Tópicos | Operação Acarajé

A Polícia Federal de Pernambuco (PF-PE) cumpre, nesta terça-feira (22), seis mandados judiciais da 26ª fase da Operação Lava Jato. Dois deles, inclusive, são de condução coercitiva e de acordo com o que o LeiaJá apurou estão sendo ouvidos pelos delegados pernambucanos o empresário e sócio da Agência Arcos, Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior e o executivo da Odebrecht, Alexandre Biselli. 

Biselli teria supostamente pago propina para agentes públicos, mas ainda não se sabe quem poderia ter recebido os valores. Já Antônio Carlos seria ligado ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, condenado em 2013 no processo do mensalão.

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A assessoria de imprensa da PF não confirmou os nomes e informou que não poderia dar detalhes sobre a identidade deles. Os dois estão depondo na sede da PF, no bairro do Recife, e serão liberados após realizarem exames de corpo de delito. 

Além das duas conduções coercitivas, também foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, sendo três no bairro de Boa Viagem, na zona sul do Recife, em residências de dois suspeitos e em um estabelecimento comercial, e outro numa casa de câmbio do bairro de Santo Antônio, na área central da capital.

“Esta fase aqui é um desdobramento da 23º que teve o nome de Acarajé. Analisando os documentos se identificou outras pessoas que tinham envolvimento dentro da Lava Jato. Foram cumpridos seis mandatos, dois de condução coercitiva e essas pessoas estão aqui prestando esclarecimentos e depois serão liberadas, quando fizerem exames de corpo de delito”, afirmou o assessor da PF-PE, Giovani Santoro. 

De acordo com Santoro, todos os materiais recolhidos serão encaminhados para o Paraná, onde estão concentradas as investigações da Lava Jato. 

Operação Xepa – Em todo o Brasil, estão sendo efetuados 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e quatro mandados de prisão preventiva. As diligências tem foco na Odebrecht e estão ocorrendo em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal e Minas Gerais.

*Com informações da repórter Eduarda Esteves 

A força-tarefa da Operação Lava Jato cruzou documentos enviados dos Estados Unidos com provas reunidas em fases anteriores da investigação e números da Receita Federal para comprovar que o marqueteiro João Santana - responsável pelas campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e da presidente Dilma Roussef, 2010 e 2014 - e sua mulher e sócia, Mônica Moura, são controladores da offshore Shellbill Finance S.A.. A offshore foi aberta no Panamá. Contas dessa empresa receberam pelo menos US$ 7,5 milhões, entre 2012 e 2014, da Odebrecht e do operador de propinas Zwi Skornicki, sustenta representação da Operação Acarajé, deflagrada nesta segunda-feira, 22. O casal está com a prisão decretada.

"Além do bilhete apreendido na residência de Zwi Skornicki, por meio do qual Mônica Moura faz alusão expressa a 'sua' conta mantida em nome da Shellbil Finance SA no Banque Heritage, observa-se que a cópia do contrato encaminhado por ela ao operador da Keppel Fels - firmado entre a Shellbill Finance SA e a Klienfeld Services Ltd - possui sua própria assinatura, o que exime de dúvidas quanto a titularidade e controle tanto da empresa offshore quanto da conta no banco suíço", informa o delegado Filipe Hille Pace, da força-tarefa da Lava Jato.

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A Klienfeld é uma offshore que já havia caído no radar da Lava Jato pelo pagamento de propina para outros acusados, entre eles o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - indicado ao cargo pelo PT. A carta foi localizada na 11ª fase da Lava Jato, batizada de My Way, na casa do operador de propinas Zwi Skornicki, que trabalhava para o estaleiro Keppel Fels.

Um dos materiais considerados prova no pedido de prisão de Santana, entregue ao juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, veio da cooperação obtida nos Estados Unidos. O Banco Citibank, onde a Shellbill usava uma conta de passagem do dinheiro, remeteu uma primeira parcial com extrato das movimentações feitas da conta da offshore do marqueteiro do PT - no Banco Heritage, na Suíça -, que tiveram crédito ou débito naquele país. "São indícios contundentes que a conta pertence ao casal (Santana e Mônica)", afirmou o delegado Pace.

O documento serve de mapa dos dados bancários de transferências "realizadas de maneira oculta - em contas no exterior - e dissimulada - a partir de contratos de consultoria ideologicamente falsos - por Zwi e Bruno Skornicki e pelo Grupo Odebrecht em favor de João Santana e Mônica Moura".

Os extratos enviados pelos Estados Unidos sobre a conta no Citibank por onde a Shellbill movimentava dinheiro mostram o nome da filha de Santana, Suria Santana, e de seu genro, Matthew Pacinelli.

"Além disso, os números depósitos para Suria Santana, filha de João Cerqueira de Santana Filho, residente no exterior - em Washington D.C., EUA - e casada com Matthew S. Pacinelli, que também recebeu recursos da conta da suíça mantida em nome da Shellbill Finance, não deixam quaisquer dúvidas sobre a titularidade e controle da conta no exterior abastecida com recursos provenientes da corrupção na Petrobras", informa a PF, no pedido de prisão do casal apresentado ao juiz federal Sérgio Moro.

Segundo o documento, Suria Santana "recebeu, em 80 transações, no período de 28 de novembro de 2008 a 30 de março de 2015, o valor de USD 442.800,00 da conta no Banque Heritage em nome da Shellbill". "O genro do marqueteiro recebeu, em oito transações, entre 4 de março de 2009 e 11 de março do mesmo ano USD 75.000,00."

Contrato rasurado

Outro documento é o modelo de contrato enviado para o Zwi e seu filho Bruno - operadores de propina do estaleiro Keppel Fels - que traz a assinatura de Mônica Moura.

O contrato era um modelo para um aditamento entre a Shellbill e a Klenfeld, para justificar as movimentações financeiras. "É um modelo de 2013 que mostra que em 2011 já havia outro contrato. Ele foi enviado na carta encontrada nas buscas na casa de Zwi Skornicki, no ano passado", explicou o delegado.

Para a PF, depois de analisar os recebimentos de R$ 198 milhões das empresas de João Santana de campanhas do PT entre 2004 e 2014 e as declarações de rendimentos do casal, a "conclusão que se tem é que a fonte de renda de João Santana e Mônica Moura, no Brasil, advém essencialmente das atividades de marketing e publicidade que prestam ao Partido dos Trabalhadores, razão pela qual é extremamente improvável que a destinação de recursos espúrios e provenientes da corrupção na Petrobras aos dois, no exterior - em conta em banco suíço mantida em nome de empresa offshore - e de maneira dissimulada - mediante a celebração de contratos falsos -, esteja desvinculada dos serviços que prestaram à aludida agremiação política".

 

 

O empresário Zwi Skornicki foi preso nesta segunda-feira (22) na 23ª Fase da Operação Lava Jato, denominada Acarajé. Ele é representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels, de Cingapura, e é acusado de pagamento de propinas em negócios com a Petrobras. Skornicki foi preso em casa em um condomínio da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, em cumprimento a um mandado de prisão preventiva e foi levado para a superintendência da Polícia Federal (PF), na Praça Mauá, na região portuária da cidade.

Hoje, veículos estacionaram no prédio da PF e deles saíram agentes com malotes. Também entrou no prédio da PF uma pessoa não foi identificada e que estava com parte do corpo coberta por um lençol.

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A viatura que a transportava também levava um cofre que, pelo movimento dos agentes, parecia bastante pesado. Como as informações da Lava Jato estão concentradas em Curitiba, a Polícia Federal não confirmou  se a prisão desta pessoa tem relação com a operação de hoje.

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