez que, ao fazê-lo, estão também desistindo de seus futuros.

É preciso analisar a realidade do abandono escolar sob diversos prismas. Um deles é o econômico. A Plataforma Juventude, Educação e Trabalho, da Fundação Roberto Marinho, realizou pesquisa que mostrou que o principal motivo de evasão entre jovens de Ensino Médio (39,1%) é a necessidade de trabalhar. Com a pandemia, três em cada dez jovens disseram que pensaram em não voltar às aulas ao final do isolamento social. Esse panorama nos leva a refletir sobre como cuidamos de nossa infância e nossa juventude. É preciso que crianças e adolescentes tenham a tranquilidade de poder estudar sem que outras preocupações os desviem do caminho – e aqui entram pontos como a violência. O período escolar deve ser salvaguardado para que garantamos um futuro promissor aos nossos pequenos e, consequentemente, ao País.

O levantamento da Plataforma também mostrou que o segundo motivo mais comum de abandono é a falta de interesse. Aqui, temos duas vertentes. Primeiro, o modelo de ensino atual, arcaico e ainda muito engessado. Nossas escolas não evoluíram em compasso com a sociedade, cada vez mais ágil, interconectada e digital. As aulas ainda são dadas como 30 anos atrás. A outra face do desinteresse é a de o aluno não identificar utilidade prática dos conteúdos ensinados. As grades curriculares precisam ser adaptadas para focar em conteúdos que agreguem à vida do aluno, com a inclusão, por exemplo, de temas de empreendedorismo, negócios, educação financeira e desenvolvimento pessoal.

Iniciativas para recuperação do “tempo perdido” também se fazem urgente, para que jovens mesmo que fora de idade escolar possam concluir os estudos. Uma delas, a ser lançada no dia 15 de junho pelo Instituto Êxito de Empreendedorismo, o qual presido, é o Brasil Diplomado, um programa de preparação gratuita para provas de supletivo que fornecerá videoaulas online com os conteúdos das disciplinas de Ensino Médio. O projeto dá oportunidade a mais pessoas, por meio da educação a distância, de investirem na sua formação e construírem um futuro mais próspero.

A escola não deve ser empecilho na vida de um adolescente ou jovem. Pelo contrário, é justamente o meio de abrir portas e caminhos de desenvolvimento. Por vezes, no entanto, alguns optam por deixar os estudos de lado. Ainda temos um longo caminho a percorrer para que a cultura da educação seja forte no Brasil. Apenas com ela poderemos dar um verdadeiro salto de desenvolvimento e vislumbrar um futuro mais próspero para nosso país.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto Claro divulgaram, nesta quinta-feira (31), uma pesquisa chamada “Reprovação, distorção idade-série e abandono escolar - Dados do Censo Escolar 2018”, O levantamento apresenta dados das escolas públicas municipais e estaduais do Brasil. Os resultados revelaram um cenário preocupante: 3,5 milhões de estudantes foram reprovados ou abandonaram a escola em 2018. 

Segundo a pesquisa, 912.527 estudantes deixaram as escolas e 2,6 milhões foram reprovados por unidades de ensino municipais e estaduais. O estudo também revela que os meninos têm uma chance 64% maior de repetir de ano na comparação com as meninas. 

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Estudantes autodeclarados negros, indígenas e pardos são mais reprovados que os estudantes brancos. Mais de 453 mil pretos e pardos abandonaram escolas estaduais e municipais em 2018, enquanto esse número foi de 181 mil para estudantes brancos.

Estudantes com deficiência também são apontados como um grupo mais sensível à reprovação: têm 59% mais chances de serem reprovados, com uma taxa de reprovação de 13,82%, versus 8,68% de alunos sem deficiência. No que diz respeito à distribuição geográfica, há mais estudantes com distorção idade-série nas regiões Norte e Nordeste do país, apresentando 54,8% das crianças e adolescentes com dois anos de atraso ou mais.

O atraso escolar afeta mais de 383 mil crianças e adolescentes com deficiência, o que corresponde a mais de 48,9% das matrículas. As duas regiões também apresentam altas taxas de abandono escolar: 460 mil estudantes do ensino médio em 2018, representando 7% de todos os alunos matriculados nesse nível de ensino. 

Curso para escolas

O curso online “Trajetórias do Sucesso Escolar” foi criado pelas instituições que realizaram a pesquisa, segundo a Unicef, com o objetivo de auxiliar gestores de rede, gestores escolares e professores no diagnóstico, adesão e desenvolvimento de estratégias para o enfrentamento da cultura do fracasso escolar e planejamento. O site do curso permite que o usuário identifique recortes de dados por região, Estado, município, e escolas específicas, obtendo dados sobre reprovação, distorção idade-série e abandono escolar referentes a cada unidade de ensino.

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Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), através do Censo de Educação Superior, mostram que a maioria dos estudantes universitários, cerca de 56%, não se forma no curso em que ingressaram originalmente, seja por mudança de instituição de ensino, dificuldades financeiras, falta de identificação com a área de estudos e mercado de trabalho ou desistência da graduação. São números que refletem uma dificuldade de definir o futuro profissional.

No meio do caminho entre o início dos estudos e o surgimento dos primeiros indícios de que talvez a primeira escolha não tenha sido correta ou que a universidade é diferente do que o estudante imaginava a princípio, muitos sentimentos como frustração de expectativas, pressão e medo podem aparecer.  Com eles, a sensação de infelicidade, vazio e problemas como ansiedade e a depressão podem piorar ainda mais o cenário de desestímulo aos estudos e trabalho dos universitários. O surgimento de problemas ligados à vida universitária e profissional é um problema muito recorrente, atingindo vários estudantes em diferentes universidades, regiões, países, cursos e áreas do conhecimento. 

