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Faltam três dias para a cerimônia do Oscar, a premiação mais prestigiada do cinema mundial, que ocorre anualmente desde 1929, em Los Angeles (EUA). Na ocasião, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas entrega estatuetas aos melhores desempenhos no cinema do ano anterior. Apesar das especulações sobre os supostos vencedores, este ano a disputa é acirrada. Em 2013, foram lançados filmes de alta qualidade e bastante elogiados, que disputam a estatueta no próximo domingo (2).

Entre os indicados estão Gravidade, Trapaça, 12 anos de escravidão, O lobo de Wall Street, Ela, Clube de Compra Dallas, Capitão Phillips, Nebraska e Philomena. Estes concorrem na categoria de Melhor Filme. Nas redes sociais, a especulação sobre os vencedores se tornou assunto diário. Para isso, existe um grupo fechado no facebook intulado Oscar, cinema & discussões, composto por 783 membros apaixonados pela Sétima Arte.

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Nas conversas, o palpite é unânime: Gravidade será o filme que levará mais prêmios no próximo domingo (2). O cinéfilo Felipe Tavares torce para que o longa de Alfonso Cuarón leve a estatueta de Melhor Filme. No entanto, ele acha que Gravidade não vencerá essa categoria mesmo sendo favorito em outras. “Apesar da mídia apontar 12 anos de escravidão como favorito para melhor filme, seria mais coerente premiar Gravidade, que levará a estatueta de melhor direção e outras categorias técnicas”, especula Felipe.

Outro palpite universal é a vitória de Cate Blanchett na categoria de Melhor Atriz. Ela protagonizou Blue Jasmine, de Woody Allen, e venceu premiações importantes como Globo de Ouro e BAFTA, este último considerado o Oscar britânico. “É provável que a Cate ganhe, mas a vitória de Sandra Bullock (Gravidade) pode ser uma surpresa no próximo domingo. O Oscar é cheio de surpresas”, palpita o cinéfilo recifense Josimar Correia. 

Sobre a categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, a torcida da maioria vai para Lupita Nyong’o, de 12 anos de escravidão. Entretanto, Jennifer Lawrence (Trapaça) pode tirar o troféu da queniana. “Lawrence é queridinha pela Academia. Ela levou a estatueta de Melhor Atriz ano passado e pode levar o prêmio pelo segundo ano consecutivo”, analisa Nayara Villas-Bôas, que também torce pela vitória de Trapaça, de David O. Russell.

Nas categorias de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, a aposta do baiano Alexandre Cavalcante é que a dupla Matthew McConaughey e Jared Leto leva os prêmios nas respectivas categorias. Ambos atuam em Clube de Compra Dallas. “Não curto o favoritismo de Leto e Matthew porque acho que o roteiro não os ampara. Mas McConaughey ganha pelo ‘hype’ que ele está este ano”, explica Alexandre, que queria a vitória de Barkhad Abdi, pelo seu papel em Capitão Phillips. “Jared Leto está bem melhor que Matthew e faz milagre. Acho o trabalho de Abdi melhor assim como Leonardo Di Caprio, que fez um personagem bem mais complexo e exigiu maior imersão psicológica”, completa o baiano. 

Os integrantes do grupo do facebook destacam Alfonso Cuarón na categoria de Melhor Diretor. A preferência é universal para o diretor de Gravidade, filme favorito também para categorias técnicas como Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Trilha Sonora.

Demais categorias

O Oscar também premia a Melhor Direção de Arte e Figurino. Este ano o favorito nestas categorias é o filme O Grande Gatsby. Já Clube de Compra Dallas pode ser premiado com a Melhor Maquiagem. A academia entrega estatuetas também para melhor canção,  roteiro, filme estrangeiro, documentário, animação e curtas-metragens.

Transmissão

Devido ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no domingo de Carnaval, a Globo - que detém os direitos de transmissão da festa no Brasil - transmitirá a premiação na segunda-feira (3), após a sessão da tarde, em programa intitulado Show do Oscar, que será comandado por Fernanda Lima. A opção para quem deseja assistir à premiação é o canal pago TNT, que começa sua transmissão a partir das 20h30 do domingo (2).

Depois do sucesso de Um Corpo que cai de Hitchcock, o clássico de Stanley Kubrick Laranja Mecânica retorna às telonas no Cinema da Fundação, bairro do Derby, com cópia restaurada. O local também continua com a exibição de Quando eu era vivo, Tatuagem e o sucesso Ninfomaníaca.

Nas redes UCI, a programação inclui a estreia de filmes indicados ao Oscar 2014: Trapaça, Philomena e 12 Anos de Escravidão, que ganha sessão de pré-estreia. Outros destaques são Operação Sombra Jack Ryan, Hércules e a animação Uma aventura lego.

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A programação completa pode ser conferida nos sites da UCI e da Fundaj.

A Itália não vencia o seu principal festival de cinema desde 1998. Quebrou o tabu de maneira inesperada com o Leão de Ouro concedido ao documentário Sacro GRA, de Gianfranco Rosi. O filme era bem cotado entre críticos (estava em segundo lugar na tabela de estrelinhas do boletim do festival), mas ninguém levava as chances a sério.

