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Um Projeto de Lei do Deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), propõe que o Brasil substitua o patrono da educação do país (Paulo Freire) pelo Padre José de Anchieta. O jesuíta chegou ao país após o descobrimento, e foi um dos responsáveis por iniciar um trabalho de catequese e educação aos povos indígenas.

Como uma das justificativas, o parlamentar afirma que o padre contribuiu para literatura e para cultura do país. O presidente Jair Bolsonaro também já se mostrou favorável à retirada de Freire do posto. No entanto, os representantes da corrente católica no Brasil recusam tal substituição.

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Em nota, os padres jesuítas à frente do Santuário Nacional José de Anchieta afirmaram que o santo “não pode ser usado para fins ideológicos”.  O documento foi divulgado nas redes sociais pelos padres Nilson Marostica, reitor do santuário, e Bruno Franguelli, vice-reitor.

Os religiosos ainda criticam o atual governo porque acreditam que tanto Paulo Freire quanto Anchieta lutaram pelos mesmos objetivos, portanto ele não poderia ser proclamado patrono da educação no momento em que o assunto não é prioridade no Brasil. “Ambos optaram por estar a serviço da educação dos marginalizados. Anchieta, com linguagem e métodos próprios de seu tempo, também foi um “pedagogo do oprimido””, diz um trecho da nota.

Os padres encerram dizendo que para eles, o primeiro defensor dos direitos humanos não pode ser exaltado por quem não lutas pelas pessoas que mais precisam. "Pedimos respeito o seu valiosíssimo legado, que deve sim ser imitado, mas jamais manipulado". Confira abaixo a nota completa!

Nota oficial do Santuário Nacional de São José de Anchieta sobre o legado de São José de Anchieta.

Recebemos com preocupação a notícia de que existe um projeto de lei que propõe São José de Anchieta como patrono da educação brasileira, para substituir Paulo Freire neste patronato. O padre José de Anchieta, merece, de fato, todo louvor e reconhecimento pelo imenso bem que fez pelo nosso Brasil, principalmente, no que se refere ao tema da educação. Anchieta, fiel ao carisma jesuítico, sabia que não era possível construir uma nação sem uma atenção especial pela educação. O primeiro professor do Brasil tinha certeza que o futuro de uma Nação dependia da qualidade do ensino de crianças e jovens. O Brasil, mais do que nunca, precisa prestar bem atenção no que o seu primeiro professor ainda tem a lhe ensinar.

No entanto, na atual conjuntura governamental do nosso país, não podemos aceitar que o legado de São José de Anchieta seja instrumentalizado para fins meramente ideológicos. Reconhecemos a imensa importância do legado de Paulo Freire para o Brasil e para o mundo. Tanto São José de Anchieta como Paulo Freire caminho na mesma direção. Ambos optaram por estar a serviço da educação dos marginalizados. Anchieta, com linguagem e métodos próprios de seu tempo, também foi um “pedagogo do oprimido” quando optou por estar ao lado dos indígenas, educá-los, defendê-los e protegê-los da ambição dos poderosos.

Anchieta não pode ser proclamado patrono da educação em um momento em que a educação não parece ser prioridade na agenda do País. O primeiro defensor do meio ambiente não pode ser admirado em um momento em que nossas riquezas naturais estão ameaçadas. O primeiro indigenista não pode ser reverenciado neste tempo em que vemos tribos étnicas desamparadas e sendo perseguidas e até expulsas de suas terras. O primeiro defensor dos direitos humanos não pode ser levado aos altares da Pátria quando os indefesos são marginalizados e seus direitos, negados. São José de Anchieta não pode ser usado com fins ideológicos. Pedimos respeito o seu valiosíssimo legado, que deve sim ser imitado, mas jamais manipulado.

Que nossa Senhora Aparecida e São José de Anchieta, Padroeiros do Brasil, intercedam pela nossa nação!