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De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em 2016, 30% dos alunos de graduação em instituições federais no Brasil procuraram atendimento psicológico e mais de 10% fizeram uso de algum medicamento psiquiátrico.  Já o Health Science Center da Universidade do Texas, em San Antônio (EUA), fez uma pesquisa abrangendo mais de 2 mil pessoas e constatou que acadêmicos têm seis vezes mais chance de desenvolver ansiedade e depressão.

Na tentativa de reduzir esses índices e inspirado em experiências de sucesso realizadas em universidades estrangeiras renomadas como Harvard e Yale, o professor Wander Cleber Maria Pereira, da Universidade de Brasília (UnB), decidiu criar e ofertar a partir deste semestre (2018.2) uma disciplina eletiva chama “Felicidade”.  Wander é professor de engenharia no campus Gama da instituição de ensino, que concentra cursos da área das ciências exatas. Lá se observava um número ainda mais elevado de evasão, abandono, ansiedade e depressão grave, a ponto de chegarem cartas de pais de alunos solicitando que a instituição tomasse uma atitude para melhorar a experiência acadêmica dos estudantes. 

“Não será um curso teórico sobre felicidade, não vai ter provas, trabalhos, palestras de auto-ajuda. Vão haver algumas leituras, diálogos, compartilhamento de vivências. No primeiro momento, vamos na fundamentação da psicologia positiva sobre o que é a felicidade e características de pessoas felizes e autoconhecimento e depois vamos trabalhar estratégias de enfrentamento aos problemas, aumento de resiliência, como se expressar, conter e prevenir ansiedade, diferença de tristeza e depressão, tudo coletivamente. Ao final da disciplina, os grupos produzirão uma ação que traga mais felicidade ao campus e, fazendo isso, já estão aprovados”, explicou o professor. 

Leonardo Barbosa é estudante de engenharia civil e explica que escolheu esse curso pois sentia desde criança o desejo de trabalhar com áreas ligadas à construção. “Eu não sabia nem o que era um engenheiro civil. Depois que descobri, fiquei encantado”, contou. Ele decidiu investir a graduação em uma universidade que, em sua visão, tinha professores bem capacitados, bons laboratórios e apresentava inovações no método de ensino. 

Ele começou o curso no ano de 2015 e apesar de saber que seria um curso difícil e com “muita correria”, o estudante estava disposto a seguir carreira na área com a qual havia sonhado desde a infância. Tudo ia bem, tanto a nível acadêmico quanto profissiona,l com os estágios e perspectivas de mercado de trabalho para empregos efetivos. Os problemas começaram quando a área de estudos escolhida por Leonardo entrou em crise.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, a construção civil está entre os setores que mais eliminaram postos de trabalho no ano passado e continua apresentando a mesma tendência em 2018.

Ao todo, 2.110 vagas formais para engenheiros civis foram fechadas no Brasil nos 12 meses encerrados em junho, o que significa uma queda de 3,2% de ocupação na profissão em relação aos 12 meses anteriores, até junho de 2017.  A retração do mercado não foi sentida apenas entre os profissionais formados, atingindo também Leonardo, que já estagiava e passou por um longo período de dificuldades. 

“Procurei pesquisar bastante a respeito do curso para saber como era, e sim, o mercado de trabalho era promissor na época, não sabia que o baque ia ser gigante como foi. Sofri na pele por isso. Passei por três estágios até a crise afetar uma empresa que trabalhava no final de 2015”, contou o estudante. 

Entre medos, frustrações, dificuldades financeiras e sofrimento emocional, era preciso encontrar algo para permanecer firme no propósito de se formar e seguir a carreira que havia sido escolhida. Ter em mente o tamanho da sua vontade de dedicar a vida profissional à engenharia civil foi o que manteve (e ainda mantém) Leonardo focado e otimista quanto ao trabalho. “O que me faz continuar é amor pelo que faço. Sempre enfrentar desafios diferentes. A busca por conhecimento diverso para solucionar os problemas que sempre aparecem”, afirmou o estudante.

Ele também destaca a importância da especialização em um cenário profissional muito competitivo. “Procure conversar com pessoas de outras áreas. Se tem desestímulo do mercado, se especialize. O mercado exige muito e a internet nos dispõe de um acervo absurdo de conhecimento”, aconselhou Leonardo.

Questionado se teria feito algo diferente em sua trajetória pelo ensino superior visando uma melhor preparação para o mercado de trabalho que o espera, Leonardo afirma que certamente mudaria a maneira como ele encarou a universidade e o futuro profissional assim que começou os estudos no nível superior. “Teria me dedicado mais no começo do curso, visto que entrei na faculdade aos 17 anos e ainda não pensava muito profissionalmente”, contou ele.

Às vezes é preciso recomeçar 

A solução encontrada pela jovem Kalu Gouveia seguiu uma linha diferente: o recomeço. Em 2012, logo que saiu do ensino médio, a estudante, que também é surfista e sempre adorou a praia, o mar e os animais marinhos, decidiu estudar oceanografia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Eu era muito nova, não tinha ainda muita noção ainda do que eu queria e no começo eu estava curtindo o momento, mas o curso é muito Exatas e a gente paga o básico das cadeiras de engenharia e isso me desestimulou muito porque era matemática e física pura, não era voltado para o nosso curso”’, contou Kalu, que ao descobrir que o mercado de oceanografia é voltado à pesquisa e ao ensino, também não se agradou. 

