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A dona de casa Josélia Aurora da Silva tem uma rotina repleta de compromissos. Da cidade de Toritama, no Agreste de Pernambuco, ela segue com destino ao Recife todas as semanas. Um trajeto de 180 km que ocorre, religiosamente, com início ainda de madrugada e desfecho apenas no final da tarde, quando ela volta para casa. Sua missão é acompanhar a filha Maria Eduarda Silva, de 20 anos - diagnosticada com paralisia cerebral - nos atendimentos médicos realizados na capital pernambucana. Além disso, a jovem recebe atendimento fisioterapêutico há quatro anos, sem contar os treinamentos de bocha, pois Maria Eduarda ainda é atleta e sonha em se tornar uma das esportistas mais conhecidas do Brasil em sua modalidade.
##RECOMENDA##Em meio a uma agenda tão cheia de compromissos, mãe e filha concordam em um fato: as sessões de fisioterapia e hidroginástica são as atividades preferidas da dupla. Mas, no passado, a felicidade delas dava lugar a apreensão e limitação vivida por Maria, que sentia os efeitos da deficiência física e tinha sérias dificuldades motoras.
Paciente de uma renomada instituição médica localizada no Recife, Maria Eduarda foi indicada para receber os serviços fisioterapêuticos da Clínica Escola de Fisioterapia da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau, também situada na capital pernambucana. A partir dos atendimentos conduzidos por estudantes da instituição e orientados por especialistas e profissionais, a jovem foi desenvolvendo seu físico e alcançou diversas melhorias motoras, ganhando mais independência física e se mostrando mais corajosa para enfrentar a vida. Na medida em que era beneficiada pelo serviço, Maria Eduarda também encontrou na bocha outros benefícios e, atualmente, uma atividade complementa a outra, fazendo da paciente um exemplo de superação.
“Hoje, com toda a certeza do mundo, estou bem melhor. Consigo fazer algumas tarefas que antes eram impossíveis para mim, como ficar na cadeira sem cair. Agradeço muito a todos os alunos e fisioterapeutas que passaram pela clínica e que me ajudaram de diferentes maneiras. Fico muito feliz com todo esse atendimento maravilhoso que recebo”, conta Maria Eduarda. “A gente sabe que tratamento médico não é barato e não é em todo canto que encontramos fisioterapia a preços acessíveis. Por isso, não tenho do que reclamar da clínica. São pessoas extremamente dedicadas e que trabalham com seriedade para ver a evolução do paciente”, valoriza dona Josélia.
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A satisfação de Josélia e Maria Eduarda é também responsável pelo sentimento de trabalho bem feito da coordenadora da clínica, Fátima Di Lêu. O projeto, além do objetivo acadêmico de proporcionar experiência prática para os estudantes do curso de fisioterapia a partir do sexto período, também busca o bem estar das pessoas atendidas, que se torna também um meio de avaliação de todos os trabalhos desempenhados no espaço, como os de pediatria, traumato, vascular, respiratório, neuro funcional, entre outros. No vídeo a seguir, Fátima detalha os benefícios oferecidos para alunos e pacientes:
Atualmente, cerca de 120 alunos da UNINASSAU fazem parte do projeto de extensão e ajudam no atendimento médio de 600 pacientes por mês. O serviço é oferecido a preços populares, que variam de R$ 8 a R$ 17, de segunda a sexta-feira, no horário das 7h às 19h. Mais do que uma oportunidade de perceber na prática os temas trabalhados no ensino superior, a clínica propicia momentos de vivência com o ser humano, que necessita do auxílio prestado por quem aprendeu na universidade que a academia também tem uma função social. “Os discentes aprendem na sala de aula tudo sobre a doença e a Clínica Escola é a extensão, porque na sala você tem noção da doença, mas a partir do momento em que o estudante vai para a prática, passa a vivenciar a enfermidade e vai decidir qual será o atendimento mais adequado. Cada atendimento dura entre 50 minutos e uma hora”, explica Fátima Di Lêu.