 

O beato Padre José de Anchieta será declarado santo, por decreto do papa Francisco, no início do mês de abril, anunciou nesta quinta-feira (27) o arcebispo de Aparecida (SP), cardeal D. Raymundo Damasceno Assis, em entrevista ao repórter Silvonei José, na Rádio Vaticano. A notícia é surpreendente, porque não se esperava que a cerimônia de canonização fugisse às regras da Congregação para as Causas dos Santos, que vinha trabalhando para acelerar o processo de Anchieta.

Segundo D. Damasceno, a canonização por decreto, em vez de uma celebração solene na Praça de São Pedro, foi decisão pessoal do papa, que na mesma data, a ser ainda fixada, vai declarar santos dois missionários canadenses. A assinatura do decreto ocorrerá antes da canonização dos papas João XXIII e João Paulo II, marcada para o dia 27 de abril, que deverá atrair mais de 2 milhões de pessoas.

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"Vamos comemorar de uma maneira simples a canonização do Padre Anchieta a partir da assinatura do decreto, que corresponde a uma forma equivalente à proclamação solene de um santo", anunciou d. Damasceno. Em seguida, haverá outras comemorações, a começar por uma missa celebrada em conjunto com os canadenses numa paróquia romana e por outra missa, a ser presidida por Francisco no Colégio Pio Brasileiro, em Roma. A data depende da agenda do papa.

No País. D. Damasceno, que é também presidente da CNBB, adiantou que haverá grandes celebrações pela canonização de Anchieta, durante a assembleia-geral do episcopado em Aparecida, na primeira quinzena de maio, e nas cidades em que ele atuou como missionário: São Paulo, Rio, Vitória e Salvador. O cardeal prevê ainda que haja comemorações também nas Ilhas Canárias, onde José de Anchieta nasceu em 1534, e em Portugal, onde ele se tornou jesuíta e estudou.

O processo de canonização do beato José de Anchieta, que parecia parado à espera de um milagre, está sendo acelerado, após a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ter mandado uma carta a Francisco pedindo que o Apóstolo do Brasil seja declarado santo.

O papa não respondeu à carta assinada pelo cardeal-arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, d. Raymundo Damasceno Assis, mas deu sinal verde para a Companhia de Jesus apressar a documentação necessária. O prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo Amato, pediu que seja encaminhada, no mais breve tempo possível, a Positio, texto com a biografia de Anchieta, uma relação de prováveis milagres e provas de fama de santidade.

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"O cardeal Amato pediu as mesmas informações ao postulador geral, padre Anton Witwer, sobre dois missionários do Canadá, que foram beatificados com José de Anchieta, em 1980", disse um dos vice-postuladores, padre Augusto César dos Santos. Jesuíta e responsável pelo Serviço Brasileiro da Rádio Vaticano, ele trabalha na preparação da Positio em Roma, enquanto outro vice-postulador, padre Nilson Maróstica, atua no Brasil, recolhendo relatos sobre graças alcançadas.

"Recebemos dezenas de cartas, de todas as regiões do País, pois a devoção ao beato José de Anchieta é muito grande", revela padre Nilson. Essa devoção comprova a fama de santidade, argumento que atualmente pesa mais do que a exigência de milagre para a canonização.

Anchieta nasceu nas Canárias. Filho de pai basco e mãe descendente de cristãos novos ou judeus convertidos, teria deixado o arquipélago para fugir da Inquisição, porque em Portugal a perseguição contra os judeus era menos rigorosa do que na Espanha. Entrou para a Companhia de Jesus em 1551 e, dois anos depois, desembarcou na Bahia. Noviço, participou, em 25 de janeiro de 1554, da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, berço da capital paulista. Morreu em 1597, no Espírito Santo, onde está sepultado.

Logo após sua morte, a notícia de suas virtudes heroicas chegou a Roma e, em 1624, o papa Inocêncio X autorizou a abertura da causa de beatificação. No século seguinte, quando o Marquês de Pombal iniciou uma perseguição aos jesuítas, todos os processos foram suspensos. A causa de Anchieta só foi retomada em 1875. Nas décadas seguintes, o Brasil recorreu ao papa Paulo VI para pedir a beatificação, que saiu só em 1980, com decisão de João Paulo II. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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