Perto do sexto período, veio a desistência da graduação. Kalu passou a fazer cursinhos pré-vestibular para tentar entrar em medicina, porém, após dois anos de estudos sem obter a nota necessária no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ser aprovada no curso, pressionada pelos pais, ela permanecia “sem rumo”. 

Por gostar muito tanto dos animais que estudou durante o período em que cursou oceanografia, quanto dos cães de sua família, Kalu decidiu que prestaria vestibular para o curso de medicina veterinária e foi aprovada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde está estudando no momento. 

“É uma coisa bem prática, estou gostando muito, aprendendo muita coisa interessante e se tiver um animal precisando eu vou lá e posso ajudar. No final do curso de oceanografia eu fiquei bem depressiva, pensando que não tinha mais nada para mim e tinha perdido muito tempo da minha vida em um curso que não terminei, que estava velha vendo todas as minhas amigas quase se formando e eu saindo de uma faculdade e tendo que estudar para outra, começando tudo de novo”, contou a estudante.

As soluções para o problema  

De acordo com a psicóloga especializada em Gestão de Pessoas, professora e analista de RH do Grupo Ser Educacional, Juliana Paiva, quando um jovem entra na universidade, há muita ansiedade, pressão e expectativas em relação ao futuro profissional, além de se deparar com uma realidade diferente do colégio com o qual estava acostumado e, muitas vezes, com uma imagem de que na faculdade tudo será festivo. Tudo isso somado a um jovem que é diferente de uma pessoa mais velha e madura e à falta de autoconhecimento, segundo Juliana, pode levar a frustração, sentimentos ruins como o medo e a incerteza, estresse e, em casos mais graves, o adoecimento por sofrimento psicológico. 

Ela também coloca a alta competitividade do mercado de trabalho e a falta de identificação com a área de estudos e atuação profissional como fatores frustrantes que podem, a longo prazo, prejudicar a saúde mental dos estudantes universitários. “O aluno mais jovem não se conhece tanto, está envolvido de muita ansiedade de descoberta pelo novo, por uma nova rotina, novo círculo social, é muita emoção e isso pode ser frustrado”, conta a psicóloga. 

“Tudo começa com uma ansiedade porque se está em um mundo novo, com novas cobranças, e pode se intensificar, gerar adoecimento, estresse ou até a depressão”, explicou Juliana. A psicóloga lembra que é importante saber diferenciar momentos de tensão, tristeza e nervosismo passageiros de um problema persistente ou uma doença psicológica. De acordo com ela, quando o estudante percebe que está, de forma recorrente, sofrendo com altos níveis de estresse, irritabilidade, distúrbios alimentares e problemas do sono a ponto de afetar a vida social, os relacionamentos sociais e familiares, é hora de procurar apoio terapêutico e, caso necessário, psiquiátrico também. 

“É preciso que o estudante se situe, se imagine na área escolhida e pense se esse é o futuro que está esperando para si. Pensar no curso, na sua identificação, no mercado e nas áreas de atuação para definir se a atividade vai gerar prazer, se conhecer e avaliar o que a instituição de ensino lhe oferece”, explicou Juliana. 

Ela também afirma que, diante da constatação de que a escolha da graduação não foi acertada, o melhor a fazer é refletir para decidir, desta vez de forma mais consciente e cuidadosa, um novo caminho que seja mais satisfatório, além de recomeçar, seja retomando o mesmo curso em outro momento ou mudando a área de estudos e atuação profissional.

Juliana destaca também a importância de buscar informações e autoconhecimento antes de escolher a que curso se dedicar, se possível com aconselhamento junto a um profissional de psicologia, buscando identificar quais são as áreas de maior identificação. Também é importante prestar atenção às ferramentas de aprendizado prático e empregabilidade oferecidas pela instituição de ensino. 

“A universidade tem que se preocupar com esse problema e buscar diminuir a frustração do estudante, através de núcleos de carreiras onde a instituição faz a ponte entre o estudante e o mercado. Também é preciso ter uma estrutura que proporcione experiências práticas e um setor que apoie o estudante, psicológica e pedagogicamente”, pontuou a especialista. 

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A taxa de ausentes na primeira fase do vestibular para ingresso na Universidade Estadual Paulista (Unesp) foi de 6,4% no exame feito nesta quarta-feira (15). O valor é inferior ao do ano passado, quando 7,7% dos candidatos faltaram. Ao todo, 100,8 mil dos 107,7 mil inscritos fizeram a prova.

O município que teve mais ausências foi Registro, com 14% dos 516 inscritos ausentes. A prova foi aplicada em 31 cidades paulistas. A segunda fase do exame será aplicada nas mesmas cidades, nos dias 17 e 18 de dezembro, domingo e segunda-feira.

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A prova da primeira fase contém 90 questões de múltipla escolha, sendo 30 de linguagens e códigos (língua portuguesa, literatura, língua inglesa, educação física e artes), 30 de ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia) e outras 30 de ciências da natureza e matemática (biologia, física, matemática e química).

Metade das vagas da Unesp é reservada para egressos de escola pública.

Não é uma tarefa difícil viajar gratuitamente no metrô do Recife. Sem fiscalização, as pessoas conseguem acessar o sistema através dos terminais de ônibus – mesmo não tendo utilizado o transporte rodoviário. O LeiaJá flagrou a chamada “evasão de renda” no Terminal Integrado do Recife, na área central da capital, mas o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Leonardo Villar, garante: “Isso acontece em praticamente todas as estações onde há terminal integrado”.