O presidente do júri, o grande cineasta Bernardo Bertolucci, entregou o troféu ao seu conterrâneo e quebrou outro tabu ao premiar um documentário pela primeira vez. Assim, Veneza atesta a força do cinema documental. Inclui dois filmes desse gênero em sua mostra principal (Sacro GRA e The Unknown Known, de Errol Morris) e um deles sai vencedor. Quaisquer que sejam as contestações à justiça do prêmio, este é um resultado que ficará para a História.

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Filmes de maior invenção artística foram bem considerados. O grego Miss Violence deu o Leão de Prata de melhor diretor a Alexandros Avranos e a Coppa Volpi de melhor ator ao seu protagonista, Themis Panou. O ultra radical "Stray Dogs" (Vira-Latas), do taiwanês Tsai Ming Liang, ficou com o Grande Prêmio do Júri (o filme estará na Mostra de Cinema em São Paulo, em outubro). E o não menos pontiagudo "A Mulher do Policial", do alemão Philip Gröning, levou o Prêmio Especial do Júri.

O grande favorito, Philomena, de Stephen Frears, ficou só com o troféu de melhor roteiro, de Steve Coogan e Jeff Pope. Além da maravilhosa atuação não premiada de Judi Dench, o texto é mesmo o que o filme tem de melhor, mas provavelmente o projeto em seu todo pareceu um tanto asséptico a mais para o paladar rebelde de Bertolucci.

O prêmio de atriz, que todos davam como certo para Judi Dench, ficou com Elena Cotta, também maravilhosa no seu papel de velhinha teimosa em Via Castellana Bandiera, uma espécie de western à siciliana sem armas. Os americanos, que tinham muitos filmes em concurso, tiveram de se contentar com o Troféu Marcello Mastroianni, para ator emergente, a Tye Sheridan, de 16 anos, em Joe.

O que fica deste festival mediano é uma premiação corajosa. Foram escolhidos alguns dos filmes mais inventivos. Sacro GRA registra a vida de personagens periféricos de Roma, que vivem ou trabalham ao largo do rodoanel que circunda a cidade. O filme acaba sendo muito bonito e sincero. Um presidente do júri com menos força moral que Bertolucci não teria a coragem de premiá-lo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dizem que um festival só começa de verdade quando o público se apaixona por um filme. Nesse caso, Veneza-2013 começou ontem, 1, para valer com a consagração de Philomena, de Stephen Frears, numa grande interpretação de Dame Judi Dench. A história - baseada em fatos reais, ainda que inverossímil - é mesmo daquelas que se prestam a despertar simpatia e emoção. Fala de uma mãe que resolve procurar seu filho depois de ter sido separada dele ainda criança. Faz rir e faz chorar.

Baseado no livro The Lost Child of Philomena Lee, conta a história da mãe solteira que, acolhida num convento da Irlanda no início dos anos 1950, é separada da criança, supostamente dada em adoção por dinheiro e nunca mais a vê. Até que, cinquenta anos passados, resolve seguir os traços do filho perdido, agora com a ajuda de um jornalista, Martin Sixsmith (Steve Coogan), autor do livro.

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Na investigação, aparecem muitas dificuldades, resistências, surpresas e, claro, emoções. Mas não se trata de obra lacrimogênea, daquelas chantagistas, cheias de truques e golpes baixos para arrancar lágrimas. Frears é um mestre dentro daquilo que se propõe. Constrói uma obra sólida, de roteiro lapidado, vivido de modo contido tanto por Koogan quanto por Dench. Very british, nesse sentido. Em especial pelo uso do senso de humor, quando menos se espera por ele. Aliás, na entrevista Frears comentou esse ponto e o fez sem rodeios: "A história é tão triste que tínhamos de usar um pouco de humor para aliviar o público", disse.

Judi Dench disse que tomou todo o cuidado possível ao compor a personagem. "Falei com a verdadeira Philomena, é uma senhora de 84 anos, uma mulher maravilhosa. Minha grande preocupação era entender aquela história e aquela pessoa."

Ao mesmo tempo, havia o outro lado. A Igreja fica muito mal na fita, pois, além da notória falta de piedade com as mães solteiras, é acusada abertamente de tráfico de bebês. Assim como Anthony, filho de Philomena, outros teriam sido adotados a troco de dinheiro. Em bom português, eram vendidos a casais em busca de adoção. Isso em 1952. "Não quis fazer um filme acusatório, mas espero que o papa Francisco o veja", disse Frears.

Com esses elementos, o diretor constrói drama de boa envergadura. Os personagens são reais e o destino de Anthony revela-se absolutamente insólito. Enfim, é o triunfo no Lido do cinema tradicional, de boa carpintaria, com uma história humana, linear, muito bem contada e interpretada. Tradicional, mas sem qualquer ranço acadêmico. Falta invenção, é verdade, mas quem disse que todo mundo precisa dela? Até agora, Philomena disparou na preferência do público e também da crítica. Por enquanto é favorito, mas há muita água por rolar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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