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O condenado no julgamento do mensalão Henrique Pizzolato poderá ser extraditado ao Brasil a partir do dia 22 de outubro. O Ministério da Justiça da Itália informou a nova data um dia após ter prorrogado por mais duas semanas a extradição do ex-diretor do Banco do Brasil, que chegou a ser marcada para esta quarta-feira (7). A informação foi dada por fontes da Interpol e do próprio ministério.

No fim da tarde desta terça-feira, 6, algumas horas após o advogado de Pizzolato ter revelado que a Corte Europeia de Direitos Humanos, na França, havia negado recurso que pedia a suspensão da extradição do brasileiro, o ministro da Justiça italiano, Andrea Orlando, decidiu prorrogar o prazo para entrega do ex-diretor a autoridades brasileiras.

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De acordo com fontes do ministério e da Interpol, Orlando teria cedido à pressão política de um grupo de 22 parlamentares que abraçaram a causa de Pizzolato e tentam evitar a extradição do brasileiro. Os senadores que apoiam Pizzolato são de Módena, região em que o ex-diretor se refugiou após deixar o Brasil usando um passaporte falso. Todos esses parlamentares, exceto Carlo Giovanardi, são do Partido Democrático, o mesmo de Orlando, que também é de Módena.

Giovanardi rebateu na tarde de terça a tese da não extradição ao vice-ministro da Justiça. "Ele está preso aqui, não está na rua. Além disso, é um cidadão italiano."

Segundo a assessoria de imprensa do ministro, a prorrogação foi necessária para concluir questões burocráticas que ainda estão pendentes. "Precisamos de tempo para concluir a prática da decisão da Corte Europeia", diz o gabinete.

Um agente da penitenciária Sant'Anna, onde o brasileiro está preso esperando para ser levado ao Brasil', disse que a unidade recebeu uma comunicação oficial na noite de ontem, em que se informava apenas a prorrogação da extradição, sem mais detalhes.

O representante legal do Ministério da Justiça italiano, Giuseppe Albenzio, afirmou que, enquanto espera extradição, Pizzolato pode apresentar outro recurso à Corte Europeia de Direitos Humanos, desde que haja nova motivação. "Não conhecemos as motivações apresentadas pela defesa de Pizzolato, tanto menos o motivo pelo qual a Corte rejeitou a suspensão. Ainda não temos a cópia da documentação, mas ele (Pizzolato) poderá entrar com novo recurso se existirem novas motivações", diz.

Pela primeira vez desde o sinal verde do poder Executivo italiano para extraditar Henrique Pizzolato ao Brasil, a presidente Dilma Rousseff visita Roma e se reúne com a cúpula do governo. Nesta sexta-feira (10) ela estará com o presidente italiano, Sergio Matarrella, e com o chefe do governo Matteo Renzi, em Roma.

Oficialmente, o assunto do ex-diretor do Banco do Brasil não estará na agenda. Mas fontes em Roma garantem que esperam que o Palácio do Planalto entenda que o gesto do governo foi inédito e que, agora, é "tempo de retribuição".

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Pizzolato, condenado no caso do mensalão, ainda está preso na Itália e aguarda uma decisão final da Justiça, depois de um recurso do brasileiro que freou o processo. A audiência está marcada para setembro. Mas, pela primeira vez na história das relações bilaterais, Roma aceitou extraditar um cidadão que também tem nacionalidade italiana e que já fez sua parte.

Na agenda desta Nesta quinta-feira, os italianos querem falar da venda de fragatas ao Brasil, um assunto que acabou congelado em 2012. Mas também querem que a relação que foi considerada como "estratégica" em 2007 volte a ganhar o mesmo padrão.

Os italianos também organizam para o final do ano ou início de 2016 uma ampla comitiva de empresários em busca de negócios no País.

Os italianos também esperam ouvir de Dilma uma posição favorável as empresas de Roma. São cerca de 1,2 mil atuando no Brasil, com um estoque de investimentos de quase US$ 20 bilhões. O comércio, em 2014, também colocou os italianos entre os dez maiores parceiros comerciais. "Queremos virar a página e dar um sinal claro de que queremos uma nova relação com o Brasil", disse um alto representante do governo Renzi.

Do lado dos italianos, porém, o governo tem sempre insistido na questão de Cesare Battisti, condenado em Roma por terrorismo e que ganhou asilo no Brasil. Agora, com a decisão de Renzi de extraditar Pizzolato, a esperança é de que o gesto seja retribuído.