As pessoas aproveitam os portões de entrada e saída dos ônibus, sempre abertos e sem fiscais. Assim, os usuários já conseguem acessar o sistema de metrô, como se estivessem fazendo a integração do ônibus para o trem. Quando o LeiaJá flagrou as pessoas entrando pelo terminal não era horário de pico e, mesmo assim, não demorava até que alguém usasse a estratégia.

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Tal situação fez com que há cerca de um mês uma mudança ocorresse no Terminal Integrado de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR). Agora é obrigatório que quem queira usar o metrô passe pelas catracas do sistema. Para aqueles que vieram de ônibus e têm direito à integração, o Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) funciona de maneira temporal, ou seja, durante um determinado limite de tempo o passageiro não terá que pagar nova passagem.

Desde que a alteração foi feita, a CBTU viu o lucro dar um grande salto. “Tivemos um aumento de renda em Cavaleiro muito expressivo desde então”, diz Leonardo Villar. Os cálculos oficiais ainda estão sendo finalizados, mas o superintendente acredita que a arrecadação na Estação de Cavaleiro possa ter triplicado. 

O intuito da CBTU é ampliar a estratégia para os demais terminais integrados. “Temos cobrado o Grande Recife Consórcio de Transporte”, afirma Villar.

Procurado pelo LeiaJá, o Grande Recife informou que possui vigilantes em todos os Terminais Integrados do Recife e Região Metropolitana e que conta também com apoio da Gerência de Segurança Institucional do órgão. O Grande Recife assumiu, entretanto, que tem enfrentado dificuldades para coibir a prática. “O Consórcio comunica que vai intensificar as ações no sentido de inibir as pessoas que praticam essa ação”, finaliza a nota de resposta.

Com três pagamentos atrasados para técnicos e professores e um calendário acadêmico que ainda não saiu de 2016, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) viu dobrar a evasão de alunos no ano passado. Segundo afirmou na quarta-feira (14) o reitor da universidade, Ruy Garcia Marques, a percepção dos problemas na instituição já afeta também a busca de candidatos ao vestibular de 2018.

"Está sendo notada essa diminuição [de inscrições no vestibular]. Mas certamente isso iria acontecer. Até em casa, meu filho, de 16 anos, me diz que não sabe se quer ir para a Uerj", lamenta o reitor, que defende a instituição, considerada uma das mais conceituadas do país: "Sem dúvida nenhuma a Uerj vale a pena, mas vai levar tempo para a gente recuperar a grandeza desse nome."

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Em entrevista à imprensa na manhã de quarta (14) o reitor descreveu os problemas que a universidade enfrenta desde o ano passado. Todo ano, segundo Ruy Garcia Marques, 300 a 400 alunos deixam a universidade, número que dobrou em 2016.

O reitor chamou a atenção para o impacto dos atrasos de pagamentos na permanência dos alunos bolsistas na instituição,que é pioneira em ações afirmativas no país. Cerca 10 mil alunos cotistas e não cotistas em dificuldades financeiras recebem mensalmente um auxílio de R$ 450. "São bolsas pequenas, mas absolutamente indispensáveis para a locomoção e a frequência deles na universidade."

Atualmente, os técnicos administrativos da universidade estão em greve. Eles estão sem os salários de abril e maio e também não receberam o décimo terceiro salário de 2016. Os professores continuam dando aulas de acordo com suas possibilidades de deslocamento para a universidade, mas a situação salarial é a mesma.

"Muitos alunos não estão conseguindo comparecer às aulas, assim como docentes, que estão vendendo carro, voltando a morar com seus pais. Técnicos administrativos [vivem] a mesma coisa, pegam empréstimos. Está afetando todos os segmentos."

Os problemas de pagamento põem em risco o funcionamento de serviços prestados à sociedade, como o atendimento de psicologia e odontologia no Hospital Universitário Pedro Ernesto. O reitor afirma que há risco de que esses serviços sejam suspensos, assim como pesquisas que dependem de recursos estaduais para sua manutenção.

"A pesquisa não é uma coisa que a gente possa interromper aqui, e daqui a seis meses, quando as coisas melhorarem, a gente recomeça. Tem que recomeçar do zero."Ontem, o governo do estado informou que a folha de pagamento deve ser regularizada em 45 dias, com a adesão do estado ao Plano de Recuperação Fiscal da União.

Servidores estaduais da educação, da segurança pública, administração penitenciária e defesa civil devem receber os salários de abril e maio ainda hoje. A Uerj é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social.

A comunidade acadêmica da Uerj envolve hoje cerca de 50 mil pessoas, sendo 27 mil alunos de graduação presencial, 7 mil de graduação à distância e 7 mil de pós-graduação. Há 5,8 mil servidores técnicos administrativos e 2,6 mil professores na folha de pagamento.

Paralisações e adiamentos levaram o calendário acadêmico da Uerj a um atraso que só pode ser totalmente revertido em meados de 2018. A universidade deve encerrar o segundo semestre de 2016 em julho; o primeiro de 2017, em novembro; e o segundo semestre deste ano está previsto para terminar em abril de 2018. A previsão, no entanto, depende que os problemas sejam superados.

