Tópicos | OPERAÇÃO DARK SIDE

A Polícia Federal em São Paulo concluiu nesta sexta, 2, o inquérito da Operação Dark Side - primeira etapa da chamada 'Lava Jato Eleitoral' - e indiciou o deputado federal Paulinho da Força, seu genro, o advogado Cristiano Vilela de Pinho e o ex-tesoureiro do Solidariedade José Gaspar Ferraz de Campos, por falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os três foram alvos de ofensiva deflagrada pela PF em julho para apurar suposto caixa 2 de R$ 1,7 milhão pago pela JBS nas campanhas eleitorais de Paulinho à Câmara, em 2010, e à Prefeitura de São Paulo, em 2012.

As investigações que levaram ao indiciamento de Paulinho, Cristiano e José Gaspar foram remetidas à Justiça de São Paulo em 2019, com base nas delações de Joesley Batista e Demilton Antônio de Castro, do Grupo J&F. Nessa linha, quando a Dark Side foi aberta, no dia 14 de julho, os investigadores destacaram que tratava-se da primeira primeira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral paulista desde o entendimento do Supremo Tribunal Federal que reafirmou sua competência para analisa crimes conexos aos eleitorais.

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A ofensiva cumpriu sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e em Brasília, tendo a PF vasculhado o gabinete de Paulinho, seu apartamento funcional e ainda a sede da Força Sindical em São Paulo. Além disso, o juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, chegou a determinar o bloqueio de bens do deputado, de seu genro e do ex-tesoureiro do Solidariedade.

Ao pedir a deflagração da Dark Side, a Polícia Federal apontou o deputado federal Paulinho da Força como 'idealizador e beneficiário' de doações eleitorais da J&F não declaradas. No documento enviado à 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, a PF detalhou os montantes supostamente pagos ao parlamentar, revelando a entrega de mais de R$ 1 milhão em espécie e repasses por meio de escritório de advocacia administrado pelo genro do deputado.

Em 2010, na campanha ao cargo de deputado federal, Paulinho teria recebido R$ 200 mil. Já em 2012, na campanha à Prefeitura de São Paulo, teria recebido R$ 1 milhão - R$ 750 mil em espécie e R$ 250 mil, por intermédio do escritório de advocacia Vilela Silva e Gomes Advogados, administrado por Cristiano Vilela de Pinho, revelou a PF na ocasião.

Para tanto, Paulinho da Força 'teria contado com a colaboração e auxílio material do tesoureiro do partido político Solidariedade, Jose Gaspar Ferraz de Campos, que teria intermediado e recebido fisicamente os valores em espécie', indicou a PF à Justiça.

Ainda com relação ao escritório de advocacia ligado ao genro de Paulinho, a PF ressaltou que Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), hoje batizado Unidade de Inteligência Financeira, detectou a movimentação de R$ 290 mil nas contas do Vilela e Silva Gomes Advogados, em saques fracionados. A prática levantou a suspeita de que a banca estaria sendo usada para lavagem de dinheiro.

Uma outra operação ligada ao escritório também chamou a atenção da Polícia Federal - uma transferência de R$ 269 mil feita pela Força Sindical. Segundo os investigadores, os valores podem ter sido utilizados para quitar despesas de campanha do parlamentar nas eleições de 2012.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO FEDERAL PAULINHO DA FORÇA E DEMAIS CITADOS

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com o deputado e os demais citados, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), hoje batizado Unidade de Inteligência Financeira, detectou a movimentação de R$ 290 mil nas contas do escritório de advogados Vilela e Silva Gomes, ligado ao deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), em saques fracionados. A prática levantou a suspeita de que a banca estaria sendo usada para lavagem de dinheiro.

As informações constam em representação da Polícia Federal à Justiça contra o parlamentar, acusado de receber R$ 1,7 milhões em caixa dois da JBS para abastecer campanhas de 2010 e 2012. O escritório Vilela e Silva Gomes pertence a Cristiano Vilela, genro de Paulinho da Força. Segundo as investigações, a JBS repassou R$ 250 mil para a banca como se fossem pagamentos por "consultoria jurídica", mas o dinheiro era destinado a quitar gastos eleitorais do parlamentar.

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Apesar das investigações mirarem eventos de dez anos atrás, a PF alega que o Coaf identificou transações que indicariam supostas ilegalidades envolvendo as contas do escritório até os dias de hoje. Segundo o relatório de inteligência financeira, o escritório retirou R$ 290 mil de sua conta bancária por meio de 70 cheques em espécie e de valores pequenos, que variavam de R$ 2 mil a R$ 15 mil, mediante pagamento de cheques descontados "na boca do caixa". A prática de fracionamento é conhecida por investigadores por evitar alertas de órgãos de fiscalização.

O juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, afirmou que o "padrão de movimentações financeiras e de relacionamentos empresariais da companhia consubstanciam indícios relevantes da prática do delito de lavagem de capitais".

Além dos saques, a PF identificou que, ainda no ano passado, o escritório Vilela e Silva Gomes recebeu R$ 2,1 milhões entre julho e dezembro - "valores incompatíveis com o faturamento mensal declarado pela empresa de cerca de R$ 90 mil", apontam os investigadores. Entre os valores, a Polícia Federal destacou repasse de R$ 79 mil feito pelo Solidariedade à banca de advogados - Paulinho da Força é líder do partido.

Desvios

O escritório foi alvo de buscas nesta terça-feira por ordem do juiz Marco Vargas. A Operação Dark Side, primeira fase da Lava Jato Eleitoral, também mirou em suposto desvio de R$ 269 mil das contas da Força Sindical, entidade presidida por Paulinho da Força, para o escritório de advocacia. O repasse seria utilizado para quitar despesas eleitorais da campanha do parlamentar à Prefeitura de São Paulo, em 2012.