A fuga de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e condenado a 12 anos de prisão pelo envolvimento no mensalão, deixou o País em um impasse jurídico e diplomático. O governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, tem feito pressões e cobrado explicações, segundo relatam autoridades italianas.

Em Roma, porém, a alegação é que há um impedimento legal para a expedição de um mandado de busca contra Pizzolato porque o ex-diretor de Marketing do BB, que tem dupla cidadania, não cometeu crime na Europa.

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Sem ter a confirmação oficial da presença de Pizzolato na Itália, o governo brasileiro, por sua vez, se vê impedido de solicitar a extradição do ex-diretor. Nos contatos entre os governos, autoridades italianas afirmaram que não encontraram nenhum imóvel em nome do ex-diretor do Banco do Brasil e nem registros de que ele tenha se hospedado em algum hotel.

Publicamente, o governo da Itália se recusa a dar informações sobre o assunto. A chancelaria, o Ministério da Justiça e o Ministério do Interior adotaram uma política de impedir que qualquer informação seja divulgada. Após seis dias do anúncio da fuga de Pizzolato, mesmo a entrada do ex-diretor do BB no país europeu também não foi confirmada. Não há explicações sobre como Pizzolato teria obtido um novo documento que lhe permitiu pegar um avião - supostamente em Buenos Aires - e entrar em território italiano.

Provisório

Nessa quarta-feira (20), amigos do ex-diretor confirmaram ao Estado que o documento era um passaporte provisório, mas também não esclareceram a sua origem. O silêncio italiano começa a criar mal-estar entre os dois países.

Diante dessa situação, a deputada brasileira no Parlamento Italiano, Renata Bueno, enviou um pedido oficial para que o vice-primeiro-ministro Angelino Alfano, explique a situação. Como deputada, o cargo a permite oficializar um pedido de informação. Mas, até ontem, não havia recebido nenhuma resposta. Ao Estado, ela garantiu que vai pedir na semana que vem um encontro com o ministro. "Vivemos um impasse mesmo", disse. "Precisamos saber o que está ocorrendo exatamente."

No Brasil, a Procuradoria-Geral da República pediu que o Supremo Tribunal Federal atue no caso e deu três alternativas: extradição, cumprimento da pena na Itália ou novo julgamento. Mas ainda não houve gestão entre as diplomacias dos dois países e o caso já é considerado na chancelaria em Brasília como algo que levará "meses" para ser solucionado. Se oficialmente o governo italiano se recusa a comentar o caso, nos bastidores as autoridades em Roma apontam que cabe ao Brasil "cuidar de suas fronteiras".

No governo italiano, a percepção é a de que a obtenção de um documento de viagem teria sido um trabalho relativamente fácil para Pizzolato. Ontem, o Estado revelou que as autoridades italianas sabiam da situação que vivia o ex-diretor do Banco do Brasil que, depois de percorrer o Paraguai e Argentina teria conseguido embarcar para a Europa.

Segundo as regras oficiais da chancelaria italiana, um documento temporário pode ser fornecido a um italiano, mesmo que ele não tenha o passaporte original e até mesmo sem um documento da polícia informando que ele teria sido assaltado.

Pizzolato entregou seus passaportes (brasileiro e italiano) para a Polícia Federal no Brasil. Mas, para obter o documento provisório italiano, o condenado precisaria apenas de duas fotos e um documento que o identificasse: cartão do plano de saúde, carteira de motorista ou apenas um RG. O informe da polícia é exigido pelos italianos apenas "quando possível". A emissão é feita por representação diplomática italiana.

Enquanto o impasse prevalece, a única ação do governo brasileiro é a insistência em deixar claro que não vai aceitar que a Itália faça qualquer tipo de conexão entre o caso de Pizzolato e de Cesare Battisti, ex-terrorista que recebeu status de refugiado no Brasil apesar de ter sido condenado na Itália por assassinato.

Em Brasília, o governo tem já tentado abafar ou minimizar qualquer tipo de declaração que aponte nesse sentido, chamando até mesmo a possibilidade de "oportunismo".

No Senado italiano, o representante eleito pela América Latina, o brasileiro Fausto Longo, também reforçou esse ponto. "Os Estados e os governos são regidos pela lei", afirmou, alertando contra "soluções políticas". Ele defendeu que o Senado insista que o direito seja respeitado. "As decisões devem ser técnicas , respeitando o sistema jurídico italiano. É um erro supor que, na Itália , você pode responder com atos políticos", disse. (Colaborou Wilson Tosta). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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