Em nota, o governo do estado afirma que "reconhece a importância da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e tem concentrado esforços na busca de soluções para a superação do atual quadro de graves dificuldades enfrentadas pela  instituição". O governo informa que repassou à Uerj 76% do orçamento de 2016, e que a crise impediu que o restante dos recursos chegasse à Universidade.

Nesta quarta-feira, os servidores da Uerj receberam um pagamento de R$ 700 referente ao mês de abril, mas o restante do pagamento continua em atraso.

"Muitos alunos não estão conseguindo comparecer às aulas, assim como docentes, que estão vendendo carro, voltando a morar com seus pais. Técnicos administrativos [vivem] a mesma coisa, pegam empréstimos. Está afetando todos os segmentos."

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Ré em ação penal por crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro supostamente oriundo do esquema de propinas atribuído a seu marido, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a jornalista Claúdia Cruz alega, por meio de seus defensores, que o próprio magistrado reconheceu que sua conta na Suíça 'não recebeu qualquer valor proveniente dos supostos atos de corrupção na África'.

Em alegações finais, fase derradeira do processo, os advogados de Cláudia destacam que 'esses recursos permaneceram nos trusts de Eduardo Cunha'. "Portanto, os valores gastos nos cartões de crédito não têm qualquer relação com a suposta corrupção".

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O documento é subscrito pelos advogados Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas.

Em abril, também em alegações finais, a força-tarefa do Ministério Público Federal pediu condenação de Claúdia a pena de prisão 'em regime fechado'. Os procuradores sustentam que a conta da mulher do ex-presidente da Câmara recebeu mais de US$ 1 milhão 'provenientes de crimes praticados pelo marido'. O dinheiro teve origem, destacam os investigadores, na propina que o peemedebista teria recebido em negócio da Petrobrás na compra de campo de petróleo de Benin, na África, em 2011.

A defesa de Cláudia rechaça essa versão e usa como argumento principal trecho da sentença que o próprio juiz Moro impôs a Eduardo Cunha - 15 anos de prisão na Lava Jato.

Na sentença contra o peemedebista, Moro destacou, na página 98, que os valores depositados na conta de Cláudia Cruz 'não foram provenientes de vantagem indevida decorrente do contrato de aquisição pela Petrobrás dos direitos de exploração do Bloco 4 em Benin'.

Os criminalistas Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas são os defensores de Cláudia.

Eles alegam que o dinheiro gasto com cartões de crédito de Cláudia tem origem diversa, 'de outros recursos de Eduardo Cunha, sobre os quais não pesam quaisquer suspeitas'.

"Inviável a condenação nos termos da imputação em questão, uma vez que não se atribuí à defendente (Cláudia) nada além de receber valores de trusts dos quais seu marido é beneficiário, não havendo qualquer elemento que indique a ilicitude destes recursos", sustentam os advogados em uma peça de 169 páginas.

Nas alegações, os advogados requereram preliminarmente a Moro que desconsidere e tire dos autos os termos de delação premiada de Hamylton Padilha e Nestor Cerveró (ex-diretor de Internacional da Petrobrás) 'em razão da indisponibilidade dos registros audiovisuais das oitivas em questão'.

Os defensores pedem, ainda, que o juiz determine a tradução dos documentos que dão base à acusação - contratos entre CBH e República de Benin, extratos e documentos bancários, íntegra das investigações empreendidas na Suíça, sendo reabertos os prazos para requerimento de diligências.

A defesa de Cláudia pede também que 'seja reconhecida a ilicitude da prova oriunda da Suíça, em virtude das máculas que recaem sobre a cooperação jurídica internacional, sendo determinado o seu desentranhamento dos autos'.

"Seja a defendente absolvida nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, em razão de não constituírem infração penal os fatos imputados pela acusação".

Alternativamente, eles sugerem a Moro que caso não absolva Cláudia, que aplique a ela penas mínimas.

O pintor Gaúcho Cláudio Roberto da Costa, de 53 anos mora na comunidade Vila Safira, periferia de Porto Alegre, arrecada material escolar para evitar que crianças carentes deixem a escola por dificuldades financeiras. “Começava o ano letivo e eu via crianças o dia inteiro na rua. Quando eu perguntava a elas por que não estavam na escola, ouvia como resposta que o pai ou a mãe não tinham dinheiro, que fim de mês era complicado, aí eu vi que precisava fazer alguma coisa" conta Cláudio. 

A arrecadação de material escolar começou em 2016 e teve bons resultados, possibilitando a montagem de 1,6 mil kits e para 2017 já são mais de dois mil. Cada kit é coposto por um caderno grande e um pequeno, uma caiza de lápis de cor ou giz de cera, um tubo de cola, dois lápis, uma caneta, uma borracha e um apontador.

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A professora da rede pública estadual de ensino Vanessa Nascimento, que é uma das doadoras, ela ajuda por ver as dificuldades das cranças que não têm material: "a gente vê que essa questão da autoestima atinge muitas crianças. Às vezes, elas chegam na escola sem calçado, sem lápis”, lamenta. “Na escola pública, há essas disparidades. Qual é o estímulo que a criança tem para chegar à escola e começar a ler e aprender quando está distraída, olhando o que o coleguinha do lado tem? Dar um lápis para uma criança, às vezes, é um carinho.” 

