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A atração de investidores estrangeiros é uma das saídas para ampliar o número de empresas dispostas a participar dos leilões de concessões e aumentar o fôlego financeiro do setor, mas dificilmente ajudará o governo a cumprir o cronograma de leilões do Programa de Investimentos em Logística (PIL). Segundo um executivo do setor, que preferiu não se identificar, a estruturação financeira de consórcios com estrangeiros ou empresas médias, frequentemente citadas como alternativas, levará tempo.

O Estado apurou que fundos estrangeiros de private equity (que compram participações em empresas) especializados em infraestrutura reuniram-se com o BNDES, enquanto seguem os contatos internacionais com assessores financeiros e jurídicos.

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Na lista dos possíveis participantes nacionais, Invepar, UTC e Galvão Engenharia, atingidas em cheio pela Lava Jato, deverão ficar de fora. A Odebrecht Transport está em "análises iniciais" dos leilões na segunda fase do PIL, mas nada está definido. A reportagem procurou as concessionárias CCR, Arteris, EcoRodovias e Triunfo, mas nenhuma das companhias respondeu sobre seu interesse nas próximas concessões.

"A restrição de crédito já é sentida em diversos projetos e várias empresas estão buscando soluções alternativas e criativas para a estrutura de financiamento", disse Pablo Sorj, advogado especializado no setor de infraestrutura do escritório Mattos Filho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a elevação da taxa de juros, a perda do "grau de investimento" pela agência Standard & Poor's (S&P) e as desconfianças geradas pela Operação Lava Jato, a restrição de crédito para as empresas do setor de infraestrutura tornou-se mais uma ameaça ao sucesso das concessões à iniciativa privada. Fontes ouvidas pelo 'Estado' preveem que, dos quatro leilões de rodovias que restam no cronograma do Ministério do Planejamento para este ano, apenas um deverá sair, o da chamada Rodovia do Frango, entre Paraná e Santa Catarina.

A preocupação das empresas de infraestrutura com o crédito quase triplicou nos últimos 12 meses, segundo dados da Sondagem da Construção, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em setembro de 2014, 11,7% das empresas entrevistadas citavam o acesso ao crédito como "fator limitativo". No mês passado, 30,6% apontaram o crédito como problema - o segundo mais citado, perdendo apenas para a "demanda insuficiente".

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Os dados para as empresas que atuam com obras de infraestrutura são piores que a média e totalmente diferentes de cinco anos atrás. Em setembro de 2010, só 5,6% das empresas, no total, e 4,7%, para o segmento de infraestrutura, mencionavam o acesso a crédito como problema, o menor dos fatores limitativos. Para Ana Castelo, pesquisadora da FGV, o quadro é de travamento de crédito.

"O travamento de crédito tem dois elementos distintos, mas somados", disse um executivo de banco de investimento, que pediu para não ser identificado, referindo-se à desconfiança gerada pela Operação Lava Jato, que implica construtoras, umas mais, outras menos; e a situação macroeconômica geral, que inclui alta dos juros.

Paulo Cesena, presidente da Odebrecht Transport, braço do grupo que atua nas concessões em logística, afirmou em evento recente que a disponibilidade de financiamento é o principal desafio para sustentar os investimentos privados em infraestrutura e criticou publicamente a exigência de garantias em excesso pelos bancos.

Nesse quadro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sofre "pressão por todos os lados", conforme disse um executivo. Única fonte de crédito de longo prazo no País, a instituição de fomento ainda analisa pedidos de financiamento da primeira fase do Programa de Investimentos em Logística (PIL). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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