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O robô Opportunity, que está em Marte desde 2004 e confirmou a existência de água no planeta, será declarado morto pela Nasa nesta quarta-feira, encerrando oficialmente uma das missões mais bem-sucedidas da história da exploração do sistema solar.

O contato foi perdido desde 10 de junho de 2018, quando uma tempestade de poeira envolveu o planeta vermelho, escureceu a atmosfera por vários meses e impediu que o veículo recarregasse suas baterias solares.

Após oito meses e centenas de mensagens enviadas da Terra sem uma resposta, a Nasa anunciou que a última tentativa foi feita na noite de terça-feira.

A comunidade de pesquisadores e engenheiros envolvidos no programa parece estar de luto pela morte do robô.

"Passamos a noite no JPL pelas últimas ordens enviadas ao robô Opportunity em Marte. Foi tranquilo, choramos, nos abraçamos, compartilhamos lembranças e risos", tuitou Tanya Harrison, diretora de pesquisa da Universidade do Estado do Arizona e colaboradora do programa em o Laboratório de Propulsão a Jato, perto de Los Angeles.

"É muito emocionante saber que eu realmente estive lá para ela até o final", escreveu a pesquisadora, referindo-se no feminino ao Opportunity Keri Bean, que teve o "privilégio" de enviar a mensagem final ao robô na tarde de terça-feira.

"Salve a rainha de Marte", tuitou Mike Seibert, ex-diretor e motorista do Opportunity.

O fim da missão será confirmado oficialmente pelo chefe da Nasa e pelos oficiais do programa de exploração marciano, em uma coletiva de imprensa em Pasadena às 19:00 GMT (17H00 horário de Brasília).

A NASA vai formatar memória da sonda Opportunity, atualmente localizada em Marte, a 201 milhões de quilômetros de distância da Terra. Segundo a agência espacial, a sonda tem apresentado problemas e se reiniciou mais de uma dúzia de veses no último mês. A NASA afirma que a memória flash já está bem gasta, e que uma formatação solucionaria o problema.

"A formatação da memória flash é um processo de baixo risco, já que sequências importantes e o software de voo são salvos em outa memória na sonda," disse John Callas, gerente do projeto de exploração de Marte da NASA. Ao reformatar a memória, a agência espera identificar e desabilitar as células de memória comprometidas e evitar futuros problemas. Todos os dados importantes na Opportunity serão armazenados antes da formatação, e a sonda passará a transmitir dados com uma velocidade menor.

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A Opportunity já está em Marte a mais tempo do que o planejado. Em janeiro deste ano, a sonda completou seu décimo ano explorando a superfície do planeta vermelho. Em 2009, a NASA formatou a memória da sonda Spirit, que também não está mais em operação. Além delas, a NASA lançou em 2011 a sonda Curiosty. 

Cientistas referiram-se esta sexta-feira à sonda Opportunity, da Nasa, como um dispositivo coxo e artrítico, mas saudaram suas novas descobertas relacionadas à existência de água primitiva em Marte, feitas dez anos depois de ter sido lançada rumo ao planeta vermelho.

O veículo não tripulado e movido a energia solar acaba de analisar o que pode ser sua rocha mais antiga, conhecida como Esperance 6, que contém evidências que potencialmente indicam a existência de que água capaz de sustentar vida fluiu com abundância em Marte, deixando para trás minerais de argila.

"Esta é uma evidência de que a água interagiu com esta rocha e mudou sua química, alterando sua mineralogia de forma dramática", afirmou Steve Squyres, principal pesquisador da Universidade Cornell.

Ele descreveu a pesquisa como "uma das mais importantes" desta missão que tem dez anos, porque demonstra uma química muito diferente da maior parte das descobertas anteriores sobre água em Marte, um planeta atualmente árido.

Cientistas acreditam que, no passado, água em abundância fluiu entre essas rochas através de algum tipo de fissura, deixando para trás uma concentração incomumente alta de argila.

A análise revela traços de um tipo de água provavelmente potável que data do primeiro bilhão de anos da história de Marte, quando rochas de argila estavam se formando com um pH mais neutro, antes que as condições se tornassem mais severas e a água, mais ácida, afirmou Squyres.

Graças à sua ferramenta de abrasão, ao espectrômetro de partículas alfa e raios-X e a um gravador de imagens microscópicas, a sonda conseguiu enviar detalhes para os cientistas baseados em Terra, que aprenderam sobre a história do Planeta Vermelho sem precisar trazer as rochas para casa.

A sonda Opportunity e sua similar, a Spirit, foram lançadas em 2003 e pousaram em janeiro de 2004 para uma exploração inicialmente prevista para durar três meses. Ambas descobriram evidências sobre ambientes aquosos no passado primitivo de Marte.

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