Além da campanha por material, Cláudio quis fazer parte do Projeto Rondon, que envolve universitários no desenvolvimento sustentável de comunidades e promoção da cidadania, mas sua vida teve outra trajetória. Ele morou na periferia de cidades de Minas Gerais, São Paulo, Maranhão e Distrito Federal e viu que há problemas semelhantes em todo o país. Assim ele voltou para Porto Alegre e criou o Projeto Vó Chica, que leva o nome de uma antiga moradora da comunidade, conhecida por suas ações beneficentes: “Temos um espaço cultural nos fundos da minha casa”, destaca. “A estrutura conta com quatros computadores para informática, iniciação de balé para 30 meninas, uma pequena biblioteca e um espaço de meditação.”

*Com informações do Portal do MEC

O Brasil está no topo do ranking em relação ao número de jovens entre 20 e 24 anos que não estão estudando: 75%. O porcentual é apontado na versão mais recente do relatório "Education At a Glance", da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), que traz um estudo comparativo sobre índices educacionais entre 41 países.

Embora seja um dado preocupante, a pesquisa mostra que mais da metade desses jovens estão trabalhando e 57% já concluíram o ensino médio (50%) ou superior (7%). O detalhamento dos dados brasileiros comparados aos dos demais países - 34 membros da OCDE e 7 parceiros da organização - será feito nesta quinta-feira, 15, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, do Ministério da Educação (Inep/MEC).

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Quando se analisa uma faixa maior de idade, entre 15 e 29 anos, o relatório conclui que 20% dos brasileiros fazem parte da chamada "geração nem-nem", expressão que designa aqueles que não trabalham nem estudam. O índice é maior que a média registrada pela OCDE em 2014, que ficou em 15%.

A pesquisa ainda diz que, no Brasil, a taxa de desemprego foi de menos de 6% em todos os níveis de escolarização, enquanto na OCDE essa porcentagem varia entre 4,9% (para os que têm ensino superior) e 12,4% (para os que não terminaram o ensino médio).

Outro dado brasileiro que chama a atenção é que o País também é "campeão" em disparidade salarial relacionada ao gênero, apesar de ter tido uma pequena evolução em relação ao relatório de 2015. No ano passado, o documento mostrou que o salário médio de uma mulher brasileira com educação superior representa apenas 62% do de um homem com a mesma escolaridade. Neste ano, representa 65%. Ou seja, a cada R$ 100 que um homem ganha, a mulher recebe R$ 65.

Mas a situação do Brasil perante os "concorrentes" também tem pontos positivos. Ao passo que, entre 2005 e 2013, a proporção de gastos públicos para a educação diminuiu em mais de dois terços dos países analisados, no Brasil ocorreu o contrário. A média da OCDE é de 11%, mas o Brasil superou esse índice ao dedicar pelo menos 16% do gasto público total ao setor, ficando atrás apenas de México e Nova Zelândia nesses investimentos.

A evasão fiscal é um dos principais problemas das economias latino-americanas, respondendo por cerca de US$ 340 bilhões no ano passado, o equivalente a quase 7% do Produto Interno Bruto (PIB) da região, segundo relatório pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). 

Desse total, US$ 220 bilhões correspondem à evasão do imposto de renda para a pessoa física e jurídica e US$ 120 bilhões de Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), incidente sobre o consumo. 

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"Em alguns países, a evasão do imposto de renda das empresas chega a 70%. E se percebe uma maior dificuldade de diminuir esses indicadores em um cenário de menor dinamismo econômico", diz o documento. 

Os países latino-americanos perdem grande parte da arrecadação do imposto de renda de pessoas físicas (31% perdidos no Chile), (32,6% no Peru), (36,3% em El Salvador), (38% no México), (49,7% na Argentina), (58,1% no Equador) e (69,9% na Guatemala). 

Os impostos de renda das empresas e o Imposto sobre o IVA, incidente sobre os bens de consumo, também têm altas taxas de evasão. No caso do imposto de renda sobre pessoa jurídica, as perdas variam de 26,6% no Brasil a 65% na Costa Rica e no Equador, segundo a CEPAL. A evasão do IVA sozinha fica em torno de 20% na Argentina, Chile, Colômbia, Equador e México e em quase 40% na Guatemala e Nicarágua. 

"Apesar de a tendência ter sido decrescente até 2008, a desaceleração econômica gerou inclusive um aumento da evasão do IVA em alguns países que fazem essa estimativa sistematicamente. É possível comprovar que os avanços na redução dos níveis de evasão do IVA alcançados em anos anteriores foram interrompidos com a reserva do ciclo macroeconômico", diz o relatório. 

"Nesse cenário, conseguir maiores avanços no combate à evasão requer mudanças administrativas e, sobretudo, melhoras dos fatores estruturais, dados os elevados níveis de informalidade, pobreza e desigualdade socioeconômica, a pobre qualidade institucional e a escassa consciência e educação fiscal dos contribuintes", declarou a CEPAL no documento. 

O porcentual de jovens que abandona o ensino superior na rede privada no primeiro ano do curso é 3,5 vezes maior entre aqueles que não foram contemplados com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Em 2014, 25,9% dos alunos que não tinham o financiamento evadiram no primeiro ano de curso. Entre os que foram contemplados com o financiamento, a evasão foi de 7,4%. Na rede pública, a taxa é de 18,3%.

Os dados foram divulgados na segunda-feira (29) no Mapa do Ensino Superior do Brasil, feito pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), com base em números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

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O estudo mostra ainda que apenas 4 em cada dez alunos de universidades particulares concluem o curso em até cinco anos - nas públicas, são cinco em cada dez. Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, disse que a evasão é maior entre os alunos sem o financiamento porque eles têm menos segurança financeira em continuar no ensino superior e por terem menos certeza de que estão no curso certo. "O aluno com Fies entrou no curso que queria, na universidade que almejava. Já o aluno sem Fies tem compromisso menor por não ter tido tanta opção."