Praticando o bem
Indo além da teoria aplicada em sala de aula e das leituras dos livros que incrementam a grade curricular dos cursos de saúde, o contato com os pacientes é um dos momentos mais ricos da formação acadêmica dos estudantes. A relação do estudante com a pessoa atendida, em muitas ocasiões, vai muito além da obrigatoriedade de oferecer um serviço de saúde e chega a um convívio mais humano, em que o paciente também passa a ser amigo do universitário. Estudante da clínica, Anderson Dias, de 26 anos, que está prestes a finalizar a graduação, acredita que quando existe amor pelo curso escolhido, há também um envolvimento com o paciente que busca, além da recuperação física, seu bem estar. “Tem que ter muito coração no tratamento de uma pessoa. Se você não possui amor pelo que faz, o atendido não vai se desenvolver. É preciso criar uma relação de amizade entre o aluno e o paciente, principalmente quando o tratamento leva um pouco mais de tempo. Acho que é bastante satisfatório você ver que o aprendizado da universidade serve para auxiliar quem necessita de ajuda”, valoriza.
Corroborando com Anderson, a também estudante Bruna Leite, 23, nono ano do curso de fisioterapia, acredita que “entrar na história” do paciente é “inevitável”. “A gente aplica aqui tudo que aprendemos nas aulas teóricas. Neste espaço, passamos a conviver com uma realidade bem diferente, com pessoas que precisam do nosso serviço e têm boas histórias de vida, me envolvo com todos os pacientes. De certa forma, você entra na vida deles de alguma maneira, seja com uma conversa antes da sessão de fisioterapia ou dialogando até durante o tratamento”, relata a estudante. Bruna ainda complementa: “Todo esse contato com a prática e com as pessoas nos ajuda muito, principalmente para quem está perto de finalizar o curso como eu”.
Um dos fisioterapeutas responsáveis pelo acompanhamento dos universitários durante os atendimentos, Alisson Ribeiro acredita que, além da promoção da prática, instigar os conhecimentos éticos entre os alunos é fator que contribui para a formação completa dos estudantes, o que pode vir a fazer diferença no mercado de trabalho. “Nós abordamos os valores éticos e noções de comportamento. E só depois mostramos algumas formas de tratamento, sempre conforme as especificidades de cada doença. Em algumas situações, os pacientes chegam muito debilitados e é muito comum a gente ver os alunos se envolvendo emocionalmente com eles. Queremos sempre ver o nosso atendido bem e alcançar, através do nosso trabalho, a melhora dele”, destaca o fisioterapeuta.
Quem recebe o tratamento, além de aprovar o serviço, também protesta contra o descaso na saúde brasileira. Muitos hospitais públicos não reúnem condições e nem estrutura para oferecer tratamentos fisioterapêuticos, levando os pacientes a procurarem socorro em clínicas privadas, que geralmente não têm preços acessíveis. Na ótica dos projetos de extensão como recursos em prol da sociedade, a Clínica Escola vira uma das poucas alternativas para quem necessita de um tratamento físico sem ter que pagar custos altíssimos.
Uma prova desta situação é o casal Jéssica Ferreira da Silva e Marcelo de Souza, que não conseguiu atendimento público. Vítimas de acidente de trânsito, a dona de casa sofreu fraturas e policial militar acabou perdendo uma perna. Há cerca de três meses, conseguiram alento na Clínica Escola e tentam se recuperar fisicamente. Já o pensionista João Alexandre Carneiro dos Santos frequenta a Clínica há mais tempo. Durante quatro anos, ele busca melhoras para um trauma sofrido na coluna, ao mesmo tempo em que faz grandes amizades com quem trabalho no espaço. Po fim, o vídeo a seguir ainda mostra o relato da estudante Socorro Lima, do oitavo período da graduação. Ela ressalta a satisfação de enriquecer sua formação acadêmica e, principalmente, poder contribuir para a saúde dos pacientes.
Serviço:
Clínica Escola de Fisioterapia da UNINASSAU
Preços: de R$ 8 a R$ 17, de
Segunda a sexta-feira, no horário das 7h às 19h
Endereço: Rua Jornalista Paulo Bitencourt, 168, bairro do Derby, área central do Recife
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