A hipótese dos investigadores é se Paulinho da Força utilizou a conta do escritório Vilela e Gomes Advogados para receber repasses de caixa dois, utilizando o montante para custear despesas de campanha. Buscas foram autorizadas na sede da Força Sindical e da banca de advogados para apurar a existência de contratos que justificassem a transferência dos R$ 269 mil em 2012.

Defesas

"O deputado Paulo Pereira da Silva foi alvo de mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Eleitoral de São Paulo. O parlamentar desconhece os fatos apurados e está tomando ciência da apuração pela imprensa na medida em que sequer lhe foi fornecida cópia da decisão que autorizou as buscas", diz nota do parlamentar.

No texto, Paulinho da Força afirmou que "desconhece os fatos apurados e que não teve acesso à decisão que autorizou as buscas". O parlamentar disse ainda que suas contas das eleições de 2010 e 2012 foram aprovadas regularmente pela Justiça Eleitoral.

"Caso os mandados digam de fato respeito a alegado caixa dois dos anos de 2010 e 2012, a partir da delação da JBS, conforme notícias veiculadas, o deputado lamenta o ocorrido na data de hoje (ontem) tendo em vista que já são passados 10 anos desde os fatos apontados, sendo que suas contas das eleições de 2010 e 2012 foram aprovadas regularmente pela Justiça Eleitoral".

Por fim, o parlamentar "confia que a apuração chegará à conclusão de que os fatos trazidos não possuem nenhum fundamento".

A reportagem entrou em contato com a Força Sindical e com o escritório Vilela e Silva Gomes Advogados. O espaço está aberto para manifestações.

O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade) se manifestou sobre a operação Dark Side, da Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Eleitoral, deflagrada na manhã desta terça-feira (14). Trata-se da primeira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo, que, segundo a PF, mira em suposto caixa 2 de R$ 1,7 milhão e lavagem de dinheiro. Agentes fizeram buscas no gabinete do parlamentar, em seu apartamento e ainda na sede da Força Sindical.

"O deputado Paulo Pereira da Silva foi alvo de mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Eleitoral de São Paulo. O parlamentar desconhece os fatos apurados e está tomando ciência da apuração pela imprensa na medida em que sequer lhe foi fornecida cópia da decisão que autorizou as buscas", diz nota publicada por Paulinho.

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Paulinho da Força afirmou que desconhece os fatos apurados e que não teve acesso à decisão que autorizou as buscas. O parlamentar disse ainda que suas contas das eleições de 2010 e 2012 foram aprovadas regularmente pela Justiça Eleitoral.

"Caso os mandados digam de fato respeito a alegado caixa dois dos anos de 2010 e 2012, a partir da delação da JBS, conforme notícias veiculadas, o deputado lamenta o ocorrido na data de hoje tendo em vista que já são passados 10 anos desde os fatos apontados, sendo que suas contas das eleições de 2010 e 2012 foram aprovadas regularmente pela Justiça Eleitoral".

Por fim, o parlamentar "confia que a apuração chegará à conclusão de que os fatos trazidos não possuem nenhum fundamento".

A reportagem entrou em contato com a Força Sindical, mas não havia recebido resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestações.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Eleitoral deflagraram, na manhã desta terça-feira (14), a operação Dark Side, que tem como alvo o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade). Agentes fazem buscas no gabinete do parlamentar, em seu apartamento e ainda na sede da Força Sindical. Trata-se da primeira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo, que, segundo a PF, mira em suposto caixa 2 de R$ 1,7 milhão e lavagem de dinheiro.

Ao todo, os agentes cumprem sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e Brasília. As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que determinou ainda o bloqueio judicial de contas bancárias e imóveis dos investigados. Segundo a PF, o inquérito foi remetido à Justiça Eleitoral de São Paulo em 2019, com a colaboração premiada de integrantes da J&F.

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"Por meio da quebra dos sigilos bancários, intercâmbio de informações com o Coaf, testemunhos de pessoas relacionadas aos fatos, dentre outras medidas investigativas, foi constatada a existência de fundados indícios do recebimento por parlamentar federal de doações eleitorais não contabilizadas, de maneira dissimulada, durante as campanhas eleitorais dos anos de 2010 e 2012, no valor total de R$ 1.700.000,00", afirmou a corporação em nota.

Os pagamentos teriam ocorrido por meio da "simulação da prestação de serviços advocatícios e também mediante o pagamento de valores em espécie, contando para isso com doleiros", indicou a PF.

A corporação apontou ainda que o escritório de advocacia supostamente envolvido na simulação da prestação de serviços tinha como um dos seus sócios o genro do parlamentar.

Com a quebra do sigilo bancário do escritório, os investigadores identificaram a transferência de valores próximos à eleição de 2012, supostamente oriundas da Força Sindical e não declarada na campanha do deputado.

"Além disso, foi constatada a existência de diversas operações financeiras, relativamente atuais, que se enquadram em tipologias da lavagem de dinheiro, em especial o fracionamento de operações financeiras. Essas movimentações, não relacionadas ao parlamentar, indicam a possibilidade da prática de outros atos de lavagem de dinheiro autônomos e conexos, o que será objeto de aprofundamento na fase ostensiva das investigações", afirmou a PF em nota.

A corporação informou que os investigados podem responder, na medida de suas participações, pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro, com penas de 3 a 10 anos de prisão.

Defesas

A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado e com a Força Sindical. O espaço está aberto para manifestações.

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