A taxa de evasão é maior nas licenciaturas (27,9%) e engenharias (26,2%). As menores taxas são registradas em Odontologia (14,5%) e Medicina (4,8%). "A evasão nas licenciaturas é maior porque o aluno não encontra um curso que gostaria. Já nas engenharias os alunos que chegam despreparados, sem uma boa educação básica, acabam indo mal nas disciplinas e desistem."

MEC

O Ministério da Educação destacou em nota que "o financiamento estudantil não é o único ponto" a se analisar quando se fala de evasão. O problema é múltiplo e envolveria "desde a dificuldade financeira até questões como qualidade dos cursos e expectativa do aluno". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma iniciativa contra a evasão escolar apresenta resultados positivos nas escolas públicas do Estado do Pará. Lançado em 2014, o Projeto Mundiar consiste em formar turmas com alunos que estejam na iminência de abandonar o colégio. É uma parceria do governo estadual com a Fundação Roberto Marinho, por meio da secretaria de Educação (Seduc), e conta com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), segundo informa o site da Fundação Roberto Marinho.

As aulas são ministradas por um professor, dentro de sala, com apoio de vídeos do Telecurso. Ana Emília Nascimento, vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Aníbal Duarte, fala das dificuldades existentes na rede pública de ensino, dando ênfase para o tráfico de drogas entre os adolescentes. “Nós temos uma turma no Projeto Mundiar, que foi uma proposta lançada pelo governo. Os alunos, que se encontram em situação de risco, vão se formar no ano de 2017, tendo iniciado em 2014. Foi feito este trabalho para que os alunos vejam que o estudo tem um significado para eles”, explica Ana Emília. É um trabalho difícil, pois os jovens oscilam muito, principalmente quando retornam das férias, complementa.

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O Projeto Mundiar foi implantado para os alunos com idades avançadas, em séries menores. Vinte estão sendo atendidos na escola Dr. Aníbal Duarte. Para ministrar as aulas, foi escolhida uma professora que entendesse os alunos, disse a vice-diretora. “Muitas vezes o aluno da escola pública vivencia problemas em casa. No Mundiar, é apenas uma professora, que já criou um vínculo com os alunos e muitas vezes ela chega a interferir em algumas situações”, diz.

A professora Edileuza Santos diz que a importância de um projeto como esse é a confiança que os alunos depositam nos educadores por sentirem segurança. Ela afirma que há muito mais dificuldades do que vantagens em lecionar na escola pública. “A pior desvantagem é a questão do desnível social que há com essas crianças. Elas vivem uma situação de carência, pois tem muitos envolvidos com drogas. A desagregação familiar é um grave fator para desestruturar esses jovens. Quando a gente dá um tratamento diferenciado para esse alunado, eles se sentem acolhidos e a gente percebe uma resposta positiva”, diz a professora.

O tempo que essas crianças passam na escola é muito pequeno em relação ao resto do dia em que passam no ambiente familiar, muitas vezes desestruturado, diz Edileuza. Com isso, por mais que a escola se esforce em passar valores construtivos, essa iniciativa chega a ser apagada quando chegam a suas casas, lamenta a professora.

Edileuza considera uma experiência enriquecedora sua atuação como professora multidisciplinar do Projeto Mundiar. “Eu tenho que estudar bastante para poder dar aula para eles porque eu dou aula de todas as disciplinas e minha formação é Sociologia. No começo, eu olhava para eles e via crianças de um mundo completamente adverso do meu. Hoje, eu já tenho uma relação de afeto com eles, pois estou com eles todas as tardes, todos os dias”, explica.

A metodologia Telessala reúne um conjunto de ações (como formação continuada de professores, acompanhamento pedagógico e avaliação) que garantem resultados bem-sucedidos em diferentes contextos, informa a página da Fundação Roberto Marinho na internet. A partir de um currículo único, de abrangência nacional, o Telecurso incorpora características regionais e locais à dinâmica das aulas, de maneira que o estudante descubra novas situações de aprendizagem a partir da sua experiência de vida, diz o site.

Segundo a Fundação, mais de sete milhões de estudantes já concluíram o ensino básico por meio do Telecurso e cerca de 40 mil professores já foram formados pela Metodologia Telessala, em todo o Brasil. Em 2001, segundo o site, o programa passou a ser usado como currículo de referência nacional para o Exame Nacional para Certificação de competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Por Carol Boralli (com informações da Fundação Roberto Marinho).

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A Polícia Federal prendeu oito pessoas, nesta terça-feira (3), acusadas de participar de uma quadrilha especializada em remessas ilegais de dinheiro para o exterior. Dois suspeitos do grupo, que atuava em Santa Catarina e em São Paulo, continuam foragidos. Os policiais também apreenderam R$117 mil em dinheiro e veículos.

Segundo a Polícia, a organização criminosa constituía empresas de fachada supostamente atuantes no ramo de comércio exterior e, sob argumento de estar pagando importações, firmava contratos com instituições financeiras para promover a saída do dinheiro. Os recursos eram enviados para paraísos fiscais, como o Panamá, além de países como China e Coréia, sempre apresentando documentos falsos.

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Os policiais apuraram que, entre 2012 e 2013, mais de R$ 100 milhões foram remetidos ao exterior por meio desse esquema fraudulento, que envolvia a utilização de duas empresas de fachada instaladas na grande Florianópolis.

Foi decretado o sequestro de bens imóveis situados em três estados da federação, veículos de luxo e decretado o bloqueio de diversas contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema. Participam da operação 75 policiais federais e 23 auditores e técnicos da Receita Federal.

O G-8 (grupo das 8 maiores nações industrializadas) concordou com um grupo de propostas para combater a fraude e a evasão fiscal, que pede que os países mudem as leis para impedir que as empresas transfiram lucros entre as fronteiras e maior transparência sobre controle das companhias. O acordo foi anunciado no fim de uma cúpula de dois dias em Enniskillen, na Irlanda do Norte, onde o combate à fraude e evasão fiscal foi uma das principais questões discutidas.

O acordo, chamado de Declaração do Lago Erne, que é o nome do lado onde a cúpula foi realizada, diz que as autoridades fiscais mundiais devem automaticamente partilhar informação para "combater o flagelo da evasão fiscal." Além disso, as empresas multinacionais devem comunicar às autoridades fiscais que pagam impostos e onde elas pagam, prevê o acordo.

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"Nós encomendamos um novo mecanismo internacional que irá identificar onde as empresas multinacionais estão ganhando seus lucros e pagando seus impostos para que possamos acompanhar e expor aqueles que não estão pagando sua parte justa", disse o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, em uma entrevista no fim da cúpula. "Pode não ser o mecanismo mais memorável no mundo, mas esta ferramenta fiscal internacional terá uma característica real de garantir que teremos o pagamento de imposto e justiça tributária adequados em nosso mundo."

O acordo também prevê que os verdadeiros donos das empresas sejam revelados, dizendo que as companhias devem saber quem realmente é dono delas e os cobradores de impostos e agentes da lei devem ser capazes de obter essa informação facilmente.

Mas a declaração da cúpula foi silenciosa sobre se um registro central de controle das empresas será criado. O Reino Unido estava pressionando os outros países do G-8 a se inscreverem nesse registro, que é projetado para impedir que as companhias se escondam atrás de empresas de fachada e fundos fiduciários ao fornecer detalhes sobre seus reais proprietários.

Mais cedo, o governo do Reino Unido disse que avançaria com a criação do registro no país e realizaria uma consulta pública sobre se a informação do sistema deve ser acessada publicamente.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, parabenizou Cameron e os líderes das outras nações do G-8 por terem incluindo questões fiscais na agenda da cúpula. "A fraude e evasão fiscal internacional surgiram como os principais riscos para a receita do governo e como ameaças à credibilidade dos sistemas fiscais aos olhos dos cidadãos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento", disse Lagarde. Fonte: Dow Jones Newswires.

A Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) da Universidade de São Paulo - a USP Leste - nunca perdeu tantos alunos como em 2011. A unidade registrou evasão de 37% no ano passado. Desde 2005, ano em que as primeiras turmas pisaram no campus, 20% dos matriculados já desistiram dos cursos oferecidos na unidade.

Até o ano passado, 1.424 estudantes da USP Leste já haviam abandonado as graduações. Destes, 374 alunos saíram somente em 2011 - registrando o resultado recorde. O índice é bem superior à média da instituição. A universidade não divulgou o dado mais recente, mas os últimos resultados disponíveis indicam um índice próximo a 20%.

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Se comparada com a média nacional, a situação é também preocupante. As universidades públicas do Brasil têm evasão de 14,4%. As instituições privadas perdem menos alunos: 24,2%, segundo o último dado disponível.

A direção da unidade vê os dados com preocupação, mas reforça a diferença de cada curso, defendendo que não se trata de uma crise da USP na zona leste. "O resultado não é bom, não nos satisfaz. Mas os cursos têm evasão diferente uns dos outros. Há cursos com ótimos resultados", diz o diretor da Each, Jorge Boueri. "Os motivos têm de ser trabalhados em cada curso."

A evasão atinge os cursos de forma desigual. A graduação em Marketing, por exemplo, teve uma evasão média de apenas 11% desde 2005 - apesar de o índice estar crescendo. No ano passado, a taxa foi de 22% em relação ao número de vagas.

Apenas um curso, o de Ciências da Atividade Física, conseguiu reverter em 2011 a debandada de alunos. Mas ainda não há muito a comemorar: o índice nesse curso caiu de 52%, em 2010, para 32% - que ainda é alto.

A USP Leste foi criada com dez graduações, todas não tradicionais e com uma proposta curricular inovadora. Até 2008, a evasão média não passava de 12%. Mas, exatamente após 2009, ano em que os primeiros formados chegaram ao mercado de trabalho, esse índice disparou e só tem aumentado. Além disso, a maioria dos cursos ainda é pouco conhecida pela população e há uma dificuldade em inserir formados de certas carreiras no mercado.

As causas da evasão são variadas, com diferenças também de curso para curso. Mas a falta de conhecimento sobre os cursos, combinada com a baixa concorrência no vestibular da Fuvest, tem seu reflexo: 60% dos alunos que saíram da USP Leste nem chegaram a frequentar as aulas ou encerraram matrículas antes de cursarem 20% dos cursos.

Uma parcela significativa de matriculados também acaba saindo da unidade por transferências. Desde a inauguração da Each, 15,5% dos matriculados migraram para outros cursos - o que corresponde a 224 estudantes. A unidade ganhou apenas 164 alunos de fora.

O curso que mais perdeu alunos por transferência foi a Licenciatura em Ciências da Natureza, exatamente o que tem a menor concorrência no vestibular - de apenas 1,53 candidato por vaga na última Fuvest. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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